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Hyundai HB20 1.0: sucesso de vendas no segmento de entrada, modelo enfrenta o desafio do aftermarket


Apesar da garantia de fábrica de 5 anos, modelo lançado em 2012 já frequenta as oficinas independentes, e os reparadores relatam o que viram até o momento

Por: Jorge Matsushima - 23 de maio de 2016

A marca Hyundai no Brasil vem se consolidando como uma marca de sucesso e prestígio, e se transformou em objeto de desejo de muitos consumidores nos últimos anos. Mas o que passa despercebido por uma boa parcela do mercado, é de que existem duas operações distintas atuando no mercado brasileiro com a marca Hyundai, e por incrível que pareça, cada uma com uma unidade fabril própria e rede concessionária dedicada!

A operação Hyundai Motor Brasil é a própria filial da montadora coreana, e sua planta industrial foi inaugurada em 2011, na cidade paulista de Piracicaba-SP (foto 1). De sua linha de montagem, saem exclusivamente os modelos da família HB20, lançado em outubro de 2012, e que já alcançou a respeitável marca de 500.000 unidades produzidas em agosto de 2015.

A rede concessionária segue o padrão mundial Hyundai, caracterizado pelo pórtico azul na entrada do show room, e uma logomarca e nome da montadora sobre fundo azul. Porém, existe uma identificação adicional na fachada da loja com as letras HMB, de Hyundai Motor Brasil, seguido do nome da concessionária, e uma tarja verde e amarela (foto 2). Nessas revendas com a identificação HMB, são vendidas somente os modelos HB20, e na seção de peças são vendidas apenas peças de reposição para esta família de veículos.

Já a outra operação em atividade no mercado brasileiro é comandada pelo Grupo CAOA, que continua atuante como importador exclusivo da marca Hyundai para modelos como o Azera, New i30, Elantra e Santa Fé. Além da importação, o grupo conta com uma unidade fabril localizada na cidade de Anápolis GO, onde produz os modelos Tucson e Ix35, além dos comercias leves HR e HD78. A rede concessionária CAOA/Hyundai segue o padrão mundial de identificação visual da montadora, mas não ostenta as iniciais HMB, portanto, não oferecem o modelo HB20 em suas lojas.

Por esta razão, quando o reparador necessitar peças de reposição para modelos Hyundai, deve procurar a rede concessionária correspondente, ou seja, HMB (Hyundai Motor Brasil) para peças do HB20, e CAOA/Hyundai para peças dos demais modelos.

E falando no HB20, que apesar da extensa garantia de fábrica de 5 anos, onde teoricamente todos os modelos produzidos em Piracicaba ainda estariam cobertos pela garantia de fábrica, o fato é que, seguindo o tradicional comportamento de mercado, boa parte desta frota já está migrando para as oficinas independentes, e para avaliar como este badalado compacto tem se saído no aftermarket, convidamos 3 oficinas cadastrados no Guia de Oficinas Brasil, e os entrevistados que colaboraram com esta matéria são: 

Gilberto do Nascimento (foto 3), 29 anos, 7 anos no segmento automotivo. Antes, foi agricultor, e depois trabalhou em churrascaria, até decidir investir em uma carreira mais técnica, começando com um curso de mecânica de autos no Senai, e depois nunca mais parou de estudar e se atualizar. Na empresa Monobloco Centro Automotivo, localizada na cidade de Piracicaba SP, começou há 2 anos, e chegou para implementar os serviços de manutenção mecânica, e hoje é o chefe da Oficina.

Carlos Eduardo Kremer (foto 4), 30 anos, engenheiro mecânico e empresário, 12 anos no setor, e sócio proprietário do Centro Automotivo 3011, localizado no tradicional bairro da Móoca, em São Paulo SP. Fundado há 3 anos, é uma empresa diferenciada e comprometida com a sustentabilidade, com aproveitamento da água de chuva, sistema de decantação para separação de resíduos, coleta seletiva, iluminação natural com telhas translúcidas e lâmpadas de led. 

Eliel Romero (foto 5 esq.), 55 anos, empresário e reparador, 38 anos de ofício, proprietário da Romero Serviços Automotivos, empresa que nasceu em 1973 na cidade de Caieiras na região metropolitana de SP. A oficina era do tio, que passou para o Sr. Eliel, que por sua vez já está passando gradativamente o comando para o seu filho, Rafael Romero (foto 5 centro), 25 anos, administrador de empresas, que desde os 15 anos já atua na empresa, e representa a quarta geração da família no negócio. Participou também da avaliação o experiente reparador Arlindo Oliveira da Silva (foto 5 dir.), 50 anos, e 30 anos no segmento automotivo, onde começou como eletricista, e hoje atua em várias especialidades. Trabalha com a família Romero há 3 anos.

