Alexandre Akashi
Numa bela manhã de domingo, dois senhores aposentados se encontram casualmente em uma banca de jornais, em um bairro de classe média, quando um deles comenta:
- Você já reparou como o ambiente das oficinas mecânicas mudou? Agora é tudo limpinho, o chão brilha e a pessoa que vem te atender veste um avental branco, impecável. Parece até um doutor!
- É, como um doutor!, repete o interlocutor. – Só faltou o estetoscópio.
O diálogo é real e foi testemunhado por um colega, dono de oficina, que me contou o episódio na semana seguinte. A conversa chamou atenção dele, e minha também. Foi por acaso que ele estava lá, naquela banca. Mas a conversa que ouviu o fez pensar: “Os clientes já perceberam que os tempos mudaram”.
É. Eis ai o sinal dos novos tempos. Para quem ainda pensa que o dono do carro é um ignorante, e que não percebe valor na forma como é atendido, precisa se atualizar. O interessante é que o diálogo foi entre pessoas mais experientes, e não jovens acostumados a um novo modelo.
Eram senhores aposentados, que já viveram outras épocas e comentavam a mudança. Pois, então! Oficina limpa, mecânicos vestidos como doutores... esta é a nova realidade das oficinas e, quem não se adaptar a este novo modelo, será ponto fora da curva.
Mas não é preciso ser radical. O chão não precisa brilhar, basta estar limpo, e a oficina, organizada. O avental não precisa ser branco, pode ser azul, cinza, mas tem de estar em ordem, em sintonia com o ambiente.
Porém, chamou atenção o comparativo do reparador com o profissional da saúde, o doutor. É assim que o consumidor enxerga o mecânico de hoje, como uma pessoa que sabe fazer um diagnóstico, identificar um problema, e receitar uma solução, uma cura.
O automóvel moderno é complexo, é equipado com componentes que exigem capacidade de raciocínio para ser avaliado, diagnosticado, e o reparador precisa estar preparado para isso, e não apenas para trocar peças defeituosas.
Na cidade de São Paulo, com a inspeção veicular ambiental, o dono do carro já percebe quem é quem na reparação automotiva. Descobriu uma maneira de identificar aqueles que resolvem problemas dos que oferecem soluções paliativas, tapam o sol com a peneira.
Isso é bom para o setor, pois tende a nivelar por alto os profissionais da reparação, pois para parecer um doutor, é preciso ter conhecimento de um, conhecer o automóvel, os conceitos básicos de como ele funciona, para, assim, identificar os defeitos e encontrar as soluções.
A cada dia, as montadoras têm adotado mais recursos tecnológicos para melhorar o controle do funcionamento da máquina que faz as rodas girar, com objetivo de aumentar a performance e o desempenho, reduzir emissões de gases e aumentar o conforto.
Por isso, a cada oportunidade que tiver, atualize-se. Mas não se esqueça dos fundamentos básicos que fazem um motor funcionar: a pressão e vazão do combustível, o vácuo (quantidade de ar aspirado pelo motor) e a tensão da bateria.
Qualquer alteração destes valores podem mudar o tempo de injeção e prejudicar o funcionamento do veículo, resultando em maior consumo e falhas muitas vezes erroneamente identificadas como problema de módulo.