A Rede PitStop pretende criar vínculos entre fabricantes de autopeças, distribuidores, varejistas e reparadores, em modelo de rede inédito no País
Tendo o Grupo Comolatti como grande apoiador, a Rede PitStop ensaia os primeiros passos de um projeto que promete revolucionar o conceito de rede de serviços automotivos no País.
De forma simplificada, trata-se da união corporativa de três elos da cadeia produtiva do aftermarket automotivo (reparação, varejo e distribuição) em torno de uma única identidade visual, a Rede PitStop, com objetivo de fortalecer as empresas que participam do grupo, para torná-las mais competitivas.
No papel, o projeto está muito bem desenhado, mas, na prática, quais serão as vantagens para o reparador? Segundo o diretor de Marketing e Novos Negócios da Rede PitStop, Humberto Branco, existem quatro benefícios fundamentais: a possibilidade de fazer parte de uma rede estruturada e com uma marca forte, o acesso a peças de qualidade, maior facilidade a informação e também às novas tecnologias de equipamentos.
Benefícios
De fato, ter a chancela de uma marca forte no mercado é um atrativo para fomentar a credibilidade da oficina. Afinal, ser endossado por uma corporação multinacional é uma vantagem competitiva, pois o consumidor vê valor nisso.
No entanto, resta uma dúvida: haverá custo? Nem tudo é de graça, claro. Porém, pode valer a pena. Trata-se de um investimento, afinal a oficina terá de acompanhar a identidade visual da marca e, no mínimo, reformar a fachada. Outros investimentos poderão ser necessários, e esta avaliação será feita caso a caso, segundo Branco. “Nossa ideia não é ganhar dinheiro com padrão visual”, afirma, lembrando que haverá apoio para os investimentos necessários.
Outro benefício, e talvez o que traga valor de imediato para o reparador, é o acesso a peças e componentes. Branco afirma que as oficinas poderão ter vantagens exclusivas junto aos varejistas na aquisição de peças, tal como preferência de compra e entrega, descontos e participação em promoções especiais orientadas pela distribuidora.
Aqui, mais uma dúvida: haverá cotas mínimas de compra? A resposta, segundo Branco, é não. “O varejista e o reparador são livres para comprar de quem achar melhor”, afirma. “Claro que se ele negociar com os parceiros da Rede terá benefícios, mas é ai que queremos ser diferentes, ao não impor nada ao empresário”, explica. A estratégia é acertada. Ao perceber valor na aquisição de peças de outra empresa da rede, a fidelização é uma consequência natural do negócio.
A facilitação à informação ocorrerá nas formas tradicionais às que o reparador está acostumado, tendo como principal meio as palestras. “Em estudo que realizamos, descobrimos uma lacuna relacionada às informações gerenciais, e, assim, focaremos este assunto, inclusive com acompanhamento dos nossos consultores de campo”, afirma Branco.
Já com relação às informações tecnológicas, Branco revela que uma meta da Rede é firmar parcerias com fabricantes de equipamentos para facilitar o acesso às ferramentas de trabalho, além de já estar disponibilizando acesso exclusivo a banco de dados de peças e aplicações somente para membros da Rede PitStop. “Esse banco de dados hoje já envolve quase 40 mil peças, que correspondem a mais de 1,3 milhão de aplicações”.
Contrapartida
Segundo Branco, a contrapartida do reparador é oferecer um bom serviço aos clientes, com preço justo e de qualidade. “Nossos consultores de campo irão acompanhar o trabalho das oficinas e das lojas de autopeças, com objetivo de esclarecer dúvidas e assegurar que os objetivos da rede estejam sendo cumpridos”.
Humberto Branco, da Rede PitStop
A ideia, portanto, é boa, e as expectativas do Grupo Comolatti também. “Queremos alcançar um bom número de lojas e por consequência uma boa quantidade de oficinas nos próximos três anos, horizonte de tempo com o qual estamos trabalhando para o processo de expansão”, diz Branco. Atualmente, a rede é formada por quase 60 Lojas de Autopeças, localizadas em 38 cidades no interior de São Paulo, região Sul de Minas Gerais e Triângulo Mineiro.
Adesão
E como a oficina faz para participar? Segundo Branco, a participação das oficinas será por indicação das lojas de autopeças que compõe a rede, mediante de análise de perfil, em que serão levados em conta aspectos técnicos e financeiros da reparadora. “Porém, o empresário do setor interessado em participar da Rede PitStop e não tiver uma loja por perto pode entrar em contato conosco que analisaremos o pedido”, diz Branco.
O executivo da PitStop conta que o ideal é se cada varejista indicar entre 5 e 10 oficinas, porém não descarta a possibilidade de haver mais interessados. “Não teremos controle territorial ou exclusividade de mercado por região, pois entendemos que se hoje já funcionam duas ou mais oficinas em uma determinada área, em harmonia, é porque há espaço para todas”, afirma. Esta estratégia deixa clara a intenção do grupo de expandir a rede conforme o interesse do mercado.
Há no entanto uma Taxa de Adesão e uma mensalidade que varejista e reparador deverão pagar, ao ingressar na rede. Branco explica que funciona como um clube de negócios, porém existem políticas de descontos para estes investimentos, de acordo com o volume de compras com os distribuidores participantes. “No caso do reparador, instruímos os varejistas a criar políticas especiais que no final compense esse investimento, para os clientes que aderirem à Rede, ”, diz.
Apoio internacional
A ideia de uma rede como a PitStop não é nova e nem exclusiva do Grupo Comolatti, mas, sim, baseada em um modelo de sucesso realizada na Europa, através do Group Auto Union International e EuroGarage, que existe desde 1990 e hoje contempla mais de 800 distribuidores, 1,1 mil lojas de autopeças e 3,7 mil oficinas em 21 países.
“Este é um projeto que tem a função de criar ferramentas para o mercado de reposição e reparação automotiva independente se fortalecer ante o enorme poder das montadoras e as concessionárias”, afirma Branco. “A verdade mais clara do nosso mercado é que enquanto fábricas, distribuidores, lojas de autopeças e oficinas mecânicas se prejudicam com práticas predatórias, nossos verdadeiros concorrentes – as concessionárias – expandem aceleradamente a sua atuação”, pondera.