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Desvendando o freio ABS da Triumph Speed Triple 1050


Parar uma máquina de mais de 1000 cilindradas e atinge velocidades superiores a 200km/h nos diferentes tipos de terrenos, requer um piloto bom e uma boa dose de sorte

Por: Paulo José de Sousa - 09 de janeiro de 2014

Sabendo que nem sempre isto ocorre, a cada dia os engenheiros das montadoras melhoram as motocicletas, acertam as suspensões, o chassi, os pneus, baixam o centro de gravidade, reduzem o peso da moto e adotam diferentes sistemas de injeção eletrônica, etc.

E como resultado final um ganho a mais na potência, estabilidade e confiança no produto. A moto desafia o piloto a abrir o acelerador cada vez mais, transmitindo certa sensação de segurança, porém na hora de parar essa cavalaria toda é que vem o desafio.

Dosar uma pressão aproximada na proporção de 70% para o freio dianteiro e 30% para o freio traseiro é um pouco ‘complicado’, principalmente em uma situação de emergência a altas velocidades em um piso nem sempre conservado, nesta hora nenhuma roda pode travar, do contrário será chão na certa, mas não é uma missão impossível para uma motocicleta equipada com freio “ABS” (Anti-lock Braking System).  Conclusão: segurança será sempre a melhor técnica’.

Em outras palavras “ABS” (Anti-lock Braking System) significa: sistema de freio antitravamento. Ele impede o travamento das rodas em todas as situações de frenagem independente da experiência do piloto e do coeficiente de atrito dos pneus com o piso, ou seja, o condutor da moto poderá pressionar os freios fortemente sem o medo de perder a estabilidade e a dirigibilidade, outro ponto positivo da tecnologia é a redução do desgaste prematuro dos pneus.

Descrição e funcionamento do sistema - O freio ABS conta com a ajuda da eletrônica para assegurar um funcionamento preciso, é composto por um ECM (Módulo de Controle Eletrônico) acoplado ao modulador compatível com o sistema hidráulico, o conjunto estaá instalado embaixo do tanque de combustível ( ECM, eletrobomba, válvulas), também há sensores instalados perifericamente às rodas dianteira e traseira e um par de rodas dentadas, cujo nome técnico é anel de pulso, elas estão fixados na parte interna dos discos traseiro e dianteiro.

A análise das condições de frenagens partem dos cálculos baseados nas informações de velocidade em cada roda, coletadas pelos sensores junto aos anéis pulsantes, o ABS irá sempre atuar dentro de uma faixa de segurança, a central eletrônica fará o gerenciamento do sistema e a combinação de todas as variáveis  escolhendo assim  a melhor estratégia de frenagem.

A força que as pastilhas exercem nos discos de freios será controlada, o sistema é acionado inúmeras vezes em uma pequena fração de segundo, pois a pressão hidráulica aplicada ao fluido proveniente do acionamento que o piloto impõe as alavancas da motocicleta será sempre aplicada e reaplicada adequadamente pela bomba através das válvulas.

As mangueiras dos freios são cobertas por uma malha de aço que asseguram mais potência na frenagem, visto que a dilatação dos tubos durante o aumento da pressão interna serão reduzidas.

Por meio das tubulações os cilindros mestres dianteiro e traseiro estão conectados  ao modulador, do modulador  o fluido de freio segue circuitos independentes  até às pinças dianteira e traseira

De acordo com o manual do fabricante os freios dianteiro e traseiro são independentes e não estão conectados entre si dentro do modulador.

Na roda dianteira as potentes pinças dos freios montadas radialmente, paralelas à direção de rotação dos discos melhoram desempenho nas frenagens, mas o destaque está nas 4 pastilhas sinterizadas que são montadas individualmente, cada pistão atua em uma pastilha  proporcionando uma atuação mais progressiva.

Autodiagnóstico - As possíveis falhas no sistema serão indicadas na lâmpada de aviso localizada no painel de instrumentos ( ver foto), falhas de aterramento, válvulas solenoides, tensão da bateria abaixo do especificado, falhas nos sensores de velocidade das rodas, e funções internas do ECM serão apontados no procedimento de autodiagnose, falhas nas conexões também podem ser interpretados como defeito no componente, por este motivo o reparador deve observar as possíveis todas as conexões, fios oxidados, quebrados e etc..

Teste de funcionamento da luz de aviso do ABS - Com um funcionamento normal, a luz de aviso do ABS piscará depois que a chave de ignição for ligada ou até que a velocidade do veículo ultrapasse 10km/h.

Caso haja alguma pane no “ABS” o freio irá funcionar normalmente, porém sem a assistência antitravamento e a luz de aviso permanecerá acesa, ou irá acender enquanto a motocicleta estiver sendo conduzida.

