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Cherokee Sport - Robusto e simples, mas exige conhecimento


Ele fez grande sucesso e várias unidades rodam país afora, muitos deles equipados com gás natural veicular

Por: Arthur Gomes Rossetti - 13 de dezembro de 2011

Descobrimos dicas que ajudará você a solucionar grande parte dos problemas ocorrentes neste pequeno valente.

MOTOR
O motor que equipa a Cherokee Sport é um 6 cilindros em linha a gasolina, de 4 litros e 12 válvulas, e o tipo construtivo lembra muito o do Opala, com o comando de válvulas no bloco. Ele é extremamente forte e robusto, e exemplo disto são as unidades com mais de 200 mil km, que rodam atualmente sem queimar óleo e sem apresentar indícios de perda de força.

O chicote do motor é o item que mais apresenta problemas, principalmente por ressecamento. Um fator que agrava isto é o nosso clima tropical, que aquece mais o cofre do motor quando comparado com as unidades que rodam nos Estados Unidos e Canadá. Por outro lado, os plugs e terminais são de boa qualidade e dificilmente apresentam problemas.

O reparador deverá ficar atento à posição correta de montagem do distribuidor, pois existe o procedimento correto para a montagem, com ponto de sincronismo para o perfeito engate.

Um dos itens que mais apresentam problemas na linha Cherokee é a mangueira de combustível. Em 90% dos casos, a original, feita de plástico, estará quebrada, sendo que as oficinas costumam adaptar uma mangueira de alta pressão de aproximadamente 7 bar. Como o sistema de alimentação do veículo opera com 3,5 bar, o reparador imagina que garantiu o perfeito funcionamento. O problema é que o motor 4.0 trabalha naturalmente a uma temperatura acima da média, entre 100 a 105 graus. Logo, o cofre estará a uma temperatura semelhante, praticamente uma fornalha, o que acelera a degradação dos componentes.

Para a solução, dê preferência à original e, na ausência dela, adapte uma mangueira que suporte alta pressão e alta temperatura. Neste caso, a cada vinda do veículo à oficina, faça uma inspeção na peça.

Quando há incêndio na linha Chrysler, este item é um dos grandes causadores.

Um ponto positivo deste motor é que ele quase não apresenta problemas com borra de óleo. O bloco e cabeçote são produzidos em ferro fundido.

O óleo recomendado é 15W40 semissintético, com a troca do filtro. Como em qualquer veículo, nunca misturar com outros tipos ou especificações. No total são 5,9 litros e a troca nunca deverá ultrapassar os 5 mil km ou seis meses.

DICA: No momento da troca do filtro de óleo, o reparador que nunca se deparou com o modelo na oficina costuma quebrar o interruptor de pressão do óleo, devido ao posicionamento ingrato da peça, localizado logo acima do filtro e produzido em material plástico. Sempre tenha muita atenção ao utilizar cintas para a remoção do filtro.

As velas de ignição recomendas por Sandro, da Dr. Chrysler, são da marca Champion.

O líquido de arrefecimento exige aditivo do tipo orgânico concentrado, na proporção de 1 litro, para o restante de água desmineralizada, algo em torno de 10 litros para todo o sistema. Caso se utilize um aditivo que não seja do tipo concentrado, aplique apenas 2 litros dele.

Para facilitar a troca, remova o interruptor de temperatura e adicione o líquido por ele também, para que o sistema fique isento de ar. Caso o veículo apresente sinais de alta concentração de ferrugem, Sandro recomenda que se evite a adição de aditivos.

Para o controle da temperatura, a ventoinha é movida através da polia viscosa. A peça destes veículos costuma apresentar longa vida útil e raramente apresenta problemas.

Ao necessitar abrir o motor para alguma intervenção, o kit de juntas, importado dos Estados Unidos, é o mais recomendado. É possível encontrar de outros países, porém de qualidade duvidosa.

Filtros de ar e óleo existem os nacionais, e o modelo não possui o de combustível, nem o de cabine. Portanto, é recomendado efetuar a limpeza preventiva dos bicos injetores e TBI a cada 12 meses ou 10 mil km.

Este modelo de motor ainda utiliza o sistema de gaxeta para garantir a vedação do virabrequim no lado do volante do motor. Após a troca, se piorar o vazamento, será necessário remover o virabrequim para retífica. Na parte frontal, a vedação é feita através de retentor.

TRANSMISSÃO
A maioria das Cherokee Sport está equipada com caixa de marchas automática de 4 marchas à frente e de 5 marchas à frente, quando mecânica.

