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Yamaha Crosser 150 mostra que não precisa ser moto grande para ser muito confortável


Econômica, imponente e confortável, aquela companhia agradável que fica difícil de ignorar nos dias de hoje

Por: Lucas Paschoalin - 29 de agosto de 2017

A moto está sempre na mão, e você consegue colocá-la onde quer em qualquer momento

Quando me perguntam o que acho de Yamaha, involuntariamente me vem à cabeça muitas imagens que estão diretamente relacionadas ao design das motocicletas da marca. Antigamente eram as motos azuis, que se destacavam. Mas com o tempo uma aquarela completa de cores invadiu a marca, e pude ver que a cor não era nada demais, o que me chamava atenção mesmo eram os traços bem feitos e imponentes trazidos em boa parte de suas motocicletas. Veja as MTs, ou a família Ténéré. E o que falar das YZF (250 e 250) e YZ-R(1, 3 e 6)? Fantásticas! Mera coincidência ou não, a história também se repete com a Yamaha Crosser 150. Desta vez, não tanto pela beleza, as formas da 150 não me ganharam tanto assim, principalmente pela cabeça do farol e o “nariz”. Mas, com certeza, pela imponência - por não parecer uma moto de entrada e sim uma motocicleta de porte considerável.

A EVOLUÇÃO

Lançada em 2014 com a dura missão de frear as vendas da imbatível concorrente Honda Bros, a Crosser é uma evolução da extinta XTZ 125, principalmente ao que diz respeito a tecnologia e conforto. O motor cresceu um pouco, mantendo a mesma planta motriz de um cilindro arrefecido por ar, com duas válvulas e comando simples. Dentro do cilindro de 149,3 cc estão as mudanças, o pistão tem 57,3 mm de diâmetro e 57,9 mm de curso para trabalhar e render até 12,2 cv com gasolina e 12,4 cv com etanol a 7.500 rotações por minuto. A variação de torque é 0,01, sendo mais forte com etanol, 1,29 kgfm a 6.000 rpm. Em relação à 125, a adoção da injeção eletrônica foi outra novidade, que ajudou bastante na economia, mas que deixou o motor com uma pegada ainda mais manca. Não é muito empolgante acelerar a Crosser. A moto responde bem na cidade e atende às necessidades que uma pessoa pode ter dentro de um perímetro urbano. Porém, se precisa pegar um trecho de rodovia ou estrada, fica perigoso, já que a 150 sofre para atingir os 120 km/h.

A transmissão da Crosser permaneceu com 5 marchas, e o câmbio também se manteve com a mesma dureza crônica da marca. Ele é preciso e a embreagem é bem macia, porém as marchas entram de maneira asperosa e pesada. Esse problema se repete em muitas Yamahas. A transmissão secundária é feita por corrente. Diferente da versão que deu origem a este modelo, a Crosser aposentou o pedal de partida e só dá a opção de partida elétrica para o motociclista.

CORPO VIOLÃO

Antigamente os homens clamavam por mulheres com corpo violão. Colos fartos e quadris colossais, assim como os da Crosser, hipnotizavam os brutamontes. Nos tempos modernos a chamaria de mini-panicat, já que o tanque de 12L (3 de reserva), dá um volume muito considerável à região, que mesmo na cor cinza, da moto testada, chama atenção pela grandeza. Imagina branca ou azul? - as outras cores que a moto é vendida. A barriga esbelta serio o banco do piloto, que é bem afunilado na frente e bem espaçoso na região necessária para nos acomodarmos. O quadril (leia garupa), é muito largo e bem confortável, ainda mais com o bagageiro, que pode servir como apoio para mochila ou base para um case. Quem não gostaria de estar acompanhados com uma destas? As alças são boas e garantem uma pegada firme e segura.

O guidão é bem largo, o que facilita muito a pilotagem e passa muita confiança. Em alguns pontos, dificulta, já que a passagem fica muito estreita. As pedaleiras emborrachadas ficam com a difícil missão de esconder a vibração do monocilíndrico, que ocorre fatalmente a partir dos 6 mil rpm.

 

JOGO DE CINTURA

É difícil negar uma panicat ao lado, mas te garanto que a Crosser tem muito mais molejo do que elas naquela dancinha que vivem fazendo. A agilidade é garantida pelo quadro de berço semi-duplo. A moto está sempre na mão, e você consegue colocá-la onde quer em qualquer momento. A suspensão telescópica convencional na dianteira com 180 mm de curso tem a firmeza perfeita para a esburacada cidade de São Paulo. No entanto, o monoamortecedor traseiro, de 150,3 mm de curso, apenas com regulagem na pré-carga da mola, poderia vir o mais enrijecido possível, para evitar batidas secas nos buracos. O sistema de frenagem da 150 é uma herança com mínimas mudanças em relação à 125, mas com as mesmas deficiências. O disco é de 230 mm na frente, é pouco para o peso da moto, e o sistema hidráulico sem manta de aço é muito borrachudo, não passando confiança para o motociclista. A traseira ainda conta com tambor, que não é o ideal, mas que cumpre a sua missão sem problemas. O jogo de lona tem 130 mm.

Rodas de ferro raiadas com 19” na dianteira e 17” na traseira recebem pneus mistos, que são mais confortáveis devido sua altura. Na dianteira um Metzeler 90/90 – 19 e na traseira a mesma marca com 110/90 -19”.

RICA NOS DETALHES

Já dizia um velho ditado que “os detalhes fazem a diferença”. E é muito difícil não concordar com isso, principalmente quando eles tão úteis como o já citado bagageiro ou o conta-giros analógico. Não acha ele importante? Então tente manter as trocas de marcha entre 3.000 e 4.000 rpm e verá o quanto ele pode ser útil. Foi assim que consegui 35 km/l (etanol) com a Crosser. O cluster ainda conta com painel digital e informações de horas, função ECO (para economia), indicador de marchas, velocímetro, hodômetros e marcador do nível de combustível.

A Crosser é uma daquelas motos que vale a pena pôr na ponta do lápis e largar o transporte público. Ou, diminuir as contas e ter uma moto confortável para o dia a dia sem ter dor de cabeça com manutenção. Tirando a cara feira dela, que pelo menos tem um farol que ilumina bem, dá para encarar a moto facilmente.