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A oficina independente Astro Diesel Bosch Car Service, especializada em bombas injetoras, bicos injetores e turbinas na linha diesel, está há 30 anos neste segmento atendendo caminhões de frotas de empresas e foi quem nos recebeu para acompanhar o procedimento de manutenção. O reparador Leandro Aguilera é o chefe de oficina há 13 anos e foi quem acompanhou a realização do conserto.
Na oficina estava um caminhão Volkswagen 18-310 com motor IFC 8.0l seis cilindros turbinado de 310cv com sistema de alimentação à bomba injetora tipo P, onde este apresentou um problema que infelizmente é comum, devido à baixa qualidade de nossos combustíveis e, principalmente, a pouca fiscalização nos dias de hoje. “O caminhão chegou até a oficina com contaminação no combustível, e era tão forte que causou oxidação dos componentes internos do sistema de alimentação de combustível. Em alguns casos, os veículos nem conseguem mais funcionar e chegam até nós no guincho, mas neste caso um aditivo adicionado no tanque permitiu que chegasse até a oficina andando, pelo menos”, disse Leandro.
Quando questionado sobre a alta quilometragem do veículo, ele informou que não há quilometragem média para que os caminhões comecem a aparecer nas oficinas. “Varia de acordo com a tecnologia de injeção. Por exemplo, os mais novos que possuem sistema de injeção common-rail só frequentam oficinas para manutenção após os 100.000km. Geralmente os reparos dizem respeito à emissão de fumaça em excesso e perda de potência”, explica Leandro, que também contou que já recebeu ônibus com 20.000km rodados. “Com baixa quilometragem, já resolvi defeitos onde, na montagem da carroceria, é comum esta em sua fixação prender tubulações de diesel, cortar chicote elétrico, entre outras falhas”, acrescentou.
Sobre a faixa de ano dos veículos que frequentam a Astro, o reparador comentou que estão entre 2005 e 2010, com maior frequência dos modelos Volkswagen e Ford. Perguntamos sobre a disponibilidade de informações técnicas para reparar estes modelos e Leandro contou que por trabalhar em uma oficina Bosch, recebe material técnico informativo para realizar manutenções, o que facilita o trabalho dele e da equipe.
CORRETIVA OU PREVENTIVA?
Um importante fator de que sempre deve ser levado em conta na manutenção de veículos não somente da linha leve, mas principalmente na linha de pesados, é o tipo de manutenção aplicada, pois garante a segurança da utilização do veículo. Sobre tal tema, Leandro foi enfático: “a grande maioria dos clientes ainda permanece na cultura de manutenção corretiva, exceção feita às empresas de grande porte que por sua vez possuem uma grande frota. Estas têm a consciência do quão importante é a manutenção preventiva, reduzindo inclusive o custo de manutenções futuras”.
Sobre a rotina do tipo de manutenção mais comum aplicada em sua oficina, o reparador Leandro quantificou: “Se fossemos equalizar, seria uns 70% de corretivas e os 30% restante de preventiva, apenas. Isso é muito pouco”.
VW 18-310 AVARIADO
Segundo Leandro, para realizar a manutenção deste tipo de defeito devemos:
1) Remover a bomba injetora para limpeza, e regulagem; (Foto 3)
2) Remover os bicos injetores, limpá-los e conferir pressão e vazão dos mesmos; (Foto 4)
3) Aplicar banho de níquel, principalmente na parte interna do tubo;
4) Limpar dutos de alimentação de combustível com produto químico específico para esta função; (Fotos 5 e 6)
5) Testar e montar conjunto. (Fotos 7 e 8)
Leandro ainda complementa: “geralmente nestes casos quando temos combustível contaminado, costumo retirar o tanque e realizar limpeza completa também”.
PONTO DA BOMBA P
Para realizarmos tal procedimento, segundo o reparador Leandro, é preciso:
1) Travar o motor em PMS;
2) Remover a bomba injetora;
3) Em bancada, colocar a início de injeção da bomba em 16°. (Foto 9)
Segundo ele, se os parâmetros adotados estiverem fora disso os defeitos que poderão ocorrer são:
1) Motor não pegar;
2) Se motor pegar, pode haver fumaça branca;
3) Falhas no motor.
SANGRIA DA BOMBA
Outra etapa importante é a sangria desta bomba a fim de eliminar as bolhas presentes no sistema de combustível. Para tal, Leandro ensina: “devemos ir até a bomba alimentadora mecânica que fica presente no bloco do motor e soltar o parafuso de entrada de combustível da bomba injetora (Foto 10). Em seguida, devemos bombear na bomba auxiliar até verificar a inexistência de bolhas. Após esta etapa basta apertar o parafuso de entrada e efetuar o mesmo procedimento no parafuso de retorno da bomba”.
“Findada esta etapa é um sinal de que a câmara está repleta de combustível, portanto, pode dar partida. A partida do motor demorará cerca de vinte segundos porque o combustível terá de percorrer todo o caminho até o bico injetor, mas o motor deve funcionar”.
DEFEITOS RECORRENTES
Sobre os defeitos mais comuns apresentados por caminhões da linha Volkswagen, o reparador comentou: “O defeito mais comum nestes modelos está relacionado a parte elétrica, onde vemos com frequência chicotes interrompidos, terminais oxidados ou muito abertos, e também notamos que os chicotes quebram geralmente à dois palmos do módulo, que ao meu ver, é um defeito de fábrica”.
“Quando comparado a outros da modelo da própria VW não vejo grandes diferenças deste 18-310 para os demais, pois possui manutenção bem semelhante. A única ressalva fica a respeito de veículos mais antigos que por possuírem motores com uma tecnologia ultrapassada, fica difícil regulá-los para que sejam aprovados na Inspeção Veicular Ambiental”, acrescentou Leandro.
Ainda dentro da experiência que o reparador possui com a marca, o mesmo respondeu: “Gosto de realizar manutenção nestes caminhões, é fácil de trabalhar e tem manutenção simples”.
INFORMAÇÕES TÉCNICAS
Referente a este tema que é o “calcanhar de Aquiles” da reparação automotiva, o reparador Leandro comentou: “Como somos uma especializada da Bosch, eles nos oferecem muitos cursos porém, quando eles não possuem algum, nós fazemos treinamentos no SENAI, consultamos a enciclopédia do Dr. IE, estudamos apostilas de manutenção, ou seja, temos que nos virar para conseguirmos a informação que precisamos”.
Leandro ainda completou: “As montadoras não nos oferecem informações técnicas para realizarmos nosso trabalho, seja em um canal direto ou através de concessionárias. Não somos atendidos quanto a duvidas, assim, se precisamos de algo, temos que recorrer muitas vezes a outros reparadores conhecidos que tenham alguma experiência na área em que precisamos, inclusive no Fórum do site Oficina Brasil”.
“Quando nós gostamos do que fazemos, estudamos continuamente e possuímos equipamentos adequados para a realização de um reparo, não há dificuldade que impeça qualquer reparador de encontrar a solução que necessita”, disse Leandro.
DISPONIBILIDADE DE PEÇAS
“Hoje em dia não temos grandes dificuldades de comprar peças, exceto veículos mais antigos que já não estão mais no mercado. Por exemplo, peças eletrônicas, elementos internos de bomba e os demais, são difíceis de achar nos antigos, agora,suportes de fixação e outros elementos de chapas, acabamos tendo que nós mesmo fazer”, finalizou Leandro.