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Hyundai HB20 – Queridinho na aquisição e quase um desafeto na hora da manutenção


Reparadores consideram a reparabilidade boa mas criticam a falta de peças, informações e apontam a presença de problemas recorrentes

Por: Tenório Júnior - 04 de junho de 2020

O HB20 foi o primeiro carro “popular” da Hyundai fabricado no Brasil. Lançado em setembro de 2012 o modelo chegou para concorrer no segmento dos hatchs, seu principais concorrentes são: Volkswagen Gol, Fiat Palio, Ford Ka, Chevrolet Onix, Renault Sandero, Toyota Etios e Peugeot 207. 


Segundo a montadora, a denominação “HB”, significa Hyundai Brasil, é uma nova linha que deu origem a outros modelos, além do HB20, como o HB20 X que é um crossover compacto e o HB20 S, do tipo sedan. 


Tanto o 1.0 quanto o 1.6 são fabricados com bloco e cabeçote de alumínio, duplo comando de válvulas e variador de fase na admissão. Ambos estão preparados para utilizar gasolina e etanol. O sistema de partida a frio ainda é antigo, utiliza tanquinho (fig.07) que requer manutenções como limpeza e não é rara a necessidade da substituição da válvula solenoide (fig.08) por travamento.

Foto 3A montadora sul-coreana oferece cinco anos de garantia, não obstante, com menos de quatro anos de uso, já é possível encontrar o modelo nos boxes das oficinas independentes cujos proprietários se sentem mais seguros e bem atendidos na oficina independente. Diante desta realidade de mercado e para sabermos o que realmente acontece (pois é sabido que a oficina mecânica independente é o “grande campo de prova das montadoras) quando o HB20 chega à oficina para fazer manutenção, entrevistamos quatro reparadores de reparadoras e regiões diferentes, são eles: 

Alisson Soares Ribeiro (foto 03), 34 anos de idade e 10 anos de profissão. Iniciou quando ainda era criança, trabalhando na oficina de seu pai, que já atua há quase quarenta anos na área. Alisson é formado em Processos Gerenciais e fez cursos técnicos, dentre eles, freios ABS e Injeção eletrônica. “Meu pai foi o meu professor de mecânica e hoje eu sou sócio dele”, diz o reparador. Localizada em Minas Gerais na cidade de Sarvedo, a oficina Spacecar atende em média 50 carros por mês. 

Foto 4

Ernesto Miyazaki (foto 04) tem 42 anos é técnico em eletrônica, especialista em sistemas de ar-condicionado automotivo e proprietário da oficina Arcon – Ar-condicionado automotivo que fica localizada na cidade de São Paulo - Butantã. “Em 1992 meu pai, que era um apaixonado pelo ofício, montou a Arcon, desde então, comecei a trabalhar em sociedade com ele; fiz cursos de gestão e de relacionamentos pelo Sebrae e vários cursos técnicos voltados para a parte elétrica, eletrônica e ar-condicionado”, conta Ernesto, que aliás, também é um colaborador técnico do jornal Oficina Brasil. 

Foto 5

Marcelo Pontello Cerrato (foto 05) tem 49 anos é técnico em reparação automotiva e proprietário da Auto Elétrico e Mecânica MP, localizada na zona central da cidade de São Paulo no bairro Cambuci. Marcelo nos conta como foi iniciou na carreira: “eu trabalhava como escriturário numa grande empresa e pedi demissão para ir atrás de um sonho, fui trabalhar de ajudante numa oficina mecânica; três anos após, em 1991, abri minha própria oficina, onde estou até hoje. Minha capacitação técnica se deu através de cursos no Senai, nas principais fábricas de autopeças do País e diversas palestras técnicas”, relata o Reparador.

Foto 6

Fellipe Ramalho Correa (foto 06), 32 anos, é formado em Administração, pós-graduado em Gestão e Estratégia de Negócios, professor de Economia, Reparador Automotivo e proprietário da Auto Mecânica Express - localizada na zona sul da cidade de São Paulo, bairro Ipiranga. “Desde muito novo eu já mexia nos motores dos meus carros, até que surgiu a oportunidade de comprar uma oficina montada e, ao longo de quase uma década trabalhando com profissionais extremamente qualificados, fui aprendendo na prática as técnicas da reparação automotiva”, relata o reparador. 

