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Com o lançamento do Fiat Punto T-Jet, o mercado de esportivos compactos deu um salto de qualidade, obrigando a concorrência a rever conceitos, como ocorreu com o Chevrolet Vectra GT-X
Entre os esportivos fabricados no Brasil, o que mais empolga é o Honda Civic Si, porém, a Fiat surpreendeu o mercado com o lançamento do Punto T-Jet, o que obrigou outras montadoras a rever os conceitos de esportividade dos modelos que tinham esse apelo.
Uma delas foi a Chevrolet, que em 2007 lançou o Vectra GT-X e, este ano, recalibrou o motor flex 2.0L 8v para desenvolver alguns cavalos a mais, passando de 128cv para 140cv a 5.600 rpm, no álcool.
Com essa alteração, o Vectra GT-X ganhou mais fôlego e um sobrenome: Remix. Assim, ficou apto para competir com o Punto T-Jet, cujo motor turbo de 1.4L, 16 válvulas, rende 152 cv de potência a a 5.500 rpm, e desenvolve torque de 21,1 kgfm a 2.250 rpm.
No quesito preço, o Punto leva vantagem. De acordo com a tabela Fipe, o esportivo da Fiat custa R$ 60.919, ante R$ 62.099 do Vectra GT-X. A diferença não é muita, o que torna o comparativo mais acirrado.
Mais estreito e mais curto, o Punto é mais ágil, graças também ao motor mais potente, apesar de menor; nas arrancadas, robustez do 2.0L do Vectra faz diferença
Categoria
Apesar de ambos serem hatchbacks, Vectra GT-X e Punto T-Jet pertencem a categorias diferentes. O Chevrolet é um compacto médio, enquanto o Fiat se encaixa no que o mercado chama de compacto Premium (Veja quadro de medidas).
Estas diferenças, ainda que pequenas, influenciam no comportamento dinâmico de cada carro. Por ser mais baixo e apresentar maior distância entre eixos, maior comprimento, largura e bitolas, o Vectra tende a ser mais estável do que o Punto.
No dia-a-dia, porém, têm pouco efeito, pois raramente se dirige no limite do carro, situação em que as diferenças se tornam mais evidentes. Além disso, outros fatores influenciam o comportamento dinâmico, como o powertrain e o acerto de suspensão.
Powertrain
O motor bicombustível do Vectra é um velho conhecido do reparador, ainda que a Chevrolet tenha efetuado algumas melhorias, principalmente no software de gerenciamento da injeção eletrônica, deixando o propulsor com uma curva de torque mais retilínea a partir de 2.600 rpm.
Fisicamente, o que mudou foi o coletor de admissão, agora em material plástico, que segundo a GM propiciou redução de 30% no peso do conjunto em relação ao similar em alumínio. Outro item que sofreu alteração foi o coletor de escapamento, agora em aço inox, e a adição do sistema de comando de válvulas roletado LFVT (Low Friction Valvetrain) – de baixo atrito, que reduz o desperdício de energia, gerando menor consumo de combustível e maiores torque e potência.
Os motores: o 2.0L da GM é um velho conhecido do reparador; já o T-Jet da Fiat ainda é uma novidade
Barra estabilizadora: só no T-Jet
Na traseira: mola independente
Por baixo: destaque para 2ª sonda
Turbo IHI: pressão de trabalho1 BAR
Injeção eletrônica do Punto é Bosch
Punto T-Jet: conjunto pneu e suspensão apresenta custo mais amigável
Detalhes do sistema de freio/suspensão dianteira, suspensão traseira e conjunto roda/pneu do Vectra
Silencioso traseiro
Filtro de combustível
Já o motor do Punto T-Jet ainda é uma incógnita para os reparadores. O 1.4L turbo estreou no sedan Linea, em setembro do ano passado, mas só agora ganhou repercussão. Isso porque o propulsor italiano encaixou como uma luva na proposta esportiva do hachtback compacto.
Movido apenas à gasolina, tem excelente desempenho, graças ao turbo compressor de baixa inércia (modelo RFH3, fabricado pela japonesa IHI), que oferece sobrealimentação de até 1 bar de pressão, com intercooler.
