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Sistema de freios de veículos pesados requer cuidados específicos para garantir a segurança


Reparador dá dicas de manutenção no componente e ainda comenta sobre o mercado de informações técnicas na área de veículos à diesel, que segundo ele, é bem precária

Por: Fernando Naccari e Paulo Handa - 10 de janeiro de 2014

O reparador Carlos Eduardo Ribeiro de Oliveira, começou na profissão junto com seu pai em uma transportadora. De lá para cá, já são 35 anos de experiência no ramo de reparação diesel.

“Com a experiência que fui adquirindo e vendo as dificuldades que existiam no ramo, decidi fazer faculdade e foi lá que obtive a base para enxergar que, se nós otimizássemos os prazos de entrega, nossa rentabilidade seria maior. Com essa ideia, fundamos a Auto Peças e Serviços Perim, que vem desde então crescendo na área de veículos à diesel”, disse Carlos Eduardo.

Sobre o mercado de peças e informações técnicas no ramos, Carlos Eduardo explicou: “O fabricante de peças fornece para as montadoras que, por sua vez, repassa para as concessionárias. Nesse ponto há, geralmente, peças, informações técnicas e ferramentas específicas para todos os serviços possíveis, porém, dali por diante, há um grande buraco, pois o segmento da reparação diesel é ‘muito fechado’. Assim, os distribuidores, autopeças, transportadoras, varejistas e reparadores independentes ficam totalmente carentes de informações técnicas, sendo elas diagramas, manuais de reparação, informações sobre manuseio de ferramental e etc”.

“Ainda há outro agravante. Alguns reparadores que possuem alguma informação, costumeiramente não compartilham com outros, por considerarem ‘concorrentes diretos’ e uma ameaça ao seu trabalho. Este tipo de conceito faz com que todos percam, assim não evoluímos na mesma velocidade dos veículos que reparamos”, acrescentou Carlos Eduardo.

MANUTENÇÃO EM FREIOS

Foto 1Carlos Eduardo optou por entrar no segmento de remanufatura de componentes de freio da linha diesel. Em seu setor de serviços, ele nos mostrou um Mercedes-Benz Axor 1933 ano 2007 que estava com 1.000.000km rodados. (FOTO 1)

Foto 2“O freio é um sistema muito importante (FOTO 2), principalmente nestes veículos pesados. Infelizmente neste segmento, caso não seja um frotista, nem o proprietário do caminhão e nem o motorista dão a devida atenção a ele”, disse Carlos Eduardo.

“Em um freio à tambor (sistema utilizado em veículos pesados), quando as lonas estão muito desgastadas ou com desgaste desigual, diferentemente do que ocorre em veículos, essa falha é transmitida em forma de sobrecarga de frenagem para as outras rodas que estejam com o sistema em melhor condição. Dessa forma, uma roda que é projetada para suportar determinada carga, quando muito exigida, superaquece, provocando principalmente falhas na frenagem e, principalmente, nos pneus. O grande vilão causador desse superaquecimento é a regulagem incorreta das lonas de freio”, disse Carlos Eduardo.

Foto 3“Estes pneus costumam trabalhar com 120 Lpol² quando frios, porém quando aquecidos, essa pressão chega a 150 Lpol². Isso afeta a borracha do pneu, onde o aumento de temperatura e pressão faz com que essa se enrijeça, tornando-a quebradiça (FOTO 3), chegando ao ponto até de se desprender da banda de rodagem, podendo causar acidentes graves. Fora esse problemas, um pneu destes é muito caro e geralmente estes caminhões utilizam dez”, observou Carlos Eduardo.

“Mesmo possuindo sistemas de autoregulagem dos freios é necessária a regulagem manualmente também. Algumas transportadoras utilizam inclusive de um profissional específico para este fim”, comentou Carlos Eduardo.

Foto 4Carlos Eduardo ainda acrescentou: “Geralmente, essa regulagem é feita até que a lona encoste levemente no tambor. Quando esta catraca apresenta problema (FOTO 4), após ter sido efetuada a regulagem, quando o condutor pisa no freio essa regulagem é perdida, pois a catraca não está mais segurando o patim na posição correta”.

“Outro problema ocorre no momento em que o reparador regula o sistema sem ter o cuidado de verificar se as rodas estão em temperatura ambiente. Caso não esteja, à medida em que se regula, se ouve um ‘click’, onde a lona encosta por inteiro na roda. Quando a temperatura cai, o conjunto retrai em suas dimensões e acaba travando a roda com a lona de freio (FOTO 5)”, explicou Carlos Eduardo.

“Sabendo do problema que pode ocorrer, o reparador ao invés de desmontar o patim e reiniciar a regulagem, acaba deixando do jeito que está. Assim, muitas vezes o motorista pega o veículo e não percebe que as lonas estão presas. Aí o superaquecimento acontece e, em casos mais graves, pode até pegar fogo ou o veículo ficar sem freio”, comentou Carlos Eduardo.

Outro alerta que Carlos Eduardo fez foi com relação às pastilhas do freio dianteiro deste caminhão: “É comum verificarmos que os reparadores ‘tiram’ o canto das pastilhas para remover os ruídos que aparecem (FOTO 6). Esta prática não é recomendada, pois diminui a área de atrito destas com o disco, causando menor eficiência de frenagem, onde nesse tipo de veículo é algo bem perigoso”.

Foto 7“A recomendação é que sempre que for reparar o freio de um caminhão pesado, deve-se atentar para a troca de forma preventiva dos reparos (FOTO 7) das pinças de freio e cilindros dos tambores, pois isso é uma parte muito importante do veículo que, em alguns momentos, não se dá a devida importância que o componente merece. Com essa atitude, tanto a transportadora como o dono do caminhão e o condutor, economizarão tempo e dinheiro, pois  o componente terá durabilidade e confiabilidade maior, favorecendo que o caminhão continuará trabalhando, sem pôr em risco a segurança dos ocupantes, da carga e dos demais que compartilham com ele das ruas e estrada de nosso país”, finalizou Carlos Eduardo.