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Apesar de novo, Honda Fit é reprovado pela Controlar


Índices brandos no 1º ano de inspeção veicular para automóveis não garante aprovação em 100% dos casos

Por: Arthur Gomes Rossetti - 15 de junho de 2009

Um fato curioso ocorreu com uma de nossas colaboradoras ao levar o seu Honda Fit 1.4 a gasolina, ano 2007, na inspeção técnica veicular na cidade de São Paulo, às 10 da manhã do último dia 23 de abril: o veículo foi reprovado.

O modelo produzido em 2007, com então 42.000 km rodados, apresentou altos índices de CO, com picos de 2,44% em regime de marcha lenta (pós aceleração média).

A quantidade de material particulado não queimado (hidrocarbonetos) também estava alta, em torno de 446 PPM, porém ainda dentro do limite de 700 PPM imposto pela legislação vigente.

Antes de levarmos o veículo ao analisador de gases da oficina Engin Engenharia Automotiva fizemos alguns questionamentos à proprietária. Segundo ela o consumo não estava exagerado (11,4km/l na cidade, que mesmo assim é baixa para o modelo, que em média faz 14km/l) e não havia notado nenhuma anomalia, como luz de injeção acesa ou algo do tipo. A última revisão profunda recebida pelo Fit foi aos 20.000 km (concessionária), o que indicava a possibilidade de manutenção corretiva em itens básicos como velas e filtros de ar.


A análise de gases Engin confirmou o laudo emitido pela Controlar, com picos de CO superiores a 2% na marcha lenta.

O modelo avaliado possui o sistema Honda i-DSI (Intelligent Dual Sequential Ignition - Ignição dupla sequencial inteligente), com 8 velas de ignição (duas para cada cilindro), o que garante a perfeita queima do combustível injetado e a máxima performance. A Alfa Romeo também utiliza este tipo de sistema em alguns modelos, denominados de Twin Spark.  Esta virtude pode fazer com que o reparador deixe de atentar ao desgaste das velas, considerando que, por haver duas, a queima estará garantida independente do desgaste, o que não é verdade.

Ao removê-las, a confirmação: todas estavam no final da vida útil. Tanto o eletrodo central como o eletrodo massa estavam desgastados.

Já o filtro de ar possui área reduzida em comparação a outros veículos.

Dica: O reparador deverá ficar atento aos novos veículos lançados, principalmente os que seguem a tendência de “downsize”, ou seja, tamanho reduzido em todos os sentidos, desde o cofre do motor, até os componentes e agregados internos, que poderão apresentar índices de saturação precoce (como no caso do filtro de ar), dependendo do local aonde o veículo trafega. O elemento estava completamente obstruído.


O conector de diagnose fica acima do pedal do acelerador
 

Com o auxílio do Scanner notamos que a sonda lambda estava tendenciosa a apresentar valores altos (acima de 500milivolts), em conseqüência da má queima do combustível (mistura rica)

Na oficina efetuamos a leitura dos parâmetros, em que pudemos confirmar a demora na leitura do fator lambda (oscilação lenta dos valores apresentados na tela do scanner). O excesso de combustível, principalmente o não queimado, ocasiona esta característica (contaminação da sonda).

As unidades injetoras passaram por limpeza preventiva e o filtro de combustível, óleo de motor e filtro de óleo foram trocados (devido ao óleo estar contaminado por excesso de combustível não queimado).

Segundo o engenheiro mecânico Paulo Aguiar da Engin Engenharia Automotiva, o óleo de motor contaminado poderá gerar blow-by em excesso, prejudicando a análise de gases também.


O acesso às 8 velas e os 4 bicos injetores de combustível requer a remoção do coletor de admissão e a substituição das juntas de vedação; O sistema i-DSI requer uma bobina de ignição para cada vela; são 8 no total

Após a manutenção corretiva, os índices de CO foram para 0% (marcha lenta) e os hidrocarbonetos para 13 PPM (o limite é 700). A 2.500 rpm o CO continuou em 0% (após estabilização do giro e descontaminação da sonda) e 19 PPM.

Este ocorrido nos deixa a lição d]e que não existe veículo “intocável” à inspeção veicular, mesmo que possua projeto importado, quilometragem relativamente baixa, mais de uma vela por cilindro e data de fabricação recente, ou seja, o imperativo será a manutenção preventiva, sempre.

 
Filtro de ar completamente obstruído ocasiona aumento do monóxido de carbono emitido pelo motor (menor área de papel, tendência downsize); As 8 velas estavam no final de vida útil