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O processo de reparo desta caixa, segundo o reparador Airton, possui muitas particularidades que se não consideradas, podem não permitir que o conjunto funcione corretamente
Acompanhamos a manutenção neste veículo que estava com 136.200km rodados na oficina DHM, especializada em reparo de caixas de direção hidráulica, situada em São Paulo-SP, onde o reparador Airton Alves de Jesus colaborou conosco no alto dos seus mais de 33 anos de profissão, dos quais 18 deles são dedicados à empresa.
À primeira vista, o conjunto em si não aparenta ser dos mais complicados, mas quando consideramos que o modelo é da primeira metade dos anos 90, podemos imaginar a diversidade de partes móveis utilizadas para executar uma função simples.
Apesar disso, o reparador Airton comentou: “Gosto muito de reparar esta caixa de direção. É um conjunto delicado que possui vários itens que nos prende a atenção como, por exemplo, a bucha guia com mola. Peguei muitos casos onde ela estava montada ao contrário (Foto 2), causando ineficiência no funcionamento, portanto devemos prestar muita atenção na montagem deste conjunto (Foto 3)”.
DEFEITO“Assim como ocorreu neste veículo, a maioria das falhas é gerada devido a vazamentos pelos retentores laterais danificados e, muitas vezes, o proprietário não percebe, pois o fluido não vaza no chão devido a este ficar retido na coifa. Geralmente o condutor percebe que o nível baixou e apenas completa, mas a presença do óleo em contato com a coifa a deteriora fazendo-a rasgar. Dessa forma o fluido vaza, entra pó para dentro do conjunto e danifica a haste”.
“Para reparar o conjunto (Foto 4) é necessário efetuarmos um banho de cromo na haste para que este cubra as imperfeições causadas pela sujeira. Em casos mais graves é necessário substituir a haste”, completou Airton.
“Outro item que requer muita atenção é a posição do anel de retenção (preto) (Foto 5) que, se invertido, causa um dano grande à caixa de direção, pois neste caso ele promoverá um efeito semelhante ao de um guarda-chuvas quando o abrimos contra o vento, com o agravante que no caso não temos espaço livre para dar vazão à pressão exercida. Isso causa travamento do conjunto e danos ao mesmo”, disse Airton. “Temos de observar sempre a posição do retentor e o seu devido anel
de segurança (azul) (Foto 6) também”, completou Airton.
CORPO DE VÁLVULASÉ estritamente necessária a desmontagem do mesmo para assim verificar as condições das vedações, da presença de sujeiras em geral, se as molas de pressão estão danificadas ou quebradas, se os pistões de válvulas estão danificados e o estado de conservação em geral.
Infelizmente este corpo não possui reparos que, como frisado anteriormente, as peças de reposição são adquiridas apenas de outras caixas descartadas. Para desmontar o corpo, proceda:
1) Retire os dois parafusos de 8 mm da tampa (Foto 7) e troque a guarnição (Foto 8);
2) Retire o pino que trava as válvulas (Foto 9). Mas cuidado, removendo o pino as molas pressionam as válvulas que poderão pular em sua direção ou até se perderem. Para evitar que isso ocorra, utilize um pano para proteger a região no ato da remoção ou então trave com o próprio ‘saca-pino’(Foto 10);
3) Retire o pino e remova também as molas e as válvulas (Foto 11), observando suas posições e se não estão danificadas (Foto 12). Observe também o corpo das válvulas para verificar possíveis irregularidades ou desgastes presentes e, se possuírem, somente a substituição da caixa de direção completa é recomendado;
4) Após certificar-se das condições do corpo de válvulas, efetue a limpeza dos componentes com o auxílio de um desengraxante;
5) Para montar, siga o processo inverso ao de desmontagem, atentando-se apenas para as posições dos pistões de acionamento que, se montados invertidos, provocarão ineficiência no funcionamento e lubrificação do conjunto, trazendo assim danos irreparáveis aos componentes internos da caixa de direção (Fotos 13 e 14).
Após o processo anterior, o reparador nos ensina o procedimento de montagem do conjunto completo da caixa de direção, o qual a seu ver é o mais importante.