PRIMEIRAS IMPRESSÕES

O HB20 trouxe para o segmento de entrada, o bem-sucedido conceito de design da Hyundai, baseado na escultura fluida (foto 6), inspirada na natureza, e que transmite modernidade, dinamismo e sofisticação. Com pequenas atualizações na versão 2016, continua agradando uma parcela significativa dos consumidores brasileiros.

Carlos, que tem 1,94m de altura, elogia o conforto dos bancos e espaço disponível para o motorista, e comenta: “a parte dianteira acomoda bem pessoas altas como eu, e daqui consigo encontrar a regulagem ideal para posicionar o volante, e tenho espaço adequado para a cabeça e para as pernas.

Os instrumentos e os comandos ficam bem à vista, nada fica escondido. O acabamento é de boa qualidade, e o interior tem design limpo, prático e funcional.”

Gilberto aprova o bonito desenho do carro, mas se preocupa com um detalhe: “na parte interna acredito que algumas peças do acabamento, feitas em plástico rígido, vão se desgastar com o tempo, gerando ruídos e pecar na aparência. O painel de instrumentos por exemplo, já faz um barulhinho, e pode piorar com o tempo, mas em compensação, os bancos e carpetes utilizam material de boa qualidade. A visibilidade para todos os lados e pelos retrovisores é bem satisfatória (foto 7).” 

Rafael gostou da atualização estética feita no hatch coreano e fabricado no Brasil, e comenta: “deram uma modernizada no visual e o carro ficou muito bonito. Internamente, para uma versão de entrada, o carro é bem completo e conta com muitos recursos, como os controles de som e telefone no volante, ar condicionado, blue tooth e rádio com USB.”

DIRIGINDO O HB20

Gilberto elogia o bom desempenho e comenta: “o carro responde muito bem comparado aos concorrentes. A vibração que passa para a carroceria é típica destes motores de 3 cilindros, que vieram para ficar, pois superam em torque, potência e economia os motores de 4 cilindros. E eu já estou estudado bastante a tecnologia dos motores 1.0 3 cilindros turbo, que além da evolução, agrega novos conceitos e exige novos conhecimentos.” 

Rafael também aprova o desempenho e compara: “aparentemente o motor está mais forte, pois peguei ladeiras íngremes onde costumamos fazer os testes de percurso, e ele subiu de segunda marcha com muita tranquilidade. Mesmo com o ar condicionado ligado, o desempenho é bom, pois ele conta com o sistema inteligente que desacopla o compressor quando o motor é mais exigido.”

Carlos avalia a concepção técnica do motor Kappa 1.0 e observa: “estes motores da nova geração são bem interessantes. Leves, compactos e com tecnologia evoluída, como o uso do duplo comando de válvulas variável, e o resultado é uma ‘pegada’ muito legal para um motor 1.0 aspirado, com um bom torque que gera boas respostas nas saídas, acelerações e retomadas rápidas e consistentes. E o que me chama a atenção é que o motor vibra pouco para uma versão 3 cilindros, e o carro fica muito gostoso de dirigir. Faltou apenas uma injeção direta, pois aí sim, ele ficaria mais econômico e com respostas ainda melhores.” 

A suspensão é outro item que surpreendeu positivamente os reparadores, e Carlos comenta: “a dianteira continua um pouco baixa, e o parachoque raspa no chão, principalmente nas valetas e saídas de garagem. Mas a parte traseira, que costumava bater no final de curso com muita facilidade, agora não acontece mais. Provavelmente eles recalibraram a suspensão, e o carro ganhou em conforto, pois o anterior era mais duro.” 

Gilberto e Rafael endossam essa percepção e avaliam: “a suspensão é macia, absorve bem as imperfeições do piso, e não transfere as vibrações para o volante, gerando muito conforto para os ocupantes. Parece bem robusta e cumpre bem a sua função. Na estrada é firme e mantém o carro bem estável, com uma boa aderência nas curvas.”

Gilberto aprovou a atuação dos freios, e relata: “em uma simulação de frenagem de emergência, o ABS/EBD funcionou muito bem, e parou o carro com eficiência, sem desvio de trajetória e evitando o travamento das rodas.”

