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Lançado na Europa em 2006, o modelo 207 da Peugeot chega ao Brasil em meados de 2008 para disputar uma fatia do mercado com as versões Premium do novo Gol e do Corsa, concorre também com o Renault Sandero, o Citroën C3, VW Polo e Fiat Punto.
A marca francesa apostou em disponibilizar o modelo em diferentes versões: hatchback, station wagon e o sedã batizado de “Passion”; palavra francesa que significa “paixão”, em português.
O motor 1.4 utilizado no modelo 207 é o mesmo do antigo 206. Na verdade, a diferença entre esses dois modelos é basicamente estética. Tanto a mecânica quanto os problemas continuam os mesmos; e é exatamente sobre a parte mecânica que vamos falar daqui para frente.
Ninguém melhor que os Reparadores de oficinas independentes para falar sobre os principais problemas e qualidades relacionados à manutenção do nosso Peugeot 207 1.4 8v. Entrevistamos os Reparadores das seguintes oficinas:
FR Auto Center é uma oficina multimarca que está localizada no município de Diadema – SP. Fabio Rebelo de Moraes (foto 01) tem 40 anos de idade e 29 de profissão. Começou a sujar as mãos de graxa aos 11 anos de idade, lavando peças em uma oficina muito simples. Ao completar 17 anos abriu sua própria oficina, se formou em técnico na escola SENAI. “Foi depois que fiz o curso técnico que realmente cresci profissionalmente – a teoria foi fundamental! Hoje a minha oficina atende em média 250 carros por mês”, diz orgulhoso o Reparador.
Na Zona Sul da cidade de São Paulo, bairro Jd. Germânia, encontramos o Centro Automotivo Flech Motors, quem nos concedeu a entrevista foi o Reparador Oscar do Amaral (foto 02), que aos 52 anos de idade relembra como foi no início da carreira: “com apenas 13 anos de idade comecei a trabalhar como ajudante, numa oficina que consertava máquinas agrícolas. Depois fui trabalhar em outra oficina, fiz cursos técnicos na escola SENAI e aos 20 anos de idade consegui abrir a minha oficina. De lá pra cá, tive muitos percalços no meio do caminho, mas, continuo firme e forte trabalhando com amor à profissão e muita gratidão”, diz o Reparador, ainda com brilho no olhar.
Na Auto Mecânica Kobata, que fica localizada no bairro Jardim Paulista na cidade de São Paulo, encontramos o Reparador Thiago Amaral das Chagas (foto 03), ele tem 30 anos de idade e 12 anos de profissão.
Thiago nos contou que por gostar muito dessa área que é a reparação automotiva, decidiu entrar para a escola SENAI para fazer o curso técnico de mecânica. “Depois de concluir o curso trabalhei por dois anos numa oficina para desenvolver minhas habilidades e colocar em prática tudo que havia aprendido, me identifiquei tanto que fui fazer outros cursos como: elétrica, injeção eletrônica e ar-condicionado que, aliás, é área que eu mais atuo nesta oficina em que já estou completando 10 anos”, diz entusiasmado o Reparador.
Feitas as merecidas apresentações desses profissionais que generosamente nos concederam as entrevistas, vamos descobrir as particularidades do Peugeot 207 1.4.
Suspensão dianteira
Já vamos começar a avaliação tocando num ponto crítico do veículo francês. Segundo os Reparadores consultados (unanimidade), a suspensão dianteira apesar de eficiente, apresenta defeitos recorrentes em algumas peças. Segundo eles, a suspensão desse modelo é muito frágil, parece não ter sido projetada para as ruas do Brasil.
Bieletas (foto 04) e buchas de bandejas (foto 05) são as peças que apresentam defeito com maior frequência, segundo os técnicos. Thiago ressalta que as bieletas quando estão com folga, fazem muito barulho e podem confundir na hora de fazer o diagnóstico.
Nota: tanto as buchas da bandeja quanto o pivô não são vendidos separadamente, é necessário substituir a bandeja completa (foto 06).
O Reparador Fábio chama a atenção para quando for remover as bandejas ou os amortecedores: “muito cuidado quando for fazer manutenção na suspensão, porque o semieixo poderá escapar e se isso acontecer, a mola que fica entre a ponta do semieixo e a tulipa (foto 07) poderá ficar atravessada, provocando trepidações nas acelerações”, alerta o técnico.
Para evitar que o semieixo desencaixe, solte e retire a porca da homocinética.
Dica do Reparador Thiago – Para facilitar a remoção das bandejas é necessário soltar os parafusos que prendem o quadro à carroceria (foto 08) e os parafusos que prendem a caixa de direção ao quadro (foto 09), assim, haverá curso suficiente para desencaixar os pivôs sem grandes esforços.
