Notícias
Vídeos

Hyundai i30 2.0 16v automático – Sucesso nas vendas e surpresa no pós vendas


Passados os cinco anos da garantia de fábrica fomos em busca de informações nas oficinas independentes para saber, na real, como é a manutenção desse hatch médio

Por: Da Redação - 14 de abril de 2016

Fabricado na Coreia do Sul, o hatch médio i30 da Hyundai, foi o segundo modelo da marca que fez sucesso no Brasil. Em abril de 2009, encorajada pela boa aceitação da Tucson que chegou no território brasileiro em meados de 2005, a empresa sul coreana trouxe mais um veículo para competir no disputado segmento dos hatchs médios. Conforme matéria “Em breve, na sua oficina” publicada pelo jornal Oficina Brasil em 14 de Novembro de 2015 - por Jorge Matsushima - as vendas da primeira geração do i30 foram um sucesso no Brasil, alcançando a marca de 84.993 unidades vendidas entre 2009 e 2011, chegando a liderar o ranking de vendas dos hatchs médios em alguns períodos. 

A garantia de cinco anos foi uma grande inovação oferecida pela montadora, pode ter sido uma das molas que impulsionou as vendas desse veículo, além, é claro, do satisfatório pacote de itens de série, design, etc. No entanto, há de ser considerado que a garantia, que está atrelada às manutenções obrigatórias na rede concessionária, uma hora acaba. Seja pelo término do prazo ou mesmo por livre decisão do proprietário quando opta por levar o carro a uma oficina independente, é aí que entra nosso trabalho. Para saber a quantas anda a manutenção do i30 2.0 16v entrevistamos, de forma estruturada, três reparadores de oficinas independentes com o objetivo de identificar os pontos positivos e negativos acerca da manutenção desse veículo, são eles:

Emerson Reis, aos 43 anos de idade (fig. 01) é técnico e proprietário da oficina “Centro Diagnóstico Flexlull” e participante ativo do Fórum do jornal Oficina Brasil, em que utiliza o apelido de “Dr. Platinado”. Emerson tem uma história que nos enche de orgulho, ele trabalhava com uma motocicleta fazendo entregas, em 2003 fez um curso de mecânica e injeção eletrônica na instituição beneficente “Obra Social Dom Bosco”. Emerson nos conta: “foi lá que conheci o Fórum do jornal Oficina Brasil que até hoje me ajuda muito no dia a dia da oficina”. Em 2005 Emerson conseguiu a certificação da ASE Brasil em Eletroeletrônica e em 2012 abriu sua própria oficina, que está localizada no extremo leste da cidade de São Paulo, bairro Cidade Tiradentes.

Na outra extremidade da cidade de São Paulo, no bairro Itaim Bibi, entrevistamos o reparador Luiz Antônio Gomes de Oliveira, 51 anos de idade (fig. 02) e 35 anos de experiência, é proprietário da oficina Carbuline há 29 anos. Luiz conta que desde criança era curioso e se interessava muito, estava sempre perto de seu pai que também gostava de consertar os carros da família e da empresa. “lembro que quando criança desmontava carburadores no meio da calçada. Depois de trabalhar em oficinas consegui montar a minha própria”, diz orgulhoso o reparador.

Fechando o trio de reparadores profissionais, temos o Daniel Cassemiro de Andrade, 34 anos de idade, 20 anos de profissão, trabalha há dois anos na oficina Pneus Lopes que está localizada no bairro Indianópolis, zona sul da cidade de São Paulo. 

Daniel tinha apenas 14 anos (fig. 03), quando teve a curiosidade de saber como um motor funcionava. Seu pai, percebendo o interesse, conseguiu uma vaga numa oficina de um amigo; quatro meses depois, entrou numa escola no qual fez o curso de mecânica geral. Daniel conta que gostou tanto que nunca mais parou de fazer cursos. “Sou fanático por automóveis e por mecânica, inclusive fiz quatro anos de mecânica de aviação e seis meses de estágio trabalhando em aeronaves”, diz o técnico. 

