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Rádio Sul América Trânsito se aproxima do setor automotivo e do aftermarket


Com programação totalmente voltada ao caótico trânsito da cidade de São Paulo e regiões metropolitanas, a rádio Sul América Trânsito vem conquistando espaço dentre as emissoras paulistanas

Por: Da Redação - 08 de junho de 2011

No ar desde 2007, o que era de início um presente para os paulistanos se tornou uma forte referência para quem busca caminhos e soluções alternativas para fugir dos congestionamentos.

Atualmente, a emissora é como uma grande rede de relacionamentos, que integra a tecnologia – a rádio conta com um sistema de mapeamento que reúne os 17 mil quilômetros da capital e região metropolitana –, equipes de reportagem e a participação maciça dos ouvintes. 

Agora, a emissora quer ficar mais próxima do setor automotivo e do aftermaket. Para isso, estuda projetos para apoiar a manutenção preventiva, a inspeção ambiental e a diminuição de acidentes, usando o poder do microfone para conscientizar os donos de carros.

A Sul América Trânsito também foi uma das patrocinadoras da Automec e acompanhou de perto o crescimento e a importância do setor para estar próximo dos players do setor.

O diretor de jornalismo da rádio Sul América Trânsito, Felipe Bueno, acredita que a emissora pode, juntamente com o setor, agregar informação e conscientização a favor da manutenção preventiva.  “Nossa ideia é grudar na programação e colocar na cabeça das pessoas que elas vão ter mais qualidade de vida se fizerem a manutenção antes do que depois”, afirma.
Confira a entrevista exclusiva:

Jornal Oficina Brasil: Como surgiu a rádio Sul América?
Felipe Bueno: Foi uma questão de muita sorte. Nós tínhamos um projeto consistente dentro da rede Bandeirantes para a criação de uma rádio trânsito.

Por outro lado, também existia a seguradora Sul América com o interesse de crescer no mercado automotivo em São Paulo. Enfim, estávamos muito atrás das concorrentes principais e achávamos que as nossas estratégias não estavam funcionando. Foi aí que demandamos a uma agência de publicidade uma solução.

A resposta foi: “Vocês precisam dar um presente para São Paulo e não simplesmente falar que vocês são bons, os melhores e estão qualificados”.

Um dos publicitários havia voltado da Europa e lá há uma frequência de rádio estrada, que é interessante, móvel, onde se tem a mesma programação em outro dial, conforme vai se atravessando as regiões.

Então, foi sugerido pela agência um núcleo de trânsito em uma rádio. Então nasceu uma rádio inteira sobre trânsito e, por uma grande sorte ou obra do destino, as partes acabaram se cruzando. Uma partiu com ideia; a outra, com dinheiro, e aconteceu o que temos hoje.

JOB: A Rádio Sul América é pioneira na prestação de serviços de trânsito em São Paulo. Qual é a média de ouvintes e o quanto a rádio cresceu desde 2007, ano de sua inauguração?
FB: A rádio é pioneira numa cobertura intensiva e que dá opção de caminhos para as pessoas. Todas as rádios jornalísticas de São Paulo já faziam algo parecido.

A nossa diferença foi, primeiro, trabalhar só com isso. No começo, achamos que isso poderia ser algo chato, muito pesado e estressante para o ouvinte acompanhar a situação do trânsito o dia inteiro.

Mas o que acontece hoje é que tem gente que ouve de casa, do escritório, no ônibus. Então, primeiro, abrimos o espaço da programação inteiro ao trânsito, trabalhando com a interatividade.

Nós estamos hoje na segunda posição entre as rádios jornalísticas em carros, pois a nossa audiência é maior entre as pessoas que estão nos carros; nossa audiência fica atrás apenas da CBN, que é jornalística; em alguns momentos nós a passamos. Estamos na quarta colocação no quadro geral entre as rádios FM em São Paulo. O Ibope também tem uma categoria chamada outros, que são as pessoas que escutam em casa, celular... Vamos investir em aplicativos para celular, em um site novo, para atender a demanda do pessoal que está saindo do rádio convencional.

Temos cerca de 20 mil ouvintes por minuto, isso é a média mensal. O que significa que estamos abaixo das jornalísticas mais fortes, como Bandeirantes, CBN, Jovem Pan. Mas a rádio começou há quatro anos e essas outras têm décadas. Estamos felizes com esses resultados.  Há picos de 40 mil por minuto e isso tem deixado a gente contente. Os horários de pico são os tradicionais das 7 às 10 da manhã, das 17 às 19 horas.

