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Empresa de reparação de para-brisas garante que serviço é quase imperceptível


Presente em 34 países, a Carglass vende equipamentos para o reparador independente que quiser ingressar nesse mercado e o investimento não é tão alto

Por: Vinicius Montoia - 14 de setembro de 2015

Conversamos com Daniel Capeloza, diretor da Carglass do Brasil. O executvo nos contou como é feito o reparo do para-brisa, que exige extrema atenção e cuidado. A Carglass tem 40 lojas espalhadas pelo Brasil e um frota com 70 carros para serviços móveis. A empresa está presente em 34 países e quer provar para os clientes que o conserto, em casos específicos, é mais vantajosa do que a substituição do vidro. Confira:

 

Jornal Oficina Brasil: Como funciona o reparo de vidros mais tecnológicos como, por exemplo, os que tem sensores?

Daniel Capeloza: O reparo em si não muda em nada. O processo foca apenas no local onde houve o impacto. O para-brisa é formado por duas camadas de vidro e por uma de poliuretano no meio. O reparo só é possível quando a primeira camada de vidro é danificada. Se romper o poliuretano não é possível, pois a estrutura foi abalada. Também não fazemos reparo na frente do motorista, por questões de legislação, nem nas bordas, mas nestas por motivo estrutural. Quando se está muito próximo da borda é comum o vidro rachar. Em vidro lateral e traseiro não é possível fazer o reparo porque eles não são suficientemente resistentes para isso. 

 

JOB: Com o reparo é possível garantir a visibilidade original do vidro?

DC: Em geral é quase imperceptível. Nossos estudos apontam que de 60% a 70% das fissuras são causadas por pedrinhas em rodovias.

 

JOB: Qual o limite de extensão para reparo?

DC: A nossa tecnologia permite que trabalhemos com uma fissura que tenha o diâmetro de uma moeda de um real, que é de aproximadamente 2,5 cm. As pessoas encontram no mercado serviços que fazem reparo em áreas maiores, mas a nossa tecnologia não faz porque acreditamos que não há garantia de segurança. Quando o reparo é feito em extensões maiores a chance de acontecer algum problema aumenta. Já no nosso diâmetro isso não acontece. A nossa máquina trabalha da seguinte forma: sucção (a vácuo) para limpeza da fissura, com jato d’água em seguida para limpeza. Aí entra a resina e se cristaliza essa resina com uma luz de laser. Esse processo leva em torno de 15 a 20 minutos.

JOB: A máquina que você citou é fabricada aqui ou de onde é importada? Como o reparador independente pode comprá-la para colocar em sua oficina?

DC: A nossa máquina de reparo é exclusiva e é importada da Inglaterra. Mas existem tecnologias que disponibilizamos para o mercado. Nós oferecemos uma máquina de reparo chamada Bridge. As lojas afiliadas compram vidro da matriz. Esta, por sua vez, recebe vidros importados da Bélgica, Taiwan, Estados Unidos, etc. Oferecemos vidro, revendemos a Bridge e para alguns parceiros específicos oferecemos treinamento. O nosso grupo é britânico e está presente em 34 países. A Carglass tem um centro de tecnologia e desenvolvimento e o nosso fornecedor é da Inglaterra, o Glass Magic. Mas o nosso CT&D não trabalha apenas para desenvolver inovações em reparação, mas para troca: como retirar o para-brisas, como colocar, invenção de melhores ferramentas e tecnologias voltadas para o bem-estar do funcionário – pois trocar vidro é uma ação que exige bastante fisicamente.

 

JOB: Tem treinamento para utilizar esse tipo de produto?

DC: A Bridge vem com um treinamento. Ela é mais manual e exige um pouco mais de preparo do reparador para ser usada do que a que utilizamos em nossas lojas, que é patenteada.

 

JOB: Mas é um manual, não há treinamento com profissionais?

DC: Hoje em dia é possível entrar no YouTube, procurar um vídeo de como utilizar a máquina e é possível, a partir disso, realizar o trabalho. Tem duas partes do reparo que exige bastante do profissional, que é ver o quanto entrou de resina e se a fissura está limpa. É um tanto cirúrgico. Essa parte só é possível de ser alcançada com a prática.

 

JOB: Qual o investimento necessário para que alguém possa se tornar um fornecedor/ reparador de para-brisas?

DC: A máquina custa em torno de R$ 2.000. Uma loja que faça 300 serviços de vidro por mês, que é a média do mercado, além dos serviços, consegue retorno em muito pouco tempo. Nesse cálculo eu não incluí o valor da resina e nem a mão de obra.

 

JOB: Quando falamos de vidros e para-brisas, o mercado brasileiro tem alguma particularidade?

DC: A blindagem é uma peculiaridade do mercado nacional. O reparo na Europa é necessário por conta dos extremos de temperatura, que fazem com que alguma possível trinca chegue a abrir. O frio extremo faz quebrar mais vidro. Nos Estados Unidos eles vêm enfrentando isso, nos últimos dois anos, por tempestades polares. E isso está fazendo com que o número de trocas lá tenha aumentado consideravelmente. Enquanto que o correto é ‘ no Brasil a causa das trincas abrirem é a trepidação.

 

JOB: Além do reparo, quais outros serviços vocês oferecem?

DC: O nosso “carro-chefe” é a substituição de para-brisa, pois nem sempre é possível fazer o reparo. E muitas vezes o próprio cliente opta pela substituição. Apenas cerca de 20% das trincas são reparáveis.