Mandar pé na tábua no Punto Turbo é satisfação garantida. O motor responde de acordo com a expectativa; meio lento no começo, mas, segundos depois, quando o turbo entra em carga plena e os 152 cv ficam disponíveis, só há um entrave: a transmissão.
Mecânico, o câmbio de cinco marchas é típico da Fiat, robusto, mas não muito preciso. E, em um carro com aspirações (ou melhor, turbo aspirações) esportivas, isso faz diferença. Principalmente para quem gosta de uma condução mais esportiva, com trocas de marchas rápidas, em rotações mais elevadas.
Sabemos que não é fácil agradar este perfil de consumidor, mas, quando uma montadora se propõe a montar um carro com características para atender esse tipo de público, tem de tomar cuidado com o conjunto de transmissão.
No período de testes do Punto T-Jet, constatamos que a fixação do câmbio junto ao bloco do motor precisa ser revisada sempre, a cada parada para manutenção preventiva, pois existe a tendência de os parafusos se soltarem, por causa do movimento realizado pelo deslocamento do conjunto, nas acelerações e desacelerações. Este foi o principal ponto fraco encontrado no Punto.
Já o Vectra apresenta dois tipos de câmbio, um manual, de cinco velocidades, e o automático, de quatro. O primeiro entrega ao condutor toda esportividade e desempenho que o motor bicombustível oferece. Já o automático, não. O preço do conforto de não precisar mudar de marcha é alto para quem busca esportividade.
Tanto no Chevrolet (manual) quanto no Fiat, a relação de marchas é bem acertada. As primeiras são curtas, que favorecem o torque e, à medida que o carro ganha velocidade, ficam mais curtas.
No Vectra, porém, as últimas marchas (4ª e 5ª) são cerca de 15% mais longas que as do Punto, o que indica claramente uma estratégia de oferecer maior conforto aos ocupantes, pois ao reduzir o giro do motor em velocidade mais alta, minimiza-se o ruído interno.
O câmbio automático do GT-X é um caso à parte. Muito longas, as marchas e o conversor de torque matam toda esportividade do carro, que merecia ao menos a opção de trocas sequenciais, tipo tiptronic.
Fontes:
Vectra GT-X: Concessionária Carrera - (11) 3724-9080 - ww.carrera.com.br
Punto T-Jet: Concessionária Amazonas Leste - (11) 3456-1000 - www.fiatamazonas.com.br
*Della Via Pneus - www.dellavia.com.br / Punto: Pneu Pirelli 205/50R17 93W XL P7 / Vectra: Pneu Pirelli 215/45R17 91V XL P7
Suspensão
Quando o assunto é comportamento esportivo, o esperado é um carro que não empina muito quando se pisa fundo no acelerador, nem deixa o chão muito próximo quando se freia, e segura bem nas curvas, sem dar aquela impressão de que o carro vai capotar. Isso ambos fazem bem, o que representa dizer que o conjunto de suspensão e amortecedor está calibrado de acordo com o peso, tamanho e potência do motor.
Internamente, tanto o T-Jet quanto o GT-X apresentam bom nível de equipamentos. O Vectra, por ser mais largo, oferece mais espaço e conforto aos ocupantes. Porém, posição de dirigir é melhor no Punto, que oferce mais esportividade na condução
Dados de fábrica do Punto T-Jet indicam que a velocidade máxima é 203 Km/h, enquanto o Vectra GT-X com câmbio manual chega a 190 km/h quando abastecido com álcool e 187 km/h com gasolina. Isso demonstra que o apelo esportivo é refletido mais no design do que na performance. Assim, uma boa calibrada é o bastante para deixar a suspensão ajustada às necessidades do ‘piloto’.
Foi o que a GM fez com os amortecedores do Vectra GT-X, que receberam nova calibração, em busca de estabilidade, dirigibilidade e segurança extra, apesar de a montadora ter dado mais ênfase ao conforto.
O mesmo ocorreu com o Fiat. A arquitetura do T-Jet é idêntica à dos outros Punto, porém as molas dianteiras e traseiras são, respectivamente 17% e 8% menos flexíveis e, os amortecedores foram recalibrados em função das cargas das molas.