Feitas as apresentações dos reparadores que colaboraram conosco nessa matéria, vamos aos fatos constatados por eles, acerca da manutenção do Hyundai i30.

 

SUSPENSÃO DIANTEIRA 

De acordo com os reparadores, as peças que se desgastam com frequência, e muitas vezes com baixa quilometragem, são: amortecedores e batentes (fig.04), buchas da barra estabilizadora (fig. 05), buchas de bandejas (fig. 06 e 07), coxim dos amortecedores e bieletas. Segundo o reparador Luiz, a quebra da fixação da bieleta no amortecedor dianteiro é comum. Para Emerson, a suspensão é frágil para as nossas ruas. Segundo o reparador Daniel, as manutenções realizadas na suspensão do modelo avaliado são normais para a quilometragem constatada no ato da substituição das peças. 

DIREÇÃO

O sistema utiliza caixa de direção mecânica do tipo pinhão e cremalheira (fig. 08), que recebe assistência elétrica diretamente na coluna de direção(fig. 09), é chamada de “direção eletro-assistida”. De acordo com os reparadores esse sistema é muito eficiente e de baixa manutenção.

 

DICA DE OURO: 

01 - Luiz - “Esse carro apresenta, com frequência, um barulho ao girar a direção, dá pra perceber que é na coluna de direção. Esse ruído é provocado pelo desgaste de uma peça bem pequena que fica dentro da coluna é conhecido como “acoplamento da direção” (fig. 10). Para trocar é necessário tirar a coluna e desmontar na bancada. A peça já é vendida na concessionária, tem baixo custo mas é difícil pra encontrar”.

02 - Emerson – “Muito cuidado ao trocar o rolamento dianteiro, pois a manga de eixo é frágil e o rolamento tem posição correta de montagem devido ao sensor de rotação do freio ABS” (fig. 15)

 

SUSPENSÃO TRASEIRA

Os múltiplos braços (Multilink) e barra estabilizadora (fig.11), promovem excelente estabilidade e não são frágeis. De acordo com os reparadores, os reparos executados na suspensão traseira, até então, limitam-se aos amortecedores e batentes (fig. 12). Nada mal se considerarmos a quantidade de possibilidades de desgaste das buchas que fixam os múltiplos braços. 

FREIOS

Esse veículo vem equipado com freios a disco nas quatro rodas com ABS, do inglês (Anti-lock Braking System) quer dizer, “sistema de freio antitravamento”, que é auxiliado pelo sistema EBD, sigla em inglês de (Eletrônic Brake Force Distribuition), que significa “distribuição eletrônica de força de frenagem”. Na prática, esse sistema distribui a força de frenagem nos eixos dianteiros e traseiros, de acordo com a necessidade. Como se não bastasse, o i30 conta com que um sistema de controle eletrônico de estabilidade ESP, outra sigla oriunda do inglês (Eletronic Stability Program), que significa “programa eletrônico de estabilidade”. 

O ESP entra em funcionamento quando detecta, a partir de seus sensores, algum desvio na trajetória do volante. Ele atua acionando os freios individualmente (utilizando o próprio ABS) e se conecta com o módulo que gerencia o sistema de injeção eletrônica, atuando na potência do motor para colocar a carro na trajetória correta; simplesmente, sensacional! 

Para os reparadores, Emerson, Luiz e Daniel, o sistema de freio desse veículo não apresenta problemas recorrentes nem crônicos, apenas manutenções normais pelo desgaste natural das peças. 

Observação do consultor OB: o veículo chegou na oficina para trocar pastilhas e discos, estava com esse acessório vermelho, mostrado na fig. 13. Após a substituição das peças não foi possível recolocar o acessório porque ficava raspando na roda, que passa muito perto da pinça.

