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Fiat Palio Weekend Adventure 2015 com motor E-torQ Flex 1.8 16V de 132/130 cv


Um velho conhecido dos reparadores independentes traz, na evolução de sua trajetória um motor atualizado com uma interessante história dos motores Tritec no Brasil

Por: Jorge Matsushima e Carlos Jr. - 15 de junho de 2015

Todos elogiaram a potência e torque disponíveis

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A globalização no segmento automotivo é rica em histórias de encontros e desencontros, e o motor E-torQ Flex 1.8 16V que equipa o Fiat Weekend Adventure carrega uma saga interessante que vale a pena ser relembrada.

Em 1997, a alemã BMW e a norte americana Chrysler criaram uma joint venture para produção de motores 1.4 e 1.6 no Brasil, e nascia assim a Tritec Motors, cuja planta industrial foi estabelecida em Campo Largo, no Paraná. Em 2000 teve início a produção dos motores destinados à exportação, e os modelos PT Cruiser e Neon da Chrysler, e principalmente os Mini Cooper britânicos da BMW foram os que receberam estes propulsores. As chinesas Chery e Lifan também compraram algumas unidades, mas foram lotes pequenos.

Porém em maio de 1998, a alemã Daimler Benz, arqui-rival da BMW, promoveu uma fusão global com a norte americana Chrysler, formando então a Daimler Chrysler, uma parceria improvável, mas que durou até maio de 2007.

Apesar da “saia justa” em ter seu maior rival como sócio na Tritec Motors no Brasil, a BMW manteve a sua participação até Julho de 2007, quando vendeu os seus 50% para a Chrysler, que nesta época já havia se separado da Daimler.

Sem clientes para os seus produtos, a Tritec Motors teve sua produção paralisada no segundo semestre de 2007, e ficou com o seu futuro incerto, até que em março de 2008 a Italiana Fiat Automóveis, através de sua unidade FPT (Fiat Powertrain Technologies) comprou a Tritec Motors para ampliar a oferta de motores para sua linha de produção no Brasil.

O principal objetivo era encontrar um substituto para os motores que a Fiat do Brasil comprava da General Motors Powertrain, fruto de um outro acordo global firmado entre as duas montadoras em 2000.

Em 2010, as primeiras versões da Fiat brasileira com motores E-torQ 1.6 16V foram lançadas no mercado, entre elas o Punto, Palio, Siena e Strada.

Mas os acordos e fusões globais não terminariam aí. No final de 2014 foi concluído o processo de compra da Chrysler pela Fiat, formando a FCA – Fiat Chrysler Automobiles; e assim, 15 anos depois, os antigos motores Tritec, agora produzidos no Brasil pela FPT voltariam a equipar modelos Chrysler, mas desta vez com o novíssimo e badalado Jeep Renegade, produzido em Goiana, Pernambuco.

Despois deste breve relato voltemos ao foco deste “Em breve”. E para avaliar a Weekend Adventure 2015 equipada com o motor E-torQ 1.8 16V Flex, contamos com a participação de quatro experientes reparadores:

Henrique José Lieb e Wilson Roberto Pinecio / Albino Vitor Gouveia Baptista e Antônio Inácio

Henrique José Lieb, 55 anos, com 20 anos de experiência no setor e Wilson Roberto Pinecio, 60 anos, sendo 40 anos dedicados ao segmento automotivo. Wilson é o proprietário e começou sua carreira profissional na área administrativa de uma multinacional, mas desde cedo sabia que sua grande vocação era a reparação de automóveis, e há 30 anos está à frente da Autoclínica Muphius em Boqueirão – Praia Grande SP. Henrique é o técnico “prata da casa”, e está na empresa há 20 anos.

Albino Vitor Gouveia Baptista (esq), 52 anos com 34 anos de ofício é proprietário do Centro Automotivo 2A em São Vicente SP; e Antônio Inácio (dir), 34 anos e 14 de experiência no setor automotivo é técnico da empresa há 4 anos.

