É do senso comum que tudo passa, tudo envelhece e tudo tem um prazo de validade. De certa forma, a sabedoria popular não está equivocada, e certamente no mundo dos veículos essa regra é real. Só que esse “vencimento” não se dá apenas de forma natural. É possível que a forma de dirigir acelere ou não este processo.
É o que conta à Perkons o engenheiro Marcus Romaro, consultor automotivo e especialista em segurança veicular e de trânsito. Segundo ele, há itens que se desgastam mais do que outros, mas isto não é apenas ação do tempo. O próprio condutor tem condições de aumentar a longevidade das peças de seu veículo.
Antes de tudo, é importante ficar atento a itens que se desgastam bastante, por exemplo: os componentes de freio, embreagem, coxim do motor, escapamento, limpador de para-brisa, amortecedor, buchas de suspensão e terminais de direção. Isso sem contar os pneus, que – de acordo com Gerson Burin, especialista do Centro de Experimentação e Segurança Viária (Cesvi) – se desgastam não só na rolagem contínua, mas também em curvas, acelerações e frenagens.
Romaro explica que itens de borracha e que atuam por atrito, como é o caso de quase todos os citados, tem desgaste natural. Diante disto, o ideal é conferir as dicas para uma condução consciente do veículo (veja box), evitando assim que as peças quebrem antes do tempo. “O importante é se antecipar às ocorrências, não esperar chegar perto para tomar uma atitude”, afirma.
O consultor lembra também que uma direção sem a devida cautela aliada à falta de manutenção veicular pode provocar não só um gasto maior de tempo e dinheiro, mas também acidentes. “O veículo pode percorrer um espaço maior do que o necessário para uma frenagem, pode não conseguir fazer uma curva, entre outros fatores”, alerta.
“Os cuidados com o veículo, por meio de uma direção mais cautelosa, garantem ao motorista uma maior segurança”, recomenda Luiz Gustavo de Oliveira Campos, diretor e especialista em trânsito da Perkons. “Além disso, atenção total aos sinais que o carro pode dar e revisões em dia diminuem as chances de aparecerem surpresas desagradáveis no trânsito”, completa.
Sintomas
Os sinais que o veículo dá ao bom observador são como os sintomas do corpo para um médico: são fundamentais para determinar se o sistema está funcionando corretamente ou não.
Confira no quadro abaixo, algumas dicas do engenheiro Marcus Romaro
• Embreagem: quando ela “patina” (o motorista acelera, mas não sai do lugar);
• Freio: trepidação no pedal, o carro puxa para um lado ou para o outro, barulho de metal batendo em metal;
• Coxim: se houver ruído, trepidação ou instabilidade no compartimento do motor;
• Suspensão: se o carro chacoalha demais;
• Amortecedor: ir à frente do carro, empurrá-lo para baixo e soltar. Se subir e parar onde estava antes, o amortecedor está bom. Se o amortecedor só trabalhar na “ida” e não na volta do carro à sua posição original, ou seja, se ficar chacoalhando, só a mola trabalha e o amortecedor não está funcionando corretamente.
• Terminais de direção: se houver trepidação no volante, verifique estes componentes imediatamente, pois eles ligam a direção às rodas e são fundamentais para a segurança e dirigibilidade.
O especialista Gerson Burin, do Cesvi, conta que a manutenção preventiva é a melhor forma de evitar que componentes quebrem antes da hora. “Além de mais segura, acaba se tornando mais barata se comparada à manutenção corretiva, que é aquela realizada após uma quebra de determinado componente”, analisa.