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Outro dia, ao passar pela banca de jornais, li uma manchete em uma revista especializada em automóveis que me chamou atenção: Carro chinês você ainda vai ter um! Ao ler a matéria, a primeira surpresa foi a legenda em destaque, com a foto do presidente da Districar, Abdul Ibramo: “Só crescerá no Brasil a marca que investir no pós-venda”.
Li com atenção a análise de mercado que a editora Ana Flávia Furlan fez e tenho de concordar com tudo que ela escreveu. Os veículos que começam a desembarcar agora no Brasil, oriundos da China, têm muitos atrativos para conquistar o consumidor e isso vai mexer com o nosso mercado.
Os chineses compram tecnologia aos montes, principalmente neste momento de crise dos mercados norte-americano e europeu. Fortaleceram a indústria automotiva e vão ganhar o mundo, enquanto nós, aqui no Brasil, nos orgulhamos da Petrobras, da Embraer e ficamos à míngua quando o assunto é montadora de automóveis.
Sim, temos Fiat (italiana), Volkswagen (alemã), Ford e General Motors (ambas norte-americanas) instaladas, há mais de 50 anos, e já atraímos fábricas de outras marcas, japonesas e francesas. Mas, e a brasileira?
A tentativa mais duradoura foi frustrada e enterrada pela pressão imposta da concorrência que se sentiu ameaçada. Claro, naquela época, concorrente bom era concorrente falido. E, o governo abraçou a ideia, porque só pensou nele mesmo...
Hoje vemos a invasão chinesa que mesmo produzindo veículos com tecnologia defasada, está a nossa frente, pois carro brasileiro mesmo, não existe.
O último Salão do Automóvel, realizado em outubro, em São Paulo, foi uma mostra da força da indústria automotiva chinesa: nada menos do que nove marcas em exposição. E poderia ser mais, porque lá eles produzem carros como quem monta um computador... Você vai lá, escolhe os modelos que quer e eles entregam o produto montado, com a sua marca. Seu único trabalho é montar a rede de concessionárias e os trâmites burocráticos de importação!
Esta é a nossa realidade hoje. Somos o quarto maior mercado mundial de consumo de automóveis e não temos uma única montadora 100% nacional, enquanto países como França, Alemanha, Japão, Reino Unido, e até a Coréia têm. E a China nos ensina uma lição. A de que é possível.
Neste campo, da engenharia automotiva, temos excelentes profissionais, muita cultura e criatividade, principalmente no setor da reparação. Tanto, que é na oficina que nasce algumas melhorias que os projetistas deixam escapar, muitas vezes por conta da pressa em colocar o veículo no mercado.
O avanço dos carros chineses colocará novamente os reparadores em prova, pois quem sabe o que vem pela frente? Com certeza, a grande maioria destes veículos não está preparada para nossas vias e os componentes de suspensão deverão ser os mais afetados.
Então só resta esperar. E, se a previsão da editora Ana Flávia Furlan estiver correta, os reparadores também precisam se preparar para atender a esta nova demanda de veículos, que, por enquanto, são de qualidade duvidosa, mas com excelente custo de aquisição.