Albino é português de nascimento, deixou o cultivo de cebolas e uvas da família na Ilha da Madeira, e começou a trabalhar com um tio que era mecânico, e assim começava a realizar o sonho de se tornar reparador de automóveis. Depois de quatro anos, recebeu o convite para trabalhar no Brasil, e por alguns anos foi funcionário em uma oficina, até montar a sua própria empresa em São Vicente SP em 1990. Desde o começo, apesar de atender todas as marcas, sempre deu preferência para atender veículos da marca Fiat, que considera bons de se trabalhar, e com isso fez muito sucesso, conquistando credibilidade na região e uma fiel clientela. O Técnico Antônio é o braço direito e homem de confiança do proprietário.

MOTOR
O motor E-torQ 1.8 16V é a grande novidade nesta Weekend, e sua configuração com 1.747 cc desenvolve 132 cv de potência máxima com etanol, ou 130 cv com gasolina. O torque máximo é de 18,9 kgfm (etanol), ou 18,4 kgfm (gasolina) obtidos a 4.500 rpm.

O motor E-torQ 1.8 16V, com 1.747 cc desenvolve 132 cv de potência máxima com etanol, ou 130 cv com gasolina. O torque máximo é de 18,9 kgfm (etanol), ou 18,4 kgfm (gasolina) obtidos a 4.500 rpm

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Todos elogiaram a potência e torque disponíveis. Wilson e Henrique salientam as respostas rápidas e firmes na aceleração, e consideram o conjunto suspensão, freios e escalonamento de marchas muito equilibrados. Antônio gostou do desempenho e economia do motor, aliado ao conforto proporcionado pela boa posição para conduzir o veículo.

Antônio pondera que algumas novidades, como o acionamento do comando de válvulas por corrente e tuchos hidráulicos acionando as válvulas, aumentam a vida útil do motor e reduzem a necessidade de manutenções e regulagens periódicas nestes componentes. Bom para o usuário, nem tanto para os reparadores.

Aponta ainda como sugestão de melhoria, o acesso ao filtro de óleo do motor, pois o espaço é apertado e perto do sistema de exaustão, e no processo de substituição, acaba machucando ou provocando queimaduras nas mãos dos técnicos.

O sistema de partida a frio com tanquinho ainda está lá; mas a injeção Magneti Marelli tem uma lógica aprimorada com a adoção do 5º injetor, com estratégia de autolimpeza e uso controlado do combustível armazenado para evitar o seu envelhecimento no reservatório, reduzindo os problemas anteriores causados pelo esquecimento ou desinformação dos usuários.

Segundo Wilson e Henrique, o compressor do ar-condicionado de versões mais antigas apresentava alto índice de falhas. Neste novo motor, o componente é completamente novo, e espera-se que seja mais robusto e eficiente. Sobre a manutenção no sistema de ar-condicionado, eles sugerem que a exemplo de outras montadoras, a Fiat acrescente uma etiqueta ou gravação com a carga correta de reposição do gás, facilitando a manutenção e prevenindo erros por informações incompatíveis com o modelo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Cuidados na distribuição e fixação de fios, tubulações e mangueiras foram elogiados pelos técnicos Antônio e Henrique.

Base para encaixe dos pinos da cobertura do motor parece frágil, e deve quebrar com alguma facilidade.

FALHAS GRAVES NO MOTOR?
Até o momento, nenhum dos reparadores visitados recebeu motores da família E-torQ com problemas anormais ou avarias graves. No máximo realizaram manutenções rotineiras ou preventivas como troca de óleo, velas e filtros. Isso mostra uma tendência de durabilidade e confiabilidade do conjunto.

Por outro lado, alguns meses após o lançamento do motor E-torQ 1.8 16V, a mídia especializada chegou a publicar matérias com alguns consumidores reclamando de problemas sérios, incluindo a quebra de pistões. Aparentemente foram problemas localizados e já resolvidos, mas é sempre importante estar informado, pois na maioria das vezes este tipo de avaria não é coberto pela garantia, e cabe ao reparador independente não apenas consertar, mas também avaliar o que pode ter causado tais danos, e orientar seus clientes para evitar novas ocorrências.

