Notícias
Vídeos

Curso Superior de Tecnologia e Sistemas Automotivos tem sua primeira turma formada


A primeira turma do curso superior será formada até o final do ano e as indústrias aprovam sua importância para o setor da reparação automotiva

Por: Fabrício Rezende - 10 de novembro de 2014

Alunos se profissionalizando para atender às necessidades do mercado de trabalho no setor automotivoComo sabemos o reparador independente lida hoje com diversas tecnologias e equipamentos de última geração, é fundamental o conhecimento para que o profissional consiga desempenhar melhor suas funções no meio automotivo.
 
O setor da reparação automotiva foi mudando ao longo do tempo, o conhecimento precisou seguir junto com estas mudanças, porém não aconteceu no primeiro momento, ocasionando assim uma falta de pessoas qualificadas para o setor.
Diante disso foi imprescindível a criação de um curso superior para prover ao profissional reparador conhecimento técnico das atividades do ramo e mostrar às novas ferramentas tecnológicas que o mercado já oferece.

Para atualizar e capacitar o profissional o SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) São Paulo desenvolveu o curso superior de Tecnologia em Sistemas Automotivos, tornando-se a primeira faculdade voltada à reparação de veículos.
A escola Conde José Vicente de Azevedo (SENAI Ipiranga) foi a escolhida para ministrar o curso que foi iniciado em 2012 e que estará formando até o fim do ano seus primeiros alunos, que chegarão ao mercado de trabalho mais habilitados e atualizados.

O corpo docente do curso é composto por 10 professores mestres e 11 professores especialistas, este perfil do corpo docente tem sido um diferencial para a formação.

Para entendermos melhor como funciona este curso superior de seis semestres, conversamos com o Professor Fábio Rocha Silveira, diretor da escola SENAI, o aluno Hélio Salvador, o presidente do Sindirepa, Antonio Fiola e algumas montadoras sobre a importância desta formação superior no ramo.

Iniciativa
A ideia inicial para a implantação do curso surgiu por intermédio de uma parceria entre SENAI, Ministério da Educação Nacional da França e a empresa PSA Peugeot Citroën.

A profissão do reparador está evoluindo ao longo do tempo, com o advento da injeção eletrônica esta evolução acelerou ainda mais, a chegada de novas marcas e veículos mais tecnológicos, a manutenção pós-venda ficou complexa com o passar do tempo, tudo isso foi determinante para a criação do curso.

Para atender às necessidades do mercado, o SENAI, junto com o Sindirepa (Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo) e o Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores), desenvolveram uma pesquisa de mercado definindo assim a constituição de um Comitê Técnico Setorial para definir o perfil profissional e quais suas carências de conhecimento.

“O SENAI realizou uma pesquisa de mercado junto às Empresas da Cadeia Automotiva e Entidades do Setor, incluindo o Sindirepa e o Sindipeças,  que apontou para a necessidade desse tipo de formação profissional e o passo seguinte foi a constituição de um Comitê Técnico Setorial composto por aproximadamente 30 representantes de empresas da cadeia automotiva, incluindo montadoras, fabricantes de autopeças, equipamentos e sindicatos.”, informou o Professor Fábio Rocha, diretor do SENAI Ipiranga.

Fazer a pós-graduação em Tecnologia em Sistemas Automotivos deve ser a continuação natural dos reparadoresO Curso
O aluno aprende a desenvolver soluções dinâmicas e administrar os processos de pós-venda e manutenção em veículos, sempre de acordo com normas técnicas, ambientais, tendo em vista a segurança no trabalho e a qualidade do serviço, buscando atender às expectativas do cliente.

“O projeto pedagógico do curso está estruturado com base nas competências indicadas no perfil profissional do Tecnólogo em Sistemas Automotivos. Em linhas gerais esse profissional é formado para administrar os processos de pós-venda.”, completa Prof. Fábio Rocha.

O SENAI Ipiranga conta com instalações atualizadas por meio de parcerias com as principais montadoras, com laboratórios de controle dimensional, hidráulica, pneumática, metalografia, eletrônica embarcada e ensaios dinamométricos. A biblioteca da faculdade também possui toda bibliográfica recomendada para o curso.