O freio traseiro utiliza pastilhas e discos (fig. 16), já o freio de estacionamento trabalha com sapatas (fig.18), que ficam alojadas na parte interna do disco traseiro (tambor). É importante lembrar que as sapatas devem ser reguladas quando a alavanca do freio de mão estiver muito alta, e substituídas quando necessário. 

Dica do consultor OB: Para regular o freio de estacionamento, retire a roda, remova a tampa de borracha (fig.17), com uma chave de fenda gire o regulador até prender o disco. Gire o regulador no sentido contrário até que o disco fique livre. Depois de regular os dois lados, puxe o freio de mão algumas vezes para que as sapatas se acomodem dentro do tambor e refaça a regulagem. Por fim, verifique se os discos estão livres. 

Atenção! Se as rodas ficarem “presas” haverá a possibilidade de travamento e/ou desgaste excessivo das sapatas de freio.

          

INJEÇÃO ELETRÔNICA

De acordo com o técnico Emerson, “o sistema de injeção Hyundai Continental trabalha com 9 sensores, 6 atuadores e dois conectores de diagnóstico, um com padrão OBD II com 16 pinos e outro que fica localizado no cofre do motor, padrão Hyundai com 20 pinos (fig. 19), dos quais apenas 10 estão ativos”, detalha o reparador. Segundo ele, é um sistema tranquilo para trabalhar e que até o momento não encontrou defeitos fora da normalidade. 

O reparador Luiz relata que já pegou casos de queima da bobina de ignição (fig. 20), mas que de forma geral, o sistema é muito bom. 

Daniel também não constatou nenhum defeito no sistema de injeção que estivesse fora do normal, mas já teve casos de velas avariadas com baixa quilometragem. 

 A – Fio preto/verm ligado ao A7 da ECU (1- 4); B – Fio preto/branco ligado ao 29 da ECU (2-3);  C – Capacitor ligado ao positive

ARREFECIMENTO 

De acordo com o reparador Emerson, o acesso fácil ao cavalete da válvula termostática (fig. 21) e à bomba d’água (fig. 22), favorece as manutenções. “O ideal para esse sistema é a utilização de aditivo na proporção de 50%”, orienta.

REVISÕES PERIÓDICAS

Constatamos através dos relatos dos técnicos que as manutenções básicas e periódicas do i30 não apresentam dificuldades quanto à sua execução, no entanto, o reparador Emerson chama a atenção para aplicação de peças elétricas e instalação de acessórios, devem ser utilizadas peças originais para não comprometer a durabilidade da caixa de fusíveis e BCM (Body Control Module) - módulo de controle de bordo automotivo.

Outro ponto importante lembrado pelo reparador Emerson é a substituição do filtro de combustível (fig. 23) que está localizado dentro do tanque juntamente com a bomba de combustível (fig. 24). Deve-se tomar cuidado no manuseio das peças no momento da substituição do filtro porque as peças são frágeis e se quebrar a flange terá que comprar um conjunto completo. O técnico relata que já teve problema de parada súbita do motor por problemas de sujeira no filtro com apenas 15 mil km rodados. 

O técnico Daniel dá uma dica aos reparadores: “peça sempre ao proprietário do veículo que deixe dentro do carro o manual técnico. Siga sempre a recomendação do fabricante”. 

 

DICA DO CONSULTOR OB

O filtro de combustível deve ser trocado preventivamente a cada 30 mil km, de acordo com o fabricante. Porém, além do acúmulo de impurezas, o elemento filtrante também sofre saturação pela ação prolongada do combustível, portanto, deve ser substituído também por tempo de uso. Fazendo a conversão relativa, considerando uma média de 15 mil km por ano, a substituição pelo tempo de uso fica compreendida em 2 anos. Ou seja, se o carro não percorrer os 30 mil km em 2 anos, o filtro de combustível deverá ser substituído da mesma forma.  

