Nova Yamaha Crypton retorna as ruas após cinco anos de ausência no mercado
Arthur Gomes Rossetti
O segmento das motocicletas ‘Cub’, sigla em inglês que significa Category Upper Basic, ou categoria básica superior, volta a ser disponibilizado pela Yamaha através do modelo T115 Crypton. Sucesso na década de 1990 a nova versão traz um extenso pacotes de melhorias que iniciam desde o novo design, até um novo e reformulado motor, tudo isto sem extrapolar o preço que visa também combater a concorrência chinesa, posicionada na faixa dos R$ 5 mil. Disponível em duas versões, a ‘K’ com partida a pedal e freio a tambor em ambas as rodas inicia em R$ 4.795,00*, enquanto que a versão topo de linha ‘ED’ com partida elétrica e freio a disco na roda dianteira custa R$ 5.365,00*.
*Fonte: Tabela Fipe de 25/07/2010.
Durante os testes que incluíram percursos urbanos e deslocamentos pelo interior de São Paulo, fica evidente que a proposta da mais barata motocicleta Yamaha é a utilização dentro das cidades, pois acima dos 100 km/h o motor fica limitado aos mais apressados, o que poderá em certos momentos fazer muita falta como em situações que exijam ultrapassagens. Mas esta limitação tem uma grande virtude: a economia de combustível. Mesmo sob extrema exigência do punho direito, a média alcançada com um litro de gasolina superou com folga a casa dos 35 quilômetros.
A suspensão Kayaba consegue entregar conforto moderado, pois em ruas mais esburacadas a motocicleta tende a ‘pular’ um pouco, porém este comportamento costuma ser característico do segmento ‘Cub’ e também pode ser constatado nas demais marcas comercializadas no mercado.
A versão ‘ED’ com freio a disco na roda dianteira consegue oferecer superior segurança no momento de diminuir a velocidade ou até mesmo pará-la. O desempenho do disco de 220 mm de diâmetro supera as expectativas e pode ser considerado como um dos melhores da categoria.
As cores escolhidas para esta reestréia são vermelha, preta e prata.
Acompanhe a seguir os detalhes desta pequena notável dentro da oficina Bruno Racing, de propriedade do reparador Bruno Gramola Filho, localizada na cidade de Campinas interior paulista.
Motor
A antiga versão da Crypton comercializada até 2005 possuía um motor de menor capacidade cúbica, com exatos 101,8 cm³. A nova versão monocilíndrica teve este número aumentado para 113,7 cm³, o que a primeira vista pode parecer pouco, mas em porcentagem representa um acréscimo superior a 10% em comparação ao anterior. Com esta modificação a potência máxima atingida é de 8,2 cv a 7.500 rpm e o torque de 0,88 kgf.m a 5.500 rpm e o arrefecimento continua ser a ar, com o cilindro posicionado horizontalmente. De construção simples, o sincronismo é feito através de corrente de comando, que segundo Bruno Gramola Filho apresenta elevada durabilidade. Conhecido como OHC (Over Head Command), ou comando de válvulas no cabeçote, o acionamento é feito nas duas válvulas.
O óleo recomendado pela fabricante é o Yamalube 20W50 num total de 1 litro incluindo a troca do filtro. Os prazos para a troca deverão ser consultados em acordo com o tipo e região de utilização.
Outras três importantes novidades que fizeram o motor se enquadrar aos níveis de emissões de gases poluentes impostos pelo Promot 3 foi a introdução do sistema de indução de ar na saída do coletor de escapamento, a instalação de um novo silencioso com catalisador integrado, que juntos nada mais são que um tratamento pós-queima, e do sistema cutt-off no novo carburador, que a exemplo dos últimos automóveis equipados com carburador eletrônico, impede o arrasto de combustível assim que o acelerador deixa de ser exigido, situação comum ao trafegar em descidas ou durante as paradas. O Conselheiro Gramola afirma que este sistema está muito simples e pela qualidade dos componentes deverá funcionar satisfatoriamente, não oferecendo grandes dificuldades ao reparador.
O painel conta também com uma luz de anomalia do circuito elétrico do motor, que em caso de acendimento deverá ter o sistema verificado. Abaixo do porta objetos de quatro litros estão alojados a bateria de 12 v e 7 A, o relé de partida e o módulo de ignição.
De um modo geral os componentes foram projetados para oferecer grande facilidade no momento do reparo.
A nova T115 Crypton é equipada com o sistema de câmbio semi-automático de quatro velocidades à frente, sem o manete de embreagem. Se trata de um funcionamento ‘dois em um’, ou seja, ao acionar o pedal da esquerda, internamente a embreagem é automaticamente acionada para que o engrenamento da marcha seguinte seja realizado de maneira suave. A exemplo das motocicletas convencionais, o câmbio do segmento ‘Cub’ também depende do óleo de motor para o perfeito funcionamento e proteção.
A comodidade pode ser ressaltada como vantagem, mas como desvantagem o sistema ocasiona um ‘buraco’ no momento das reduções, exigindo uma ligeira acelerada enquanto o pedal está acionado. É um procedimento que leva certo tempo para que o condutor se acostume e evita o travamento da roda traseira.
Freios e suspensão
A versão avaliada possui o sistema a disco de 220 mm de diâmetro externo com pinça simples na dianteira e a tambor de 130mm de diâmetro na traseira, de funcionamento a acessibilidade simples.
O conjunto de suspensão dianteira conta com a marca Kayaba no fornecimento das bengalas convencionais, de 100 mm de curso total. Na traseira figura o sistema bi-choque de 80 mm de curso, semelhante à versão anterior.
Opinião do especialista
Bruno Gramola Filho
Bruno Racing (Manutenção e preparação de motos)
(19) 3256-6404
www.brunoracing.com.br
Mesmo se tratando de uma motocicleta básica acho de extrema importância a disponibilidade de itens como o freio dianteiro a disco, escapamento com catalisador e sistema para diminuição de poluentes e cut-off no carburador. O baixo peso favorece a agilidade na cidade e o baixo ruído de funcionamento, deixa a condução agradável.
A manutenção é relativamente fácil, com um motor de funcionamento básico, de alta confiança.
Por outro lado o sistema de suspensão traseira oscila em demasia, prejudicando um pouco a pilotagem em velocidades mais altas.