Segundo o Prof. Fábio Rocha, o aluno aprende fazendo. “Existem aulas teóricas para o aprendizado dos conceitos e das tecnologias e também aulas práticas em oficinas e laboratórios em que são realizados trabalhos práticos em situações similares às encontradas no mundo da reparação.”.

Para Antonio Fiola, presidente do Sindirepa-SP e Sindirepa Nacional, a evolução tecnológica dos veículos requer cada vez mais conhecimento técnico, e a formação vêm ao encontro do aprimoramento do trabalho de reparação, junto com a lei Alvarenga. “A lei Alvarenga, que entra em vigor em janeiro de 2015 e tem como objetivo regulamentar a abertura e funcionamento das oficinas no Estado de São Paulo, tem entre vários requisitos a presença do responsável operacional e o tecnólogo preenche essa necessidade. Inclusive, o curso de tecnólogo representa uma conquista para o setor de reparação.”, completa.

Antonio Fiola tem bastante relacionamento com a escola SENAI Ipiranga e contribui de maneira importante para a concepção do curso. “Mantemos um relacionamento forte com o SENAI, permitindo estabelecer aprimoramento nos cursos. Todo esse trabalho contribuiu de alguma forma para a criação de curso de tecnólogo, além também de levar o pleito do setor para elaboração da certificação voluntária do mecânico que será elaborada pelo SENAI Nacional, e terá como base a norma de capacitação expedida pela ABNT - NBR 15.681 de 2009 – Qualificação de Manutenção do Mecânico.”.

O seu estreitamento com a escola se deve a ser ex-aluno e sabe a importância da instituição para a profissão. “Faço questão de participar das formaturas dos alunos todos os anos”, completa Antonio Fiola.

Mão de obra
Ainda para Antonio Fiola o setor passa por uma carência, já que antigamente os jovens eram fascinados por automóveis, o que levava a uma manutenção preventiva natural dos veículos, porém hoje os jovens não têm tanto interesse em mecânica automotiva, o que dificulta a renovação de equipes, aumentando a carência de mão de obra no setor.

O aluno do último semestre do curso, Hélio Salvador, diz que a formação de tecnólogo o ajuda no aprendizado teórico e prático sobre o automóvel e suas tecnologias. “Possuo uma bagagem de 31 anos lidando com carros, 4 anos numa montadora e 27 anos como proprietário de uma oficina, muitos problemas não sabia como surgiam, hoje com o curso tenho o conhecimento para diagnosticar, auxiliar e reparar. O curso me ensinou e ajudou a enriquecer meus conhecimentos, dando competência para gerir, acompanhar tecnicamente qualquer assunto referente a automóvel, gestão de RH e gestão de negócios.”.

Esta declaração de Hélio é importante para o setor, que passa por uma fase complicada com a falta de mão de obra qualificada, Hélio ainda informa que o seu conhecimento não ficará só no curso superior, “Quero fazer pós-graduação ou na área administrativa ou em motores (pós que o SENAI está iniciando)e fazer um curso de inglês”. Esta preocupação demonstra a necessidade que o mercado está atravessando, se profissionalizar cada vez mais.

“O tecnólogo é um profissional apto a contribuir com competência e grande conhecimento teórico aliado à prática, assim sendo podemos atuar em vários setores da cadeia automotiva desde montadoras, fábricas de autopeças, área de treinamento e setor de pós-vendas, ajudando com ideias e soluções.”, completa Hélio Salvador.

Situações similares às encontradas no mundo da reparação são propostas pelo cursoVisão das montadoras
Para as principais montadoras o curso dá respaldo a uma antiga solicitação de uma mão de obra mais qualificada, o profissional formado no Curso Superior de Tecnologia em Sistemas Automotivos deve terminar sua formação com embasamento e atualização para desempenhar qualquer atividade no setor de pós-vendas automotivo e a chancela do SENAI cria a credibilidade que as montadoras destacam.

Para a Ford o curso superior é importante para o setor. “Trata-se de uma ação inovadora que propicia a formação de profissionais cada vez mais capacitados para atuarem no Pós-Vendas. Com a estruturação de um curso como este, com o respaldo técnico do Senai, tenho total convicção que tanto os profissionais, como os empresários e os consumidores saem ganhando.”, completa Joaquim Arruda Pereira, Gerente de Pós-Venda da Ford.

