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Não estou bem...me leva na concessionária!


Esta edição da GAAS contou com uma novidade, pois a AAIA (Automotive Aftermarket Industry Association) organizadora do evento, decidiu juntar a agenda o “E-Forum” exclusivamente dedicado aos acontecimentos “digitais”, que estão impactando na tecnologia embarcada dos veículos, comércio de peças e modelos de negócios da reposição em geral.

Por: Cassio Hervé - 15 de junho de 2013

Como faço todo mês de maio, me desloco para Chicago para participar do GAAS (Global Automotive Symposium) que aconteceu entre os dias 21 e 23. Esta edição contou com uma novidade, pois a AAIA (Automotive Aftermarket Industry Association) organizadora do evento, decidiu juntar a agenda o “E-Forum” exclusivamente dedicado aos acontecimentos “digitais”, que estão impactando na tecnologia embarcada dos veículos, comércio de peças e modelos de negócios da reposição em geral.

Enriquecido pela união dos dois simpósios, o conteúdo deste ano foi extremamente relevante e nestes três dias de palestras foi possível avaliar em profundidade - com muitos dados&fatos reunidos por profissionais de alto nível - boa parte das ameaças e oportunidades, que assolam a indústria de reparação nos EUA onde uma parcela delas certamente atingirá o mercado brasileiro.

Porém, um tema gerou especial atenção e praticamente monopolizou as conversas nos intervalos de “net working”. O assunto “da vez” foi “Telematics” que por falta de um termo “oficial” em nossa industria, por enquanto vou chamar de “telemetria”.

Pois a “tal” telemetria já embarcada em veículos das marcas Ford, Hyundai (já com intensa campanha na mídia nos EUA), entre outras, permite que todas as informações da ECU (Engine Control Unit) do motor do veículo sejam enviadas por sinal de satélite para a fábrica, que as analisa e monitora em tempo real.

Em caso de uma falha (às vezes até de forma preventiva, ou seja, um problema que está para ocorrer) a mesma é detectada pelo sistema de diagnose e por meio de sinais sonoros, voz e mensagens de texto o motorista é avisado e esclarecido, sobre eventual urgência. O próprio carro já coloca a disposição do motorista uma conexão via telefone ou e-mail com a concessionária mais próxima (indicada por GPS) para agendamento do serviço. Ressaltando o fato de que o concessionário quando atender ao chamado deste cliente, ou avaliar o e-mail, já terá na tela do seu computador o que a ECU está “falando”!

O que deixou o pessoal do aftermarket independente de cabelo em pé, é que o sistema ou este novo “carro falante” só indica na hora da manutenção a rede de concessionárias da montadora (o que é óbvio e justo, pois tal evolução, em favor do dono destes carros falantes, é fruto de investimentos da montadora que, por outro lado, deixa a turma “independente” de fora desta “festa”).

Se do ponto de vista do dono do carro esta tecnologia é extremamente útil e confere tranquilidade e segurança, para as oficinas independentes (e consequentemente o mercado de reposição como um todo) é uma verdadeira bomba, pois os próprios carros vão dizer a seus donos que os levem à concessionária!

Tal realidade tecnológica é uma ameaça, que permite a rede das montadoras “roubar” serviços dos independentes. Neste cenário de desafio para a audiência do simpósio, quem “salvou a pátria” foi a Presidente da Delphi-Aftermarket, nossa querida conterrânea Lucia Veiga Moretti, ao dirigir uma ótima noticia para a preocupada plateia.

Lucia Moretti em seu painel, além de discorrer sobre a industria da reparação independente como um todo, apresentou um equipamento, desenvolvido na engenharia de sua empresa, que realiza a telemetria, com os mesmos parâmetros das montadoras, porém pode ser adaptado em qualquer veiculo, de qualquer marca (estamos preparando para a edição de julho uma ampla matéria sobre este tema, aguarde).

“Já que os carros estão falando, que indiquem também nossas oficinas independentes afinal esta pode ser a preferência de seus donos!” concluiu Lucia Moretti em sua brilhante apresentação e que arrancou entusiasmados aplausos da plateia.

Esta novidade apresenta uma saída concreta para que o mercado de reparação independente não assita passivamente o futuro crescimento dos serviços nas concessionárias simplesmente por que não mais o dono, mas os próprios veículos passem a decidir a hora e o lugar onde será realizada a manutenção.

Para tornar sua apresentação ainda mais contundente e ilustrativa, Lucia Moretti simulou no palco o atendimento remoto, via telemetria (com o sistema Delphi é claro!), de seu próprio carro (um Lexus) com um reparador independente de sua confiança. Um show!

Boa leitura!