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As técnicas de diagnóstico envolvem a inspeção visual e utilização de vários equipamentos


Vamos apresentar técnicas de diagnóstico com scanner e osciloscópio que poderão ser utilizadas imediatamente na oficina auxiliando na identificação da causa de anomalias nos sistemas mecânicos e eletroeletrônicos

Por: Laerte Rabelo - 05 de outubro de 2020

⦁ Introdução 

Uma das premissas para realizar de forma rápida e assertiva um diagnóstico de falhas é, sem sombra de dúvidas, ter uma sequência ou roteiro para seguir, a fim de realizar todas as etapas de verificação sem deixar de testar um item ou sistema que pode ser o causador da anomalia. 

Desta forma, vamos listar um script de verificação que tem tido ótimos resultados em vários casos que pegamos em nossa oficina como também em casos relatados por nossos alunos.

⦁ Inspeção visual

Muito tem se disseminado sobre o diagnóstico automotivo utilizando diversas ferramentas de diagnóstico como scanner e osciloscópio. Sabemos que estas são fundamentais para a resolução de casos complexos e problemas de natureza intermitente, entretanto, não devemos neglicenciar a inspeção visual como o primeiro passo ou primeira etapa na realização de um diagnóstico de falhas.

Para ilustrar a importância desta inspeção vamos  utilizar alguns casos reais relatados por nossos alunos em nossos grupos de estudo. 

Este caso foi cedido por nosso aluno  e técnico automotivo Fabiano, que recebeu em sua oficina um veiculo Spin motor 1.8 que apresentava funcionameno irregular e perda de A/F. 

Realizou várias verificações com scanner conforme mostra a figura 1, e com  osciloscópio como exibe  a figura 2. 

Figura 1

Figura 2

Como o veículo estava com gasolina e a relação ar/combustível adotada pela central estava em 100% para etanol, e nos testes o técnico verificou que a sonda estava com a resposta mais lenta que o normal, partiu para a verificação visual da mesma, para identificar alguma contaminação ou se a aplicação do sensor estava correta para o veículo em questão. 

Para sua surpresa, observou que a sonda que estava no veículo tinha aplicação totalmente errada, pois no corpo do sensor tinha as letras “VW” identificando que era uma sonda lambda de aplicação de veículos da marca Volkswagen e não General Motors no caso da Spin. A figura 3 exibe a sonda que estava instalada incorretamente no veículo. 

Figura 3

Feita a identificação, realizou a substituição pela aplicação correta e instalou novamente o scanner para verificar se o reconhecimento de combustível estaria dentro dos parâmetros corretos. A figura 4 mostra o resultado da análise. 

Figura 4

Para sua alegria e satisfação, viu que o parâmetro de taxa de álcool estava correto, o que confirmava a assertividade na identificação da causa do inconveniente. 

Outro caso no qual a inspeção visual foi fundamental para solucionar a falha foi de um veículo Fiat Mobi que chegou na oficina de nosso aluno e técnico automotivo Mayk Walker apresentando alto consumo e baixo desempenho.  O reparador, sem perda de tempo, instalou o scanner e identificou a presença de vários códigos de falhas na memória da central de comando do motor como mostra a figura 5. 

Figura 5

Dentre os códigos de falhas, o técnico optou por iniciar a verificação do código referente às sondas lambdas 1 e 2, ou seja, a sondas pré e pós-catalisador. 

Começou pela análise da sonda pré-catalisador utilizando o osciloscópio, a fim de interpretar o sinal tanto da sonda como do comando do seu aquecedor. 

 As figuras 6 e 7 mostram, respectivamente, estes sinais.

Figura 6

Figura 7

Depois de realizar os testes, confirmou que a sonda pré-catalisador estava com funcionamento normal. Desta forma, partiu para a análise da sonda pós-catalisador. 

Decidiu iniciar pela inspeção visual do conector da sonda e, assim identificou o que estava disparando o código de falhas. 

A figura 8 exibe a causa do código de falhas P0141. 

Figura 8

Um dos fios que fazem parte do circuito do aquecedor da sonda pós-catalisador estava afastado de seu alojamento, o que ativou o código de falhas. Mayk realizou o reparo e o sistema voltou a funcionar corretamente.