Carlos avalia mais alguns itens: “a troca de marchas é suave e precisa, uma característica da Hyundai. Mas o pedal da embreagem tem um curso muito longo, que dificulta a localização do ponto de contato, e às vezes o carro dá um ‘mancada’ na saída porque a gente soltou a embreagem fora do ponto ideal. Leva um tempo para se adaptar. A direção é bem leve, apesar de ser hidráulica. Ela é progressiva e vai ficando mais firme à media que aumenta a velocidade, e isso é bom porque transmite segurança, e você sente o carro sempre à mão.”

E Carlos resume bem a percepção dos entrevistados ao dirigirem o HB20 1.0: “É um carro urbano muito bem resolvido, compacto, fácil de estacionar, muito ágil no trânsito, e com um consumo que vale a pena. Gostei dele, e ficou acima da minha expectativa.” 

No PBE, Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular do Inmetro, o HB20 1.0 mantém a classificação “A”, que o coloca entre os mais econômicos da categoria:

HB20 1.0 Comfort 

Km/l Cidade Estrada

Gasolina 12,5 14,1

Etanol 8,5 9,9

MOTOR KAPPA 1.0 12V DOHC CVVT FLEX

Além da boa performance, os motores compactos de 3 cilindros geram um benefício adicional na questão da reparabilidade, e os técnicos comemoram os amplos espaços e acessos livres para os principais procedimentos de manutenção. Em busca de eficiência energética, a Hyundai anunciou importantes melhorias no propulsor Kappa 1.0 (foto 8), incluindo a adoção de velas com eletrodos de iridium, e pistões e anéis de vedação foram retrabalhados para reduzir o atrito interno, evitando o atropelamento das válvulas em situações de sobregiro.

Gilberto observa e anota: “visualmente observo que não há marcas de vazamentos, o que mostra a qualidade na montagem. Além de perder peso, os motores 3 cilindros melhoram a distribuição de espaços no compartimento do motor (foto 9). A troca do filtro de ar, injetores, velas e bobinas (do tipo caneta) será muito tranquila, sem a necessidade de desmontar outros componentes. Para a troca da correia de acessórios e do tensionador, temos muito espaço, e o reabastecimento de fluido da direção hidráulica e líquido de arrefecimento também são bem acessíveis (foto 10). Gostei também do sistema de captação do ar (frontal), que procura o ar mais frio, o que melhora o desempenho do motor. De negativo, a presença do antiquado reservatório de gasolina para o sistema de partida a frio.”

Carlos avalia que devido ao amplo espaço livre disponível, na manutenção do motor, os tempos de reparo serão inferiores em relação ao motor de 4 cilindros (1.6), principalmente na troca da correia de acessórios, e comenta: “a troca dos itens de revisão como filtros, componentes de injeção, ignição e filtros está bem tranquilo. O coxim lateral ficou mais “parrudo”, e o comando acionado por corrente é de longa durabilidade, e em condições normais só vai ser trocado acima dos 100.000 km. Para o sistema de ar condicionado, os pontos de
manutenção também estão próximos e bem acessíveis. O corpo de borboleta também está posicionado mais alto (foto 11), muito fácil para testar ou limpar, e a válvula termostática também.”

Na parte de baixo do motor, Carlos constata: “hoje em dia não se usa mais o protetor de cárter, primeiro por questões de peso, e segundo por questões de segurança, pois em caso de colisão frontal, o sistema de fixação do terem de força é projetado para empurrar o conjunto para baixo, protegendo os pés dos ocupantes da frente. Por esta razão temos uma melhor ventilação, e a parte de manutenção fica bem favorecida. A troca de óleo e filtro de óleo é muito fácil, mas o filtro ainda é do tipo metálico (foto 12). Para o futuro, seria interessante reposicioná-lo e trocar pelo modelo refil, mais ecológico.”

Eliel e Rafael complementam as observações: “o sistema de arrefecimento e do ar condicionado tem um ótimo acesso (foto 13), e somente para a remoção do radiador, talvez seja necessário retirar o parachoque dianteiro. 

A troca dos sensores pré-catalisador e pós catalisador (foto 14) também são bem tranquilas. Até hoje as manutenções periódicas efetuadas aqui na Romero nos modelos HB20 foram muito tranquilas e sem dificuldade.”