Na frente, a barra estabilizadora agora tem 20 mm de diâmetro, 1 mm a mais que as demais versões do modelo, e, na traseira, a Fiat instalou uma barra de 18,5 mm, item não encontrado nos outros Punto.
Em ambos veículos a arquitetura é similar: na dianteira são do tipo McPherson, com rodas independentes, braços oscilantes fixados ao subchassi, com barra estabilizadora, amortecedores hidráulicos. Na traseira, o sistema de rodas semi-independentes do Punto conta com travessa de seção aberta com barra estabilizadora. Já o Vectra apresenta apenas viga de torção. Os amortecedores são hidráulicos, telescópicos, montados independentes das molas.
Mecânica
De série, ambos saem com direção com assistência hidráulica com pinhão e cremalheira. Os freios são a disco ventilado na dianteira e sólido na traseira, com sistema anti-blocante (ABS).
As rodas nos dois carros são de liga leve. As do T-Jet são de 6,5”JX17”, acompanhadas por pneus 205/50, enquanto as do GT-X são maiores: 7”JX17”, com pneus 225/45. Por ser menor, o Punto é mais leve. São 1.230 Kg contra 1.303 Kg da versão manual e 1.345 Kg da automática.
Impressões
Acelerar o Punto T-Jet é um prazer. Entre os nacionais, só perde para o Honda Civic Si. Dá gosto sentir os 21,1 Kgfm de torque logo aos 2.250 rpm, que se mantém até os 4.500 rpm, quando a potência está chegando ao limite dos 152 cv. A posição de dirigir é excelente, graças à regulagem de profundidade do volante que permite o ajuste correto de distância entre pernas e braço. O banco envolve o corpo do motorista, que encaixa no carro com perfeição, o que chama para uma direção mais esportiva.
Já o Vectra GT-X a sensação é diferente. Por fora, um verdadeiro esportivo, mas do lado de dentro, a sensação de estar em um carro médio comportado. Para esta reportagem avaliamos duas versões, uma com câmbio manual e outra com câmbio automático. O manual, porém, estava com motor fora de especificação, mas serviu para sentir a resposta do câmbio. O automático decepcionou, pois o conversor de torque agiu como vilão, ao ‘roubar’ a esportividade do modelo.
No comparativo, o Punto oferece mais esportividade ao dirigir, sem dúvidas, porém o Vectra passa a impressão de ser mais largo e confortável, além de apresentar melhor visibilidade. Abastecido com gasolina, o Vectra fica mais manso, o que é compensado pela autonomia. O consumo não é um dos pontos fortes dos carros. A Fiat divulga 12,3 Km/L e 16,4 Km/L (urbano/estrada) e a GM, com câmbio manual, 10,6 Km/L, na cidade e 15,5 Km/L, na estrada (gasolina) e 7,5 Km/L e 10,8 Km/L (álcool), e com câmbio automático 10,1 Km/L e 14,7 Km/L (cidade/estrada - gasolina), e 7,0 Km/L e 9,6 Km/L (álcool).
No período de teste, com gasolina, em ciclo misto, a média foi semelhante para os dois carros manuais, em torno de 9 Km/L. A versão automática do Vectra foi pior. Cerca de 8 Km/L, na gasolina.
Esses resultados mostram certa preocupação das montadoras em atender aos novos limites de emissões estipuladas pela fase L-5 do Proconve, que desde o início do ano tem batido de frente nas montadoras e obrigado os engenheiros encontrar soluções para reduzir o efeito nocivo do resultado da queima de combustível do motor.
Uma das soluções encontrada pela GM foi equipar o Remix com dois catalisadores, um acoplado ao coletor de escapamento de aço tubular (Close Coupled) e o outro ao escapamento primário.
Outra novidade é o segundo sensor de oxigênio (sonda lambda), para análise constante da eficiência dos catalisadores, O Vectra conta ainda com um sensor virtual de fase, que permite a injeção de combustível de forma sequencial.
