Nas edições anteriores estudamos os componentes do sistema de injeção eletrônica das motocicletas de 250cc, conhecemos os sensores e os atuadores. Comentamos o funcionamento, suas funções, defeitos, sintomas e causas, e também apresentamos algumas das principais maneiras de se efetuar um diagnóstico padrão em cada peça do sistema, sem o auxílio da ferramenta especial. Nesta edição vamos apresentar a ferramenta de diagnóstico do sistema de injeção eletrônica para as motocicletas de 250cc da Yamaha, que também é compatível com alguns quadriciclos e com a MT03 de 660cc. Vamos entender sua importância no trabalho do dia-a-dia, como uma ferramenta complementar.
O mercado de duas rodas cada vez mais necessita de reparadores e oficinas qualificadas que dominem as novas tecnologias aplicadas, assim como de novos equipamentos que auxiliem no serviço diário nas modernas motocicletas.
O domínio e a utilização do equipamento correto tornam o serviço rápido, preciso rentável e satisfaz o cliente, mas ainda existem reparadores que por desconhecer tais sistemas e equipamentos se distanciam cada vez mais do conhecimento, tornando-se defasados e com equipamentos obsoletos em suas oficinas, deixando de ser competitivos, correndo o risco de perder os clientes para a concorrência.
Hoje o acesso ao conhecimento não se limita apenas aos funcionários das concessionárias que são treinados nas fábricas e como dica para quem não pode ficar parado no tempo, um bom local para adquirir o conhecimento das novas tecnologias em duas rodas é a escola do Senai, Conde José Vicente, em São Paulo, que possui mestres experientes treinados pelas principais fábricas.
Além do treinamento, já está disponível no mercado a ferramenta de diagnóstico semelhante à encontrada nas concessionárias Yamaha.

Ferramenta de diagnóstico
Os fabricantes de motocicletas preocupados com o meio ambiente trazem como um dos principais argumentos para reduzir emissões de poluentes a aplicação da injeção eletrônica. É a tendência e em um prazo de tempo muito curto todas as motocicletas serão equipadas com as novas tecnologias; o sistema de carburador tende a desaparecer gradativamente, assim como ocorreu no setor automotivo.
Dominar o conhecimento do uso da ferramenta de diagnósticos é muito importante, mas não isenta o mecânico de saber utilizar muito bem o velho e bom multímetro nos diagnósticos gerais.
A ferramenta de diagnósticos não possui memória, nem entrada USB, nem espaço para acoplar um cartão de memória com informações relativas ao sistema de cada moto.
Funções
Este aparelho possui em seu menu as seguintes opções: efetuar a leitura das informações enviadas à ECU pelos sensores para comparar com os parâmetros estabelecidos pela fabrica, realizar ajuste do gás de exaustão (com a ajuda de um analisador de gases), checar a temperatura, a rotação do motor, acessar e apagar o histórico de falhas anteriores que foram memorizadas e impor o funcionamento de cada um dos atuadores para que em seguida seja efetuada uma avaliação.
A instalação é simples, porém os procedimentos devem ser seguidos rigorosamente para assegurar um resultado preciso.
Instalação
O manual de serviços do fabricante recomenda que a instalação da ferramenta seja efetuada com a motocicleta desligada, a chave de ignição na posição OFF e o botão "engine stop" na posição ON. A colocação é muito simples e é quase a prova de falhas. A ferramenta possui duas garras que deverão ser conectadas aos pólos da bateria respectivamente, sendo uma garra do fio preto no pólo negativo, uma garra do fio vermelho no pólo positivo da bateria e um conector simples de cor verde claro que deve ser acoplado á fiação da moto num conector de mesma cor, que geralmente está localizado próximo à bateria, ou seja, não tem como errar.
Esteja atento à última fiação citada, pois esta é a fiação da luz que indica as anomalias no painel; caso seja desligada para a conexão da ferramenta, a luz de anomalia não irá funcionar até que seja ligada novamente.
Manuseio
Após a instalação da ferramenta, posicione a chave de ignição em "ON", sendo que o display mostrará a temperatura e o rpm do motor. O LED "POWER" da ferramenta acenderá.
Caso possua um ou mais defeitos, deverão ser apresentados no painel da ferramenta e neste momento os defeitos que já ocorreram anteriormente e foram solucionados e não eliminados da memória não deverão aparecer.
Códigos de Defeitos
Antes de instalar a ferramenta, se houver alguma pane na moto, a luz de anomalia do painel irá piscar apontado o(s) defeito(s).
Com a ferramenta conectada ao sistema elétrico da moto a função de piscar da luz de detecção de defeitos será desabilitada e a ferramenta interpretará o diagnóstico do defeito elaborado pela ECU e transformar num código numérico igual ao número de piscadas e o "LED "WARNING" acenderá, lembrando que cada piscada longa corresponde a 10 e para cada piscada curta o número correspondente será 1.
Se houver mais de um defeito no sistema a ordem de apresentação no display de cristal líquido da ferramenta será crescente, repetindo novamente a sequência até que seja feito o reparo.
Todos os defeitos apontados serão armazenados na ECU da Motocicleta e mesmo após o reparo é importante que o histórico de falhas seja acessado sempre que a motocicleta for reparada, para que seja feita uma limpeza da memória.
A margem de acertos da ferramenta é alta, porém existem defeitos que podem não estar no(s) componente(s) apontado(s) por ela, como exemplo, um curto circuito ou um circuito aberto. Uma falha na entrada ou saída da ECU será interpretada como defeito e o código numérico correspondente a um componente aparecerá no display da ferramenta, por isso é importante analisar depois cada componente separadamente do circuito elétrico da motocicleta. Um multímetro completo é capaz de sanar as dúvidas quando se tratam de valores relacionados à tensão, resistência, temperatura, continuidade, rotação etc.
As oxidações, entradas d’água e conectores mal encaixados podem sugerir a troca de um componente em perfeito estado ou até criar um código de defeito inexistente.
Dica
A tensão da bateria é vital para o perfeito funcionamento do auto diagnóstico, acesso e limpeza das informações memorizadas assim como os demais ajustes e verificações.
O fabricante recomenda que a tensão mínima da bateria seja igual a 12,8v que corresponde a 75% de sua carga.
Sempre que utilizar ECU usada, certifique-se de não estar transferindo defeitos memorizados de uma motocicleta para outra. Acesse a memória e se necessário execute a limpeza.
Ao transferir uma ECU para outra motocicleta o ajuste fino da mistura deverá ser refeito, afim de que as emissões sejam enquadradas no padrão de fábrica. O que é regulagem perfeita para uma motocicleta, pode não ser adequado para outra, devido às condições de conservação de cada uma. Esta regulagem é necessária devido às motocicletas de 250cc, quadriciclos e 660cc não possuírem sonda lambda. Mesmo nas motocicletas mais evoluídas, possuidoras de sonda lambda (TDM 900, R6, R1), o ajuste da mistura também é possível.
Todo trabalho deve ser acompanhado da tabela que faz parte do manual de serviços do modelo a fim de obter os valores padrões para cada componente analisado.
No próximo mês conheceremos algumas dicas para obtenção do correto procedimento de diagnóstico de limpeza da memória da ECU, entre outros testes.

Assim que o aparelho é ligado, o display mostra a temperatura e a rotação do motor
Matéria da edição Nº216 - Fevereiro de 2009