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SKF crê que a crescente demanda na oficina está interligada ao crescimento da frota


A SKF é uma empresa sueca, fundada em 1907, na cidade de Gotemburgo e rapidamente cresceu para se tornar uma empresa global

Por: Vivian Martins Rodrigues - 16 de julho de 2012

Desde o início, manteve seus esforços concentrados na qualidade, desenvolvimento técnico e no mercado. Os resultados dos esforços do Grupo na área de pesquisa e desenvolvimento levaram a um número crescente de inovações que criaram novos padrões e novos produtos no segmento de rolamentos. Atualmente, são mais de 46 mil colaboradores, 130 fábricas em 32 diferentes países, através de uma rede de aproximadamente 15 mil distribuidores e revendedores.

Com um faturamento próximo a US$ 10 bilhões, a SKF é líder mundial no fornecimento de produtos, soluções e serviços, atuando nas áreas de rolamentos, vedações, mecatrônica, serviços e sistemas de lubrificação. A área do aftermarket automotivo representa 10% dos negócios totais do grupo. 

Para contar um pouco da visão da SKF sobre o mercado de aftermarket e reparação independente, o Jornal Oficina Brasil entrevistou Roberto de Jesus, diretor de vendas automotivas para o aftermarket.

Jornal Oficina Brasil: Fale sobre suas experiências profissionais.
Roberto de Jesus: Já tenho uma convivência com o mercado de reposição por longos 37 anos. Iniciei em 1975 na TRW na área de Estatística de Vendas Reposição. Fiquei na TRW por 25 anos e, durante esse período, fui acumulando experiências sempre na área de aftermarket e em outros setores como Planejamento, Marketing e Vendas até atingir a Gerência de Vendas, no início dos anos 90, posição em que atuei até a minha transferência para a SKF, no início de 2000.    

JOB: Como foi o início na SKF?
Roberto de Jesus: A área de reposição automotiva como um segmento específico dentro do grupo SKF é relativamente nova, não tem 20 anos. Até meados dos anos 90, a SKF praticamente usava sua rede mundial de Distribuidores, voltada também à área industrial, para fazer chegar os rolamentos automotivos aos seus consumidores. A minha transferência para a SKF fazia parte do plano de focar de forma mais incisiva na área de Reposição.

A rede de distribuidores existente na época praticamente se mantém até hoje com pequenas alterações, mas com um foco muito diferente do que existia até então.

Já contávamos com grandes distribuidores e, ao focarmos de forma mais objetiva na linha de rolamentos, conseguimos despertar, na maioria deles, a ambição de evoluírem nessa linha de produtos e, posteriormente, a crescerem também com as novas linhas de produtos que a SKF lançou no mercado brasileiro.

A SKF

JOB: Qual a estrutura da SKF e participação no aftermarket automotivo?
Roberto de Jesus: Atualmente, os negócios da SKF estão organizados em três grandes divisões: Industrial, Automotiva e Serviços. Cada divisão atende a um mercado global, concentrando-se nos respectivos segmentos de clientes. A nossa meta é estar sempre perto de nossos clientes para fornecer tanto produtos quanto serviços. No Brasil, a SKF conta com uma moderna fábrica em Cajamar - cidade próxima à São Paulo, onde produzimos rolamentos automotivos para as principais montadoras brasileiras, além de atender os mercados de reposição e exportação. Também contamos com um Centro de Distribuição em Barueri/SP, além dos escritórios comerciais, inclusive os da reposição automotiva. A importância do aftermarket automotivo para a SKF do Brasil se reflete na sua grande representatividade dentro do aftermarket global, pois somos o segundo maior mercado da SKF, ficando atrás apenas dos EUA.

JOB: Quais produtos a SKF comercializa no mercado de reposição?
Roberto de Jesus: Além dos diversos tipos de rolamentos que são o carro-chefe da SKF no mercado de reposição, também comercializamos no Brasil uma vasta linha de produtos que nos tornam muito mais que uma empresa de rolamentos. Hoje a SKF atua mundialmente na reposição de componentes para automóveis, pick-ups, caminhões, ônibus, tratores e também no segmento de motocicletas. No Brasil, nossa linha de produtos inclui muitos itens como bombas d’água, mancais e atuadores hidráulicos de embreagem, polias tensoras, cruzetas, componentes de direção como barras, terminais, braços e axiais; pivôs e bandejas de suspensão. Importante mencionar que a SKF adquiriu há três anos uma importante fábrica de juntas homocinéticas na Itália e, a partir de então, também oferece essa linha de produtos aos clientes.