TRANSMISSÃO E DIREÇÃO

Eliel e Rafael já fizeram a troca de uma embreagem de um HB20 que estava com 140.000 km, mas era o modelo com motor 4 cilindros (1.6). E eles comentam: “a troca foi muito tranquila e rápida, sem segredos. Aqui com o motor 3 cilindros, o acesso ao conjunto câmbio e embreagem é melhor ainda (foto 15), e parece que nem precisa soltar o subchassi (agregado), bastando soltar o coxim. Porém, se precisar soltar o agregado, são apenas 4 parafusos e a peça é bem leve e compacta. Outro componentes que ficou com o acesso excelente é o atuador da embreagem, que agora é externo (foto 16), o que facilita muito a sua substituição.”

Gilberto observa: “a direção ainda é hidráulica, o que gera alguma demanda de manutenção e reparo, ao contrário da direção com assistência elétrica. O acesso é fácil removendo o agregado.”

Carlos complementa as observações: “os semi-eixos são bem longos e utilizam tulipa e trizeta no lado da caixa (foto 17), que são mais resistentes.

FREIOS, SUSPENSÃO E DIREÇÃO

A suspensão dianteira (foto 18) é independente, do tipo Mc Pherson com barra estabilizadora, e a suspensão traseira (foto 19) é semi-independente com eixo de torção. Os feios utilizam discos dianteiros ventilados e traseiros a tambor, e são gerenciados pelo sistema ABS/EBD.

Por unanimidade, todos os entrevistados relatam a simplicidade, facilidade e rapidez nas rotinas de manutenção da suspensão e sistema de freios, incluindo a inspeção dos componentes eletrônicos do sistema ABS/EBD.

Eles apontam por exemplo a facilidade de remoção do amortecedor traseiro, que é fixado externamente por dois parafusos (foto 20), o que simplifica e agiliza a substituição deste componente. O amortecedor dianteiro também dispensa a remoção de coberturas para acessar a parte superior (foto 21).

Carlos comenta um caso interessante: “nós já atendemos um cliente que teve problemas de ruído na suspensão traseira, e que a concessionária não tinha conseguido resolver. Após alguns testes e diagnósticos, nós detectamos que o problema estava no engate de fixação dos bancos traseiros, e assim eliminamos o incômodo barulho.” 

Rafael registra que o HB20 não apresenta problemas de suspensão apontados pelos clientes, ao contrário por exemplo de clientes da Tucson, que reclamam muito do famoso “barulho na pastilha do lado direito”, que quase ninguém consegue tirar. Carlos concorda, e acrescenta que esta versão do HB20 eliminou aquela batida de final de curso na traseira, que acontecia com bastante frequência.

Gilberto aprova a facilidade de troca de componentes como buchas, bieletas, terminais e pivôs, que são prensados na bandeja, e podem ser substituídos separadamente. Gilberto elogia a estrutura da carroceria, que aparenta solidez com as longarinas reforçadas, e que certamente aumentam a resistência à torção. 

Pela parte de baixo, é possível detectar também discretos defletores de ar na frente das rodas, que ajudam a diminuir a turbulência, melhorando o coeficiente de arrasto aerodinâmico, o que se traduz em economia de combustível. Outro componente que contribui para a economia de combustível, é o uso de pneus verdes, com menor resistência à rolagem.

ELÉTRICA

Gilberto comemora o posicionamento do alternador (foto 22), que facilita a rotina de diagnóstico e manutenção. 

Segundo a Hyundai, o sistema de recarga é gerenciado eletronicamente e foi aprimorado, privilegiando situações de baixa carga no motor - como ocorre nas frenagens - para recarregar a bateria.

Eliel aprova o posicionamento do motor de arranque, melhor que em muitos carros.

Carlos registra que a troca de bateria, lâmpadas do farol e sinalização (foto 23), fusíveis e relés (fotos 24 e 25) é bem tranquila, sem dificuldades, pois não há necessidade de remoção de muitos componentes. 

OUTROS ITENS

Gilberto demonstra a facilidade para substituir o filtro de cabine (foto 26), sem a necessidade de retorcer o elemento, e que fica localizado atrás do porta luvas 

Carlos aponta a facilidade de troca do canister e filtro de combustível, bem posicionado e próximo do tanque de combustível e protegido por uma capa.

Arlindo mostra a tampa de acesso (foto 27), sob o assento do banco traseiro, para eventual troca da bomba de combustível fixada na parte superior do tanque de combustível.

Rafael relata um caso interessante de reparo feito no sistema de exaustão: “recentemente precisamos substituir a malha metálica do cano de escapamento de um HB20, mas a peça era vendida somente na concessionária, e vinha junto com o catalisador. Então compramos uma peça universal no mercado paralelo, e adaptamos, substituindo somente a malha e utilizando solda mig. O serviço ficou muito bem feito, e bem mais em conta para o cliente. Aqui no motor 3 cilindros temos uma boa notícia, pois a malha é separada do catalisador por uma flange (foto 28), o que vai facilitar a manutenção.”

