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Diagnósticos de falhas e troca de componentes no sistema de freio VW 7 a 9 t - Parte 2


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Por: Fernando Naccari Alves Martins - 10 de agosto de 2012

Na edição passada, falamos sobre o sistema de freio pneumático do VW 8-150. Na sequência da matéria, veremos com o técnico de ensino Alison Flamino de Aguiar, a troca de componentes e alguns diagnósticos importantes do conjunto

Sabemos que, quanto maior for o peso ou a velocidade que o caminhão atinge, maior deverá ser sua eficiência na frenagem. Assim, a manutenção adequada do conjunto de freio é de extrema importância para garantir a segurança na condução.

DESMONTAGEM

A primeira verificação que devemos fazer, antes de realizar qualquer manutenção, é a verificação da espessura da lona de freio. “Nas sapatas, devemos ter cuidado com a espessura da lona. Podemos observar essa espessura através da janela de inspeção lateral existente no espelho. Geralmente, esse índice desgaste vem indicado no manual do veículo mas, quando a gente desmonta, levamos em conta a espessura em relação ao rebite, considerando 1,5 mm acima deste, mas no manual, consta exatamente a espessura total que devemos utilizar”, comenta Alisson. (foto 1)
Constatando a necessidade de manutenção, a desmontagem do conjunto é simples, embora o tamanho dos componentes impressione.
1. Desaplique o freio de estacionamento;
2. Utilize ferramenta para fazer a alavanca na retirada dos pinos-roletes e remova as molas de pressão; (fotos 2 e 2A)
3. Desloque as sapatas com a ferramenta na região de fixação dos roletes com o espelho;
4. Remova os roletes superiores e inferiores; (fotos 3, 3A, 3B E 3C)
5. Remova as sapatas junto com a mola de retorno com um movimento de abertura, removendo-as dos pinos de ancoragem. (foto 4)
O instrutor também pede cautela. “Devemos tomar cuidado com o quesito segurança para não machucar as mãos nessa retirada. A maior dificuldade na linha leve,  em comparação com estes caminhões, é o encaixe das molas existentes no conjunto, nessa linha pesada o procedimento é bem mais simples”, afirma.

ANÁLISE E LIMPEZA

A próxima etapa é a limpeza e o diagnóstico dos componentes. Para tal, devemos lavar o conjunto com solvente, afim de retirarmos as impurezas provenientes de óleos, graxas e etc. Assim, após lavado deve-se secar com ar comprimido, para assim poder manusear os componentes. Agora, inspecione o alinhamento das sapatas e verifique a distância entre os centros dos alojamento dos pinos de ancoragem dos roletes do eixo S, essa medida deve ficar em torno de 245,00 ± 0,40 mm. (foto 5)
Com o auxílio de um micrômetro, verifique o diâmetro externo dos roletes. O diâmetro maior (mínimo) deve ficar em 31,55 mm e o diâmetro menor (mínimo) em 18,80 mm. (foto 6)
Após essa verificação, deve-se verificar a folga radial do eixo S. Dessa maneira, confira se há desgaste ou danos no alojamento dos roletes no eixo. Analise se há folga radial deste eixo através do relógio comparador, sabendo que essa folga não deve ser superior a 0,8 mm. Caso esteja acima, substitua as buchas deste. (foto 7)
Em seguida, confere-se a folga axial com o relógio comparador, sendo esse valor máximo 1,5 mm. Caso essa folga esteja acima deste valor, adiciona arruelas espaçadoras ao ajustador mecânico. (foto 8)
Nos pinos de ancoragem devemos conferir se há desgaste ou danos no mesmo. Se necessário, substitua-os e na instalação, o aperto da porca do pino de ancoragem deve ser feita com torque de 200 Nm. (foto 9)
Confiram a lubrificação do eixo S, analisando se há excesso de graxa no eixo entre o suporte da câmara e o ajustador de freio. Caso seja necessário, substitua o retentor do suporte da câmara e o ajustador do freio. (foto 10)

MONTAGEM

Após todas essas verificações, a montagem também é simples:
1. Instale a mola de retorno por trás das sapatas de freio;
2. Apoie ambas nos pinos de ancoragem e instale os roletes; (foto 11)
3. Instale as molas de pressão e trave-as por trás do espelho do freio, procedimento inverso ao de desmontagem; (fotos 12 e 12A)
4. Instale o conjunto pinos-roletes. (fotos 13, 13A e 13B)
Certifique-se da correta montagem do componente, pois, ao aplicar-se a pressão no sistema, caso este esteja mal fixado, poderá haver grandes danos ao conjunto mecânico interno e prejuízos graves à segurança na condução do caminhão.
“Quando realizamos a substituição das lonas, geralmente esse é o mesmo período de revisão da folga dos rolamentos dos cubos de roda. Assim, oriento a retirar também o cubo de roda, trocar o retentor e revisar os rolamentos. O aproveitamento dessa mão-de-obra para substituição das sapatas é útil, pois, até chegarmos a esse conjunto, já precisamos retirar as rodas, o tambor, e vale a pena a verificação”, indicou Alison.
“A vida útil das sapatas, quando bem utilizadas em conjunto com o freio-motor, fica em torno de 30.000km”, ressaltou Alison.
Continuando na análise de falhas, o instrutor Alison comentou: “Comumente ouvimos que um caminhão “perdeu o freio”, mas como isso ocorre se o conjunto possui sistema de segurança em caso de falta de ar, travando o conjunto imediatamente? Isso geralmente ocorre quando há o desgaste acentuado das sapatas, causando a falha conhecida como “virar o S”, assim, quando o condutor pisa no freio, a lonas está tão finas que no movimento de rotação do eixo S, este acaba virando e as sapatas ainda não atingem o tambor para a frenagem. O eixo então vira, trava aberto, pois, desloca-se do local que fica em contato com os pinos-roletes e o veículo não consegue frear. Outra falha relativamente comum é a quebra do tambor de freio ocasionada devido a presença de trincas provocadas pela temperatura elevada. A não percepção de tal situação em utilizações prolongadas e severas, pode causar grandes danos ao caminhão e riscos ao condutor”.

REGULAGEM DAS LONAS

Para a regulagem em modelos que utilizam ajustador manual, como o VW 8-150, realize o procedimento:

1. Desaplique o freio de estacionamento;

2. Pressione a trava do parafuso de regulagem e em seguida, gire o mesmo no sentido horário, até que as lonas travem o tambor;

3. Retorne ¼ de volta este parafuso;

4. Confira o comprimento da haste de acionamento da câmara de freio (distancia entre o fundo da câmara e o centro do furo de maior diâmetro do garfo). Caso esteja fora do especificado, solte a contraporca e rosqueie o garfo da haste até que o comprimento fique o correto. Para ressaltar, essa medida deverá estar entre 72 ± 3,0 mm no freio dianteiro e 96 ± 3,0 mm no freio traseiro; (foto 14)
5. Aperte a contraporca com torque de 25 Nm;
6. Faça o teste de funcionamento do mesmo. (foto 15)

Realizar sempre a manutenção periódica no sistema de freios é de extrema importância para se preservar a segurança não só do condutor, mas também dos outros veículos e pedestres que compartilham as mesmas vias. Em caso de dúvidas, sempre troque o componente, pois, não podemos deixar um sistema tão importante com funcionamento irregular.
Acompanhe regularmente também, o desgaste das lonas de freio e a coloração do tambor, quanto ao “azulamento” do material. Caso o desgaste esteja acentuado, associado a essa mudança de cor, caberá uma orientação ao condutor quanto a maneira correta de utilizar os freios. Indique sempre a utilização do freio-motor do caminhão. Na próxima edição comentaremos sobre ele.