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Introdução ao Sistema de Transmissão Automática JACTO de seis velocidades JF 613-E


Alguns modelos Nissan, Renault e Mitsubishi, equipados com o sistema, já começam a sair do periodo de garantia, e em breve devem estar chegando às oficinas para as rotinas de manutenção

Por: Carlos Napoletano Neto - 28 de junho de 2016

A transmissão automática Jatco de 6 velocidades JF 613-E, para veículos com tração dianteira, começou a ser produzida em 2006. Ainda não vimos muitos veículos equipados com ela em nossa oficina – pois na maioria dos casos, os automóveis equipados com ela ainda estão na garantia. Mas, após 6 anos de exposição nas ruas, muitos veículos já saíram da garantia, portanto, não deverá demorar muito até que elas comecem a aparecer nos centros de reparação.

 

A designação da JATCO para esta transmissão é JF 613-E. A NISSAN, a RENAULT e a MITSUBISHI utilizam muito esta transmissão em seus veículos, e cada fabricante dá a ela um nome diferente. A NISSAN e a RENAULT somente a utilizam em veículos europeus, porém a MITSUBISHI é o único fabricante a oferecer esta transmissão em veículos     americanos e brasileiros, por enquanto.

Foi primeiramente em veículos NISSAN, com motor 2.0 litros e quatro cilindros, sendo chamada de RE6F01A. A RENAULT, por sua vez, utiliza esta transmissão no veículo LAGUNA     2007 em diante com motor 2.0 litros e quatro cilindros, e 3.0 litros e seis cilindros V6. Também a utiliza nos SCNIC e GRAND SCENIC equipados com motor 2.0 litros e quatro cilindros. Para esta transmissão automática, a RENAULT usa a designação AJO.

A MITSUBISHI utiliza a mesma transmissão na OUTLANDER equipada com motor 4 cilindros e 2.4 litros ou motor 6 cilindros V6 de cilindrada 3.0 litros. Para a MITSUBISHI, esta transmissão é a F6AJA para veículos 4X2 e W6AJA para veículos 4X4 (Outlander) por exemplo.

Os scanners atualizados oferecem já informações sobre ela, bem como já existem manuais de serviço à disposição na APTTA Brasil - Associação de Profissionais Técnicos em Transmissão Automática, bem como já existem kits de reparo para ela no mercado aberto.  (figura 1)

 

 Componentes Internos

 

A identificação dos componentes está delineada na figura 1. O conjunto de engrenagens é baseado no sistema planetário Lepelletier, utilizando um conjunto planetário simples e um duplo.

 

Existem três elementos acionadores:

Embreagem de baixa – aplicada na 1ª,                2ª, 3ª e 4ª marchas. A embreagem de baixa transfere o torque de entrada do tambor da embreagem de ré, 3ª e 5ª marchas até a engrenagem anelar de entrada (movida).

Embreagem de ré, 3ª e 5ª marchas - Aplicada em ré, 3ª e 5ª marchas. Esta embreagem transfere o torque de entrada da engrenagem anelar de redução à engrenagem solar dianteira (movida).

Embreagem de alta - Aplicada em 4ª, 5ª e 6ª marchas. A embreagem de alta transfere o torque do eixo de entrada ao conjunto planetário traseiro (movido).

Existem três elementos de freio:

Freio de baixa e ré – Aplicado em 1ª e ré, mantém travado o conjunto carregador planetário de saída para maior torque de saída (travado).

Freio de 2ª e 6ª marchas – Aplicado em 2ª e 6ª marchas, mantém a engrenagem solar de saída travada para aumentar a rotação de saída do conjunto traseiro.

Embreagem de uma via – Travada em 1ª marcha durante as acelerações. A embreagem     de uma via (roda               livre) mantém travado o conjunto do carregador planetário traseiro.

A função de cada componente e sua aplicação estão mostradas na figura 2. A marcha aplicada em modo de emergência é a 3ª, dependendo da falha apresentada. O módulo de controle da transmissão (TCM) mantém a marcha aplicada no momento em que a falha ocorre, vamos dizer, uma quinta marcha na estrada. Após a chave de ignição ser desligada e motor acionado novamente, o TCM comandará a 3ª marcha pelo resto do percurso. (ver figura 2).

 

OITO SOLENOIDES

 

A transmissão JATCO JF613-E é controlada por oito solenoides. Todos eles são alimentados positivamente, quer dizer, sua carcaça é aterrada pelo corpo de válvulas e o TCM fornece alimentação positiva a cada um deles (figura 3).

Seis destes solenoides são lineares; três normalmente altos e três normalmente baixos. Os outros dois solenoides são solenoides básicos ON-OFF (ligado-desligado).

Solenoides lineares normalmente altos:

 • Solenoide da embreagem de ré;

• Solenóide da embreagem de alta;

• Solenóide de controle de pressão de linha.

Solenoides normalmente altos:

• Solenóide do lock-up e freio de baixa e ré;

• Solenóide do freio de 2ª e 6ª marchas;

• Solenóide da embreagem de baixa.

Solenoides ON-OFF:

• Solenóide de mudança da embreagem de baixa;

• Solenóide de mudança do freio de baixa e ré.


Veja a tabela de aplicação dos solenoides na figura 4. Os seis solenoides lineares possuem uma resistência de 5,0-5,6 ohms a 20ºC. São controlados por um sinal de ciclo de trabalho variável trabalhando em frequência fixa de 300 Hz.

Os dois solenoides ON-OFF deverão possuir resistência de 28-30    ohms a 20ºC. São controlados pelo módulo, sendo aplicada neles a tensão total de 12 V.

Quando os solenoides normalmente altos estão desligados, a pressão de sinal move a válvula de controle contra a mola de retorno, permitindo que a pressão de linha aplique a embreagem ou o freio correspondente. Quando estão energizados, a pressão de sinal é descarregada através dele e a mola de retorno move a válvula de volta, que bloqueia a pressão de linha e libera a embreagem ou o freio. Neste caso, quanto maior o sinal de ciclo de trabalho(pulsos), menor a pressão (figura 5).

Quando os solenoides normalmente baixos estão desligados, a pressão de sinal está bloqueada pela válvula solenóide. Quando estão energizados, a pressão de sinal move a válvula de controle contra a força da mola de retorno, permitindo que a pressão de linha aplique o freio ou a embreagem (figura 6).

Os dois solenoides ON-OFF são energizados pela alimentação do módulo. Eles bloqueiam a pressão de sinal no solenóide, cortando a pressão da válvula de controle (figura 7).

  

Também, nesta transmissão, existem 5 interruptores de pressão normalmente abertos (figura 3).

• Embreagem de baixa;

• Freio de baixa e ré;

• Freio de 2ª e 6ª marchas;

• Embreagem de alta.

O TCM utiliza os sinais destes interruptores para monitorar a pressão de aplicação das respectivas embreagens.

 

Por ora, é tudo o que temos a informar. Aguarde futuros artigos sobre esta transmissão, bem como informações do manual de serviço.