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Renault Oroch Dynamique 2.0 agrada nas oficinas


Versão 2017 da primeira picape produzida no mundo pela Renault e que inaugurou uma nova categoria entre os modelos compactos e médios recebe elogios dos reparadores e mostra evolução da marca no País

Por: Antônio Edson - 18 de setembro de 2017

Apresentada pela primeira vez em 2014, no Salão do Automóvel de São Paulo (SP), como a primeira picape produzida em todo o mundo pela Renault, a Duster Oroch é o resultado de um projeto da Technocentre Renault, da França, a quatro mãos com o Renault Design América Latina, estúdio da montadora francesa instalado na capital paulista. O objetivo da iniciativa era ambicioso: criar sobre a plataforma do SUV Duster uma nova categoria de picape de cabine dupla que fosse maior que as pequenas (Fiat Strada, Volkswagen Saveiro e Chevrolet Montana) e menor que as médias (Chevrolet S10, Ford Ranger, Toyota Hilux e Volkswagen Amarok entre outras). Para tanto, em relação à Duster, o entre-eixos do novo veículo foi esticado em 15,5 cm e a picape ficou 36 cm mais longa. E esse estica-e-puxa acabou valendo a pena: logo no primeiro mês de vida da Oroch – o nome remete ao de uma pequena tribo do sul da Rússia para dar uma conotação de resistência e força –, em novembro de 2015, a picape emplacou 1.232 unidades, superando a Ford Ranger no ranking dos mais vendidos.

A ideia de uma picape intermediária deu tão certo que logo a concorrência sentiu cheiro de algo bom no ar e tratou de meter sua colher na receita. Em fevereiro de 2016, a Fiat pôs nas ruas brasileiras a picape Toro – confira matéria na seção Premium – com dimensões semelhantes à Oroch, interrompendo o brevíssimo reinado da pioneira. Porque desde então a irmã mais nova da Duster só come poeira da rival que disparou nas vendas. Para resumir, a Toro era até junho deste ano líder absoluta de vendas entre todas as picapes e a Oroch, que desbravou seu caminho, estava em um apagado oitavo lugar. Logo, espera-se alguma reação da picape da montadora francesa produzida na planta de São José dos Pinhais, no Paraná. Que pode estar já em andamento. As duas versões 2017 com motores 2.0 e 16 válvulas do modelo – Dynamique e Dynamique Automática – já passaram a ser equipadas com direção eletro-hidráulica e um sistema de regeneração de energia trazido da Fórmula 1 para reduzir o consumo de combustível. Isso, além de outras novidades.

Nos primeiros dias de agosto, a missão recebida pela equipe de reportagem do jornal Oficina Brasil foi experimentar as novidades trazidas pela nova versão da Renault Duster Oroch Dynamique 2.0 – no caso a com transmissão manual de seis velocidades, cotada em R$ 80.090 – e apresentá-la em três oficinas independentes da cidade de São Paulo para checar como ela é recebida pelos reparadores. Afinal, aqui, a opinião deles é a que vale! As três oficinas escolhidas foram a La Macchina Serviços Automotivos, no bairro da Saúde; a Zago Auto Service, localizada no bairro do Butantã; e a Carbumac Multicenter, no bairro do Ipiranga. Nessas oficinas, nossa equipe foi recepcionada por...
Carlos Alberto de Assunção (e) e Michele Jerônymo (d) (foto 1). Filha de taxista, Michele, 34 anos, sempre foi estimulada pelo pai a mexer em carros e já adolescente tinha a ideia de ser reparadora. Com tal plano de vida foi em frente sem se intimidar com preconceitos. Nos cursos de alinhamento, balanceamento, suspensão, direção e freio que fez no Senai (Serviço Nacional da Indústria) era a única mulher da turma e isso nunca impediu seu êxito. Ao fim dos cursos, porém, novo desafio: ter a própria oficina. A chance surgiu em 2011 com a La Macchina Serviços Automotivos que está no mesmo ponto, o bairro da Saúde, há 30 anos. Convocou a irmã Daniela Jerônymo, 40 anos, como sócia, para cuidar da parte administrativa, e enxergou em Carlos Alberto, remanescente da gestão anterior da oficina, seu braço direito. Com 32 anos e há 18 trabalhando no ramo, o jovem, hoje gerente da oficina, também fez, entre outros cursos, o de injeção eletrônica no Senai. Em tempo: Michele é casada com o contabilista Windson Gomes com quem tem teve o garoto João Pedro, com dois anos. “Se ele quiser seguir a carreira da mãe terá meu apoio”, diz Michele. A La Machina atende em média 90 veículos mensais e conta, ainda, com mais dois colaboradores.