A Citroën destaca que o curso pode ajudar o setor, que é carente de profissionais qualificados. “Um Curso Superior de Tecnologia em Sistemas Automotivos é de extrema importância tendo em vista a escassez de profissionais qualificados para realizarem operações de Supervisão e Gestão de Pós-Venda dentro das concessionárias. No mercado há grande quantidade de Gestores de Pós-Venda sem uma formação superior, extremamente focados na resolução de problemas superficiais mas muitas vezes seria necessária uma visão macro, buscando a satisfação do cliente e a rentabilidade do negócio de Pós-Venda de forma perene. Um profissional com curso Superior é capaz de introduzir metodologias de sucesso no setor de Pós-Venda de uma concessionária, melhorando assim o seu desempenho.”, informa Raoni Huenuman, setor de Marketing de Peças e acessórios da Citroën.

Já a Mitsubishi aponta o avanço que o SENAI dá com este suporte educacional ao setor. “Entendo que é um grande avanço no setor educacional do SENAI promover essa formação para o setor de pós-venda. A MITSUBISHI MOTORS tem uma preocupação muito grande na formação dos profissionais que trabalham na rede e montadora e recebemos com muito entusiasmo a notícia desse curso. A grade curricular desse Curso Superior de Tecnologia em Sistemas Automotivos vai proporcionar uma formação mais completa no gerenciamento dos processos da Concessionária para os profissionais do pós-vendas, garantindo melhores resultados de sustentabilidade e produtividade do setor e, acima de tudo, a satisfação e retenção dos Clientes.”.

Mercado 
Na visão do mercado de trabalho as montadoras dizem que a formação propõe uma grande área de atuação para o profissional, desde montadoras, indústrias de autopeças, concessionárias, distribuidoras de autopeças, frotistas, oficinas independentes, entre outros. “O Pós-Vendas hoje, mais do que nunca, é uma ferramenta de fidelização dos prestadores de serviços em todos os setores da indústria.”, indica Joaquim Pereira, Gerente de Pós-Venda da Ford.

Mesma indicação faz Edmilson Briotto, Gerente Geral da Formação Rede – PSA – Peugeot Citroën, “Nas oficinas de reparação com grande volume de entrada o profissional com essa formação pode atuar como Gerente de Serviço ou Chefe de Oficina. Nas concessionárias seu campo de atuação é um pouco mais amplo, adaptando-se facilmente como Gerente de Pós-Venda, Supervisor de Oficina, Controlador de Qualidade de Serviço ou até mesmo Programador de Serviços. Já na indústria automotiva seu domínio permite uma atuação ainda maior como Técnico de Atendimento no Campo, Instrutor de Treinamento Técnico para a Rede, Consultor de Qualidade de Serviço na Rede, Analista de Garantia, Coordenador de Desenvolvimento de Acessórios, Técnico de Montagem de Protótipos, Analista de Testes de Rodagem, etc.”. 

Futuro 
O SENAI vai formar neste segundo semestre de 2014 a primeira turma do Curso Superior de Tecnologia em Sistemas Automotivos e já há um projeto para implantação do primeiro curso de Pós-graduação na área de Motores de Combustão Interna.

“Para elaboração do projeto pedagógico desse curso também contamos com a colaboração das principais empresas da cadeia automotiva. Em breve ofertaremos esse curso também, que representa mais uma oportunidade para os profissionais que queiram se especializar e buscar o seu crescimento profissional.”, observa Prof. Fábio Rocha, Diretor do SENAI Ipiranga.

Uma dúvida bastante comum ao profissional da reparação é a diferenciação entre o curso superior com o de técnico, “Curso Superior tem o objetivo de formar profissionais para administrar os processos de pós-venda, conduzir a manutenção em sistemas automotivos orientando as equipes e também para desenvolver soluções tecnológicas para o pós-venda. No processo de formação do Tecnólogo em Sistemas Automotivos, os alunos aprendem a lidar com situações de maior complexidade tanto no campo tecnológico quanto na área de gestão. O Curso Técnico em Manutenção Automotiva é um curso de Nível Médio que tem o objetivo de formar profissional para realizar a manutenção e inspeção de sistemas automotivos, participar da gestão dos recursos utilizados nos processos produtivos e de manutenção.”, explica o Prof. Fábio Rocha.