INFORMAÇÕES TÉCNICAS

Até o momento, os profissionais entrevistados não enfrentaram maiores problemas para executar manutenções ou reparos nos modelos HB20, mas fazem importantes observações sobre a necessidade de informações técnicas:

Gilberto: “o que a gente precisa, são informações básicas como esquema elétrico, tabela de torques de aperto, códigos de falhas e diagramas de montagem e sincronismo. Felizmente algumas montadoras já estão trabalhando muito bem essa parte, e isso é muito importante para o mercado de reparação, e para os clientes. Apesar de hoje em dia ser mais fácil conseguir informações, principalmente na internet, muitas vezes a gente fica um tempão apanhando e caçando informações corretas sobre um carro, e na verdade isso não deveria acontecer. Eu por exemplo tenho dúvidas se os motores 3 cilindros tem algum tipo de limitação na parte de retífica, pois tenho relato de retíficas que já tiveram problemas com este tipo de motor. Se a montadora disponibilizasse a informação correta, evitaria muitas dores de cabeça para os reparadores e clientes da marca.”

Carlos: “como nós trabalhamos muito com veículos importados, e compramos preferencialmente peças genuínas, a concessionária acaba repassando algumas informações necessárias sobre a aplicação de um determinado componente. Mas se for uma informação mais técnica, como um diagrama por exemplo, aí eles não passam. Algumas montadoras ainda cometem esta falha, mas deveriam rever isso. Já evoluímos muito neste sentido, com as principais montadoras abrindo o acesso às informações e treinamento, mas é preciso mais. Vamos ver agora o comportamento da HMB, porque os carros que eles venderam lá no início, já estão nas oficinas independentes, que precisam de peças e informações corretas e confiáveis”

Eliel: “as montadoras finalmente estão acordando para a realidade do mercado, pois enquanto elas mantem uma única concessionária em nossa cidade, existem pelo menos umas 50 oficinas em torno dela, e somos nós reparadores que decidimos qual peça será aplicada no veículo do cliente. Se eles, montadora e concessionária buscarem parceria, ótimo, todos saem ganhando. Mas se a montadora não se preocupar com isso, com o tempo é a imagem do produto dela que pode ficar compometida no mercado.”

Rafael: “por enquanto na questão de informações técnicas, acesso a catálogo de peças on line e treinamentos, a atuação da Hyundai Motor Brasil é zero. A gente observa que boa parte dos clientes ficam no máximo um ano, ou até a revisão dos 30.000 km na concessionária. Depois disso, ou ele troca por um novo, e vende o carro, ou vai para o reparador independente. E quem compra um HB20 usado, nem lembra da garantia de 5 anos e já vai para a oficina. No Brasil, acho muito difícil alguém conseguir manter a garantia de 5 anos, fazendo todas as revisões na concessionária. Por isso a parceria com os reparadores independentes faz todo o sentido, pois a montadora pode disponibilizar informações técnicas aos reparadores, e fornecer peças genuínas durante toda a vida útil do carro. Isto acaba favorecendo o cliente final que roda com o HB20.”

PEÇAS DE REPOSIÇÃO

Sobre peças de reposição, os reparadores são cautelosos pelo breve histórico de manutenções, mas já registram importantes observações: 

Gilberto: “há um tempo atrás, ouvimos falar na internet que havia problemas de falta de peças para o HB20, e alguns colegas que atuam na área de funilaria e pintura, reclamam sobre a demora na entrega de alguns itens. Aqui na Monobloco, para os modelos HB20 que atendemos até o momento, só trocamos pneus, óleo, filtros, e fizemos alinhamento técnico. No geral, nosso mix de compra de peças fica em 50% no Distribuidor (preço com qualidade original); 30% no varejo (logística e compras avulsas) e 20% na concessionária (qualidade em componentes específicos).

