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Estado mínimo é igual a Empreendedorismo máximo


Lembro que na olimpíada de Moscou (1980) comecei a tomar contato com as palavras comunismo e socialismo e na tentativa de explicar algo tão complexo para uma criança e em tempos ainda turbulentos (a Anistia – ampla, geral e irrestrita – acabara de ser aprovada), meus pais me disseram que lá na União Soviética tudo era de todos e que todos tinham as mesmas coisas: roupas, bicicletas, casas, etc.

Por: Marcelo Gabriel - 13 de abril de 2016

Lembro que na olimpíada de Moscou (1980) comecei a tomar contato com as palavras comunismo e socialismo e na tentativa de explicar algo tão complexo para uma criança e em tempos ainda turbulentos (a Anistia – ampla, geral e irrestrita – acabara de ser aprovada), meus pais me disseram que lá na União Soviética tudo era de todos e que todos tinham as mesmas coisas: roupas, bicicletas, casas, etc.

Uma explicação que me fazia pensar: se tudo é de todos e todos têm as mesmas coisas, qual é a graça? Naquela época o legal era adaptar a bicicleta para fazê-la diferente, era ir na casa do amigo que tinha autorama brincar (nem todo mundo tinha tudo e as coisas não eram de todo mundo), economizar dinheiro para comprar uma carteira de “nylon emborrachada” da OP (uma das marcas da época) e depois não ter dinheiro para pôr dentro, ou seja, viver o oposto daquela União Soviética da olimpíada de 1980.

Ficou provado, anos depois, que o modelo soviético fora um total fracasso, que o “tudo é de todos” e “o todos têm tudo” que me explicaram só funcionava no discurso, que uma extremada burocracia estatal leva inexoravelmente à corrupção e que a lógica de que todos são iguais perante a Lei mas alguns são mais iguais que os outros atingiu seu ápice nas terras de Tolstói.

E o Brasil? Bem, o Brasil teve em Vargas um populismo assistencialista (era chamado de “O Pai dos Pobres”) e ao regulamentar as relações de trabalho criou um conjunto de leis (a famosa CLT – Consolidação das Leis do Trabalho, de 1943) que, sob a alegação de proteger o trabalhador, criou uma das muitas barreiras instransponíveis em busca de nossa competitividade.

Precisamos, e precisamos disso urgentemente, de um Estado mínimo. De um Estado que deixe o espírito animal dos empreendedores livre para prosperar, que não coloque barreiras, restrições, amarras sob uma pretensa justiça social. Justiça social é remunerar de forma justa quem trabalha e dar condições para que os negócios floresçam com competitividade, e possam buscar mercados de “gente grande”, não cenários de consumo montados a fórceps com distribuição de bolsas, bônus, vales e outras políticas de distribuição de renda que sufocam o setor produtivo e sugam nossa capacidade empreendedora.

Você que tem uma oficina e tem que matar “um leão por dia” para sobreviver, imagine um mundo do trabalho em que as condições de salário, férias, seguro saúde e seguro de vida fossem negociadas individualmente e pudessem ser alteradas em função de um bom (ou mau) desempenho do seu funcionário, em que as obrigações trabalhistas não inviabilizassem a expansão ou redefinição do seu negócio, que as demissões não fizessem você perder o sono à noite, em que competência fosse sinônimo de competitividade.

Seguramente, num modelo como esse, você poderia passar mais tempo pensando em como melhorar sua rentabilidade, expandir seus negócios, inovar em produtos e serviços, e o mais desafiador de todos os pontos: seus concorrentes estariam fazendo o mesmo.

Nada de ser mal atendido por funcionários malemolentes que se escudam atrás de seguro-desemprego, fundo de garantia e outras benesses que não saem dos próprios bolsos. Se hoje um atendimento ruim já compromete um negócio, num ambiente de alta competitividade e livre concorrência e com os funcionários sendo responsabilizados por suas atitudes de fato, todos ganharíamos: empresas, funcionários, clientes e a sociedade, num verdadeiro ciclo virtuoso de geração de valor e crescimento econômico e financeiro, empreendedorismo máximo num Estado mínimo.

Marcelo Gabriel - Diretor