Foto 1

Alexandre Aversano Zago (foto 2). Com 39 anos e publicitário de formação, Alexandre é a terceira geração de uma família que desde 1954 se dedica à reparação automotiva. O avô tinha uma retífica de motores e o pai, Pedro Marcos Zago, fundou a Retífica Engediesel, em Osasco (SP). Após trabalhar com ele durante 10 anos e adquirir experiência suficiente, Alexandre resolveu, em 2006, criar a própria empresa, a Zago Auto Service, localizada no Jardim Pinheiros, bairro do Butantã, em São Paulo, que tem hoje um giro mensal aproximado de 80 veículos, a maioria de empresas. “Hoje 70% de nossos clientes são pessoas jurídicas, inclusive frotas”, descreve Alexandre que, como publicitário, procura estratégias para fidelizar clientes em tempos que estes pouco fazem manutenção preventiva. “O mínimo que fazemos é oferecer um serviço de leva-e-traz, entregar o carro lavado e com sistema de ar-condicionado higienizado, além de um serviço rápido e bem feito, pois o cliente PJ, mais do que qualquer outro, não pode ficar com o carro parado”, revela o empresário.


Foto 2

Marcelo e Márcio Mendes Sanches. Há 30 anos atuando no ramo da reparação automotiva, Márcio, já aos 18 anos, fundou a Carbumac Multicenter ao lado do irmão Marcelo. Ambos, claro, já tinham alguma experiência prática e uma sólida bagagem teórica. Márcio, hoje com 45 anos, graduou-se como técnico em mecânica pelo Senai, assim como o irmão Marcelo, com 48 anos. A prática, no caso, já vinha da família. Primeiro, Márcio trabalhou na oficina de um tio e tanto ele como Marcelo podiam e ainda podem contar com a vivência do pai, João Martins Sanches, de 70 anos, que pendurou as chuteiras após trabalhar boa parte de sua vida no setor de autopeças de diferentes concessionárias. Há 25 anos instalada no bairro do Ipiranga, a Carbumac dá conta de um giro mensal de aproximadamente 150 carros. “Fixar-se no mesmo ponto há um bom tempo ajuda a criar um bom relacionamento. Muitos de nossos atuais clientes são filhos de antigos clientes”, afirma Márcio. Completam a equipe da Carbumac os reparadores Pedro Luiz Casson, 24 anos, e Willan Souza da Paixão, de 19 anos. Na foto 3, João Martins aparece à frente e logo atrás vêm Marcelo (e) e Márcio (d). No alto estão Pedro e Willan.

Foto 3

PRIMEIRAS IMPRESSÕES

As comparações entre a Oroch Dynamique 2.0 e a sua irmã mais velha Duster são inevitáveis. Visualmente continuam parecidas em suas partes dianteiras e as diferenças começam a aparecer na coluna b em diante. A montadora informa que, internamente, a ergonomia (foto 4) de ambos os modelos foi aperfeiçoada, para satisfação de Alexandre Zago, da Zago Auto Service. “Tenho um 1,90 de altura e não é qualquer carro que serve em mim. A Oroch, no caso, me vestiu bem e não me senti apertado. Ao contrário, fiquei à vontade”, afirma. Os reparadores ainda atentaram ao fato que o controle dos retrovisores elétricos agora está na porta do motorista (foto 5) e que há a possibilidade do comando one-touch para a abertura e fechamento das janelas. Mesmo assim ainda há o que melhorar. “O botão do recurso EcoMode (foto 6), que ajuda a economizar combustível, ficou em um local um tanto complicado, no painel central. É preciso esticar muito o braço para chegar até ele”, observa o reparador Márcio Sanches, da Carbumac.

Alexandre Zago destacou que o santoantônio (foto 7) aplicado à caçamba da Oroch deu um ar mais robusto ao veículo, mas não aprovou os puxadores ou maçanetas das portas (foto 8), “antiquados e que lembram demais os dos primeiros veículos da Renault produzidos no País”. Segundo ele, os para-choques de plástico (foto 9) também ficaram devendo. “Poderiam ser de metal porque picapes precisam ter uma cara mais robusta e invocada, assim como estribos dos dois lados cairiam bem”, analisa. Michele Jerônymo e Carlos Alberto, da La Maquina, elogiaram a boa visibilidade proporcionada pelo veículo. “A traseira não é muito alta como na maioria das picapes, o que permite uma visão razoável do que está acontecendo ali”, apontam.

