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Na retífica: controle dimensional do motor da Volkswagen EA111 1.6


Este conteúdo é ideal para aqueles reparadores que procuram aprofundar seus conhecimentos sobre a parte interna dos motores a explosão e entenderem de forma mais clara de alguns procedimentos típicos dos especialistas em retífica

Por: Paulo Handa e Prof. Melsi Maran - 11 de maio de 2015

Professor Melsi MaranPara elaboração desta matéria complexa, porém fundamental para quem lida com motores, contamos com a colaboração do professor Melsi Maran, técnico em automobilística e instrutor  há mais de 25 anos, já escreveu livros sobre diagnóstico e regulagens de motores de combustão interna desde os carburados até os mais avançados sistema de injeção eletrônica.

Também colaborou na formatação deste conteúdoo experiente reparador Sebastião Gentil Júnior, 48 anos e de profissão de retífica há mais de 25 anos, com formação técnica em motores do SENAI e funcionário da retífica Removel situada em Santo André-SP.

Para quem trabalha no segmento de reparação há mais de 20 anos, vivenciou uma de suas grandes mudanças que envolve o processo de retífica de motores. No passado os motores, por apresentarem uma durabilidade bem mais baixa, em torno de uns 90 mil km, era comum encontrarmos exemplares retificados mais de uma vez ao longo da vida útil do automóvel.

Porém com o avanço da tecnologia (apesar da construção ser idêntica, com pistões, anéis, cilindros, etc..) e a qualidade dos materiais é comum os motores hoje em dia passarem dos 300 mil km sem necessidade de retífica.

Porém, há motores, como no caso do VW EA 11 1.6 8 válvulas, que por problemas de projeto apresentam – em alguns casos – desgaste prematuro, e só podem ser reparados mediante processo de retífica, e é justamente aí que entra a complexa “ciência” do controle de dimensional, assunto que abordamos com estes dois experts nesta edição. 

Sebastião Gentil Júnior, da Removel / Motor Fox 1.6

Falaremos nesta matéria de como efetuar o controle dimensional nos motores EA 11 1.6 8 Válvulas Flex equipados em alguns veículos da VW; que pelo relato de Sebastião estes motores tiveram várias intervenções, sendo que um dos motivos é por conta da falta de lubrificação provocada por folgas em excesso nas bronzinas de mancal e bielas do motor.

Desmontamos o motor e antes de se iniciar o controle dimensional no bloco do motor devemos consultar o manual técnico e verificar os diâmetros dos cilindros respectivos, conforme descritosna foto 1.

Neste procedimento a ferramenta essencial é o “Súbito” instrumento básico cujo manuseio deve ser dominado por qualquer reparador que queira trabalhar com retífica ou evoluir seu conhecimento nesta complexa, porém fascinante, ciência que estuda as partes internas dos motores a combustão, sejam de ciclo Otto ou Diesel. 

Assim, o primeiro passo é aferir o Súbito com a medida referente aos respectivos cilindros a seremverificados que nesta caso são de 76,76mm em consideração se for uma medida básica (Foto 2).

Após aferirmos o Súbito o colocamos no local indicado e verificaremos se corresponde à medida que deve estar com no máximo 0,04mm de folga (Foto 3).

A folga do pistão com a camisa não deve ultrapassar 0,04mm e neste caso devemos também verificar a conexidade e a ovalização dos respectivos cilindros (Foto 4).

Para isso devemos seguir o diagrama acima descrito verificando-se todas estas disposições, e a ovalização e a conexidade entre as medidas não devem ultrapassar 0,03mm (Foto 5).

Com relação à comparação neste caso a camisa está dentro das especificações de fábrica, pois verificamos que o relógio comparador permaneceu no 0 (Foto 6).

Lembrando que esta operação deve ser efetuada na parte longitudinal também e em seis pontos diferentes do cilindro conforme demonstrado anteriormente (Foto 7).

Sebastião também orienta o reparador que no momento da troca das bronzinas de mancal o recomendado é efetuar um controle dimensional com as bronzinas novas, pois com a gama de bronzinas que existem no mercado se nós efetuarmos a retífica do virabrequim pelo que está especificado na embalagem corremos um grande risco de errarmos, às vezes fica folgado demais e as vezes o vira prende, lembrando que as folgas neste caso variam de 0,03mm ~ 0,05mm (Foto 8).