Ficha técnica do HB20 1.6 automático

Cilindrada

1591 cm³

Potência (cv) a 6.000 rpm

128 A / 122 G

Torque (Kgfm) a 5.000 rpm

16,5 A / 16 G

Taxa de compressão

12:1

Comando de válvulas

Duplo no cabeçote / Corrente

Cilindros

4 em linha

Válvulas por cilindro

4

Variação do comando

Admissão

Transmissão

Automática 4 marchas

Freios ABS

Dianteiro – discos ventilados / Traseiro - Tambor

Direção

Assistência hidráulica

 

Ficha técnica do HB20 1.0 manual

Cilindrada

998 cm³

Potência (cv) a 6.200 rpm

80 A / 75 G

Torque (Kgfm) a 4.500 rpm

10,2 A / 9,4 G

Taxa de compressão

12,5:1

Comando de válvulas

Duplo no cabeçote / Corrente

Cilindros

3 em linha

Válvulas por cilindro

4

Variação do comando

Admissão

Transmissão

Manual 5 marchas

Freios ABS

Dianteiro – discos ventilados / Traseiro - Tambor

Direção

Assistência hidráulica


SUSPENSÃO DIANTEIRA 

Nenhum dos reparadores entrevistados relatou problemas fora do comum, apenas desgaste nas buchas de bandejas (fig. 09), pivôs, bieletas e batentes dos amortecedores (fig. 10)

Figura 9 e 10
SUSPENSÃO TRASEIRA

Já na suspensão traseira, um problema grave relatado pelo cliente e constatado por mim, chama a atenção - as molas traseiras são fracas, basta colocar duas pessoas no banco de trás que a traseira do carro quase arrasta no chão, dá para sentir o amortecedor chegando ao batente no fim de curso (fig.11).

Figura 11
Pesquisando sobre esse problema na internet, o próprio cliente descobriu que esse fato é tão comum que já existe um kit de reforço para as molas (fig. 12e 13). Segundo o proprietário do HB20 que deu origem a essa matéria, com o Kit de reforço das molas o carro ficou muito melhor para fazer curvas mesmo estando sem peso, além disso, não abaixa tanto quando transporta duas pessoas no banco traseiro. 

Figura 12 e 13
SISTEMA DE FREIOS

Freio traseiro é simples e não apresenta defeitos anormais. No entanto, é importante verificar nas revisões o estado das sapatas (fig.14A), desgaste nos tambores e vazamento nos cilindros de rodas (fig.14B) e efetuar a regulagem manual das sapatas de freio.

Figura 14
Os técnicos consultados não relataram nenhum problema que fugisse à normalidade, ou seja, manutenções básicas em função de desgaste natural das peças. Entretanto, em minha oficina, tive a oportunidade de resolver um defeito que estava incomodando o proprietário do carro. Tratava-se de um barulho do tipo “estalo metálico” que vinha da roda e se apresentava em pequenas vibrações. Para resumir, depois de algumas verificações na suspensão, sem êxito, constatei que havia folga entre as pastilhas e o cavalete da pinça (fig.15) Retirei as “chapas” de apoio que ficam nas extremidades das pastilhas, com um alicate universal melhorei a pressão entre as tais “chapas” e as pastilhas, e o barulho desapareceu por completo.

Figura 15
A central eletrônica do ABS (fig.16) e do cilindro mestre (fig.17) estão localizadas em local de fácil acesso.

Figura 16 e 17
Os sensores do ABS das rodas dianteiras (fig.18) fazem a leitura na roda fônica que está acoplada na homocinética, são fáceis para serem removidos. Já os sensores das rodas traseiras, são parte integrante do conjunto cubo/rolamento (fig.19). Se houver a necessidade de substituir o sensor, terá que comprar o conjunto completo (fig.20).