Equipamentos
Por se tratar de veículos Premium, tanto o Fiat quanto o Chevrolet saem de fábrica bem equipados. Além do trivial (direção hidráulica, ar-condicionado e trio elétrico), apresentam sistema de freios ABS com EBD (Distribuição Eletrônica de Frenagem), air bag duplo, computador de bordo, indicador de temperatura externa, piloto automático, sistema de som com MP3 player e sensor de estacionamento.
No Punto, o ar-condicionado digital e o sensor de chuva são opcionais, enquanto o Vectra vem de série. Em compensação, o teto solar do Punto (opcional) é do tipo Skydome, bem mais amplo.
O Vectra, por outro lado, tem itens como aerofólio, saias laterais e sensor de estacionamento como acessórios, enquanto esses itens são de série no T-Jet. O navegador é item opcional em ambos veículos.
Manutenção
No geral, o custo de manutenção do Fiat é cerca de 12% mais baixo em relação ao Vectra. Dos 23 itens da cesta básica, o Vectra apresenta melhor custo de peças em 11. O mais significativo é o jogo de velas (R$ 52,40 do GT-X contra R$ 330,32 do T-Jet), porém as do Fiat são de Iridium, que tem durabilidade para 100.000 Km ante as velas comuns do Chevrolet, que pedem troca preventiva a cada 40.000 Km.
Por fora, design esportivo está caprichado, porém no Vectra, minisaias laterais, spoiler e aerofólio são opcionais
Por outro lado, o jogo de discos de freios traseiros do Vectra (R$ 828,20) é quase três vezes mais caro do que do Punto (R$ 293,78) e, no geral, a substituição de todos os componentes do sistema de freios (discos e pastilhas) é cerca de 50% mais em conta no Punto (R$ 1.229,95 contra R$ 1.843,26 do Vectra).
Os amortecedores do Fiat apresentam também melhor custo. O jogo (4 peças) custa aproximadamente 40% a menos. O Vectra sai por R$ 869,28, enquanto o Punto tem preço de R$ 618,96.
Boa parte desse menor custo é reflexo direto da categoria em que o Punto está inserido, compacto Premium, ante ao Vectra, que é considerado um médio compacto. Ainda assim, o preço das peças de ambos é compatível ao valor do veículo, com exceção dos pneus, que por serem de 17 polegadas apresentam custo elevado. Este é o preço da esportividade.
Avaliação do Especialista
No dinamômetro, o Punto levou vantagem, pois o Vectra avaliado estava equipado com câmbio automático, o que prejudicou a medição de torque. “O motor entrega a potência prometida, de 140cv, porém, com câmbio automático, o conversor de torque regula a entrega de força nas rodas com maior lentidão, fazendo com que o motor patine e consuma mais”, explica o consultor técnico do jornal Oficina Brasil e especialista em preparação de motores, Antonio “Tonicão” Marconato, proprietário da Esther Turbo (www.estherturbo.com.br – 11.2942-94421). “Já o T-Jet apresentou boa regularidade nas medições, cumpre bem o que promete”, avalia Tonicão ao recomendar que, se a intenção é esportividade, o Vectra GT-X manual deve ser preferido ao automático.
Apesar disso, o propulsor do Vectra recebeu elogios de Tonicão. “Levamos o motor à sua carga máxima e medimos velocidade de 246 Km/h*, sem falha de injeção, o que demonstra robustez do sistema”, avalia.
Na avaliação do especialista, para o perfil do consumidor que as montadoras querem atingir, o Fiat leva vantagem ao oferecer um propulsor turbo e estilo mais agressivo, ainda que em um motor de baixa capacidade volumétrica. “Tem mais apelo”, resume Tonicão.
De fato, o motor do Punto é mais evoluído tecnologicamente e tende a agradar mais o público jovem, que novamente tem a oportunidade de guardar na garagem um carro turbo sem mexer na originalidade do veículo.
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No dinamômetro, os motores se comportaram dentro do esperado; no Vectra o câmbio automático fez diferença, para pior
*Teste realizado no dinamômetro de rolo, não leva em consideração a resistência do ar, nem o peso total do veículo
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