JOB: Como foi o desempenho da empresa em 2011 e quais as metas para 2012?
Roberto de Jesus: O ano de 2011 foi um ano bastante desafiador para a economia mundial, mas, mesmo assim, a SKF globalmente obteve um crescimento muito bom, ao redor de 11%. Naturalmente, o nosso crescimento em países em desenvolvimento como China, Índia e Brasil foi fundamental para essa boa performance. Para este ano, entretanto, espera-se um crescimento mais moderado em virtude dos problemas que estão impactando a economia, principalmente na Europa. Quanto ao nosso desempenho no aftermar­ket brasileiro, mantemos uma projeção otimista em virtude do grande crescimento da frota nos últimos anos e a inevitável necessidade de manutenção da mesma.    

JOB: Em quais montadoras a SKF é fornecedora no OEM?
Roberto de Jesus: A SKF está presente na grande maioria das montadoras existentes. Entre elas, no Brasil, podemos mencionar Ford, Fiat, General Motors, Volkswagen, Scania, Volvo e Mercedes Benz, entre outras.

JOB: Como é feita a logística para distribuição de peças?
Roberto de Jesus: É administrada pela própria empresa por meio da SKF Logistics Service. Contamos mundialmente com diversos warehouses para atendimento dos mercados industrial e automotivo. No Brasil, há um depósito na cidade de Barueri, onde estocamos localmente mais de 4.000 itens voltados tão somente para o mercado automotivo. Para itens importados com vendas pouco regulares, contamos com o suporte de um grande warehouse na Bélgica.

JOB: O que a SKF oferece como suporte para o reparador independente?
Roberto de Jesus: Acreditamos que um fator importante de sucesso é, obviamente, desenvolver produtos que agreguem valor para os nossos clientes. Valor pode estar contido, por exemplo, no desenvolvimento de um novo conceito de produto para o mercado como ocorreu quando lançamos os kits de rolamentos de rodas, há mais de 15 anos. O que era visto no início com certa desconfiança por parte de alguns, comprovou-se posteriormente ser exatamente o que os reparadores queriam: um produto que facilitava a vida dos aplicadores ao disponibilizar, na mesma embalagem, os componentes necessários para uma eficiente manutenção.  

JOB: Comente sobre os planos para 2012, em relação ao mercado de reposição.
Roberto de Jesus: Temos planos ousados. Estamos fortalecendo a nossa estrutura operacional, visando aproveitar melhor a sinergia existente com o aftermarket global da SKF. Muitos dos lançamentos que temos feito mundialmente serão introduzidos também no mercado brasileiro. Vamos aproveitar a globalização que está ocorrendo nas frotas de veículos em circulação para lançarmos aqui todo o sortimento comum de produtos existentes. Temos, no exterior, mais de 19.000 kits diferentes de diversas linhas de produtos disponíveis para veículos que já rodam no Brasil ou estão prestes a ser lançados. Vamos também trabalhar exaustivamente para aumentar a disponibilidade de todo o nosso sortimento e atender às necessidades dos nossos clientes no menor tempo possível. Acreditamos que em um mercado tão competitivo e diversificado como o nosso, a agilidade no atendimento será o maior diferencial que um fabricante poderá oferecer ao mercado. Esse serviço, aliado à imagem de qualidade que os produtos SKF têm, além de uma maior aproximação com os aplicadores, por meio da ampliação de programas de treinamentos, serão determinantes para o nosso crescimento.

JOB: Qual tendência a SKF prevê para o aftermarket automotivo brasileiro?
Roberto de Jesus: O aftermarket automotivo brasileiro irá crescer de forma consistente e sustentável, uma vez que a demanda está interligada ao substancial crescimento da frota brasileira de veículos. De fato, a frota circulante na última década evoluiu, percentualmente, cinco vezes mais do que a população e mesmo assim, ainda demonstra uma relação baixa de aproximadamente 6 habitantes por veículo. Esse índice ainda está muito acima de alguns países - principalmente Europa, EUA e Japão que apresentam índices próximos a 2 habitantes por veículo - mas também de outros, inclusive na América do Sul, com taxas ao redor de 4. O grande diferencial para esse expressivo crescimento, como se sabe, é consequência direta do crescimento econômico que estamos experimentando nos últimos anos, aliado a uma política de controle da inflação e maior facilidade de acesso ao crédito. Tudo isso, tem garantido ao Brasil um crescimento em vários setores da sua economia. Por este motivo, atingiremos em quatro ou cinco anos uma frota de veículos superior a 50 milhões de unidades. Isso já está obrigando todo o setor de reposição a ter uma melhor organização, investimentos e preparo para atender essa crescente demanda.