Figura 18, 19 e 20
SISTEMA DE AR-CONDICIONADO 

Figura 21

O ar-condicionado está presente em todas as versões do HB20, esse é um item importante que está cada vez mais presentes nos veículos brasileiros e que agrega grande valor “competitivo” ao veículo.  A Arcon, oficina que atende em média 160 veículos por mês, registra muitas passagens do HB20 com problemas nos principais componentes do sistema de ar-condicionado, dentre eles o compressor (fig.21) e evaporador (fig.22). Ernesto, que é especialista em sistemas de ar-condicionado, diz: “a troca do evaporador e/ou do compressor do HB20 são defeitos comuns, já pegamos várias vezes, muitas vezes até estava no prazo de garantia. O problema do evaporador é vazamento e do compressor é falta de óleo” afirma o técnico.

Figura 22

Ernesto chama a atenção para a falta de informação, “muitas pessoas não sabem que é importante fazer a limpeza no sistema e pensam que a máquina faz a limpeza por completo, mas não é tão simples assim”. Segundo o técnico, as pequenas partículas oriundas do desgaste natural só serão eliminadas com a limpeza completa do sistema e substituição do filtro secador, no caso do HB20 esta peça está acoplada ao condensador, o que a encarece, e consequentemente o serviço. “Muitas vezes o filtro secador não é substituído porque falta no mercado ou porque é muito caro”, arremata Ernesto. 

O especialista afirma que em alguns casos, os danos constatados nos compressores do ar-condicionado são oriundos de má manutenção, erro de procedimento e/ou aplicação de óleo lubrificante inadequado, é preciso ficar atento.      

Dica do Ernesto para o reparador: O Sensor de temperatura do ar-condicionado, em alguns carros, não desliga no tempo certo e congela o sistema.  É bom verificar o tempo de corte do sensor de temperatura do sistema do AC. Ele deve desligar igual a uma geladeira, o evaporador chega próximo de 0 grau. Na saída do difusor, ente 6 graus e 10 graus ele deve desligar e ligar repetidamente.

Dica do Ernesto para o cliente: Quando perceber que está saindo uma espécie de “névoa” pelos difusores, normalmente na fase fria, é sinal de problema, leve a um especialista.

DICAS DE MANUTENÇÃO PREVENTIVA 

Sobre manutenção preventiva o Reparador Marcelo diz: “se fizer a manutenção preventiva da forma correta, dificilmente terá problemas e surpresas desagradáveis e o custo das manutenções serão bem menores se comparadas à corretiva e evita o risco de ficar parado na rua ou na rodovia”.

Ar-condicionado: O reparador Ernesto recomenda a cada seis meses medir a pressões de alta, de baixa pressão e verificar o tempo de corte do compressor, para evitar problemas desagradáveis de mau funcionamento e gastos excessivos com a manutenção corretiva.

Freios: É importante que sejam verificados todos os itens do sistema e efetuada a substituição do fluido de freio a cada 10.000 km ou 12 meses. Lembrando que esse intervalo pode variar dependendo das condições de operação do veículo. 

Arrefecimento: O técnico Alisson recomenda a troca do líquido quando estiver ficando de cor diferente da cor do aditivo.

Troca de óleo: Deve ser realizada de acordo com as condições de operação do veículo (vide manual do proprietário). O Reparador Fellipe recomenda: “quando for trocar o óleo aproveite a oportunidade para verificar visualmente alguns itens que podem demonstrar sinais de desgaste”.

AQUECIMENTO EXCESSIVO NO INTERIOR DO CARRO 

Chegou a minha oficina (JR Automotiva), um cliente se queixando de aquecimento no interior do carro, mais especificamente na parte traseira do console central. Após a constatação do ótimo funcionamento da ventoinha e sistema de arrefecimento, levantamos o veículo e, para nossa surpresa, notamos que o defletor de calor do escapamento só vai até a metade do carro (fig.23), no local onde está localizado o silencioso intermediário não há defletor de calor (fig.24), ou seja, a temperatura do escapamento vai direto para o assoalho e acaba esquentando o interior do carro. 

