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A certificação é um investimento


Este ano, o IQA – Instituto da Qualidade Automotiva comemorou 15 anos de atividades com balanço positivo do setor como um todo. No aftermarket, porém, ainda há muito a caminhar, desde a certificação dos produtos (autopeças), aos serviços oferecidos por empresas de reparação, varejo e distribuição

Por: Alexandre Akashi - 13 de dezembro de 2010

Mas o importante é que cada vez mais os empresários do setor têm se conscientizado da importância da qualidade como forma de fidelizar o cliente. E, neste sentido, o IQA tem representado um importante papel para toda a sociedade, ao oferecer ferramentas que auxiliam a medir o quanto uma empresa ou produto pode ser ainda melhor e/ou mais eficiente.

Para comemorar estes primeiros 15 anos, o IQA realizou jantar com as principais lideranças da indústria automotiva, com participação do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, que foi homenageado pelo esforço a favor do incremento do setor.

Em entrevista concedida com exclusividade ao jornal Oficina Brasil, o presidente da diretoria executiva do IQA, Marcio Migues, conta os planos para os próximos 15 anos, além de fazer um balanço destes primeiros 15 anos do instituto.

Responsável pelo IQA desde 1999, o engenheiro Marcio Migues tem extenso currículo no setor automotivo brasileiro, e foi recentemente indicado para compor a equipe de especialistas membros da Academia Brasileira da Qualidade (ABQ), organização sem fins lucrativos que está em processo de formação com a missão de contribuir para o desenvolvimento teórico e prático da excelência na gestão da qualidade.

Jornal Oficina Brasil – O IQA completou 15 anos. Qual balanço você faz desse período na evolução da industria automotiva?
Marcio Migues – O IQA é uma jóia rara por ser suportada por todas as entidades do setor automotivo. Ela é de todos, desenvolveu as atividades no setor automotivo com ética e seriedade. Fazemos um trabalho extremamente imparcial e hoje somos uma entidade que norteia a qualidade. Nestes 15 anos, nos tornamos um órgão de fomento com nossos cursos, publicações, certificação e manuais. Somos uma entidade que fomenta a qualidade no país.

JOB – O IQA também tem um papel importante no aftermarket. De que forma isso é trabalhado?
MM – Começamos com as retíficas de motores e depois abrimos para todo tipo de serviços em oficinas independentes e as autorizadas das montadoras. Hoje, toda a rede de concessionárias Fiat e Volkswagen é certificada pelo IQA. Nessa área também temos dezenas de oficinas independentes e também centros automotivos, como os da Bosch. A certificação das oficinas de concessionárias é compulsória (uma exigência da marca) e da rede independente é voluntária.

JOB – A certificação para a oficina ainda é algo que precisa ser desmistificado ou após os 15 anos já é algo que já é entendido com mais facilidade?
MM – A certificação para este público é voluntária, ou seja, não é imposta como no caso das concessionárias. Assim, as oficinas independentes certificadas pelo IQA ganham credibilidade com o cliente, pois tem a certificação de uma instituição séria, de terceira parte, imparcial. Quando ela coloca o logotipo do IQA na oficina é porque um organismo credenciado pelo INMETRO foi lá e constatou que ela tem boas condições e presta bons serviços, com a garantia de satisfazer os clientes. O sucesso de qualquer negócio é a apresentação do bom serviço. A melhor propaganda é o boca a boca, que indica para o amigo, para o vizinho. A certificação hoje cumpre esse papel e consegue que o cliente fale: “Vai lá que lá é bom”. A certificação não é um custo, é um investimento que torna a empresa mais capacitada.

JOB
– Como assim?
MM – Com a certificação, conseguimos aumentar o nível da consciência das oficinas, inclusive sob o aspecto da preservação do meio ambiente, pois mostramos a importância de lidar corretamente com os dejetos e com a perturbação ambiental que uma oficina pode ocasionar, com os fluidos automotivos (óleo motor, freio, transmissão etc.), que não podem parar no esgoto, a utilização da peça de boa procedência e qualidade.

JOB - Por falar em peças, o IQA também trabalha com certificação de autopeças, das lojas de autopeças?
MM – Sim, pois o vendedor de autopeças (varejo ou distribuidor) tem responsabilidade sobre os produtos que compra e vende. Uma oficina certificada busca uma loja certificada. Isso é natural. O uso de peças piratas é um problema sério.

JOB – A melhor saída é a certificação compulsória dos componentes como um todo? Como chegar a esse nível de exigência mais elevada?
MM – Em 1995, quando o instituto foi criado, havia uma demanda para regulamentar as autopeças. A legislação brasileira definia a certificação de marca e conformidade obrigatória para todas as peças de automóveis, a começar pelos pneus, depois todo o sistema de suspensão e tudo aquilo que é segurança e funcional, mas essa legislação parou no pneu.

JOB – Como fazer para aumentar a quantidade de autopeças certificadas? Isso é inclusive uma forma de combate à pirataria, certo?
MM – Sim, uma boa notícia é que nessa última gestão conseguimos fazer com que o programa de certificação compulsória de produtos automotivos acabasse voltando, claro que com um esforço muito grande do Sindipeças, da Anfavea e de outras entidades que dão suporte ao IQA.  Os dados vão entrar como compulsória, já temos alguns itens de freio, e daqui 3 ou 4 anos vamos ter mais itens.

JOB
– Qual o caminho para se certificar um produto?
MM – Preparar uma certificação não é fácil, porque precisamos preparar primeiro a regulamentação, e só se tem a regulamentação se tiver uma norma técnica. Para isso contamos com o CB 05 (Comitê Brasileiro da ABNT para o setor automotivo), para que ele faça as normas ou adotar alguma como referência.

JOB – O que esperar dos próximos 15 anos em termos de qualidade dos produtos e serviços do mercado automotivo?
MM – Primeiro, o Brasil precisa urgentemente de um processo de certificação de marcas e conformidade para coibir a pirataria e as peças que podem ser importadas, porque a importação aqui no Brasil é aberta e ela não tem inscrição técnica. Temos que ter essa inscrição técnica para todos os produtos de marca e conformidade, para tudo o que é importado, para ter o mesmo fator de competitividade. Com isso nós vamos proteger o consumidor brasileiro.  (Colaborou: Bruna Paranhos)