JOB: Na sua opinião, as atuais mudanças no cenário expressam ameaças a oficina independente?
Roberto de Jesus: A chegada de vários novos fabricantes e o lançamento de dezenas de novos modelos no mercado trazem desafios cada vez maiores, não só para nós da SKF, mas também para todo o segmento de autopeças, tanto no desenvolvimento de novos itens para as montadoras como também para atender as necessidades do mercado de reparação. Além da grande variedade de novos produtos, também o grande aparato tecnológico que os novos modelos estão obrigando a todos os canais da reparação e não só a oficina independente, a se prepararem da melhor forma possível, para atenderem essa nova demanda. Todos os canais terão que definir suas respectivas estratégias para atender essa variedade de marcas e modelos que crescem de forma geométrica. É necessário que Distribuidores, Varejos e Oficinas Mecânicas invistam cada vez mais na capacitação de seus funcionários, informática, sistemas de estocagem e procedimentos no geral, além de trabalharem de forma segmentada, por região, veículo, modelo, etc. Querer atender a todos e a tudo, de forma indistinta, será um desafio que deverá ser repensado por todos.

JOB: Quais as oportunidades que o Senhor enxerga para o reparador independente?
Roberto de Jesus: As oportunidades serão muito maiores para aquelas oficinas que se capacitarem para atender a essa nova demanda. Aquelas que se atualizarem tecnologicamente de forma rápida e abrangente levarão nítida vantagem em relação às demais. De qualquer forma, a segmentação e a especialização por meio de treinamentos intensivos serão as condições básicas de sobrevivência em um futuro próximo.

JOB: A SKF identifica carências e deficiências para o reparador automotivo? Se sim, Quais? Há soluções previstas pela empresa para auxiliar a suprir isto?
Roberto de Jesus: A SKF tem dado grande atenção ao treinamento técnico dos reparadores automotivos. Além de contarmos com um call center para esclarecer dúvidas, também ministramos palestras técnicas a 7 mil mecânicos anualmente em todo o Brasil. Nesses treinamentos são distribuídos manuais de montagem e desmontagem de todas as linhas de produtos que são comercializadas pela SKF.

JOB: Como a SKF lida com a concorrência vinda da China?
Roberto de Jesus: Vemos com naturalidade a concorrência de autopeças vindas de países considerados de baixo custo como China e outros países. Com a abertura do mercado há quase duas décadas e, com a evolução considerável da frota brasileira, é normal que exista o interesse de fabricantes externos em participar de nosso mercado, bem como de consumidores em buscar alternativas mais competitivas. Isso faz parte da globalização econômica e estimula a competitividade comercial dos envolvidos. O grande problema é quando existem diferenciais competitivos discutíveis quer seja na qualidade dos produtos ou em práticas ilegais de importação. Hoje, produzir na China ou Índia é imperativo para as grandes organizações industriais. Quer seja para participar desses grandes mercados naturais ou pela abundante e competitiva mão de obra existente. A própria SKF conta com mais de uma dezena de fábricas na China e seis na Índia, além de projetos de novas unidades que estão em andamento. O fato é que estamos lá para participarmos do crescimento econômico desses países que, normalmente, apresentam índices de dois dígitos e não para produzirmos lá itens que serão exclusivamente exportados para outros mercados. Mesmo com a nossa grande presença na China produzindo milhões de rolamentos, não importamos praticamente nada dessas unidades, pois o benefício é irrelevante em se tratando de produtos produzidos com matérias primas de qualidade internacional e processos de alta tecnologia. Dessa forma, eventuais diferenças de custos na produção são eliminadas através de custos adicionais de fretes e também pela necessidade de elevação de inventários face ao grande lead time de importação.

JOB: A pirataria de peças afeta a linha de produto da SKF? Se sim, quais medidas são adotadas no combate a pirataria.
Roberto de Jesus: A falsificação de produtos não é exclusividade do nosso País nem do segmento de autopeças. Falsificam-se rolamentos, relógios, óculos, tênis, bebidas, roupas e outros itens. Este assunto é cuidado pela SKF em âmbito internacional pelo Grupo de Proteção à Marca, que fica em nossa sede, na Suécia. Assim, é extremamente importante reforçar principalmente ao mercado consumidor a necessidade de adquirir produtos da rede oficial de distribuidores da marca. Nos casos em que existam suspeitas da origem de determinados produtos, o consumidor deve comunicar o fabricante.

JOB: A certificação de peças no mercado brasileiro será favorável?
Roberto de Jesus: Não há dúvida que a certificação será um grande diferencial principalmente para aqueles produtos onde a qualidade, ou melhor, a falta dela, é o grande diferencial que estimula a prática de preços abaixo do razoável. O assunto fica ainda mais sensível naqueles itens considerados como sendo vitais à segurança. Sabemos de vários grupos de trabalho que estão desenvolvendo ou já desenvolveram suas respectivas certificações e isso ocorrerá em breve também no segmento de rolamentos.