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Climatização - sistema que esfria ou aquece mas em alguns carros o ar quente é eliminado


O ar quente de um veículo está conectado com o sistema de arrefecimento do motor e sua manutenção pode exigir a remoção do painel elevando os custos e este é um dos motivos para interromper o seu funcionamento

Por: José Martins Sanches - 08 de junho de 2018

Muitos clientes que possuem carros com ar-condicionado que apresentam problemas no núcleo do ar quente, que na maioria das vezes são provocados por vazamento de líquido de arrefecimento, acabam pedindo para o mecânico  eliminar este sistema e em alguns casos, o próprio mecânico acaba sugerindo a sua eliminação pelo custo elevado  do serviço pois em alguns veículos  implica na remoção de todo o painel e da caixa evaporadora para a troca do componente, pois acham que nossos invernos não são rigorosos e o ar quente não fará falta. (Fig.1)

Figura 1

Nos veículos atuais não é bem assim, pois o controle de temperatura do habitáculo do veículo é feito com a mistura dos dois fluxos de ar, tanto do evaporador que é a fonte de ar frio, como do núcleo do ar quente que gera o ar aquecido, e pela natureza do país por ser tropical e os invernos não serem tão rigorosos na maioria das regiões, utilizamos muito pouco o ar quente, mas dependendo do uso do veiculo pode implicar até na segurança dos ocupantes do veículo.

Antigamente, na grande maioria dos veículos o ar quente era separado do sistema de ar-condicionado e alguns chegavam a utilizar até mesmo dois ventiladores internos, um para ventilação normal com ar quente e outro só para ar-condicionado como nos Landaus, Dodge Dart e RT, Opala, Passat antigo. (Fig.2)

Figura 2

Estes modelos de veículos tinham um termostato ajustável para o controle de temperatura que era feito por este aparelho. Tinha um sistema diferente no Opala, que usava um sensor de temperatura do tipo NTC no evaporador que era ligado a um modulo eletrônico, o qual fazia este controle de temperatura, algo muito avançado para a sua época, pois todos outros usavam um termostato termomecânico. (Fig.3)

Figura 3

A grande maioria dos carros usava uma válvula em que o fluxo de água quente do arrefecimento do motor só circulava quando o aquecedor era ligado ou no caso de necessitar do aumento da temperatura do ar-condicionado. Até pouco tempo atrás, a GM ainda a utilizava nos modelos Corsa, Vectra, Meriva, Ômega australiano;na Fiat nos modelos Uno e Palio e na Ford nos modelos Fiesta, Ka e Ecosport.

O acionamento das válvulas nos sistemas de ar quente era feito por cabos quando eram mecânicas, (Fig.4) nos modelos elétricos eram acionadas por um comando eletrônico (Fig.5) e nos modelos pneumáticos eram acionadas por vácuo. (Fig.6)

 

Nos modelos antigos com válvula de ar quente ao mudar a posição do seletor, não temos a resposta de imediato,pois o núcleo está frio e muitas vezes temos de movimentar várias vezes o seletor de controle para deixar a temperatura ideal, pois do mesmo modo que demora para o núcleo aquecer demora para esfriar, aí ficamos aumentando e diminuindo algumas vezes até acertar a temperatura desejada.

 

Hoje praticamente todos os veículos não têm mais está válvula, o núcleo de ar quente já começa a ser aquecido pelo líquido de arrefecimento assim que colocamos o motor em funcionamento, pois a válvula termostática permanece fechada e força a passagem do líquido de arrefecimento pelo núcleo, fazendo com que ele se aqueça o mais rápido possível independente de utilizarmos ou não o ar quente e com isso facilita o controle da temperatura ideal.

Com o núcleo totalmente aquecido o controle de temperatura é feito com uma portinhola que deixa passar ou não o ar por este núcleo e ela pode ser controlada mecanicamente, por um cabo ou por um atuador elétrico controlado eletronicamente. 

Quando ligamos o ar-condicionado, o evaporador vai buscar a temperatura máxima dele, já que o compressor só vai ser desligado pelo termostato próximo da temperatura de congelamento do mesmo ou no sistema que utiliza compressor CVC (compressor com fluxo variável) que também mantém o evaporador na sua carga máxima de ar frio. Nesta condição teremos dentro da mesma caixa o evaporador na sua carga máxima fria e o núcleo de ar quente na sua carga máxima quente e o controle da temperatura deste sistema fica por conta de uma ou mais portinholas que misturam o ar destes dois componentes, deixando a critério do usuário o ajuste final, inclusive temos veículos com ar-condicionado Dual Zone, ou seja, podemos trabalhar com duas temperaturas diferentes entre os difusores tendo uma portinhola para os difusores do lado do motorista e outra para os do lado do passageiro.

O que melhorou neste sistema é que a mudança de temperatura no difusor é imediata quando mudamos no seletor, ficando muito mais fácil o ajuste da temperatura.

Com a descrição do funcionamento do sistema de ar quente, podemos analisar o que pode acontecer se ele for eliminado, simplesmente ficaremos sem controle da temperatura.

Em uso urbano com dias quentes e distâncias pequenas não sentiremos o problema pois estaremos usando o ar-condicionado em sua carga máxima fria mas em viagens mesmo com temperaturas altas do verão o usuário vai ter que acabar desligando o ar-condicionado, pois mesmo que vire o seletor para o quente total vai continuar gerando frio máximo porque o sistema de ar quente foi eliminado.

O ar-condicionado é um item de segurança principalmente em dias de chuvas ou em dias frios, o ar-condicionado vai desembaçar o para-brisa, o problema vai ser aguentar ele no frio máximo, vai ter que ficar ligando e desligando o ar-condicionado, resumindo fica comprometido um sistema que no meu ponto de vista é de extrema importância, pois aumenta em muito a visibilidade em dias de chuvas.

O que vejo é que a maioria dos clientes acabam pedindo para inutilizar o ar quente por não saber destas consequências, cabe a nós profissionais da área explicar ao clientes os prejuízos causados pela inutilização do ar quente.