1) Coloque na haste da cremalheira a arruela de encosto e a bucha do corpo de válvulas. Esta bucha não possui lado de montagem (Foto 15);
2) Coloque os dois retentores, um em cada extremidade da cremalheira na posição correta (Foto 16). Em seguida, monte o corpo direcionador (Foto 17) (peça com formato de cilindro) e não se esqueça 
de substituir os anéis ‘o’rings’ de mesma espessura;
3) Introduza o conjunto no tubo guia (Foto 18), verificando se o anel o’ring não corta no momento do encaixe. Observe por dentro do tubo para verificar se há saliências ou desgastes mesmo que pequenos, onde estes podem provocar perda de pressão e barulhos;
4) Monte a mola, a bucha e o retentor e os introduza na outra extremidade da haste da cremalheira do tubo (Foto 19), que se refere ao corpo hidráulico;
5) Fixe em um suporte preso a uma morsa (neste caso, o suporte da imagem foi criado pelo próprio Airton) o corpo de válvulas da caixa colocando o corpo do pinhão (Foto 20), atentando-se a posição do pino (Foto 21), pois este deverá ser posicionado para cima, tomando como referência a entrada do tubo do conjunto da cremalheira;
DETALHE IMPORTANTE: Este pino trabalha no momento de acionamento do pinhão no corpo de válvulas onde, ao virarmos o volante, a força é transmitida pela coluna de direção até o pinhão que, por sua vez, movimenta este pino para direita e para a esquerda abrindo a válvula e dando passagem de fluído sob pressão, aliviando o esforço no volante.
6) Este calço (Foto 22) é posicionado na parte interior do corpo do pinhão/cremalheira (Foto 23). Tem que tomar muito cuidado em não se esquecer de utilizá-lo, pois sem este, além de causar barulhos, causará ainda perda de pressão. Este efeito pode confundir com falha na bomba hidráulica, onde a substituem, mas o defeito não cessa;
7) Com o corpo devidamente montado, introduza o conjunto da cremalheira com cuidado (Fotos 24, 25, 26, 27 e 28) para não danificar os anéis o’rings se atentando em substituí-los conforme suas medidas e verificando também se ficaram bem vedados, encaixados e se existem folgas excessivas;
8) Coloque a capa externa da caixa de direção (Fotos 29 e 30) com atenção e na posição correta. Mais uma vez atente-se para a posição de montagem do retentor e do anel azul;
9) Introduza o pinhão (Foto 31) observando que o mesmo deve deslizar suavemente sem o auxílio de ferramentas ou de qualquer tipo de pressão (Foto 32). Este é o tipo de peça que entra com jeito e não com força. Se colocar o pinhão e o mesmo não deslizar suavemente para os lados alguma coisa está errada. Seu movimento deve ser suave e uniforme;
10) Monte as válvulas calibradas de passagem do fluido (Foto 33). Além de muito importantes, são 
duas no total, uma em cada orifício da caixa e não vendem separadas, apenas vem em caixas de direção novas. Recomenda-se guardar estas válvulas caso efetue a troca da caixa por uma nova para utilizá-las em outra caixa que necessite das mesmas;
11) Não devemos nos esquecer de substituir os anéis de vedação (Foto 34). A troca de todos é importante, mas com estes temos que ter um cuidado especial, pois a espessura destes anéis tem que ser exatamente especificada. Caso sejam maiores, no momento da montagem estes podem se deslocar, provocando perda de pressão e vazamentos além do eixo do pinhão trabalhar forçado. O agravante é que este tipo de problema só é diagnosticado com a caixa no lugar;
12) Conforme relatamos anteriormente, a tampa possui um orifício onde o pino próximo do pinhão se encaixa entre uma das aberturas das válvulas de pressão (Fotos 35 e 36). Ao se movimentarem, empurram abrindo as válvulas do corpo, aliviando o peso do movimento de esterçamento durante o funcionamento;
13) Coloque a trava inferior do pinhão na posição correta, conforme foto 37. Coloca-la invertida causará danos à tampa que, por sua vez, não é vendida separadamente;
14) Monte a tampa (Foto 38) conforme posição do guia (Foto 39) e seta correspondente na peça (Foto 40);
15) Coloque o mancal de encosto (Foto 41) da cremalheira e em seguida colocar a mola (Foto 42) respectiva. A maior incidência de barulhos na caixa é devido a perda de eficiência desta mola;
16) Coloque a porca de carga da mola (Foto 43) apertando-a até o final com torque de 20Nm solte e aperte novamente com 30,9Nm e depois solte 3mm em torno de 10 graus, apertando a contra porca com 20Nm no máximo.
17) A pressão rotacional posteriormente medida com um ‘dinamômetro de pressão’ no volante de direção deverá ser de 29Nm, lembrando que devemos antes girar a caixa entre uma extremidade a outra por algumas vezes e os pneus devem estar apoiados em um terreno liso;
18) Outra verificação é quanto à folga rotacional que não deve ultrapassar os 10 mm.
19) Finalizando o processo, instale os guarda-pós e braços auxiliares e confira a existência de folgas.
OBSERVAÇÃO: ao se remover a caixa de direção destes veículos, geralmente possuem airbag do 
lado do motorista, portanto, antes de removê-la, deve-se primeiro desligar a bateria, colocar o volante no centro e travar o mesmo retirando a chave, pois se este volante por qualquer motivo girar sem que o reparador perceba, esta ação danificará o cable reell (contato espiralado) do volante que, além de difícil de encontrar, é muito caro. Causando assim grande prejuízo para o reparador.
