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Mobilidade elétrica no Brasil - Feira de veículos elétricos reúne expositores de todos os segmentos


De bicicletas até ônibus, é o cenário elétrico e híbrido que representa o presente e não mais o futuro da mobilidade no Brasil e o que há de incomum é a utilização em ambiente tipicamente urbano

Por: Da redação - 11 de novembro de 2018

No Transamérica Expo Center em São Paulo foi realizada a Feira de Veículos Elétricos nos dias 17, 18 e 19 de setembro de 2018, que permitiu conhecer a diversidade da mobilidade elétrica, além dos produtos, novidades e soluções das mais de 50 marcas que mostraram suas tecnologias. 

Marcas de veículos bem conhecidas no nosso setor e outras que complementam o segmento da mobilidade elétrica como Toyota, Lexus, Volvo, Mercedes, Renault, BYD, Siemens e Eletra, apresentaram seus modelos híbridos e elétricos puros. 

O que tornou este evento mais atrativo foi a divulgação de informações deste segmento através de palestras realizadas por especialistas brasileiros e estrangeiros no Congresso da Mobilidade e Veículo Elétrico (C-MOVE). 

  

Estudo inédito sobre os veículos elétricos no Brasil e no mundo mostra as perspectivas para os próximos 12 anos com a projeção de que, até 2030, de 15% a 30% dos veículos vendidos no país conterão algum tipo de eletricidade. “O Brasil vende dois milhões de carros por ano, e apenas 3.000 são elétricos. 

 

Fabricantes como a Toyota investem muito neste segmento e o Prius híbrido flex é o primeiro protótipo do mundo, mesmo em fase de teste, que demonstra ser possível tornar um veículo menos poluente usando tecnologia híbrida com um motor que utiliza combustível de fontes renováveis como o etanol de cana de açúcar.

O motor a gasolina de 1,8 litro VVT-i3 16V DOHC4 com quatro cilindros desenvolve uma potência de 98 cavalos a 5.200 rpm, enquanto motor elétrico gera até 72 cavalos, somados chega a 170 cv.

 

No Prius, a energia cinética gerada nas frenagens é transformada em energia elétrica pelo motor elétrico, que atua como um gerador, e esta energia elétrica gerada carrega a bateria do sistema híbrido. Tudo isso sem precisar carregar na tomada. 

Atrativos como a isenção do rodízio na cidade de São Paulo e devolução de 40% do valor do IPVA em SP, são bons argumentos utilizados pela Toyota para promover as vendas deste modelo. 

Uma pergunta muito frequente é sobre as baterias e a Toyota garante um tempo de vida de 10 anos e estrategicamente ela fica instalada sob o banco traseiro, o que permite uma distribuição de peso do carro bem equilibrada.

Toda bateria quando está sendo carregada se aquece e isso pode prejudicar o seu desempenho e tempo de vida útil mas, o Prius possui um sistema de ventilação nas baterias através de dutos que proporcionam uma troca de calor eficiente e este sistema também retira os gases gerados durante os períodos de carga. 

Encontrar um ônibus na feira chamou a atenção pelo tamanho e mais ainda quando o compartimento do motor foi aberto e não tinha motor. Na verdade este ônibus possui dois motores, um em cada roda do eixo traseiro. 

As baterias ficam no compartimento de bagagens e os componentes eletrônicos estão dispostos no espaço que era do motor a combustão. 

Como a energia armazenada nas baterias fornecem uma corrente contínua, ela precisa ser transformada em corrente alternada(1) que depois é enviada para uma central de distribuição de energia(2) para o ônibus inteiro e também para dois controladores (3) (4) que alimentam os dois motores que estão montados nas rodas do eixo traseiro.  

A direção poderia ser elétrica mas neste caso não é, este ônibus ainda usa direção hidráulica e por este motivo é utilizado um motor elétrico para acionar o sistema hidráulico(5), lembrado que todos os motores elétricos deste ônibus são de corrente alternada. 

O sistema de freio e suspenção são pneumáticos e precisam de ar comprimido que é fornecido por motor elétrico (6) que movimenta um compressor de ar.

 Na cidade de são Paulo tem um ônibus totalmente elétrico em fase de testes que foi montado com uma carroceria Caio e na cidade de Campinas tem mais seis ônibus circulando. 

A Volvo realiza grandes investimentos nos carros híbridos e para esta feira trouxe os modelos XC90 e o XC60. Pode não parecer mas o XC60 é um carro projetado para uso urbano que utiliza um motor de quatro cilindros de 2 litros que gera 320 cavalos com o auxílio de um turbocompressor, quando somado ao motor elétrico de 87 cavalos, disponibiliza uma potência total de 407 cavalos. 

Em velocidades de até 45 hm/h, o XC60 só utiliza o motor elétrico, que é muito apropriado nas grandes cidades que têm um trânsito lento.

Para satisfazer o cliente Volvo, a montadora disponibiliza três modos de recarga das baterias; 

  1. Regenerativo, quando aciona o freio, a energia é armazenada nas baterias. 

  1. Ativando um botão no painel, um gerador acoplado ao motor a combustão gera energia. 

  1. Ao chegar em casa, no condomínio, no shopping ou mesmo na estrada, e possível carregar as baterias na tomada. 

No para-lama dianteiro esquerdo tem uma porta que dá acesso à tomada de recarga das baterias.

  

As bicicletas de uso compartilhado deram início a um novo estilo de mobilidade e isso está espalhando para motos/scooters e também para os carros. 

Através do uso de um aplicativo de scooters elétricas compartilhadas que terá início em novembro de 2018 na capital paulista, por apenas R$0,59 centavos o minuto de uso, o usuário terá a comodidade para se deslocar de forma mais rápida pela cidade.

