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Desenvolvido no Brasil e montado sobre a mesma plataforma do Celta, o Chevrolet Prisma teve sua primeira versão lançada no segundo semestre de 2006 e foi descontinuado em 2012.
Em 2013 a General Motors do Brasil lançou a segunda geração do Prisma, desta vez utilizando como base a mesma plataforma do Chevrolet Onix, Sonic, Cobalt e Spin. Com visual totalmente modificado, o sedan ficou visualmente mais imponente e tecnicamente mais “competente”.
O novo motor 1.4, denominado SPE/4 (Smart Performance Economy 4 Cylinders) (foto 2), ganhou melhorias como injeção sequencial com sistema de ignição independente com uma bobina para cada cilindro, coletor de admissão e coletor de escapamento redesenhados que resultaram em ganho de potência e torque; de acordo com os dados da marca o novo Prisma acelera de 0 a 100 km/h em 10,1 segundos e atinge a velocidade máxima de 180 km/h com etanol.
Agora vamos para dentro das oficinas independentes para saber dos Reparadores como é a manutenção desse sedan médio e quais são as principais diferenças entre o modelo novo e o antigo.
As oficinas escolhidas foram: Italian Box Centro Automotivo, localizada na Barra Funda, Zona Oeste da cidade de São Paulo. Nesta oficina dois Reparadores colaboraram com a matéria, são eles:
Igor Gabriche Ferreira de Figueiredo, 32 (foto 3) é técnico em mecânica automotiva e trabalha há dez anos na área. “Sempre tive curiosidade de saber como as coisas funcionavam no carro, por isso fui trabalhar numa oficina mecânica como ajudante, confirmei que era isso mesmo que queria e fui fazer cursos técnicos na escola SENAI e, há quatro anos, em sociedade com o amigo, abri minha própria oficina”, conta o Reparador.
Fernando Chiarléglio, 39 (foto 4) é engenheiro eletricista e exerceu a profissão por alguns anos tocando um projeto do metrô de São Paulo, mas a sua paixão era mesmo por carros. “Nos finais de semana sempre arrumava alguma coisa pra fazer no carro. Em 2011 num bate papo com o amigo Igor, decidimos fazer a sociedade para abrir a oficina, fizemos um planejamento, nos estruturamos e no final de 2012 finalmente concretizamos nossos sonhos, abrimos a Italian Box Centro Automotivo”, diz o Reparador.
Oficina “Galeno Serviços automotivos”, localizada na Zona Sul da cidade de São Paulo, bairro do Socorro.
Rodrigo Oliveira, 37 (foto 05) é técnico e sócio do seu pai, Ulisses Garcia, que aos 60 anos de idade ainda está em plena atividade encarando os desafios diários de uma oficina multimarca independente.
“Comecei trabalhando na oficina do meu pai aos 15 anos de idade; fiz vários cursos na escola SENAI, entre eles, Técnico em Automobilística, depois me tornei sócio do meu pai”, diz entusiasmado, o reparador Rodrigo.
“Kadão Auto Center” é uma oficina que atende veículos multimarcas, está localizada em Itaquera, Zona Leste da cidade de São Paulo.
Ricardo Alves de Oliveira, 41 (Foto 6) - mais conhecido como Kadão - foi o técnico que nos concedeu a entrevista. Ele tem 41 anos de idade e tem uma história muito parecida com a do reparador Rodrigo. “Comecei a trabalhar com 13 anos de idade na oficina do meu pai, Ruy Alves de Oliveira, 67 (foto 07) que está em plena atividade até hoje. Ao longo do tempo me preparei fazendo diversos cursos de especialização e, em 1994, me tornei sócio do meu pai”, conta orgulhoso o reparador Kadão.
Reparadores devidamente apresentados, agora chegou a hora de conhecer a “intimidade” do Chevrolet Prisma.
Suspensão dianteira
O sistema utilizado nesse carro (McPherson) é muito conhecido pelos Reparadores e relativamente simples. Porém, houve algumas modificações em relação ao modelo anterior, que serão descritas a seguir.
Para facilitar o entendimento, chamarei o modelo antigo de “Prisma 1” e o modelo novo de “Prisma 2”.
No Prisma 1 as bandejas, barra estabilizadora e coxim inferior do câmbio são fixados diretamente na carroceria (foto 8), no Prisma 2 há um quadro fixado à carroceria, que agrega esses mesmos componentes (foto 9). Essas modificações promoveram maior robustez, mantendo o conforto e estabilidade.
De acordo com os técnicos consultados os defeitos comuns no Prisma 1 são basicamente os mesmos do Prisma 2: pivôs, terminais, bieletas, batentes e coxins dos amortecedores. No entanto, para o técnico Kadão, os coxins dos amortecedores desse modelo novo são ainda mais frágeis que os do antigo modelo. “Nós colocamos apenas coxins e batentes originais e mesmo assim a durabilidade é baixa”, afirma o reparador.
Para o técnico Rodrigo, as bieletas do novo Prisma (foto 10) também são muito frágeis, por isso, com baixa quilometragem apresentam barulhos, e se forem paralelas são ainda piores. “Além das bieletas, já peguei alguns casos em que havia barulho, mas, aparentemente não havia nenhuma peça avariada, então, reapertamos a suspensão e o barulho sumiu”, diz o reparador.
