A presente matéria, elaborada com informações retiradas do livro "Diagnóstico Automotivo", a ser publicado em breve, analisa especificamente, o Modo Contínuo do programa de diagnóstico, presente em todos os sistemas de eletrônica embarcada.
Modos Fundamentais do Programa de Diagnóstico
Na edição passada foram apresentados os modos de teste, presentes praticamente, na totalidade dos programas de diagnóstico, executados nas unidades de comando (UC) dos sistemas de eletrônica embarcada (fig.1).
Figura 2
Os modos apresentados fazem parte do sistema de diagnóstico de praticamente, todos os sistemas de eletrônica embarcada atuais, sendo a diferença entre eles, os parâmetros e funções oferecidas.
As opções, que o programa de diagnóstico de um determinado sistema de eletrônica embarcada oferece, estão detalhadas nos manuais do fabricante do veículo ou do equipamento de teste.
Os modos de teste são os mecanismos que permitem, utilizando o "equipamento de diagnóstico" ("scanner"), visualizar as informações de funcionamento e comandar a realização de testes, no sistema de eletrônica embarcada que está sendo diagnosticado. Pela sua importância e a título de exemplo, a seguir, será abordado especificamente, o Modo Contínuo ou Modo Listar Dados do sistema de controle do motor.
Modo Contínuo
É talvez este, o recurso mais importante oferecido pelos programas de diagnóstico. Nos sistemas pré-OBDII, os parâmetros de funcionamento disponíveis neste modo, assim como, as denominações correspondentes, variam com o fabricante e/ou sistema de eletrônica embarcada.
Já nos sistemas que aderem ao padrão OBDII, a padronização se dá somente para o sistema de controle do motor. Outros sistemas de eletrônica embarcada (A/C, ABS, painel) continuam a utilizar as convenções particulares de cada fabricante.
Para o caso do sistema de controle do motor, os parâmetros apresentados no Modo Contínuo podem ser classificados em:
a) Parâmetros básicos: São os valores fundamentais que determinam o estado de funcionamento do motor: temperatura do ar admitido, temperatura do motor, posição da borboleta, pressão do coletor, massa de ar admitida, carga do motor, tempo de injeção, avanço da ignição, entre outros.
b) Parâmetros de ajuste de combustível: São os parâmetros adaptativos denominados Ajuste de Longo e de Curto Prazo.
c) Parâmetros de ajuste da marcha lenta: São os parâmetros adaptativos que determinam a posição do elemento de ajuste da marcha lenta e o valor de correção de longo prazo aplicado à posição do dispositivo de controle.
d) Parâmetros auxiliares: Apresentam informações que complementam as anteriores como, estado da direção hidráulica, solicitação do A/C, pressão do circuito do A/C, entre outras.
O importante a ser lembrado é que, através do Modo Contínuo é possível visualizar como a unidade de comando está "enxergando", naquele momento, o funcionamento do sistema analisado, qualquer que ele seja.
Por exemplo, a comparação das informações do item a) com as reais (situação que é possível conhecer através de medições realizadas com multímetro, osciloscópio etc.) pode auxiliar de forma significativa o diagnóstico de defeitos.
De todos os parâmetros do Modo Contínuo, os ajustes de longo prazo e de curto prazo, são de especial interesse para o diagnóstico de falhas de combustão, pelo que serão abordados na próxima edição. Previamente, no entanto, é necessário conhecer como estes são aplicados no cálculo do tempo de injeção.
Dosagem de Combustível
O cálculo da quantidade de combustível e do avanço da ignição a serem aplicados depende, basicamente, dos sensores indicados na figura 2, a qual salienta a informação fornecida por cada um deles. Nos sistemas OBDII, o Sensor de O2 pós-Catalisador é utilizado para a verificação da eficiência de conversão do catalisador e para o ajuste fino da mistura. Nos sistemas com Sensor KS (detonação), a informação deste é utilizada para atrasar o ponto na presença do fenômeno de detonação.

Figura 2
A informação do sensor de O2 (HO2S) pré-catalisador é precisamente, a utilizada para o cálculo dos parâmetros de ajuste de combustível.
Ajuste de Combustível
O Ajuste de Combustível é um recurso que permite controlar de forma precisa, o teor da mistura para obter o máximo de redução nas emissões e no consumo.
No cálculo da quantidade de combustível, a UC aplica correções em função de: rotação, carga, temperatura, tensão de bateria, entre outras. Um outro fator de correção é o denominado "Ajuste de Combustível".
As correções aplicadas fazem parte do cálculo do "pulso de injeção" ou "tempo de injeção" que resulta, por sua vez, proporcional à quantidade de combustível injetada.
A informação que determina o valor do "ajuste de combustível" é fornecida pelo sensor de O2 pré-catalisador e se apresenta na forma de dois parâmetros de adaptação calculados pela UC:
- "Ajuste de Combustível de Curto Prazo" (sigla: STFT)
- "Ajuste de Combustível de Longo Prazo" (sigla: LTFT).
Tempo de Injeção - ti
A estratégia geralmente utilizada na determinação do tempo de injeção se desenvolve em 3 fases (fig.3):
1. Cálculo do tempo básico de injeção: Baseado na carga e rotação do motor e no parâmetro LTFT. A carga do motor é função da massa de ar admitida, da pressão de coletor e da abertura da borboleta.
2. Aplicação das correções dependentes do regime de funcionamento do motor: Aceleração, desaceleração, plena carga, aquecimento.
As correções têm por base as informações dos sensores de temperatura do motor e do ar admitido, de posição da borboleta e de O2. Este último determina o ajuste de curto prazo (STFT) que será aplicado.
3. Aplicação de correção por "tensão de bateria": Representa o ajuste final do tempo ti reflete as variações no tempo de abertura mecânica do injetor, devidas às variações da tensão de bateria.

Figura 3
Matéria da edição Nº215 - Janeiro de 2009