Figura 23 e 24
JUNTA HOMOCINÉTICA 

Hb20 1.6 Automático com “estalos” contínuos que ficavam evidentes a 20km/h mesmo em linha reta. Ao verificar os componentes da suspensão, constatamos que havia graxa da homocinética espalhada por toda parte (fig.25), não havia avaria na coifa, a graxa escapava pela abraçadeira que ainda era original (fig.26). Retiramos a homocinética e notamos que estava dura e travando. Ao tentar comprar a peça na concessionária, a surpresa: só vende o eixo completo, sob encomenda, e o preço passa de um mil reais. 

Figura 25 e 26
Dica do Consultor OB – Tenório Junior: neste caso específico que o cliente não podia deixar o carro desmontado aguardando a peça, lavei a homocinética e verifiquei minuciosamente se havia trinca na “gaiola”; como estava íntegra e sem nenhum sinal de desgaste aparente, lubrifiquei a peça com a graxa especial “bissulfeto de molibdênio” (fig.27) e o defeito desapareceu. Mesmo assim, o cliente, que é Engenheiro Eletrônico e apaixonado por carros, por segurança, ficou de encomendar a peça para a substituição. 

Figura 27
SISTEMA DE ARREFECIMENTO

O técnico Ernesto constatou alguns casos em que a ventoinha estava inoperante, e a causa era mau contato em seu conector. 

Os demais reparadores não possuem histórico de problemas com o sistema de arrefecimento, apenas recomendam a troca do líquido de arrefecimento de forma corretiva e preventiva. Alisson diz: “Quando vejo que já está ficando de cor diferente do aditivo, indico a limpeza do sistema e a substituição do líquido de arrefecimento”.

Dica do Consultor OB – Tenório Junior: O líquido do sistema de arrefecimento é composto por água desmineralizada e aditivo específico na proporção indicada pelo fabricante - em média 40% de aditivo. Atenção! O sistema de arrefecimento não consome esse líquido! Se começar a baixar o nível, é sinal de vazamento, precisa ser reparado!

PEÇAS DE REPOSIÇÃO 

Para Ernesto a grande dificuldade na manutenção do HB 20 é o custo alto das peças genuínas e a indisponibilidade à pronta-entrega de alguns componentes do sistema de ar-condicionado. “Na maioria das vezes o cliente opta por peças mais baratas, que não são originais, porque além de considerar caras também não dispõe de tempo para esperar chegar na concessionária”, lamenta o técnico.

Já quando o foco é na mecânica a coisa fica menos ruim e na  oficina Spacecar em Minas Gerais, as peças do “pacote básico” (velas, bobinas, bicos etc.) são encontradas nas autopeças independentes. “Encontro essas peças básicas de marcas reconhecidas pelo mercado, porém, quando preciso de alguma peça diferente como o catalisador por exemplo, só sob encomenda na concessionária e, além de muito caro,  demora em média 3 dias”, diz o técnico Alisson.

Os Reparadores Fellipe e Marcelo concordam com que as peças de grande giro como velas, filtros e pastilhas são encontradas facilmente nas autopeças, mas as peças que fogem desta lista são encontradas apenas nas concessionárias, têm custo muito acima do que seria normal e dependem de encomenda, porque não tem à pronta-entrega. Ainda neste quesito, os Reparadores vão um pouco além, ambos demonstram grande insatisfação quando relatam sobre a dificuldade e ineficiência do atendimento telefônico no setor de peças das concessionárias. “Eles não atendem por telefone, e o serviço  é horrível! Às vezes é melhor ir pessoalmente”, reclama Marcelo. O Reparador Fellipe completa: “o atendimento telefônico é péssimo! Você liga em uma concessionária eles dizem que naquela unidade não vende peças para HB20, você liga em outra eles atendem e deixam o telefone de lado até você se cansar e desligar, em resumo, perde-se muito tempo para fazer apenas uma consulta”, arremata Fellipe.

No tocante à política de comercialização das peças, segundo os reparadores, o desconto que é oferecido ao reparador com CNPJ é o mesmo para pessoa física, apenas 5%. Isso torna inviável para a oficina porque os tributos que incidem sobre a nota fiscal e as taxas cobradas pelas administradoras dos cartões acabam sendo maior que o desconto oferecido. “Por não ter uma política diferenciada que favoreça as oficinas independentes, nós só compramos na concessionária quando não há outra opção confiável e viável”, diz Fellipe.  Marcelo acrescenta: “muitas vezes me vejo obrigado a pedir para o cliente comprar a peça na concessionária, porque se eu for comprar, terei que cobrar uma porcentagem sobre a peça para não ter prejuízo, o que elevaria ainda mais o preço da peça para o cliente final.”

