
Existem coisas que nascem à frente de seu tempo e mesmo passando mais de 30 anos, ainda permanecem extremamente atuais, se tornando a melhor tradução da palavra icônico. Lançado em 1993, na Europa, o Fiat Coupé chegou ao Brasil em 1995, e rapidamente se tornou um objeto de desejo entre os entusiastas por automóvel. Seja pelo seu design disruptivo e inovador, ou pela engenharia refinada e seu apelo esportivo, o modelo ainda se destaca nos dias de hoje.
Em uma década em que o design vivia uma efervescência e permitia criações “fora da caixinha”, o Coupé chegou sendo imponente. A carroceria exibia linhas ousadas e detalhes originais, como o capô que avançava sobre parte do para-lamas, as maçanetas embutidas nas colunas centrais as lanternas traseiras circulares duplas e os icônicos faróis posicionados atrás de lentes em formato de bolha, uma alternativa inteligente aos famosos faróis escamoteáveis da época. Um vinco sobre as rodas traseiras repetia o recorte presente entre o capô e os para-lamas dianteiros, criando uma harmonia visual incomum e dinâmica, lembrando a letra “Z”, dando velocidade ao carro, mesmo ele estando parado.
O interior com assinatura Pininfarina, trazia como um dos destaques uma faixa pintada na mesma cor da carroceria que atravessava o painel, de fora-a-fora reforçando a característica de exclusividade e esportividade do modelo. Aliás, com muitas idas e vindas, o que nem todo mundo sabe é que o projeto não era totalmente assinado pelo Pininfarina, somente o interior. O exterior foi desenhado dentro do Centro Stile Fiat, pelo designer Chris Bangle, que chegou a trabalhar com Peter Fassbender, Vice-presidente de Design para a América do Sul que, na época, assim como outros designers do Centro Fiat Stile, chegou a desenhar uma proposta para o que seria o Coupé.

“O desenho do Chris Bangle foi escolhido porque era o mais ousado de todos os desenhos que nasceram naquele momento. O nosso sonho era fazer faróis que abriam e fechavam, mas era muito caro e difícil de fazer. Então, para manter a linha muito fluida e para garantir o fluxo de luz, o farol precisava sair. Mas o Chris não queria levantar todo o capô para isso. Então, ele deixou o capô mais baixo e o farol saiu um pouquinho, dando um aspecto de bolha. E essa era uma característica do Chris. Ele gostava de transformar detalhes em oportunidades”, comenta Peter Fassbender.
Ainda sobre a criação do Fiat Coupé e da criatividade do colega de trabalho, Peter conta que a tampa de combustível foi inspirada em motocicletas. “Para criar a tampa de gasolina fomos juntos, no carro dele, até uma oficina de motocicletas. Ele pegou referências e se inspirou para desenvolver a charmosa tampa de combustível do Coupé. Na época, ele era meu chefe”, relembra.
Desenvolvido sobre a plataforma do Fiat Tipo, o Coupé chegou ao Brasil na versão equipada com o motor 2.0 16V aspirado, o mesmo do Tipo Sedicivalvole, entregando 137 cv de potência e 18,4 kgfm de torque. O modelo contava com freios a disco nas quatro rodas e suspensão ajustada para uma condução esportiva. Até 1997, foram importadas e vendidas 1.124 unidades do Coupé no mercado brasileiro.
"O Fiat Coupé tinha um design muito marcante e tão à frente de seu tempo, que até hoje é lembrado. Em uma década dominada por linhas suaves e previsíveis, ele surgiu com formas angulares, criando uma personalidade própria. Ele pensou em cada detalhe para que esse carro fosse icônico e corajoso. O Chris Bangle sempre foi um cara diferenciado, muito criativo e disruptivo. E ele criou o Fiat Coupé para ser um carro nunca esquecido”, comenta Peter Fassbender.
A Fiat sempre quebrou paradigmas e trouxe inovações de conceitos e propostas inusitadas de produtos à frente de seu tempo, que inauguraram tecnologias e segmentos completamente novos, como o Fiat 147, o Uno o Tempra no passado, ou Toro, Fastback e Pulse na história mais recente. O Coupé é um capítulo importante desse legado de inovação da marca, que agora pode entrar para o seleto clube dos carros “placa preta”, remetido aos carros com mais de 30 anos, com a jovialidade e estilo contemporâneo que só um ícone pode ter.