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Na edição anterior apresentei à desmontagem e diagnóstico do motor de partida do Volkswagen Fusca, que tem o princípio de funcionamento idêntico a grande massa de veículos circulantes no Brasil.
Assim partimos para a segunda parte desta matéria em que mostraremos mais testes e diagnósticos. Na p´roxima edição encerraremos o assunto, com montagem completa do componente e teste do motor de partida (sem o automático estar instalado).
Diagnóstico das buchas de apoio
Devemos observar as marcas de arranhados na carcaça externa do induzido. Se houver marcas no lado do coletor, a bucha da tampa deverá ser trocada. Se houver marcas no lado do Bendix, a bucha do câmbio deverá ser trocada. (Isso na linha Volkswagen, que não utiliza o chamado “focinho”, ou seja, a própria caixa seca serve de mancal/apoio para o induzido). Lembre-se de levar o induzido consigo ao comprar as novas buchas.
1 – Substituição da bobina de campo
A bobina de campo deve ser trocada se apresentar funcionamento irregular ou falta de isolamento com a carcaça (peça em curto-circuito). Ao realizar o serviço, deve-se observar a seta impressa na carcaça externa do motor de partida, pois ela determinará o sentido de giro do induzido (partida).
Dica: Ao comprá-la leve a carcaça junto para efeito de comparação, pois há risco de comprar a bobina incorreta, o que pode ocasionar o sentido de giro do induzido para o lado errado após a montagem.
Com o auxílio de uma “prensa sapata”, deve-se remover a bobina de campo da carcaça externa, porém, antes de iniciar o processo, coloque o induzido dentro da carcaça, para evitar empenamento.
Para soltar os parafusos externos da carcaça (no formato fenda), aperte (gire) a alavanca do mandril (o “T” superior) até o total aperto. Obs: O induzido deverá girar sempre livremente.
Com o pino comprido de aço que acompanha a prensa sapata no ato da compra, afrouxe somente o mandril.
Dica: Solte apenas ¼ de volta. Em seguida alivie mais ¼ de volta a alavanca superior em “T” da prensa sapata. Tenha paciência, pois o torque de aperto é extremamente alto e exige certo esforço físico por parte do reparador. Nunca utilize chave de impacto para soltar estes parafusos, o que poderia ocasionar danos irreversíveis ao conjunto. Dica: O próximo parafuso a ser solto deverá ser obrigatoriamente o do lado oposto, ou seja, a 180° do primeiro.
Após conseguir aliviar o torque em todos os parafusos fenda da carcaça, faça o procedimento da mesma maneira, sucessivamente, podendo até mesmo soltar cerca de quatro voltas completas por vez (ao invés de apenas ¼ de volta). Quando o mandril ficar difícil de ser girado, solte o “T” superior, a fim de oferecer curso para a subida do parafuso.
Curiosidade: As sapatas possuem o aço 1010/1020 (conhecido como aço doce), de baixo teor de carbono em sua composição. Isso ocorre para que a peça não fique energizada ou imantada após o término de cada partida (corte da alimentação elétrica no motor de partida após o motor a combustão de o veículo entrar em funcionamento). Com esta composição metálica, não há como existir sobras de energia remanescente, condição esta a desejada.
Ao removê-las, faça a limpeza com o auxílio da escova do esmeril, para que a possível ferrugem acumulada com os anos de uso, não entre em contato com a carcaça externa, o que ocasionaria o chamado “curto em massa”. Faça a limpeza interna também da carcaça, com o auxílio de uma lixa n° 120 (lixa de ferro).
Dica: No momento da montagem, encoste todos os parafusos fenda que fixam as sapatas na carcaça externa, devagar, um pouco por vez. Isso permitirá o assentamento da bobina de campo, principalmente nos casos das recondicionadas, que nem sempre possuem perfeita uniformidade da parte isolante.
Muita atenção também com motores de partida mais usados (que receberam manutenção pelo menos uma vez antes), pois nestes casos o cônico de assentamento dos parafusos na própria carcaça poderá estar gasto, a permitir o avanço excessivo do já citado parafuso em direção ao induzido, o que ocasionaria sérios danos ao conjunto.
Sempre posicione a carcaça externa com os dizeres impressos “para cima”. Em seguida coloque a nova bobina de campo dentro, com os rabichos alinhados com o rasgo (guia) da carcaça.
2 – Substituição das escovas (carvãozinho)
Nunca corte a escova muito próxima a bobina de campo, principalmente se ela for produzida em alumínio. (O rabicho pode ser produzido também com cobre).
Com o auxílio de um alicate, corte a escova com uma distância mínima de 25mm (1 dedo) em relação ao “pé” da bobina de campo.
Antes de posicionar a escova nova e soldá-la, faça o seguinte procedimento: Descasque um fio de cobre e utilize apenas cinco fiapos pequenos (de comprimento aproximado 50 mm / 5 cm). Em seguida posicione a nova escova (que acompanha um pequeno rabicho) ao lado do que restou do antigo rabicho. Agora sim, use os fiapos para enrolar e fazer a união de ambos.
Aperte firmemente com o auxílio de um alicate de bico fino as pontas dos fiapos de cobre. Este procedimento permitirá uma superior flexibilidade ao rabicho, além da necessidade do uso de pouca solda (uma gota de estanho apenas).
Dica: É aconselhável a utilização de um ferro de solda do tipo profissional. Ele deverá estar bem aquecido no momento da soldagem, de modo que o estanho permaneça brilhante após a secagem. Se ficar fosca, a solda não possuirá a mesma potência de união.
3 – Baixar a mica (isolante)
Com o auxílio de uma serrinha de corte (utilizada em arcos de serra), afie as laterais em um esmeril de modo que o serrilhado permaneça, a permitir a perfeita limpeza do coletor que está fixo ao induzido.
O reparador deverá aplicar força moderada nas mãos, para que a serra não avance excessivamente em direção aos rasgos do coletor, o que poderá ocasionar curto-circuito.
Após a limpeza dos rasgos, utilize uma lixa de número 120 (ferro) para a limpeza do coletor.
Caso seja necessária a troca do calço do induzido, utilize duas chaves de fenda para o destravamento e remoção. Alguns induzidos novos não acompanham este calço. Logo o antigo deverá ser aproveitado.
4 – Substituição das buchas (tampa traseira e coletor)
Com o auxílio de um caninho de mesma espessura da bucha e de um martelo, aplique leves golpes até a completa remoção. Lembre-se de levar consigo o induzido ao comprar as novas buchas. Em seguida aplique leves golpes com o martelo em cima da nova bucha, até a total penetração na tampa.
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