BYD oficializa fábrica em Camaçari e anuncia investimento de R$ 3 bilhões no Brasil

Após muitas idas e vindas, a BYD oficializou que terá um complexo industrial em Camaçari (BA). A montadora chinesa também anunciou investimento de R$ 3 bilhões no Brasil, além de garantir que irá gerar mais de 5 mil postos de trabalho na região.

A montadora apresentou seu cronograma de atividades para Camaçari, bem como o que será produzido no complexo — que terá três unidades fabris. Estas devem encetar as operações a partir do segundo semestre de 2024. Todavia, é importante salientar que seguem as tratativas com a Ford para concretizar o fechamento da compra da unidade que pertencia à companhia norte-americana e encerrou suas atividades em 2021.

Além de veículos de passeio híbridos e elétricos, a BYD diz que fará no complexo de Camaçari o processamento de fosfato de ferro-lítio. Para completar, as unidades fabris produzirão chassis de ônibus e caminhões elétricos.

Vale ressaltar que a montadora chinesa já monta ônibus elétricos em Campinas (SP) e produz baterias no Polo Industrial de Manaus (PIM).

BYD em Camaçari: geração de empregos, inovação e capacitação

O anúncio da nova fábrica da BYD em Camaçari foi feito durante evento que teve a presença do governador Jerônimo Rodrigues (PT) e outras autoridades. Antes das formalidades, houve apresentações dos grupos baianos Afrocidade, bloco Ilê Aiyê e Banda Didá — que desafiam restrições de gênero e raça. O tradicional Olodum também participou das manifestações culturais.

Stella Li, vice-presidente global da BYD, e Tyler Li, presidente da companhia no Brasil, também, evidentemente, estavam presentes.

De acordo com Tyler Li, a montadora irá treinar e capacitar mão de obra. E mais: dará ênfase a trabalhadoras e trabalhadores da Bahia. Os profissionais formados terão a oportunidade de atuar no complexo em Camaçari.

“A contribuição social será significativa. Queremos contratar mão de obra local este ano, para que já comecem a receber todo o treinamento e transferência de conhecimento necessários. Temos o compromisso de contribuir e gerar valor para os brasileiros”, afirmou o presidente da BYD Brasil.

Stella Li, completou: “Estamos muito felizes com a recepção do governo da Bahia e com essa comemoração do anúncio de nossa nova fábrica de veículos elétricos no Brasil. Traremos inovação e alta tecnologia para o país”.

Durante o evento, realizado no emblemático Farol da Barra, em Salvador, a BYD exibiu sete modelos: o furgão et3 e também Han, D1, Song Plus, Yuan, Tan e o recém-lançado Dolphin. Destes, os grandes favoritos para dar o pontapé inicial à produção de automóveis eletrificados da montadora no país são justamente o Dolphin e o supracitado SUV híbrido Song Plus. O Seagull, compacto urbano 100% elétrico, é outro que tem potencial de nacionalização.

Segundo o governador Jerônimo Rodrigues, a administração está empenhada em garantir incentivos fiscais à montadora até 31 de dezembro de 2032. Ele enfatizou que pretende conceder isenção de IPVA aos veículos da companhia até R$ 300 mil produzidos no complexo baiano.

Ao passar a operar a antiga fábrica da Ford em Camaçari, que encerrou suas atividades em 2021, a BYD dá um passo importante a fim de se tornar um player ainda mais ativo no Brasil. Além disso, a montadora chinesa deve assumir o porto de Aratu, que receberá investimentos do governo com o objetivo de otimizar questões logísticas, tal qual transporte de veículos e componentes.

Negociação com a Ford

Segundo o governador Jerônimo Rodrigues, as negociações entre BYD e Ford ainda estão em curso. No entanto, o governo acredita num final feliz. “Caso esse formato não ande no caminho que desejamos, encontraremos uma saída”, comentou o petista.

A Ford foi procurada pela reportagem de Automotive Business a fim de esclarecer questões acerca do negócio. Em nota, a empresa afirmou que "está em processo de negociação com a BYD para a venda da sua fábrica em Camaçari, na Bahia". No entanto, acrescentou que "neste momento não tem nada para anunciar”.

Em suma, após meses e meses de discussões e impasse, nenhuma das partes oficializa a concretização do negócio.