TRANSMISSÃO
Antônio observa que aparentemente não houve mudanças significativas na caixa de transmissão em relação às versões anteriores. Os acessos para manutenção são bem amplos, e tanto reparos no câmbio como troca do conjunto da embreagem não devem oferecer nenhum tipo de dificuldade. Já Henrique faz uma ressalva e sugere que uma atenção especial deve ser dedicada aos modelos equipados com câmbio dualogic, pois este acessório ainda não dispõe de informações acessíveis aos reparadores independentes, e mesmo profissionais dos fabricantes do sistema não conhecem todos os tipos de problemas e respectivas correções possíveis que estão ocorrendo no campo.

Aliás, considerando que a oficina independente é o “grande campo de provas” das montadoras, pois os carros vão comprovar efetivamente sua durabilidade e eventuais erros de projetos é no dia a dia da utilização que seus usuários em 80% das vezes preferem os serviços dos independentes. Neste sentido, as montadoras devem ficar atentas com o que os reparadores “passam” com os modelos que produzem, e não há exagero – diante desta realidade – em afirmar que o pós-venda das montadoras (no Brasil) é “terceirizado” com a oficina independente. Porém ao não reconhecer esta realidade e dinâmica de mercado sonega informações para aqueles que deveriam ser seus “parceiros”, ou seja, os reparadores independentes que mantém a frota (fora da garantia) circulando.

Neste sentido, há um grande e perceptível problema se formando e diz respeito aos câmbios automatizadas (robotizados), cada vez mais presentes nos carros e sobre os quais os reparadores independentes recebem zero de informação e apoio para sua intrincada (e cara) manutenção.

Voltando a nossa Palio Weekend, a versão Locker possui um diferencial com bloqueio seletivo, para aqueles que realmente querem um pouco de “adventure” utilizando o veículo em vias não pavimentadas e em condições de pouca aderência.

FREIO E SUSPENSÃO

A robustez e eficiência do consagrado conjunto suspensão e freio permanecem os mesmos. Na dianteira suspensão independente Mc Pherson, braço oscilante inferior transversal; barra estabilizadora e amortecedores telescópicos de dupla ação; freios a disco com pinças flutuante, e sistema antitravamento ABS e EBD. Na traseira, suspensão independente com amortecedores telescópicos de dupla ação, balança inferior longitudinal, barra estabilizadora e freio a tambor. No geral, uma manutenção simples e de fácil acesso aos componentes.

Henrique recorda que na região litorânea, especialmente na orla marítima, há casos de corrosão que atacam principalmente os componentes da suspensão como bandejas e agregados, e em outras situações, parafusos de fixação da suspensão. Na linha Fiat os casos mais graves acontecem em veículos mais antigos.

Estepe por baixo privilegia espaço no porta malas, mas é de difícil manuseio principalmente para as mulheres, e é bastante vulnerável a furtos.

Roda de liga leve aro 16 com desenho repaginado, pneus de uso misto 205/60 R16 bem adequados para a proposta Adventure, e detalhe da porca antifurto.

ELÉTRICA E ELETRÔNICA

Wilson e Henrique observam que o BCM (Body Computer), localizado no cofre do motor e com excelente identificação dos componentes, facilita muito o processo de diagnóstico de eventuais falhas dos dispositivos conectados.

Troca de lâmpadas do conjunto ótico dianteiro e lanternas traseiras deve dar um pouco de trabalho

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Alguns instrumentos são exclusivos da linha Adventure. Tirar o painel para reparos é sempre trabalhoso; mas a adoção de leds diminui a necessidade de trocas e reparos.