O Reparador Oscar relata que os coxins superiores dos amortecedores dianteiros (foto 10 A) apresentam problemas com certa frequência e os rolamentos que ficam alojados nesse coxim também apresentam folgas excessivas, consequentemente barulhos ao passar em terrenos irregulares. Segundo Oscar, “a folga fica tão acentuada que interfere na cambagem. Infelizmente alguns profissionais quando vão alinhar o carro e quando percebem que a cambagem está fora, antes mesmo de verificar a causa já vão colocando aquela ferramenta hidráulica que deforma algumas peças e até danificam, sendo que na maioria das vezes é só trocar a peça que está ruim e a cambagem volta para o grau correto”, conclui lamentando o Reparador.
Por falar em cambagem, no caso do Peugeot 207 essa regulagem não existe! Portanto, quando os valores da cambagem estiverem fora da especificação do fabricante, o primeiro passo é verificar todas as peças que compõem o sistema de suspensão com o objetivo de identificar qual ou quais peças estão avariadas ao ponto de interferir no angulo do câmber.
Dica do Reparador Tenório Jr: as molas exercem funções importantíssimas no sistema da suspensão de um veículo, como elas não descansam nunca, é natural que elas cheguem ao ponto de fadiga em termos de resistência ao peso, ou melhor, elas literalmente ficam fracas! Logo, assim como os amortecedores, a necessidade de substituição das molas é tão real quanto importante para o ótimo funcionamento do conjunto. A indicação é substituir as molas por quilometragem, juntamente com os amortecedores ou quando houver marcas indicando o contato entre um elo e outro.
Após a substituição das peças avariadas, se a cambagem ainda estiver fora dos limites de tolerância do fabricante, significa que há alguma deformação na carroceria ou chassi. Nesse caso, cabe uma conversa com o cliente para juntos decidirem de que forma essa deformação deverá ser compensada. Lembrando sempre que, independentemente da forma como será realizado o ajuste, não poderá colocar em risco a segurança nem comprometer as peças que estão instaladas, como: amortecedores, cubos e rolamentos de rodas, etc.
Suspensão traseira
De acordo com os três Reparadores consultados há um defeito crônico nos rolamentos que ficam nas pontas do eixo traseiro.
Para o Reparador Oscar, além do defeito crônico dos rolamentos do eixo, há os amortecedores traseiros que duram em média 45 mil km e o parafuso que prende a barra de torção que costuma quebrar e dá o maior trabalho para substitui-lo.
Thiago diz que na parte mecânica desse carro a maior reclamação é sem dúvida a fragilidade dos rolamentos do eixo traseiro (foto 11) e o eixo que aloja esses rolamentos (foto 12), ficam tão desgastados que não dá pra trocar só os rolamentos. Neste caso, segundo o Técnico, “o melhor a fazer quando o eixo está ruim é trocá-lo por um novo, porém, pelo alto custo e recorrência do problema o jeito é buscar alternativas no mercado paralelo. Existem empresas que recondicionam esse eixo e outras que fabricam buchas especiais para substituir os rolamentos”, pontua o técnico.
O Reparador Fabio, quando se depara com um problema como esse, recorre a um parceiro que faz o recondicionamento do eixo.
Freios
O sistema de freios do 207 é comum, pastilhas e discos na dianteira e tambores com sapatas nas rodas traseiras. Os técnicos consultados não relataram nenhum defeito fora do normal, apenas deram algumas dicas importantes para os colegas e também para o proprietário do veículo.
Fabio recomenda aos colegas que fiquem atentos ao diâmetro interno do tambor. “Às vezes a espessura das lonas está boa, mas o tambor está tão desgastado que impossibilita a regulagem das sapatas. Portanto, ao verificar o sistema de freio, leve em consideração o estado das lonas, dos tambores, cilindros de rodas e fluido de freio, quando há desgaste nestas peças o ideal e mais seguro é substituir o conjunto todo”, orienta o Reparador.
Dica do Oscar: quando for trocar as pastilhas, verifique os pinos das pinças, é comum estarem com folga excessiva, o que provoca ruídos quando o carro passa por ruas irregulares.
O Reparador Thiago recomenda a substituição do fluido de freio a cada 12 meses. “Quando o cliente não tem histórico dessa manutenção, nós fazemos o teste do fluido com a ferramenta apropriada, se estiver fora das especificações, recomendamos a troca do fluido imediatamente”, diz o técnico.
Em tempo – o fluido de freio, quando está muito velho, fica com o seu ponto de ebulição muito baixo; nas situações de exigência severa, pode ferver dentro do sistema e as bolhas de ar deixam o sistema inoperante, ou seja, o pedal de freio desce até a “tábua”! Além disso, a água absorvida pelo fluido ao longo do tempo oxida as peças metálicas do sistema de freio, como: cilindros de rodas, cilindro mestre e pinças de freio.
