O técnico que avaliou o modelo na oficina informou que, embora seja uma nova série de motores, já há um problema crônico de carbonização na câmara, mesmo em baixa quilometragem
A cada lançamento a Peugeot mostra para o mercado que vai brigar forte em todos os segmentos, do hatch popular ao sedã de luxo. Dentre estes segmentos, testamos o 3008 – um misto de minivan com crossover junto a um design futurista e robusto. Esta mistura de estilos é a grande aposta da marca para conquistar o público em geral, tanto do mais jovem, que busca algo mais exclusivo e arrojado, quanto do pai e da mãe de família que desejam um carro espaçoso e confortável para atender a todas as suas necessidades.
ENGENHARIA A TODA PROVA
Este foi o modelo escolhido pela Peugeot para inaugurar o novo conjunto powertrain utilizado hoje em boa parte da frota da marca, o 1.6 THP. Como já vimos na edição de setembro de 2012, onde avaliamos o 408 THP, com o 3008 não é diferente. O motor tem ótimo torque e faz com que o modelo se desloque com agilidade ímpar tanto em retomadas como em ultrapassagens, inclusive em rampas.
Na época do lançamento o 3008 possuía um propulsor que fornecia 156 cv a 6 mil rpm, e torque de 24,5 kgfm a partir de 1400 rotações, 9 cv a menos de potência quando comparado ao restante da linha THP da Peugeot de 165 cv. Agora no inicio de 2012, essa potência foi igualada. (FOTO 1)
O câmbio automático de seis marchas fabricado pela AISIN possui ótimo escalonamento, tendo relações de marchas bem próximas do ideal (1ª e 2ª marchas curtas o suficiente para oferecer bom torque a baixas velocidades e 3ª, 4ª 5ª e 6ª marchas longas, deixando que o motor trabalhe em rotações baixas em altas velocidades, permitindo então que o mesmo tenha um consumo de combustível otimizado). (FOTO 2)
A plataforma sob a qual o 3008 é construído é a mesma utilizada no 308 europeu. A Peugeot ainda utilizou uma solução engenhosa para torná-la corretamente adaptada ao modelo, usando um sistema denominado Dynamic Rolling Control, responsável por regular mecanicamente os amortecedores das rodas traseiras, tornando-as o menos diferente possível entre si. Funciona como se fosse uma barra estabilizadora, oferecendo maior estabilidade e menos torção da carroceria durante as curvas. (FOTO 3 – COMPENSADOR DE ÓLEO DA SUSP TRASEIRA)
POR DENTRO DO 3008
Internamente, podemos dizer que a inspiração na aeronáutica é bem óbvia. Os botões localizados no console central muito no estilo “sobe-ativa, abaixa-desativa” tem um desenho limpo, sóbrio e bem usual. Já o painel adota o estilo conservador, sem grandes apelos visuais. O grande destaque do interior fica a cargo da mini tela (head up) localizada entre o painel de instrumentos e o parabrisas do veículo. Nela, o condutor tem projetada a velocidade do veículo em dígitos, além de outras funções que podem ser configuradas, como por exemplo, temperatura externa. (FOTO 4, 4A)
Na lista de itens de conforto e segurança, podemos listar:
• Ar condicionado dual-zone;
• Direção eletro-hidráulica;
• Seis airbags (frontais, lateral e de cortina);
• ABS;
• ESP;
• Rádio CD com MP3/USB/Bluetooth;
• Sensor de estacionamento;
• Cruise control;
• Rodas de liga leve de 17 polegadas;
• Sensor crepuscular;
• Sensor de chuva;
• Retrovisor interno eletrocrômico;
• Teto solar duplo panorâmico.
REDAÇÃO A BORDO
O modelo que testamos por sete dias era o Griffe THP já com 165 cv de potência e possuía todos os opcionais disponíveis. Considerando que o 3008 pesa 1660kg, o desempenho do motor é mais do que surpreendente. (FOTO 6)
Podemos destacar positivamente o isolamento acústico da cabine que, mesmo em altas velocidades, não transmite com grande intensidade o ruído dos pneus com o solo, tornando o modelo bem agradável quando em tráfego em rodovias.