O fluido recomendado é o Dexron III ou ATF + 4. No total são 7 litros na manutenção de rotina. O sistema inteiro requer aproximadamente 11,5 litros, contando o conversor de torque, tubulações e cooler. Para a troca do filtro, é necessária a remoção do cárter, sem a necessidade de atualização de software através do scanner DRBIII. Sandro recomenda o fluido Texamatic, código 7045E.

Para verificar o nível do fluido, o veículo deverá estar devidamente aquecido, em piso plano, motor funcionando e a alavanca interna em ‘N’. Preste atenção na vareta localizada no cofre do motor, pois ela possui as informações necessárias à manutenção, como nível mínimo e máximo.

O engrenamento do 4x4 é feito através de alavanca mecânica, e neste momento a alavanca principal deverá estar em N. Caso contrário, sérios danos poderão ocorrer na caixa.

O diferencial dianteiro não necessita de aditivação, devido a não ser “blocado”. Portanto, um óleo Multigear EP SAE 85W140, para engrenagem convencional, é o suficiente. Já o diferencial traseiro é do tipo blocante e utiliza o óleo de mesma viscosidade 85W140, porém com um pacote de aditivos especiais. Na oficina de Sandro, o utilizado é o Texaco Multigear LS SAE 85W140, mas o reparador poderá adquirir de qualquer outra marca, desde que atenda as especificações citadas. Para a troca, é necessário remover a tampa e esgotar. Na montagem, utilize silicone de alta temperatura com as superfícies de contato bem limpas e isentas de impurezas, e aplique óleo até começar a vazar pelo bujão de enchimento. No total são aproximadamente 1,7 litros em cada um dos diferenciais. A troca de ambos deverá ser feita a cada 20 mil km.

Nos modelos automáticos, não há grandes ocorrências de problemas na caixa, e o item que mais apresenta desgaste são os discos da embreagem, mas dentro do esperado, quando comparados com os de outros veículos.

Caso a caixa esteja demorando a trocar de marchas ou lenta nas respostas, basta regular o cabo do “‘kick down” , que está localizado junto do cabo do acelerador, no corpo de borboletas. Para regular, solte a trava de plástico e puxe o cabo de modo que fique esticado e sem folga. Plugue a trava novamente. Pronto, o veículo ficará bem mais esperto para andar.

CHAVES
As versões produzidas em 1997 possuem a chave de cor preta, com o alarme (RKE) separado da chave. Ele é quem libera o funcionamento através da abertura pelo controle (tecla UNLOCK). Caso o chaveiro quebre ou acabe a bateria, a chave vem também com um transponder separado (avulso), que deverá ser aproximado em local específico no console de teto antes de funcionar o motor. Após este procedimento, a luz SECURITY do painel apagará e permitirá a partida.

Após 1998, a chave é de cor cinza com transponder interno, reconhecido através do “skin” (corpo) com sinal reconhecido pelo módulo.

FREIOS
Após passar dos 100 mil km rodados, este modelo poderá apresentar ruídos excessivos na parte dianteira, que muitos reparadores imaginam ser a suspensão. Na verdade, o que ocorre é uma considerável folga entre a pastilha e o cavalete da pinça. Para a solução do problema, uma chapa metálica poderá ser confeccionada e encaixada para servir de calço.

O sistema requer fluido DOT4.

Raramente será necessário trocar as lonas traseiras deste modelo.

SUSPENSÃO
A dianteira utiliza molas do tipo helicoidal e na traseira, feixe de molas. Os amortecedores, o reparador já encontra nacionalizados, e as buchas da suspensão costumam durar bastante, acima da média para veículos deste porte. Geralmente as buchas da barra estabilizadora dianteira são as que danificam mais facilmente, e deverão ser trocadas a cada revisão.

Os prisioneiros superiores, que fixam o amortecedor traseiro, costumam quebrar com o tempo de uso. Para a solução, o reparador deverá então remover tudo através de impacto e instalar um parafuso passante com porca 13 mm.

A longarina costuma trincar espontaneamente bem atrás da caixa de direção. Para reparar, é necessário remover a caixa e aplicar solda MIG. Este problema gera um estalo metálico ao passar por valetas, lombadas, entre outras situações de esforço.

Agradecimentos

Sandro dos Santos e Silvio Ricardo Candido, proprietários da oficina Dr. Chrysler.

Site: www.drchrysler.com.br