Dica do Fellipe para os reparadores: Consultar as peças antes de pegar o serviço. Faça o diagnóstico, libere o veículo, compre as peças e agende com o cliente para executar o serviço. Assim você economiza espaço na oficina, o seu tempo e o do cliente. Infelizmente esta é a realidade do HB20 na oficina independente e evidencia que a montadora, em sua estratégia de mercado, estimou focar 100% na sua própria rede, o que deixa o dono do HB20, que prefere os serviços da oficina independente, desamparado.

Nestes depoimento fica evidente que a montadora optou por uma política de focar 100% em sua rede, que somada a garantia de cinco anos, colocaria este produto “distante” da oficina independente. Mas na prática, muitos donos de HB20 estão buscando serviços nas oficinas independentes e aí esta estratégia da montadora (100% do foco nos serviços apenas na concessionária) e que serviria para construir um “circulo virtuoso” de fidelização à marca, é quebrada. 

INJEÇÃO ELETRÔNICA E IGNIÇÃO 

O reparador Alisson relata que já reparou um HB20 com problemas nos injetores, “o defeito era falha de cilindro, havia um bico ruim e outros dois que não estavam com a vazão boa, nem a limpeza por ultrassom resolveu. Depois, o mesmo carro apresentou problema em uma bobina, estava com aproximadamente 38 mil km”, diz o técnico. 

O Reparador Marcelo diz que é comum apresentar defeito de bobina e velas por volta dos 40 mil km. 

Outro defeito fora do comum, constatado por Alisson, foi uma falha com código P 420 (baixa eficiência no catalisador), por se tratar de uma peça relativamente cara e, pouco provável que estivesse realmente com problema, o reparador foi buscar informações com colegas do Fórum do jornal Oficina Brasil e descobriu que esse problema era recorrente no HB20. Sendo assim, substituiu o catalisador e a luz indicativa de avaria no sistema de injeção não acendeu mais.

REPARABILIDADE 

Ernesto: Considerando especificamente o sistema de ar-condicionado, considero a reparabilidade boa, é equivalente a outros carros do mesmo porte, porém o que complica é a falta de peças e o preço das mesmas. 

Alisson: Estava achando fácil porque só havia feito os serviços básicos, quando tive que trocar o catalisador, achei muito difícil, a partir daí mudei meu conceito, gastei quase duas horas para fazer a substituição. Não é um carro “fácil”, se comparado aos seus concorrentes do mesmo segmento.

Fellipe: Considero boa. Tem bom espaço para trabalhar, não encontro dificuldades para executar os reparos, pelo menos nas manutenções mais elementares que realizei até agora. Vamos ver mais para a frente, pois a difícil relação com a montadora não é um bom indicador.

Marcelo: Eu classifico a reparabilidade no geral como boa. Costumo dizer que não só esse carro mas, a marca, vai dar “susto” em muitas montadoras. O HB20 da Hyundai tem grande potencial para superar outros carros que estão acima, no ranking dos mais vendidos, contudo a empresa precisa rever a política de relacionamento com o reparador independente, caso contrário a categoria pode desenvolver resistência à marca.  

INFORMAÇÃO TÉCNICA 

A falta de informação técnica é um desafio constante para os reparadores independentes. Diante de tantas marcas e modelos diferentes fica cada dia mais difícil trabalhar sem informação, é um desafio constante para o reparador independente que, de alguma forma, irá precisar obtê-la e é aí que se esconde o perigo. Por falta de um “canal” direto que liga a montadora ao reparador independente, muitos procuram a informação na internet que, diga-se de passagem, tem de tudo, desde informação clara e correta à informação equivocada e tendenciosa. 