Dica do Rodrigo: quando o carro for para uma revisão, é bom reapertar toda a suspensão porque é comum encontrar parafusos relativamente soltos.
No Prisma 1, há um defeito comum e recorrente, os coxins da barra tensora (foto 11). Eles começam fazendo barulho do tipo “rangido” quando passa em lombadas, buracos ou dá freadas bruscas. A recomendação é substituir por outros originais, e o segredo é apertar com o carro no chão. Se apertar as porcas com o carro no alto, a durabilidade fica comprometida.
Por experiência, após a substituição dos coxins do tensor, eu recomendo ao cliente que retorne na oficina após 15 dias para reaperto dessa peça, porque costuma soltar sozinha, mesmo tendo sido bem apertada.
Ainda falando do Prisma 1, vale destacar a facilidade para trocar os pivôs (foto 12) que não se confirma no seu sucessor, porque no lugar de parafusos há rebites de aço (foto 13).
Suspensão traseira
A suspensão traseira é formada por um eixo de torção, molas helicoidais, amortecedores (foto 14). A fixação é feita por buchas que prendem o eixo à carroceria e pelos amortecedores.
É um sistema que cumpre o seu papel de forma satisfatória, ou seja, simples e eficiente. Segundo o técnico Kadão, o problema que chama a atenção é o desgaste dos amortecedores. “Dependendo de onde o carro trafega, por volta dos 40 mil km os amortecedores já apresentam defeitos; a perda de ação acaba danificando os pneus que ficam cheios de “escamas”. Eu recomendo verificar periodicamente e trocar a cada 50 mil km”, alerta Kadão.
Freios
O veículo é equipado com freios a disco na dianteira e tambores na traseira, auxiliados pelo sistema ABS (Anti-lock Braking System ou sistema de freio antitravamento). Na foto 15 a localização do sensor do ABS dianteiro.
Não foi relatado pelos entrevistados nenhum problema fora do normal. No entanto o reparador Rodrigo chama a atenção para ruídos indesejados nas pastilhas de freio. “Pastilhas de freio se forem paralelas fazem barulho. Vale a pena colocar pastilhas originais”, alerta ele.
O técnico Igor alerta sobre a importância de verificar periodicamente os cilindros de rodas (foto 16). “Já constatamos, em alguns carros, vazamentos pelos cilindros de rodas”, diz ele.
Outra coisa que merece atenção é a regulagem do freio traseiro. Percebo que alguns reparadores procedem da forma errada porque confiam na “regulagem automática” das sapatas (foto 17 A). No entanto, esse sistema automático não funciona como deveria.
A dica é: cada vez que a alavanca do freio de mão estiver alta, significa que as sapatas estão desreguladas, não o cabo de freio de mão! Nesse caso, o correto é remover os tambores para verificar as condições do sistema de freio traseiro e se estiver tudo ok, realizar a regulagem diretamente nas sapatas de freio, conforme orientação a baixo:
1º - Desregule o cabo de freio de mão até que a alavanca onde está conectado o cabo, na sapata, esteja totalmente recuada (foto 17 B);
2º - Com o auxílio de uma chave de fenda, gire a catraca do regulador e vá testando com o tambor até que ele entre “tocando” levemente nas sapatas;
3º - Depois de regulados os dois lados, pise forte no pedal de freio e dê umas puxadas no freio de mão para as sapatas se posicionarem dentro do tambor. Após isso, se for necessário regule mais um pouco;
4º - Finalizada a regulagem das sapatas, regule o cabo do freio de mão de modo que a alavanca fique numa altura boa (mais ou menos 4 dentes);
5º - Verifique se as rodas não ficaram presas.
Nota: após a substituição das sapatas, recomenda-se fazer uma segunda regulagem após 30 dias e a terceira após 60 dias. Isso porque durante esse período as sapatas estarão se ajustando aos tambores.
Dica do consultor OB Tenório Junior: um carro com mais de dois anos de uso, independentemente da quilometragem, pode apresentar vazamento pelo cilindro de roda. Porém, no início do vazamento, o fluido que passa pelas gaxetas fica dentro do guarda-pó do cilindro, portanto, imperceptível. Para detectar antes que o fluido vaze e atinja as sapatas, é necessário retirar o tambor e levantar o guarda-pó com uma pequena chave de fenda, se estiver vazando o fluido irá escorrer para fora.
Sistema de arrefecimento
O sistema de arrefecimento, segundo os reparadores entrevistados, é muito simples e não apresenta defeitos crônicos, apenas aqueles condizentes com a quilometragem ou tempo de uso.
De acordo com o reparador Igor, com aproximadamente 50 mil km começam os problemas na bomba d’água (foto 18) (barulho e vazamento) e válvula termostática (foto 19) que trava fechada ou não abre totalmente.
O técnico Rodrigo indica fazer a troca do líquido de arrefecimento a cada 12 meses. Lembrando que o líquido é composto por aditivo (de ótima qualidade), de preferência o original e água desmineralizada, reforça o técnico.
O técnico Kadão completa: “recomendo trocar a válvula termostática quando for trocar a correia dentada, ou seja, a cada 50 mil km.”
No coletor de admissão há um tubo d’água (foto 20) que pode apresentar vazamento de água pelo anel de vedação (foto 21).