Tivemos também um crescimento significativo nas redes sociais. Já temos 17 mil seguidores no twitter. Criamos facebook há poucos meses, e recebemos uma quantidade absurda de SMS e emails, que às vezes causa desespero no ar, de tantos que recebemos.

Hoje o nosso grande desafio, que ainda não está totalmente concluído, é juntar todas as informações o maior número dessas informações, processá-las e devolvê-las ao ouvinte. Atualmente, como temos muitos canais de comunicação, ainda corremos riscos.

JOB: Que riscos?
FB: Por exemplo, você pode me mandar um SMS com uma informação importantíssima e a informação pode não chegar a mim, na condição de apresentador, dada a oferta.

Numa programação de 1h30 recebemos 40 mensagens e na 41ª chega uma informação de interdição na Anchieta, por exemplo, mas nenhuma das outras falou disso, então ficamos sem essa informação.

Mas, por outro lado, a gente aprendeu a moldar a rádio para que possamos processar melhor as informações. A oferta aumenta, mas, por outro lado, a gente sabe processar melhor isso. Não chegamos ao ideal, mas estamos perto.

JOB: E como vocês fazem o monitoramento do trânsito?
FB: Até 2010, nós tínhamos de diferença para a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) a equipe de reportagem e a participação do ouvinte.

De um tempo para cá, começamos a usar os dados de um apontador de GPS. Isso causou um espanto, porque a gente falava um número da CET e o mapeamento apontava o dobro.

Esse número não tem segredo, porque a CET monitora apenas 800 quilômetros e nosso sistema captura os 17 mil quilômetros da cidade. Então, imagina, o que a CET não monitora.

JOB: Como é esse mapeamento no trabalho informativo da rádio?
FB: Esse mapeamento é novo.  Ele tem potencial de atingir via satélite os 17 mil quilômetros, que dependem de uma base confiável e ampla de carros com GPS, que hoje chega a um milhão de veículos, ou seja, já temos segurança nesse mapeamento.
Então é uma junção desse sistema, com as equipes de reportagens, as informações dos ouvintes e eventualmente o mapeamento da CET, em especial quando há acidentes ou intervenções.

Outra coisa interessante é que a informação final é gerenciada por quem apresenta o programa ao vivo, a qualquer hora. É emocionante trabalhar no estúdio, porque temos um estado de concentração muito elevado.

JOB: A rádio virou uma rede de relacionamentos. O que se tornou a participação dos ouvintes no relacionamento com a rádio?
FB: É fundamental. Temos uma história engraçada, porque, em 12 de fevereiro de 2007, a rádio entrou no ar pela primeira vez.
E nós tínhamos solicitado à empresa de telefonia um número para o ouvinte, mas que tivesse algo a ver com a rádio, algo com fácil memorização.

Só que o telefone não ficou pronto e, quando a rádio entrou com a reportagem no ar, estávamos sem telefone e pensamos: “E agora, o que vamos fazer para segurar a programação?” A decisão foi colocar qualquer linha e soltar para o ouvinte.

Foi uma avalanche. Os ouvintes não paravam de ligar; ficou fora de controle. Se deixasse, a programação era só ouvinte. À medida que fomos construindo a programação, começamos a gerenciar.

Hoje não colocamos mais ouvintes ao vivo. Temos maneiras mais compactas de falar com ele.

JOB: Por que isso?
FB: Porque estava carente, e posso dizer por que venho dessa área, a informação sempre era: “A marginal está parada de tal ponto a tal ponto”. E acabou. A informação voltava 20 minutos depois. O nosso diferencial é que dissecamos o problema e pensamos em alternativas; esse é o papel da equipe de reportagem. A rede não é feita só por nós, mas pelos ouvintes também.

JOB: A falta de manutenção e quebra de carros é algo que mais afeta o trânsito. Como vocês lidam com isso diariamente, como vocês sentem isso na transmissão?
FB: Temos sete milhões de carros e estamos navegando a noite, porque não se sabe o quanto desses sete milhões temos nas ruas e quantos rodam.

A CET fala em pouco menos de quatro milhões, que de qualquer forma ainda é muito. Vira e mexe, nós temos reclamações de carros quebrados. Isso ficou mais evidente ainda com o nosso facebook.

Recebemos fotos diariamente de carros quebrados, episódios de veículos mal cuidados, algo absurdo. Uma coisa é não fazer manutenção em um carro 2005, que já está errado; outra é não fazer manutenção em carro 1978. Vou dar um exemplo: estava no ar e uma ouvinte mandou a informação de carro quebrado no Minhocão, que só tem duas faixas.