Técnicas de análise com scanner 

Existem diversas técnicas de diagnóstico com scanner, nesta matéria vamos apresentar algumas que tem sua eficácia comprovada na identificação de falhas de forma simples e rápida. 

⦁ Verificação dos sensores de temperatura apenas com a ignição ligada

Esta técnica tem como objetivo verificar o estado dos sensores de temperatura do ar e do líquido de arrefecimento do motor. Consiste basicamente na observação via scanner dos valores exibidos por eles com o motor do veículo frio e compará-los entre si bem como com a temperatura ambiente. Neste caso, para que o resultado seja positivo os sensores devem apresentar praticamente o mesmo valor de temperatura e que sejam bem próximo da temperatura ambiente. 

A figura 9 mostra a realização do teste no caso dos sensores apresentando perfeito funcionamento. 

Figura 9

Como observamos na figura 9, os dois sensores apresentam temperaturas equivalentes e bem próximas da temperatura ambiente. Em sistemas que utilizam o sensor de temperatura incorporado ao sensor de pressão do coletor, este deve ser substituído caso a temperatura do ar apresente valor diferente do sensor de temperatura do líquido de arrefecimento ou temperatura ambiente. 

⦁ Verificação do sensor de pressão do coletor (MAP) apenas com a ignição ligada

Este tipo de análise visa identificar mau funcionamento do sensor de pressão do coletor somente com a ignição ligada, falhas neste sensor geralmente estão relacionadas a reclamações de dificuldade na partida e perda de desempenho do motor seguido de alto consumo de combustível. 

Para a realização desse teste basta manter a ignição e visualizar, utilizando o scanner, o parâmetro do sensor MAP que deve estar próximo da pressão atmosférica local, que pode ser visualizada utilizando um aplicativo em seu celular. A figura 10 mostra a realização do teste do sensor que apresenta bom funcionamento.

Figura 10

Nesta simples verificação já conseguimos identificar que o sensor de pressão do coletor está em perfeito funcionamento, pois ele está marcando o valor de pressão de 1005mBar bem próximo do valor da pressão atmosférica local que marca 1013mBar. 

Técnica de análise do sensor de pressão do coletor MAP e de posição da borboleta TPS com osciloscópio

A técnica que será apresentada é uma das mais efetivas e rápidas de se realizar utilizando-se para tanto de um osciloscópio com no mínimo dois canais. A lógica desta verificação se baseia no princípio de que ao abrir a borboleta no momento da aceleração, o maior fluxo de ar aumenta a pressão do coletor de admissão que deverá ser exibido pelo sensor MAP de forma rápida, sendo que o seu sinal capturado pelo osciloscópio deve seguir a mesma tendência do sensor de posição da borboleta.

A figura 11 mostra os sinais dos sensores de pressão do coletor e posição da borboleta em perfeitas condições. 

Figura 11

Observem que os sinais do sensor de pressão do coletor canal 1 e sensor de posição da borboleta canal 2 têm comportamentos equivalentes, pois no momento da aceleração, ponto E, abre-se a borboleta aumentando o fluxo de ar no coletor de admissão, elevando sua pressão que é indicada pelo sinal do sensor MAP no ponto D.

A central de comando do motor utiliza esses dois sensores de forma estratégica, pois sabe que ao ser realizada uma aceleração ambos sensores devem aumentar seu nível de tensão, caso um deles não tenha esse comportamento a central saberá qual está com funcionamento irregular. Outro ponto fundamental é saber que mau funcionamento do sensor MAP quanto a desempenho do sinal ou de natureza elétrica pode disparar alguma estratégia de funcionamento de emergência por parte da central, o interessante é monitorar o sinal do sensor de pressão do coletor em diferentes situações de funcionamento do motor.

Caros amigos reparadores, procurei nestas breves linhas apresentar algumas estratégias de diagnóstico e técnicas utilizando diferentes ferramentas de diagnóstico que podem ser facilmente implementadas em sua oficina, aumentando as chances de sucesso na identificação de falhas no veículo.

Até a próxima!!!