Internamente, o painel da Oroch despertou elogios com seu acabamento black-piano (foto 10), que se estende ao revestimento das portas. “Como sempre há uma predominância do plástico duro, mas esse black-piano dá uma sensação mais suave à textura”, afirma Marcelo Sanchez, da Carbumac, que ainda destacou a boa caçamba de 683 litros (foto 11) com capacidade para levar até 650 quilos e revestida de manta plástica e que agradou em cheio aos reparadores.

 

AO VOLANTE DA OROCH

Ao assumirem o volante do Renault Oroch Dynamique 2.0, os reparadores tiveram reações que variaram entre a admiração pelo comportamento valente do carro e a surpresa pela introdução de novidades que fizeram bem ao seu projeto. Alexandre Zago foi um dos que se admirou ao afundar o pé no acelerador da Oroch, na Rodovia Raposo Tavares. “Imaginava esse carro com desempenho tímido, mas reformulei meu conceito. É uma picape que provoca prazer ao dirigir nas estradas. Sua dirigibilidade é agradável e ela tem uma razoável força nas retomadas, dando segurança às ultrapassagens. E sem deixar de ter uma cabine silenciosa”, descreve.

Já o reparador Márcio Sanches, da Carbumac, se surpreendeu com a função EcoMode que, segundo a montadora francesa, possibilita uma redução de até 10% no consumo de combustível ao limitar a potência e o torque do motor e, ainda, reduzir a carga do ar-condicionado. “A diferença é enorme quando acionamos essa função, a agressividade dá lugar a um comportamento bem mais manso. Logo, ela deverá economizar bastante combustível principalmente no ciclo urbano”, acredita. Segundo os reparadores, essa função EcoMode deverá fazer a Oroch corrigir um problema da primeira geração da Duster e que resulta em muitas queixas ouvidas nas oficinas independentes: o alto consumo de combustível. 

Michele Jerônymo, da La Machina, chamou atenção para o eficiente controle de tração da picape depois de forçar o veículo algumas vezes em curvas mais fechadas. “Ela é obediente nas curvas e as rodas do lado de dentro tendem a ficar mais aderentes à pista, certamente pela suspensão ser inteiramente fixada ao chassi e não ao quadro. Por mim, a picape está aprovada nesse quesito”, sentenciou a reparadora. “Tanto nas curvas quanto nas retas, o comportamento da Oroch parece ser mais estável do que a maioria das picapes médias, cujas traseiras tendem a pular mais”, analisa Carlos Alberto. Talvez, porém, ela tenha ainda mais a melhorar. “Em uma estrada ela pode render bem, mas como as demais do seu segmento fica um pouco a desejar quanto ao torque. Para mim sua arrancada é um pouco fraca para um veículo com motor 2.0”, aponta Carlos Alberto, da La Machina.

MOTOR F4R

O motor Renault 2.0 16 V (foto 12) que traciona a Oroch Dynamique 2.0 2017 é o F4R de correia dentada e bloco de alumínio, velho conhecido dos reparadores independentes já que, em essência, se trata do mesmo long stroke (diâmetro x curso de 82,7 mm e 93 mm) utilizado pelo Megane produzido no Brasil desde 1998. Na picape que pesa cerca de 1.355 quilos, o F4R imprime uma aceleração de 0 a 100 km/h em 9,7 s e uma velocidade máxima de 186 km/h, gerando uma potência de 148 cv (e) 143 cv (g) a 5750 rpm e um torque de 20,9/20,2 (e/g) kgfm a 4.000 rpm.


Segundo a montadora, alguns aperfeiçoamentos aplicados ao F4R resultaram em uma redução de 10% no consumo de combustível. Um exemplo: a partir de uma mudança da força tangencial no anel do cilindro foi possível obter uma redução de atrito interno, gerando uma melhoria no consumo. Com isso, o F4R da Oroch – inclusive em sua versão equipada com câmbio automático – mereceu nota A (foto 13) no Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV) elaborado pelo Conpet, Programa Nacional da Racionalização do uso dos Derivados de Petróleo e do Gás Natural.

“Parece mesmo um motor de Megane, nosso velho conhecido, melhorado com alguns toques de modernidade”, concorda Alexandre Zago. “É um motor que não reserva muitas surpresas e todos já conhecemos. Com isso, o reparador não tem receio de mexer nele, o que é positivo. Aqui na Oroch há ainda uma vantagem: mais espaço para trabalhar”, completa Márcio Sanches, da Carbumac. Seu irmão Marcelo, no entanto, lembra que algumas dificuldades do motor foram mantidas. “Mesmo com o cofre maior da picape trocar a correia dentada (foto 14) desse motor exige certa ginástica”, aponta. Alexandre Zago emenda: “Também é um pouco complicado remover os bicos do motor. É preciso tirar todo o coletor. Dá um pouco de trabalho, gerando um custo maior para o proprietário na hora da reparação”, aponta.


Foto 14

Mas o mais grave contratempo do F4R pode acontecer se o proprietário do veículo se descuidar da manutenção preventiva e não providenciar a substituição da correia dentada a cada, no máximo, 55 mil ou 60 mil quilômetros. “Pode acontecer de a correia quebrar e os pistões baterem nas válvulas, o que não acontece com alguns outros motores. Como esse F4R trabalha por interferência a reparação de suas 16 válvulas é particularmente complicada, cara e o resultado nem sempre fica bom”, avisa Marcelo Sanches.

A maior decepção do F4R da Oroch, no entanto, ficou por conta da manutenção do velho tanquinho de combustível (foto 15) para a partida a frio. “Faltou ousadia à Renault ou então ela levou o fator custo-benefício quase às últimas consequências”, avalia Alexandre Zago. Carlos Alberto, da La Machina, no entanto, observou essa medida conservadora de modo diferente. “Parece que aqui a Renault aplicou um sistema de partida a frio com o reservatório acionado diretamente ao comando de admissão do bico injetor (foto 16) e isso foge do convencional. Através de uma bomba, o combustível não é injetado, mas pulverizado e isso confere mais eficiência à partida. Isso é, para mim, combinar o velho e o novo, com um custo menor”, entende o reparador. Outros pontos positivos observados por Carlos Alberto foram o coxim hidráulico (foto 17) que absorve bem as trepidações do motor e um anel instalado na mangueira do ar-condicionado (foto 18) para evitar vibração. “Esse anel é um balanceador que evita o movimento da mangueira e o desgaste das junções dos tubos. Isso contribui para o silêncio no interior da cabine”, garante.

TRANSMISSÃO E EMBREAGEM

 

O câmbio manual com seis velocidades da Oroch Dynamique 2.0 2017 – a versão AT conta com câmbio automático de quatro velocidades – dispõe de um recurso eletrônico que, através de um indicador no painel (foto 19), sugere ao condutor o momento certo para reduzir ou aumentar a marcha e, assim, aproveitar melhor a força do motor F4R. O objetivo desse Gear Shift Indicator (GSI) é auxiliar o condutor a dirigir de modo a economizar combustível. Os reparadores avaliaram que o recurso funciona, mas poderia, talvez, ser menos sensível para não atrapalhar a condução. “Se você for atender sempre todas as sugestões de mudança de marcha o motorista praticamente não tira a mão da alavanca do câmbio”, observa o reparador Márcio Sanchez, da Carbumac. “Mas se lembrarmos que muita gente reclamava do elevado consumo de combustível da Duster, a Renault fez a coisa certa. Esse câmbio de seis velocidades otimiza o consumo. Na Oroch, o GSI geralmente pede uma mudança de marcha assim que o giro do motor chega a 2,5 mil rotações”, observa Carlos Alberto, da La Machina. “Aparentemente, o câmbio tem uma relação mais curta de marchas. A sexta velocidade da picape deverá ser mais utilizada para aliviar o peso do motor e proporcionar mais economia de combustível. Na quinta marcha, o veículo ainda tem torque”, entende Alexandre Zago.


Foto 19

Seja como for é bom que o câmbio de seis velocidades da Oroch funcione bem, porque se um dia for necessário proceder a algum reparo nele os reparadores perceberam que terão problema para acessá-lo. “Se você eventualmente precisar chegar ao câmbio você terá que tirar a bateria. Até aí tudo bem, mas ocorre que o suporte (foto 20) da bateria parece ser soldado à longarina, à estrutura do carro, o que dificulta chegar ao câmbio. Sim, teremos um pouquinho mais de trabalho”, prevê Alexandre Zago. “A Renault poderia ter facilitado nossa vida aqui, afinal o câmbio já é um componente pesado”, lamenta Márcio Sanches. Seu irmão Marcelo, no entanto, enxergou uma melhoria na transmissão. “Na antiga Duster, ela tem uma coifa no câmbio que é bem problemática pois se rasga facilmente, provocando vazamento de óleo. Aqui na Oroch isso foi corrigido através de uma tulipa que entra no câmbio, não havendo mais contato da coifa com o óleo”, aponta.


Foto 20

FREIO, SUSPENSÃO E DIREÇÃO

A Oroch Dynamique 2.0 2017 conta com suspensão independente tipo McPherson na dianteira e traseira (foto 21), freio a disco ventilado na frente (foto 22) e a tambor atrás (foto 23) e uma direção com assistência eletro-hidráulica com esforço variável e ajuste progressivo, tornando-se mais pesada nas altas velocidades e, assim, proporcionando maior segurança. Nesse sistema, a bomba da direção (foto 24) é acionada por um motor elétrico à parte e não pelo motor do carro, o que evita a perda de potência e reduz em até 2% o consumo de combustível.

“O motor elétrico entra em ação quando o carro alcança certa velocidade e confere mais rigidez ao volante, já a caixa de direção (foto 25) hidráulica responde pela maciez do volante”, acredita Carlos Alberto, da La Machina, que ainda destacou a suspensão. “É difícil vermos uma picape produzida no Brasil com suspensão independente nas quatro rodas. É algo que não encontramos nem em muitos veículos sofisticados. Isso explica porque a estabilidade e a aderência da Oroch são tão boas, inclusive na parte de trás”, justifica. “Gostei do equilíbrio e da firmeza da carroceria que não balança, não inclina nas curvas, não passa barulho para dentro da cabine e oferece conforto. Tamanha estabilidade, rara entre as picapes, é resultado da suspensão independente nas quatro rodas”, elogia Alexandre Zago. 

 


A boa performance da suspensão também se apoia no sistema das barras estabilizadoras dianteiras (foto 26) e traseiras (foto 27) que cumprem papel fundamental na estabilidade da Oroch, fazendo o veículo não flutuar em momento algum, mesmo com a caçamba vazia, o que é relativamente comum entre as picapes. “Esses veículos mais altos estão sujeitos a apresentar uma certa flutuação quando em velocidades mais altas e com a caçamba vazia, mas não observei isso”, afirma Carlos Alberto, que teve a oportunidade de testar a Oroch na região de planalto da Rodovia dos Imigrantes. Mas nem por causa dessa excepcional estabilidade o reparador deixou de apontar uma falha imperdoável na picape. “A suspensão é show de bola e os pneus Michelin 215/65 R16 (foto 28) são de alta performance. Por isso o freio traseiro a tambor é um contraste chocante. Podia ser a disco”, lamenta. 

Em sua visão under car, Márcio Sanches, da Carbumac, chamou a atenção para um detalhe. “Os amortecedores (foto 29) são do tipo universal, ou seja, tanto na frente quanto atrás, o amortecedor que serve para um lado também serve no outro. Você percebe isso olhando para a orelha da bieleta. Isso é bacana porque torna mais fácil a obtenção da peça e a sua substituição”, reconhece. Já seu irmão Marcelo, dessa vez, fez o contraponto ao constatar a dificuldade que enfrentará na hora de trocar o fluido da direção eletro-hidráulica, de difícil acesso. “O reparador terá que ser meio ninja para chegar até ele. Vai ser preciso um funil especial”, projeta.

 


Foto 29

Alexandre Zago, por sua vez, ao subir a Oroch no elevador, encontrou outras razões para justificar a boa ausência de ruídos e de vibração da picape percebida em seu teste drive. “Esses defletores (foto 30) na parte inferior do veículo têm uma função aerodinâmica, facilitam a passagem do ar e fazem com que o vento não provoque turbulência ou barulho. Já esse ressonador (foto 31) colocado no agregado da suspensão deve absorver as vibrações do motor”, descreve.

ELÉTRICA, ELETRÔNICA E CONECTIVIDADE

 

Conforme lembrou o reparador Pedro Luiz Casson, da Carbumac, o destaque da parte elétrica-eletrônica da Oroch Dynamique 2.0 2017 vai para o seu sistema ESM (Energy Smart System) de regeneração de energia. “A exemplo do que acontece nos veículos da Fórmula 1, ele possibilita aumentar a carga da bateria (foto 32) com a energia gerada durante as frenagens ou mesmo quando o motorista tira o pé do acelerador, evitando que o alternador (foto 33) utilize a energia do motor para enviar à bateria nas acelerações, uma vez que ela já foi recarregada”, observa. Com isso, em relação ao modelo 2016, a Oroch 2017 obtém uma melhoria de eficiência energética de até 11,5% em seu motor R4F.