Quando alguma falha for detectada o ECM  armazenará na memória um código correspondente ao problema, o levantamento dos dados armazenados na memória são feitos por meio de um software desenvolvido pela Triumph que  está acessível  somente nas concessionárias da marca

O reparador e o usuário devem estar atentos aos intervalos de manutenção, pois os problemas relacionados ao sistema de freio, como: desgastes nas pastilhas, fluido de freio abaixo do nível não são detectados pelo autodiagnóstico, eles devem ser acompanhados nas revisões periódicas definidas pela fábrica.

ABS Comutável  - Na Speed Triple e demais modelos da marca o ABS é comutável, ou seja, ele pode ser desativado conforme a necessidade do motociclista.

Na revisão de entrega o reparador deve checar sempre o funcionamento do freio, para não correr o risco de entregar a motocicleta com o sistema ABS desativado.

Dicas

Cuidados na hora da lavagem da motocicleta - Bem diferente de uma esportiva onde os componentes eletroeletrônicos estão atrás das carenagens a “Naked”  Speed Triple possui vedação suficiente para assegurar um bom funcionamento em todas as condições normais de uso, inclusive na chuva, mas exige um pouco mais de atenção durante a lavagem. A utilização desordenada de produtos químicos e o uso de jatos d’água de alta pressão podem gerar panes  elétricas, ocasionadas pela umidade proveniente da infiltração em seus componentes, por isso não direcione o jato d’água nas peças como: conectores, articulações, dispositivos eletrônicos, adesivos, coluna de direção, peças pintadas, radiador e painel da moto.

Na hora da secagem utilize ar comprimido de baixa pressão. Não deixe de tirar a água que fica acumulada entre os componentes do motor.

Para quem não possui equipamento e experiência suficiente é recomendável procurar um serviço profissional na assistência técnica da marca.

Cuidados na desmontagem da motocicleta - Há riscos de danos no sensor de velocidade ou o anel pulsante, observe sempre a distância entre ambos para assegurar um bom funcionamento dos sistemas. Não altere a passagem da fiação do sensor para evitar que o fio seja danificado

reparador deve estar muito atento aos pequenos detalhes na execução dos seguintes serviços:  troca de pastilhas dos freios, substituição do fluido  remoção da suspensão dianteira, traseira ou até na troca do pneu.

Do manual de serviços

ü No plano de manutenção da Speed Triple esta prevista a troca do fluido de freio a cada 2 anos ou a quilometragem estabelecida para as revisões periódicas, devendo seguir sempre o que ocorrer primeiro, o fluído deve atender a especificação DOT 4. As revisões periódicas iniciam-se com 800km ou 1 mês e as demais a cada 10000km ou um ano.

ü Nos modelos com ABS, o disco do freio e o anel do gerador de impulsos do ABS devem ser centralizados no cubo com a ferramenta de serviço. O funcionamento do ABS poderá ser afetado se o anel do gerador de impulsos do ABS e o disco do freio não estiverem centralizados no cubo.

ü Somente modelos com ABS: Coloque a ferramenta de serviço no semieixo de tal forma que o texto “BRAKE DISC” fique visível. (ver figura)

Nota: A substituição do fluido de freio não segue o procedimento padrão do freio a disco convencional, é necessário o software para que via computador seja acionado o sistema de válvulas controlados pelo solenoide no modulador do ECM do ABS, por isso não é recomendável tentar substituir o fluido ou componente do sistema, do contrário irá entrar ar no circuito e ficará impossibilitado do sistema gerar a pressão de frenagem adequada, podendo ocorrer falhas e risco a segurança do usuário da motocicleta.

Possíveis causas de panes no sistema de freio “ABS”

Panes eletrônicas

Itens de inspeção:

• Luz do painel não funciona  (possível falha na linha de alimentação da lâmpada);

• Luz do painel não apaga;

• Tensão da Bateria abaixo do especificado;

• Fusíveis queimados;

• Danos nas fiações dos sensores/conectores;

• Sensor contaminado por sujeira na zona de leitura;

• Danos no anel pulsante ou falha de montagem (amassado ou desalinhado);

• Distância entre o sensor e anel pulsante;

• Falha de conexão dos sensores, ECM e etc..;

• Falha no ECM.

Panes mecânica/hidráulicas

Itens de inspeção:

• Falha no procedimento de sangria do sistema de freio;

• Espessura das pastilhas de freio abaixo do limite de uso;

• Espessura do disco do freio abaixo do especificado;

• Especificação de fluido de freio inadequada;

• Vida útil do fluido expirada ou fluido contaminado;

• Infiltração de ar na tubulação do freio;

• Vazamento de fluido de freio;

• Pistões das pinças do sistema de freio engripados;

• Alavancas dos freios travadas;

• Falha interna do modulador, bomba ou válvulas.