INFORMAÇÕES TÉCNICAS
Todos são unânimes em relação à relativa facilidade com que conseguem obter informações técnicas da linha Fiat (principalmente dos modelos mais antigos), seja diretamente nos concessionários da marca, que se mostram mais “abertos”, mas sempre cada caso é um caso; mas sobretudo em outras fontes como a troca de informações com colegas, fórum técnico , etc. Nenhum deles utiliza ainda o portal do reparador Fiat como consulta, mas afirmam que passarão a acionar mais este canal, pois apesar de não terem desenvolvido o hábito de consultá-lo, trata-se de uma iniciativa elogiável. Todos reconhecem seu papel de formadores de opinião junto ao dono do carro, pois constantemente são consultados para uma avaliação na hora de trocar de carro (afinal quem vai mesmo fazer a manutenção são nossos entrevistados). Portanto facilitar a vida do reparador independente significa melhorar a imagem do produto perante o mercado, e principalmente conquistar a preferência e confiança dos profissionais mais consultados e influentes na hora de se comprar um carro novo.

PEÇAS DE REPOSIÇÃO
Como sabemos, um dos maiores “detonadores” de marcas e modelos na opinião dos reparadores, envolve a dificuldade de encontrar as peças (acima de problemas com preços) e neste sentido, entre o grupo de profissionais entrevistados, identificamos duas vertentes distintas sobre aquisição de peças genuínas nas concessionárias. Os profissionais da Autoclínica Muphius, por estarem na região litorânea de São Paulo, possuem apenas duas concessionárias Fiat próximas onde gostariam de  ter acesso às peças genuínas que preferem pela confiança na aplicação. Porém, Wilson e Henrique classificam como péssimo a atuação das duas autorizadas na região, pois nunca possuem os itens de reposição em estoque, e por isso precisam comprar peças em outras fontes, sobretudo varejo e distribuidores. “Às vezes abrimos mão da confiabilidade que nos garante a peça genuína, pela simples indisponibilidade do item nas concessionárias FIAT da nossa reunião” reclamam.

Já o Albino e Antônio da 2A Centro Automotivo consideram o abastecimento de peças genuínas muito bom, bastando apenas se ajustar ao prazo de entrega das mesmas, que gira entre 2 a 5 dias.

Ambos estão corretos em seus pontos de vista dentro das particularidades de cada empresa. Considerando que a Muphius tem espaço reduzido e precisa girar rápido os serviços que atende, a entrega rápida das peças é crucial para um bom rendimento, e por essa razão o seu mix de compra de peças aproximado é de 75% no varejo; 20% na concessionária; e 5% no distribuidor. Já a 2A Centro Automotivo dá preferência aos itens genuínos, e compra aproximadamente 60% na concessionária; 30% no distribuidor e 10% no varejo.

CONCEITO FIAT
Das 160 passagens/mês registradas pela Muphius, entre 20% e 30% são de modelos da Fiat. Wilson gosta de trabalhar com a marca, mas sempre se aborrece com a falta de interesse dos concessionários locais em manter peças de reposição no estoque. Por esta razão, ele recomenda sim a compra destes veículos pela confiabilidade técnica e robustez; todavia sempre alerta os clientes interessados de que eles podem enfrentar problemas de atendimento no pós-venda da concessionária durante o período da garantia.

Neste ponto os reparadores demonstram uma profunda confiança, na sólida relação que desenvolvem com seus clientes, pois sabem que a maioria abandonará o serviço da concessionária uma vez findo o período de garantia e em alguns casos muito antes. “Quando aviso o cliente que provavelmente ele será mal atendido na concessionária na garantia, eles afirmam que já estão acostumados, e que o carro “novo” estará aqui muito em breve”, conclui Wilson.

Já na 2A, o número de atendimentos gira em torno de 300 passagens/mês, e destes, cerca de 100 são da marca Fiat. O carinho que o Albino tem pelos modelos da marca dispensa comentários e com certeza ele recomenda a compra, até porque ele sabe que estes clientes retornarão brevemente, independente do período da garantia. Antônio vai mais longe, e gostaria de ter este modelo Adventure 1.8 16V na garagem de sua casa.