Rolamento da roda traseira
Na maioria dos carros, a substituição dos rolamentos traseiros é um trabalho relativamente fácil, mas no caso do Peugeot 207 é uma tarefa quase impossível.
O tipo de rolamento utilizado é o duplo em uma só carcaça (semelhante aos das rodas dianteiras). Para sacá-lo é necessário remover um “anel trava” (foto 13) fechando-o. O problema é que essa trava não tem furos nas pontas para introduzir o alicate, nem espaço para colocar alguma ferramenta atrás dela; parece que a intenção do fabricante era forçar a compra dos tambores com rolamentos, mesmo que o problema fosse apenas nos rolamentos.
Dica de ouro do Reparador Tenório Jr: na JR Automotiva, o jeito que encontramos para remover o rolamento foi fazendo uma cavidade no tambor, entre as duas pontas da trava (foto 14), suficiente para introduzir uma chave de fenda fina atrás da trava para desencaixá-la do seu alojamento. Nota: essa cavidade não deve comprometer a segurança nem a integridade do tambor! (foto 15)
Arrefecimento
O sistema de arrefecimento é muito importante para o ótimo funcionamento do motor. Ele é responsável pelo controle da temperatura do motor de modo a permitir um rápido aquecimento, sem deixar superaquecer nem trabalhar frio demais. Tudo isso para obter maior eficiência em termos de potência, consumo de combustível e emissão de poluentes. Portanto, qualquer problema nesse sistema pode custar muito caro, é preciso ficar atento!
O técnico Fabio diz que já constatou em alguns “207” casos de vazamento pela junta do cabeçote, onde o óleo se mistura com a água. “O curioso é que nestes casos os carros não tinham problemas ou histórico de superaquecimento”, acrescenta o Reparador.
Fabio ainda chama a atenção para um defeito comum: “já peguei alguns carros deste modelo em que a ventoinha não funcionava na velocidade correta, ficava tão lenta que dava pra parar com a mão, aí a temperatura não baixava de jeito nenhum, o jeito foi substituir a ventoinha”, relata o Reparador.
A carcaça da válvula termostática (foto 16) foi apontada pelos três Reparadores como vilã de problemas no sistema. Por ser de plástico, com o tempo ela empena e o vazamento é inevitável, dizem os técnicos consultados.
Recomendação dada pelos Reparadores é fazer a manutenção periódica a cada seis meses para verificar se há vazamentos e o estado do líquido de arrefecimento. “Quando for trocar o líquido de arrefecimento, se o reservatório estiver sujo, recomenda-se substitui-lo, porque irá facilitar na hora de verificar o nível da água”, orienta o técnico Oscar.
Thiago chama a atenção para o líquido do sistema de arrefecimento, que deve ser composto por 40% de aditivo e 60% de água desmineralizada. “O cloro e os minerais contidos na água de torneira são prejudiciais às peças metálicas do sistema, que sofrem por corrosão dando origem aos vazamentos”, alerta o técnico.
Dica do Reparador Tenório Jr.: considerando que a bomba d’água (foto 17) é movida pela correia dentada, é viável substituir a bomba d’água juntamente com a correia dentada, que deve ocorrer em média a cada 50 mil km. Assim, o cliente irá poupar tempo e dinheiro.
Injeção Eletrônica
No sistema de injeção eletrônica, alguns problemas são familiares para cada Reparador consultado.
Fabio relata que já constatou algumas vezes, defeito no corpo de borboleta (foto 18). “O carro perde a potência porque a borboleta não acompanha o acelerador; esse defeito costuma ser difícil para diagnosticar porque só dá pra pegar com o aparelho específico para teste de corpo. Veículos com aproximadamente 45 mil km já estão suscetíveis a apresentar esse defeito”, acrescenta o técnico.
O técnico Oscar alerta para problemas no chicote da injeção eletrônica: “já peguei três casos em que o fio de sinal da bobina ou do sensor de rotação estava rompido dentro do chicote. Na minha percepção, esses fios são finos demais e, portanto, frágeis”, arremata o Reparador.
O Reparador Thiago considera crônica a carbonização que ocorre no interior do coletor de admissão. “Esse carro costuma carbonizar o corpo de borboleta, o coletor de admissão. Tal carbonização pode ser oriunda de combustível de má qualidade e condições severas de uso do veículo, como o uso frequente no trânsito intenso das grandes cidades; ela provoca irregularidade no funcionamento do motor, falhas, faz acender a luz de anomalia e por consequência pode danificar a sonda lambda. Por isso, a recomendação básica é verificar o sistema de ignição a cada 20 mil km, verificar corpo de borboleta, bicos (foto 19) e o coletor de admissão periodicamente”, diz Thiago.
Ar-condicionado
De acordo como técnico Thiago, da mecânica Kobata, existe um problema crônico em alguns modelos da linha Peugeot incluindo o modelo 207. “No condensador do ar-condiciona