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Câmbio da Renault Master é simples e não trará dificuldades nas oficinas independentes - