No Brasil, o setor no qual mais trabalhadores morrem é a construção civil. Todavia, o setor de comércio e serviços é o que registra o maior número de acidentes por ano, com mais de 330.000 ocorrências, e as oficinas de reparação automotiva são as empresas deste setor com o maior número de casos contabilizados: aproximadamente 100.000 por ano.
Há diversos motivos para este alto índice de acidentes nas oficinas de reparação, o principal talvez seja a negligência em relação às normas existentes, que visam proteger os trabalhadores do setor. A desatenção é outro fator importante: muitas vezes os reparadores subjugam os riscos aos quais estão expostos no ambiente de uma oficina e acabam se acidentando. A não utilização de EPIs (equipamentos de proteção individual) adequados, infelizmente ainda comum no setor, também colabora com a ocorrência de acidentes, além de agravar suas consequências.
A prevenção é responsabilidade de todos, principalmente do trabalhador, pois num eventual acidente, ele que sofrerá as consequências na pele, literalmente. Mas prevenir também é dever do empresário, pois as consequências de um acidente não incidem apenas sobre o trabalhador, elas recaem sobre a empresa como um todo, acarretando gastos consideráveis, compromissos de estabilidade empregatícia, indenizações e até mesmo o fechamento da empresa nos casos mais graves. Portanto a prevenção não é um detalhe burocrático, é uma obrigação administrativa.
Com o intuito de auxiliar na proteção do reparador automotivo, e também o empresário do setor a evitar os contratempos causados pelos acidentes, listamos algumas recomendações que podem tornar o exercício das atividades mais seguro:
1. Utilizar/disponibilizar os EPIs adequados à atividade: no ambiente de uma oficina, os mais importantes são os óculos e sapatos de proteção.
2. Não efetuar reparos no veículo com o motor quente, a menos que sejam imprescindíveis ou não ofereçam riscos de queimadura.
3. Sempre desligar o polo negativo da bateria quando for efetuar procedimentos ou reparos no motor e seus agregados.
4. Em procedimentos feitos em dupla, estabelecer uma comunicação clara e precisa, e sempre dizer antes o que se pretende fazer, seja em uma regulagem de freio de mão ou uma instalação de motor.
5. Não efetuar procedimentos com “pressa”, e sim no tempo necessário.
6. Utilizar os dispositivos de segurança dos equipamentos (e substituí-los quando necessário), como por exemplo: os ganchos com corrente nos encolhedores de mola e as correntes de amarração nos macacos hidráulicos de câmbio.
7. Evitar o uso de gasolina ou diesel na lavagem de peças, hoje o mercado dispõe de substitutos biodegradáveis tão eficientes e acessíveis quanto estes derivados de petróleo, e menos agressivos ao trabalhador e ao meio-ambiente.
8. Evitar o funcionamento de motores em ambientes não ventilados. Quando for inevitável, que seja pelo menor tempo possível.
9. Evitar a utilização de produtos que “limpam” o motor durante o funcionamento. A fumaça pode ser muito tóxica.
10. Manter o ambiente de trabalho tão iluminado e limpo quanto for possível.
11. Manter sempre a atenção e a concentração, procurando deixar eventuais preocupações fora do ambiente de trabalho.