 

JOB: Ainda falta muito para que o reparador convença o cliente de que a recuperação do vidro é mais benéfica do que a substituição, nos casos em que o reparo é possível?

DC: Falta. Essa é uma bandeira que a gente coloca como prioridade. O próprio reparador tem de ver que se ele estimular o reparo o retorno será muito maior. É um caminho mais econômico, mais rápido e mais ecológico. Nós fizemos uma conta e descobrimos que substituímos 800 toneladas de vidro por ano só no Brasil. Parte disso poderia ser poupado pelo reparo. E esse material que nós recebemos é 100% reciclado, por uma empresa terceirizada. Uma das nossas maiores preocupações é com a qualidade dos produtos utilizados: cola, matéria prima, limpeza, etc. Diferentemente de consertar um motor, por exemplo, o reparador tem de ter em mente que o vidro é uma peça que o cliente final vai estar sempre em contato. Essa credibilidade é algo que nós procuramos e que todo o mercado também deveria prezar. O profissional da manutenção pode imaginar que trocar o vidro é melhor do que repará-lo. Mas o impacto que se tem a média e a longo prazo é mais benéfico com o reparo, pois se ganha em tempo, reduz o impacto ambiental, gera um benefício para o cliente que é pagar menos e se ele tiver outro problema depois, após o serviço bem executado, ele virá procurar o mesmo reparador novamente. Então é extremamente importante que a prática do reparo seja adotada, independente do ganho no curto prazo ser maior com a substituição do para-brisa. É nisso que nós acreditamos.

 

JOB: O reparador pode oferecer o serviço de conserto de vidro para qualquer automóvel?

DC: Nós temos clientes que chegam com veículos que têm para-brisa de R$ 2.000, R$ 3.000 que a gente oferece o reparo, que é apenas R$ 120. Teve o caso de um Chevrolet Camaro, cujo o vidro é caro (acima de R$ 2.000), que nós fizemos o reparo e o cliente, depois disso, indicou o serviço para um amigo. No fim, se a necessidade do cliente pode ser contemplada com o reparo, por que não fazê-lo?

 

JOB: Quais serviços são oferecidos nas lojas da Carglass e franquias?

DC: Toda loja tem, pelo menos, duas máquinas de reparo, serviço móvel, troca de lanternas e faróis e substituição de para-brisas.

 

JOB: Como funciona o reparo móvel?

DC: Nós fazemos mais substituição do que reparos. O mesmo serviço que se faz na loja nós fazemos onde o consumidor precisar. Mas o reparador tem de ficar atento ao oferecer esse serviço porque ele exige cuidados a mais. Como: limpeza, iluminação do ambiente e cobertura. Se estiver chovendo, por exemplo, não dá para realizar o serviço. Mas o bom é que a preferência por esse tipo de serviço vem crescendo, principalmente nas grandes cidades.

 

JOB: Há reparo móvel?

DC: Nós temos uma moto que só faz reparo.

 

JOB: A máquina cabe no bagageiro da moto?

DC: A nossa não é tão pequena, mas a Bridge é mais prática, pois com ela não é necessário utilizar outras fontes de energia. Há a opção de utilizar a energia da bateria da moto. E nós não utilizamos a bateria do carro do cliente.

 

JOB: Qual a condição ideal para fazer o reparo?

DC: O vidro tem de estar em torno de 20º a 22ºC. Se estiver muito quente ou muito frio pode trincar. Toda máquina tem um termômetro. Aqui no Brasil o técnico coloca um pano úmido até a temperatura baixar.

 

JOB: Quão mais caro é o serviço móvel? Há cobrança de taxa pelo deslocamento?

DC: Nós temos muitas parcerias com segurados e normalmente é uma cortesia oferecida pela seguradora. Mas é uma taxa que gira em torno de R$ 50.

 

JOB: Em quanto tempo vocês conseguem atender com o móvel?

DC: Nós fazemos atendimento por turnos, manhã e tarde.

 

JOB: Quais são os equipamentos de segurança necessários para o reparador que trabalha com um produto tão perigoso quanto o vidro?

DC: Óculos, luva nitrílica e luva de pano. Esses são os três equipamentos imprescindíveis. O óculos porque se está lidando com vidro, que pode estilhaçar no momento da aspiração; a luva porque toda hora está movimentando o vidro e serve para evitar cortes e a luva nitrílica é por conta dos produtos químicos, um tanto corrosivos, para evitar o contato com a pele. E a bota para evitar cortes nos pés, caso o vidro venha a cair. Tudo o que se mexe com automóvel há risco envolvido.

 

JOB: Quais expectativas para 2015?

DC: Continuar sendo produtivos e investir na qualificação de pessoas. E, principalmente, evitar desperdício.

 

JOB: Para o reparador interessado em expandir seus negócios e diversificá-los, quais são as exigências para ter uma filial da Carglass?

DC: Existem critérios mínimos que façam com que o empreendedor alcance a qualidade que nós queremos. Um dos critérios é conhecer o reparo e promovê-lo. Ações básicas para manter a higiene, pois a limpeza do vidro é muito importante. Se você não limpa bem o vidro, a cola pode não grudar direito no momento da substituição. Isso gera infiltração e até problemas maiores. Se o vidro não estiver bem colocado e acontecer uma batida que acione os airbags, as bolsas podem não abrir. E, claro, materiais de segurança para o trabalhador. Além disso, tem de ter experiência no ramo.