A altura deste para o solo também é agradável. Além da posição privilegiada de dirigir, o motorista não precisa se preocupar tanto com entradas em valetas, lombadas e etc., pois dificilmente a parte inferior do parachoque irá raspar no chão. (FOTO 7)
Geralmente veículos altos são difíceis de guiar e até desconfortáveis, pois a carroceria tende a rolar muito lateralmente. Caso este que não ocorre no 3008, devido a alta tecnologia empregada, tornando semelhante a um sedã de porte médio (quando falamos em conforto).
O sistema de climatização do veículo apresentou funcionamento dentro do esperado com o sistema dual-zone oferecendo a temperatura adequada para cada ocupante.
O sistema de áudio multimídia possui ótima qualidade e o veículo possui uma acústica bem agradável, superior inclusive a muitos veículos de segmentos mais caros. A única ressalva fica a respeito deste não possuir entrada para cartão de memória. (FOTO 8)
Na frenagem, o desempenho do 3008 bom. Mesmo em vias úmidas ou irregulares o sistema dotado de ABS e ESP ofereceram segurança e respostas rápidas. (FOTO 9)
NA OFICINA
O veículo foi analisado na Oficina Especializa Flafersa, onde o reparador e proprietário Flavio Flaversa deu sua opinião sobre o modelo, levando em conta suas características técnicas, defeitos recorrentes e ainda mercado de peças.
Segundo o reparador Flavio Flafersa, essa nova série de motores THP já possui um defeito recorrente: “Embora seja uma nova série de motores, já há um problema crônico de carbonização na câmara mesmo em baixa quilometragem. Isso tem se tornado um defeito característico do projeto e não apenas pela não utilização de combustível aditivado (que é o recomendado pela Peugeot)”. (FOTO 10)
“Com isso, consequentemente há ainda falhas no injetor de combustível. Estes só admitem troca, mas possuem custo elevado para o consumidor final”, acrescentou Flavio.
“O espaço para executar o trabalho também é bem amplo. Não podemos deixar de falar que para realizarmos qualquer manutenção é necessária a utilização de programa de diagnóstico da montadora”, ponderou Flavio. (FOTO 11, 11A)
“Posso destacar como um ponto positivo a utilização do câmbio automático de seis marchas. Isso proporciona a condição ideal entre consumo reduzido de combustível e rotações baixas do motor em altas velocidades”, avaliou o reparador.
Baseado em sua experiência com modelos da marca, Flavio Flafersa conseguiu detectar características no 3008 que se assemelham a outros modelos da Peugeot: “Andando com o carro percebemos aquele famoso ruído no conjunto de suspensão dianteira. Mesmo o carro tendo pouquíssima quilometragem (algo em torno de 3000km), já podemos verificar que dentro de pouco tempo será necessária a troca das buchas da barra, da bandeja e da bieleta. Este é um defeito clássico dos modelos da Peugeot que, pelo menos neste ainda continua presente”. (FOTO 12)
MERCADO DE PEÇAS
Sobre esse assunto tão pertinente ao setor de reparação, Flavio Flafersa reafirmou: “Como já comentei em matérias anteriores, não tenho grandes dificuldades para encontrar peças para repor ao meu cliente, pois tenho bom relacionamento com a rede concessionária da PSA e sempre acabo encontrando o que procuro com preços que mantêm meu serviço competitivo no mercado”.
INFORMAÇÕES TÉCNICAS
Comentando sobre o assunto, o reparador Flavio fez uma importante observação: “Tenho bom relacionamento com a PSA, inclusive em algumas oportunidades eles me procuraram para auxiliá-los com algo.
Considerando isso, posso dizer que há auxílio mútuo, portanto não tenho essa dificuldade, porém reconheço que a divulgação de informações técnicas para os reparadores é algo que deve ser corrigido pela PSA”. O reparador ainda acrescentou: “Após ter melhorado a qualidade dos seus veículos, se a Peugeot fornecer um programa de divulgação de informações técnicas, definitivamente ela brigará forte pelo gosto do brasileiro de todos os públicos”.