Ernesto: Sinto falta de um apoio técnico por parte da concessionária, se eles nos dessem mais subsídios, seria melhor para trabalharmos, melhor para o cliente e para a própria marca.

Alisson: Eu trabalho com alguns manuais eletrônicos e quando não é suficiente, recorro aos amigos da internet e jornal oficina Brasil.

Ernesto: Sinto falta de um apoio técnico por parte da concessionária, se eles nos dessem mais apoio seria melhor para nós trabalharmos, para o cliente e para a marca.

Marcelo: Se precisar de alguma informação técnica é preciso implorar para conseguir. Por telefone nem pensar! Se conseguir, só pessoalmente e se o técnico estiver com boa vontade. 

Fellipe: Informação técnica é muito difícil, eles pedem o telefone para retornar e não retornam. Eu não sei se eles não estão tecnicamente qualificados ou se é realmente má vontade de passar a informação. 

RECOMENDAÇÃO 

Não por acaso o reparador independente, ao longo do tempo, dentre outras atribuições se tornou também o consultor técnico do proprietário do veículo, de modo que, quando surge a intenção de adquirir um novo carro, pede a ele a opinião, e na maioria das vezes é seguida à risca. Veja o que cada reparador consultado diz quando é questionado pelo seu cliente em relação à compra de um HB20:

Ernesto: A reparabilidade desse carro é boa, mas eu não recomendo pela indisponibilidade de peças e preços altos das peças genuínas, se comparados aos outros da mesma categoria. Não dá pra ficar com carro parado no pátio da oficina esperando a peça chegar, é ruim para o cliente e para a oficina. 

Alisson: Eu indico porque considero o custo-benefício bom. Mas, aviso que a reparabilidade não é tão boa, relato os defeitos que já peguei (como o problema recorrente do catalisador e a dificuldade para substituí-lo) e não esqueço de comentar sobre a dificuldade de encontrar algumas peças. 

Fellipe: Não indico! Não há espaço para as pernas para quem senta no banco de trás; custo da manutenção muito alto; problemas de atendimento nas concessionárias; falta de peças e falta informação técnica. 

Marcelo: O HB20 1.0 é muito fraco, os clientes que possuem reclamam. O 1.6 é muito bom carro, possui tecnologia muito boa e preço acessível, porém, a manutenção é cara, as peças são difíceis de encontrar na concessionária e o atendimento no pós-vendas é péssimo!

CONCLUSÃO

Hoje, apesar de toda a tecnologia aplicada na fabricação de um veículo, não há como ignorar o fato de que as peças sofrerão desgaste e que em algum momento esses veículos serão reparados por profissionais de oficinas independentes que, aliás, são extremamente capazes e cada vez mais, qualificados. Entretanto, os maiores entraves evidenciados pelos reparadores entrevistados, que de certa forma, retratam a realidade de tantas outras oficinas, foram: a falta de peças genuínas à pronta-entrega; falta de uma política de comercialização diferenciada para as oficinas independentes e os obstáculos para a obtenção de informação técnica por parte do fabricante do veículo. Ou seja, aparentemente a Hyundai acredita que sua rede dará conta da manutenção dos carros e a relação dos proprietários, no pós-venda, se daria apenas nas concessionárias da marca. Porém, a realidade brasileira da preferência do dono do carro pela oficina independente está atingindo também os donos destes modelos que abandonam os serviços autorizados (rede oficial) e passam a realizarem serviços na rede “oficiosa” da montadoras brasileiras, ou seja a oficina independentes.  

E neste ambiente, as palavras da maioria dos reparadores consultados reconhecem a boa reparabilidade do HB20, nos serviços mais básicos, e fora os problemas recorrentes relatados nesta matéria, ainda nada de  grave foi identificado. A conferir o futuro próximo com o aumento da idade/quilometragem média destes modelos, cada vez mais presentes no ambiente da oficina independente. 

Para o cliente que está interessado em adquirir um novo carro, a avaliação do reparador é, na maioria das vezes, decisiva. Normalmente o cliente não compra o carro que o reparador não indica, porque reconhece que esse profissional está diariamente dentro do mais efetivo laboratório de testes das marcas e modelos, quando o assunto é reparação automotiva.