 

PEÇAS

As peças de reposição lamentavelmente ainda são um ponto que provoca insatisfação por parte dos clientes, de acordo com o reparador Emerson, a compra de peças na concessionária representa 50% do seu volume total. O reparador comenta que na maioria das vezes que ele procura a peça na concessionária, não encontra disponível em estoque e os preços geralmente assustam. “O preço das peças é muito alto em comparação com o mercado independente que já comercializa peças com qualidade de peça original, porém, com preço bem competitivo”, relata Emerson.

Já o reparador Luiz tem ainda mais dificuldade para comprar peças na concessionária. Segundo ele, a maior parte das peças que utiliza em sua oficina para o i30 são compradas diretamente em distribuidores que importam peças da Hyundai com qualidade confiável. “Infelizmente o atendimento da concessionária é muito deficiente, parece que eles não se preocupam com os reparadores independentes; sem falar que não são todas as concessionárias que vendem peças, aqui na região só tem duas, e muitas vezes não encontro as peças disponíveis na hora”, diz o técnico com certa indignação.

Das peças adquiridas na oficina Pneus Lopes para o i30, apenas 30% são adquiridas nas concessionárias. Segundo Daniel, o motivo é que as peças de grande giro são encontradas nas autopeças independentes, com a mesma qualidade das peças genuínas mas com o preço bem inferior. O técnico completa dizendo: “só compramos na concessionária quando não encontramos no mercado independente”, arremata Daniel.

 

INFORMAÇÃO TÉCNICA

Para obter informação técnica os reparadores consultados recorrem ao Fórum do jornal Oficina Brasil, manual do proprietário, Sindirepa e se ainda assim não conseguirem, eles procuram os amigos que trabalham na rede Hyundai. 

 

REPARABILIDADE

Visualmente já é possível notar que o espaço no compartimento do motor é grande, o que por si só já eleva a nota do quesito reparabilidade. O acesso aos principais componentes é muito bom (correias, velas, bicos, bobina, tampa de válvulas, embreagem e suspensão). De acordo com os reparadores consultados, não há necessidade de ferramentas específicas para executar os serviços corriqueiros. Todos elogiaram o carro neste quesito. 

 

INDICA OU NÃO INDICA?

Emerson – Sim. “Mas, alerto que as peças de reposição para esse modelo têm preço elevado e algumas são difíceis de encontrar, somente por encomenda”.

Luiz – Sim. “Eu indico esse carro porque é um carro muito bom e dá pouca manutenção”. 

Daniel – Sim. “Porque é um carro que normalmente só requer as manutenções básicas que são por desgaste natural; não dá problemas prematuros nem crônicos, esse carro é excelente!”. 

 

CONCLUSÃO

Essa matéria mostra um conflito entre produto e produtor. Por um lado, o reconhecimento do equilíbrio técnico, das qualidades e a aprovação total (por parte dos reparadores consultados) de um veículo produzido por uma empresa estrangeira. Em contrapartida, a falta de atenção do seu fabricante Hyundai, ao pós-venda. A falta de peças para a reposição, o alto custo das peças genuínas e a retenção da informação técnica desgastam a imagem da marca. O conceito positivo gerado pelos inúmeros adjetivos atribuídos ao i30 2.0 16v pelos reparadores independentes se transforma em uma ameaça quando se constata que o fabricante do referido veículo não se preocupa com quem compra nem com quem repara seus veículos fora da concessionária. É sempre tempo de rever os conceitos.

 

 

PARTICIPE DA PRÓXIMA EDIÇÃO!

O próximo veículo que será avaliado é o Fiesta 1.6 Rocam 2013.

Acesse http://bit.ly/avaliacao-mai16 para participar.

Seu depoimento poderá ser publicado nesta seção do Jornal Oficina Brasil. Se a sua oficina está na grande São Paulo, e você tem um veículo deste modelo agendado para manutenção do motor, entre em contato com a redação do Jornal para acompanharmos a execução do serviço. Você e sua oficina ganharão visibilidade nacional, e o seu conhecimento do modelo será compartilhado com milhares de profissionais da área em todo o Brasil. Participe! A data limite para esta matéria é 20/ABR/2016, quando fechamos a próxima edição.