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Reciclador de fluido para ar-condicionado


Com um custo bem elevado, será que compensa realmente adquirir o equipamento se é possível fazer por processo manual? Conheça também os tipos de equipamentos do mercado

Por: Rodrigo Pimenta - 22 de novembro de 2024


Atualmente o setor de reparação de ar-condicionado automotivo está muito aquecido, afinal a quantidade de veículos equipados com os sistemas vem aumentando consideravelmente nos últimos anos. Seguindo as tendências de mercado as oficinas mecânicas estão agregando essas especializações para atender mais esse nicho que se diga de passagem, é extremamente próspero e lucrativo, sobretudo para conseguir atender essa fatia de mercado são necessários investimentos em capacitação profissional, máquinas e ferramentas específicas para ar-condicionado. Em princípio, o investimento em recursos para quem já tem uma oficina e deseja agregar a manutenção de ar-condicionado é relativamente baixo, entretanto sem levar em consideração a compra da recicladora de fluido refrigerante que tem o custo extremamente elevado comparado aos demais equipamentos e ferramentas. Levando-se em consideração que grande parte dos processos que envolvem a reparação do sistema de ar-condicionado podem ser realizados sem o uso da máquina, muitas profissionais ficam na dúvida se realmente vale o investimento. Nessa matéria, vou mostrar a vocês a importância do uso da recicladora automotiva, vantagens e desvantagens e ajudar a entender melhor as diferentes opções que existem no mercado. 


Legislação 

Basicamente a recicladora é um equipamento de exclusividade automotiva. E conta com dispositivos que normalmente são utilizados de forma individual (balança, botija, vacuômetro, bomba de vácuo) que utilizam um controle eletrônico para automatização dos processos de forma sinérgica.  

Inicialmente é importante entender que geralmente o uso da recicladora deveria ser obrigatório desde 1989. Essa determinação veio a partir do protocolo de Montreal, que é um tratado mundial que determina as diretrizes para diminuição das emissões de gases que afetam a camada de ozônio (CFC) e que contribuem para o aquecimento global. A principal diretriz que nos atingiu foi a troca do fluido refrigerante de R12 para R134a. Apesar do novo fluido não possuir mais CFC, o seu descarte não pode ser feito na atmosfera, pois ainda contém componentes que são nocivos à vida, portanto o uso da recicladora se faz necessário inclusive no âmbito legal, estando sujeito a sanções jurídicas caso seja feita alguma fiscalização do meio ambiente e da CETESB na oficina. Cuidado, pois as multas por não usar o equipamento podem ser altíssimas.  
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Além das questões legais que determinam o uso da recicladora, eu vejo o uso do equipamento de forma extremamente positiva por vários motivos:  

Custo-benefício: Na grande maioria das vezes os veículos chegam à oficina para reparo no ar-condicionado normalmente porque perderam capacidade de refrigeração e na grande maioria das vezes isso é devido a um pequeno vazamento de fluido refrigerante que não necessariamente seja um defeito, e isso porque no ar-condicionado automotivo é normal que vaze até 50g de fluido por ano e continua funcionando, porém com baixa eficiência. Nesse caso imagine que você irá identificar o possível vazamento fazer o reparo e recolocar o fluido refrigerante. Para um veículo que leva em média 400g de fluido refrigerante e escapou somente 200g, na recarga você terá que repor apenas metade disso. A recarga deve ser cobrada integralmente devido ao uso máquina que possui a capacidade de recuperar o fluido refrigerante, ou seja, se ele estiver contaminado por umidade ou outro fator externo a recicladora irá “filtrar” esse fluido e recuperá-lo.  

Diagnóstico:A recicladora é uma grande aliada no diagnóstico, pois só existe uma forma de saber se o veículo está com a carga de fluido refrigerante correta, que é tirando e pesando. No caso da recicladora esse procedimento é muito mais simples, pois com um simples apertar de botões é fácil saber a quantidade de fluido refrigerante que existe no sistema, retirando, pesando e recolocando de volta. Esse processo para diagnóstico é fundamental, porque somente medindo as pressões do fluido refrigerante não é possível saber a real quantidade de fluido que existe no sistema. 

Praticidade: A praticidade que a recicladora proporciona para realizar os processos faz com que se assemelhe a mais um funcionário na oficina. Como a máquina é equipada com todos os equipamentos que são usados de forma individual (balança, botija, vacuômetro, bomba de vácuo) utilizando o processo automatizado, dependendo do modelo é possível fazer até testes de estanqueidade e vazamentos.  

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Manutenção 

As vantagens do equipamento realmente são expressivas e eu acredito que dependendo da constância do uso o equipamento se paga em curto-médio prazo, sobretudo como qualquer equipamento a recicladora requer manutenção periódica como calibração dos instrumentos, balança e limpeza e descontaminação interna. Também é necessário realizar a troca de filtros. A minha sugestão é que você procure por uma assistência técnica indicada pelo fabricante para realizar essa manutenção preventiva.  

Algumas boas práticas também contribuem para a longevidade de seu equipamento como por exemplo: sempre travar a balança da máquina quando tiver que movimentá-la em pisos irregulares ou se tiver que transportar. Trocar o óleo da bomba de vácuo a cada 40h de trabalho, sempre purgar o ar da máquina se abrir as mangueiras por algum motivo. Sempre recolher o fluido das mangueiras. Sempre obedecer a periodicidade de manutenção do equipamento. 


Recolhedora e recicladora são a mesma coisa? 

A resposta é bem simples: não!  São equipamentos com propósitos diferentes. A recolhedora, como o próprio nome já sugere, somente tem a capacidade de recolher o fluido refrigerante para uma garrafa de abastecimento que posteriormente deve ser levada a algum local para descarte. Seu uso acaba sendo mais comercial/industrial. Já a recicladora como dito anteriormente, possui a capacidade de recuperar o fluido refrigerante e realizar os serviços de forma automatizada (vácuo, recarga, teste de vazamento, injeção de óleo etc.). É possível usar uma recolhedora em sistemas automotivos, mas é importante saber que ainda será necessário comprar todas as ferramentas individuais mais uma botija de recolhimento padrão. Contabilizando o custo total do investimento tudo isso, acredito que não compense, afinal você ainda dependerá de alguém para fazer a reciclagem desse fluído recolhido. 

Com tantos equipamentos de marcas e modelos diferentes no mercado realmente fica muito difícil escolher qual é a melhor e que realmente vai lhe atender e principalmente qual será o custo-benefício do equipamento. Minha sugestão é que você procure um equipamento que seja 100% automático, pois existem equipamentos de entrada que não são automáticos e no final das contas você tem que operar a máquina integralmente. Outra coisa importante é que você compre uma máquina atual pois por se tratar de um mercado muito dinâmico, os fabricantes constantemente fazem atualizações em seus equipamentos e os mais antigos acabam ficando sem peças de reposição no mercado, o que te abriga a comprar outro equipamento.  Antes de comprar a recicladora, faça uma pesquisa de custo de manutenção preventiva. 

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Algumas empresas já estão oferecendo uma recicladora dedicada para receber o novo fluido R1234YF. Outras empresas fornecem o equipamento que atende os dois tipos de fluidos. Na minha opinião ainda é muito cedo para se pensar em comprar um equipamento de custo tão elevado para uma quantidade muito baixa de veículos em nosso mercado que possuem o novo fluido. O ideal por enquanto é terceirizar o processo de recarga. Inicialmente a ideia de se ter dois equipamentos é para não haver a mistura entre os dois fluidos nos processos (R134a e R1234YF).