Passaremos agora para o controle dimensional dos pistões, lembrando que as peças devem estar sempre bem limpas e em local bem limpo também, pois como se tratam de medidas de precisão todo o cuidado é pouco, relata Sebastião e reforçado pelo Prof. Melsi (Foto 9).

Observe que existe gravado na cabeça do pistão a medida do mesmo que neste caso é de 76,465mm, que segundo o manual corresponde à medida stand do pistão e corresponde também à medida do pistão da marca Malhe (Foto 10).     

Os pontos corretos para se medir o diâmetro dos pistãoes estão indicados por uma marca de fábrica indicadas pelos círculos (Foto 11).

Posicione o micrômetro 75 ~ 1,00 mm nestas extremidades e Melsi lembra que a medição deve ser efetuada posicionando o micrômetro a 7mm acima da parte inferior do mesmo onde a tolerância de desgaste deve estar no máximo em 0,03mm (foto 12).

Depois temos que verificar as folgas entre as canaletas com seus respectivos anéis de segmento na 1ª canaleta, que é o anel de compressão a folga tolerada é de 0,04 ~ 0,07mm (Foto 13).

Para a 2ª canaleta, que também é de compressão, a folga tolerada é de 0,02 ~ 0,07mm (Foto 14).

A folga para os anéis raspadores de óleo que são da última canaleta é de 0,01 ~ 0,17 mm e observadas folgas acima do especificado devemos substituir os pistões (foto 15).

Para remoção e recolocação dos anéis de segmento recomenda-se a utilização de um alicate específico como demonstrado na foto, para se evitar a quebra dos mesmos no momento de um reparo, pois todos os anéis de segmento têm um limite de abertura antes de se romper que facilmente pode ser ultrapassado, pois o alicate possui um limitador que impede ao reparador ultrapassar esta marca (Foto 16).

Ainda no pistão devemos verificar as folgas entre a biela e o pistão, que deve ser em torno neste motor de 0,20 ~ 0,40mm, observadas folgas acima do especificado neste caso devemos substituir o pistão e a biela respectiva (Foto 17).

Em seguida retire os anéis de segmento que estão instalados nas canaletas dos pistões para efetuar o controle dimensional com o bloco (Foto 18).

Primeiro coloque o anel de segmento retirado do pistãona parte inferior do  bloco do motor se atentando à posição que o colocamos, esta medida será a nossa referência, pois nesta posição não há desgaste provocado pelo funcionamento do motor por conta dos anéis não trabalharem nesta posição (Foto 19).

Utilizando o próprio pistão alinhe as duas extremidades do anel de segmento na camisa para aferirmos com um calibre de lâminas. (Foto 20).

Com um calibre de lâminas verifique a folga e compare com o manual de reparação (Foto 21).

Retire o pino do pistão e verifique se o mesmo corre livre na bucha da biela e sem folgas excessivas (foto 22).

Na árvore de manivelas (virabrequim) devemos efetuar um controle dimensional verificando o diâmetro dos colos de mancais e bielas, observando que devemos efetuar amedição em pelo menos dois pontos diferentes no colo que está sendo medido e a folga não pode ultrapassar 0,03mm (Foto 23).

Devemos também verificar se o virabrequim está com empenamento com isso introduza o relógio comparador montado no bloco do motor com uma pequena pré-carga (foto 24).

O empenamento não pode ultrapassar 0,06mm sendo que se ultrapassado este valor devemos retificar o vira (Foto 25).

Após colocar os mancais, e com uma ferramenta chamada Plastigate, se faz a verificação das folgas entre as bronzinas e o colo do virabrequim, que neste caso estão dentro do especificado, onde a folga não pode ultrapassar 0,17mm conforme indicado no manual do fabricante.

Estas são partes do controle dimensional que se efetua nos motores FlexEA 111 1.6, 8 Válvulas equipados em veículos como Fox, Voyage, Gol entre outros da Linha Volkswagen.

Até a próxima edição.