Seguindo esta tendência, encontramos um carro elétrico da BMW que através de um aplicativo pode ser utilizado pagando um valor em torno de R$1,00 real por minuto. Parece que estamos no futuro mas já é realidade e as grandes cidades que sofrem com as dificuldades no trânsito permitem o surgimento de soluções que há alguns anos pareciam um sonho distante. 

 A viabilidade do uso dos veículos elétricos depende da disseminação e incentivo de serviços e componentes que auxiliam no avanço dessa realidade, como as soluções de carregamento e a reciclagem de baterias.  

A Eletric Mobility Brasil levou ao seu estande todas as soluções para recarga, desde os residenciais até os modelos de carregamento rápido para rodovia, que levam em torno de 30 minutos para carga completa. “A maioria das pessoas possuem dúvidas sobre como será o gasto da energia em casa, se a rede irá aguentar, mas é mais simples do que se imagina. O carregador residencial básico, por exemplo, consome a mesma energia que um chuveiro elétrico.  

A Siemens investe em sistemas de recarga de baterias e em novos modelos de negócios a partir da mobilidade elétrica no Brasil e no mundo. As expectativas para 2030 é de aproximadamente 138 milhões de carregadores para veículos  elétricos, sendo 90% de carregadores privados.

 

Carregador nível 1 ou nível 2  

  • Fácil instalação e utilização;  
  • Perfeito para residências, empresas, hotéis;  
  • Operação em “Horário fora de ponta”;  
  • Acesso remoto através de entrada/saída digital.  

Carregador nível 2  

  • Possibilidade de controlar o consumo e realizar cobranças pelo kWh;  
  • Para condomínios, estacionamentos, shoppings;  
  • Acesso remoto através de entrada/saída digital.  
  •  

Carregador nível 3  

  • Postos de carregamento rápido;  
  • Perfeito para estradas e postos de abastecimento.  

A Umicore, multinacional belga, presta o serviço de recolhimento de baterias para reciclagem, que acontece em seu país sede. A unidade recebe material dos centros de coleta, presentes em todos os continentes.  

Por ano são recicladas 7.000 toneladas de bateria. “Quando chegam na unidade de reciclagem, as baterias são desmontadas e suas células são fundidas em altas temperaturas, formando um concentrado metálico. Após essa etapa, é feita a separação dos metais que voltam a ser matéria-prima útil.  

A solução para o descarte das baterias existe e é importante que as pessoas estejam cientes disso, que podem utilizá-las sem fazer mal ao meio-ambiente”. 

Empresas como a Toyota possuem programas de reciclagem das baterias de veículos híbridos e se utilizam de empresas como a Umicore para finalizar o processo. 

  

A evolução dos veículos é contínua e não faz muito tempo que os carros utilizavam o carburador que depois abriu espaço para a injeção eletrônica, agora temos os carros com sistema que desliga e liga sozinho quando para, denominados Start & Stop, temos os híbridos e finalizando esta etapa evolutiva, temos também os carros elétricos. 

Esse avanço é acompanhado por normas técnicas que são de grande importância para o setor automotivo e inclusive na reparação desta nova geração de veículos, para isso a ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas - desenvolveu uma série de normas. 

Normas publicadas pela CE03:069.001 - Comissão de Estudos Veículos Elétricos Rodoviários e Industriais 

ABNT NBR IEC 61434 - Células e baterias secundárias contendo eletrólitos alcalino ou outro não-ácido - Guia para designação da corrente em normas de células e baterias secundárias alcalinas  

ABNT NBR IEC 62660-1 - Células de lítio-íon secundárias para propulsão de VEs - Parte 1: Ensaios de desempenho  

ABNT NBR IEC 62660-2 - Células de lítio-íon secundárias para propulsão de VEs - Parte 2: Ensaios de confiabilidade e abuso  

ABNT NBR IEC61851-1 - Sistema de recarga condutiva para VEs - Parte 1: Requisitos gerais  

ABNT NBR IEC61851-21 - Sistema de recarga condutiva para VEs - Parte 21: Requisitos de VEs para a conexão condutiva a uma alimentação em c.a. e c.c.  

ABNT NBR IEC61851-22 - Sistema de recarga condutiva para VEs - Parte 22: Estação de recarga em c.a. para VEs  

ABNT NBR IEC 62196-1 - Plugues e Tomadas Fixas e Móveis para VEs - Recarga Condutiva para VEs - Parte 1: Requisitos gerais  

ABNT NBR IEC 62196-2 - Plugues e Tomadas Fixas e Móveis para VEs - Recarga Condutiva para VEs - Parte 2: Requisitos dimensionais de compatibilidade e de intercambiabilidade para os acessórios em c.a com pinos e contatos tubulares  

ABNT IEC/TR 60783 - Fiação e conectores dos veículos elétricos rodoviários - Normas publicadas pela CE05:110.021 - Comissão de Estudos Veículos Propelidos a Eletricidade  

ABNT ISO TR 8713 - Veículos rodoviários propelidos a eletricidade – Vocabulário  

ABNT NBR 16567 - Veículos rodoviários híbridos elétricos leves - Medição de emissão de escapamento e consumo de combustível e energia - Métodos de ensaio (SAE J1711:2010) 

Mercado de reposição 

Diante do que foi apresentado na feira de veículos elétricos, é possível vislumbrar uma ampliação do mercado de manutenção e peças para as necessidades dos veículos elétricos e devemos aproveitar as oportunidades para oferecer novos opções de serviço completo. 

Com a publicação de normas ABNT, já é possível buscar treinamentos em escolas qualificadas para este tipo de ensino e assim poderemos acompanhar a evolução dos carros, fazendo as manutenções que atendam este elevado nível de tecnologia automotiva.