Ora, se você fecha uma na segunda-feira, é caos. É dor de cabeça para quem fica com o carro quebrado na rua e para quem está no trânsito, para a prefeitura, para a CET, para todo mundo.

Isso prejudica demais o trânsito. Não temos proporções de quantas informações de veículos quebrados recebemos por dia, mas é algo que está a todo momento na programação.

JOB: E não há como monitorar isso, até por fator de incentivo à manutenção?
FB: Acho que nem a CET tem como fazer isso. Às vezes, vou dormir pensando em quantas ocorrências deixamos de noticiar, até porque você cuidar do centro expandido é fácil, mas quando chega no Rodoanel já é problema.

Nós não falamos só da cidade de São Paulo, mas da região metropolitana também, do ABC, de Guarulhos, de Taboão da Serra... Essas áreas mais afastadas do centro expandido. Quem anda por ali, tem noção de quantos carros não passam por manutenção.

Outra coisa séria, falando de manutenção, são as motos. A CET assume isso; existe um mundo paralelo das motos em São Paulo. Existem aquelas que trabalham regulares, com registro, assim como existem motos que não têm condições de rodar. Às vezes, recebemos fotos de carros abandonados, inclusive carros novos, isso é entulho na rua.

JOB: Existe algum projeto da rádio para incentivar a manutenção preventiva e a inspeção veicular?
FB: Bom, é um trabalho difícil, porque o ouvinte em geral é um pouco egoísta; ele quer saber do trânsito a todo momento. No começo, tentamos fazer uma programação diferenciada para falar de saúde, manutenção, segurança pública, e a gente colocava em um determinado horário. Só que o ouvinte começou a questionar a utilidade. Isso mostra que as pessoas pensam muito no agora e se esquecem de informações importantes, como a manutenção do seu carro. A manutenção preventiva existe para que no futuro você não seja penalizado pela falta de responsabilidade. A gente apoia esse tipo de informação.

Estamos repensando nisso, até para colocar no ar de maneira mais simpática no ouvido das pessoas, que elas precisam cuidar dos carros. Nesses quatro anos, conseguimos alguns avanços. Apoiamos um projeto chamado “Chega de Acidentes”, recebemos emails e ligações de ouvintes falando do programa. Nossa ideia é grudar na programação e colocar na cabeça das pessoas que elas vão ter mais qualidade de vida se fizerem a manutenção antes do que depois.

JOB: E vocês apoiam outros tipos de ações do setor que incentivem a manutenção preventiva?
FB: Estamos conversando com o setor automotivo há algum tempo. É uma demanda tanto do setor como nossa. A gente tem o microfone e o setor tem a informação. Nada mais justo que a gente junte as duas forças para dar apoio à questão. Do jeito que as pessoas estão comprando carro hoje em dia, pode ser que muitas nem saibam o que é manutenção preventiva, como começar e para onde recorrer. É por isso que estamos desenhando esse projeto para saber o que falar e como falar com o ouvinte sobre isso. Por isso, temos um projeto para apoiar a inspeção veicular. Embora exista uma série de polêmicas que envolvem esse assunto, a parte de tudo isso, no começo, as pessoas sinceramente não sabiam o que era para fazer. Para mim, está claro que esse movimento tem que ir pra frente, ser mais abrangente, não pode parar na cidade São Paulo. Queremos um movimento mais forte. 

JOB: Em quê a rádio pode ajudar?
FB: Talvez a gente consiga quebrar preconceitos entre cliente e reparador, porque muitos ainda acham que o mecânico vai enrolar ou passar para trás, porque não conhece carro,  e não é isso. De repente, podemos chegar em um mapeamento que oriente os ouvintes para que consigam diferenciar o prestador de serviço qualificado. O cliente não precisa entender de automóvel, mas, com o mínimo de informações dadas por nós, para ele saber que a oficina oferece o que ele ouviu na rádio.

JOB: A rádio participou da Automec. O que vocês sentiram do setor nesse contato?
FB: Para nós, de certa maneira, foi uma novidade. Nós estamos presos na realidade do dia a dia, embora temos a consciência da importância de tudo isso para o setor. Foi bom saber que a indústria está tão avançada, porque, para nós, tanto em termos de conteúdo como em negócios, é uma janela. Tem tudo a ver com nosso projeto editorial de conscientização. É muito mais sólido colocar gente do setor para falar sobre isso. Conhecer outras realidades, que não são a do tempo real, foi muito bacana. A ideia é crescer nessa parceria.