Carlos: “aqui na 3011 (Centro Automotivo), peças Hyundai só compramos genuínas, pela questão da garantia, qualidade e durabilidade. São raras as vezes que compramos no paralelo (mesmo com qualidade original), e até mesmo os preços em alguns itens ficam bem próximos. As peças que envolvem manutenção básicas do HB20 já são encontradas no mercado paralelo, mas o restante, só na concessionária. As peças de alto giro, eles costumam ter tudo à pronta entrega com preços competitivos. Para as peças de menor giro, levam, de quatro a cinco dias para a entrega quando tem no estoque da fábrica, e de 25 a 30 dias quando depende de importação, o que é um grande problema. Com a alta do dólar, houve um reajuste no preço das peças, mas isso aconteceu com todas as marcas, e as nossas margens despencaram. Em relação à HMB (Hyundai Motor Brasil), pelo fato do HB20 ser fabricado aqui no Brasil, seria muito bom que eles acordassem para o grande mercado que nós reparadores independentes representamos. Na nossa empresa, o mix de compra de peças fica em 80% nas concessionárias, 10% no Distribuidor e 10% no varejo. 

Rafael: “pastilhas, discos de freio e filtros, nós já encontramos no mercado paralelo com qualidade original. O kit de embreagem que trocamos em um  HB20 com 140.000 km, nós compramos na concessionária. Na época eles tinham à pronta entrega, e a condição comercial foi bem razoável. Se eles oferecerem uma condição diferenciada para os reparadores, com certeza terão a nossa preferência, pois pelas consultas que fizemos até o momento, as peças genuínas HMB podem ser competitivas no mercado. Basta eles melhorarem um pouco as condições para nós reparadores. Aqui na Romero, nosso mix de compra de peças fica em 60% nas concessionárias; 30% no Distribuidor e 10% no Varejo. Nosso foco é sempre conseguir peças com qualidade original (genuína ou linha de montagem) pelo melhor preço. 

RECOMENDAÇÃO

Muitas pessoas que compraram, ou pensam em comprar um HB20 (foto 29), certamente já consultou o seu reparador de confiança. Veja o que nossos entrevistados dizem a respeito:

Gilberto: “aqui em Piracicaba, terra do HB 20, já tem bastante pessoas rodando com ele, e eu mesmo já recebi muitas consultas a respeito, e recomendo a compra pois é um carro que até aqui se mostrou confiável, e tecnicamente é bem resolvido. Os nossos clientes que compraram o HB20, mesmo durante o período da garantia de 5 anos, acabam passando aqui para trocar pneus, alinhar, trocar o óleo do motor, filtros e itens de manutenção básica.”

Carlos: “aqui na 3011 (Centro Automotivo), nós temos cadastrados uns 8 clientes com HB20, mas da geração anterior. A maioria traz para eliminar ruídos de um modo geral, e executar serviços de manutenção preventiva como freios, pneus, suspensão, óleo e filtros. O motor em si não apresenta muitos problemas. São mais problemas de acabamento, pois tem muitas partes em plástico, que vão cedendo com o tempo, provocando ruídos. A instalação de acessórios, retoques na pintura e polimento, também tem boa frequência. Mas de mecânica mesmo ele quase não tem problema, e temos clientes rodando tranquilamente com HB20 marcando mais de 100.000 km, mas claro, sempre fazendo as revisões periódica conosco. Resumindo, é um carro prático e tecnicamente muito bem resolvido. Quem procura um carro de entrada, mas de nível superior, vai ficar bem satisfeito, e nós o atenderemos sem maiores problemas.”

Rafael: “este carro eu recomendo, e algumas pessoas já compraram baseados na nossa indicação. Embora seja fabricado no Brasil, muitos acham que ele é importado, pois ele tem as mesmas linhas dos carros maiores da Hyundai como o Azera, o Elantra e o novo i30. Como pudemos ver na prática, não teremos maiores dificuldades para efetuar a manutenção básica destes modelos, e isso é muito importante para o nosso cliente, pois é isso que ele quer se certificar antes de decidir pela compra.”

CONCLUSÂO

Apesar de teoricamente todos HB20 produzidos ainda estarem na garantia de 5 anos, percebe-se que a rede independente já atende uma boa parcela dessa frota. Por enquanto os reparadores dão conta do recado, mesmo sem o suporte da montadora. Com o envelhecimento gradativo destes carros, e a transferência para outros proprietários, crescem as probabilidades de ocorrências de problemas decorrentes de desgaste, fadiga, mau uso, falta de manutenção adequada, entre outros fatores. E nesse momento, o consumidor confia e sabe que pode contar com o reparador independente. Resta saber qual a postura que a HMB (Hyundai Motor Brasil) adotará perante estes clientes que optam pelo pós-venda na oficina independente: oferecer suporte técnico e política comercial de peças diferenciada para o reparador, ou simplesmente ignorar este mercado, e assumir as consequências? 

O tempo dirá!