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Analisando o que o fluido da transmissão automática tem a nos revelar


Existem muitas coisas que podemos aprender a diagnosticar pela observação do fluido contido na caixa de transmissão automática

Por: Carlos Napoletano Neto - suporte@apttabrasil.com - 16 de agosto de 2016

Temos recebido muitas consultas de técnicos reparadores sobre como analisar o estado de uma caixa automática com base principalmente nas condições de seu fluido.

O fluido novo de transmissão (ATF) é usualmente transparente, e relativamente sem cheiro ou com um cheiro levemente característico. Até há poucos anos atrás, virtualmente todo fluido ATF era de coloração vermelha. Os técnicos reparadores de transmissões automáticas descreviam corretamente a cor do fluido como sendo de cor cereja.

Hoje, muitos fabricantes começaram a se distanciar da tradicional cor vermelha. Os fluidos ATF hojem podem ser verdes, amarelos, alguns até mesmo de cor azul, como é o caso do fluido para as transmissões Mercedes mais modernas. Mas para cada caso, fluido limpo tem de parecer limpo, e ter cheiro de óleo limpo. Portanto, verificando a cor do fluido e seu estado geral, e cheirando-o levemente, é uma maneira certa de se determinar se a transmissão sob diagnóstico está em boa forma ou necessita de serviço.

Aqui estão algumas condições básicas que devemos procurar:

FLUIDO LIMPO E CLARO, VIRTUALMENTE SEM CHEIRO DE QUEIMADO

O fluido parece novo (imagem 1). As chances são de que a transmissão esteja operando corretamente. Verifique a quilometragem ou o tempo em que o fluido foi trocado pela última vez para determinar quando realizar uma nova troca. A APTTA Brasil possui uma tabela de “Especificações Técnicas”, que ajuda nesta pesquisa de quantidade e período de troca do fluido da transmissão, bem como qual fluido é recomendado pela montadora.

Imagem 1

FLUIDO LEVEMENTE AMARRONZADO, COM UM LEVE ODOR DE QUEIMADO

O fluido está começando a se deteriorar (imagem 2), e é provavelmente pelo tempo de uso ou condições mais severas de utilização. Se o fluido de sua transmissão automática não foi totalmente reposto na última troca, considere a possibilidade de trocá-lo assim que for possível. O filete do óleo, quando removido da transmissão e depositado em um copo ou recipiente adequado, deve mostrar que não existem partículas de carvão ou material sólido em suspensão no fluido. A figura mostra bem como uma transmissão com saúde deve se apresentar através do fluido. Embora a coloração do fluido tenha se alterado com o trabalho, o filete de óleo deve permanecer translúcido, e não opaco.

Imagem 2

FLUIDO PRETO, COM UM CHEIRO DE QUEIMADO MUITO ACENTUADO

O fluido está severamente queimado (imagem 3), com matéria sólida dos discos e cintas em suspensão nele, e com certeza a transmissão já passou do ponto de uma simples troca de fluido. Com certeza a transmissão apresentará trancos, patinações e mudança de comportamento quando fria e quente. Uma troca de óleo e filtro nesta altura será um completo desperdício de tempo e dinheiro. O fluido ATF está indicando que a transmissão necessita de uma reforma completa. E ainda existe a possibilidade de problemas relacionados a isto, como o trocador de calor da transmissão completamente obstruído por limalhas e sujeira, ou problemas no sistema de arrefecimento do motor. Quando a reforma da transmissão for feita, o técnico deve se certificar que as mangueiras, radiador e conversor de torque também sejam limpos para evitar danificar a transmissão reparada.

Imagem 3

FLUIDO OPALESCENTE DE COR LEITOSA

Quando o fluido da transmissão se apresentar segundo a imagem 4, é evidência de que houve intrusão de água na transmissão. Neste caso, deve-se procurar a causa da entrada de água, que normalmente é causada por enchente ou trocador de calor danificado e substituir o que for necessário. NUNCA se deve recomendar somente a troca de fluido numa transmissão que recebeu água, pois os componentes internos da mesma já estão em processo de deterioração e não durarão muito tempo, mesmo trabalhando com fluido novo. A água danifica os eixos e pistas de rolamentos, solenoides, vedadores, juntas, etc. e a despesa gasta com fluido novo não será recuperada quando a transmissão vier a falhar. 

Imagem 4

É importante lembrar que um trocador de calor danificado frequentemente tem uma causa mais profunda, ou seja, é apenas a CONSEQUÊNCIA de um sistema de arrefecimento em mau estado, sem manutenção periódica.

COMO EFETUAR UMA TROCA COMPLETA DE FLUIDO

Na prática, temos 3 maneiras de efetuar a troca do fluido ATF, caso a transmissão permita isto.

1- Fazendo várias trocas seguidas,  com intervalos de uma hora entre elas. Retire o fluido do cárter, meça sua quantidade e abasteça a transmissão com a mesma quantidade de fluido limpo. Funcione o veículo por meia hora, mudando a posição da alavanca várias vezes para circular o fluido. Retire o fluido novamente, abastecendo novamente com a mesma quantidade removida, até que o fluido saia limpo. Embora esta seja uma maneira efetiva de trocar todo o fluido da caixa, o custo deste e o tempo de troca podem tornar proibitivas a troca do fluido de algumas transmissões.

2- Pode-se utilizar uma máquina de troca de fluido, presentes em nosso mercado, para executar esta tarefa. É uma maneira preferencial de se substituir o fluido da transmissão, porém o custo elevado inicial da máquina está muitas vezes fora de alcance da maioria das oficinas brasileiras, por enquanto.

3- Fazer a troca do fluido ATF utilizando um adaptador na mangueira de retorno do sistema de arrefecimento da transmissão.  Este método possibilita substituir o fluido ATF  utilizando a própria bomba da transmissão, adaptando-se um “Te” com um orifício calibrado de cerca de 1,5 mm de saída e colhendo-se o fluido em um recipiente graduado. À medida que o fluido velho for saindo pelo orifício, abastece-se a transmissão com a mesma quantidade de fluido novo. O motivo de se utilizar um orifício calibrado é para que o sistema mantenha uma certa pressão de trabalho. Caso se liberasse a mangueira diretamente, o sistema trabalharia sem pressão, danificando a bomba, buchas e componentes envolvidos. A figura 5 mostra a utilização deste recurso.

Imagem 5

Esperamos, com esta rápida apresentação, informar aos técnicos envolvidos no processo de reparo das transmissões automáticas, alguns procedimentos que com certeza ajudarão em seu trabalho.

Até o próximo mês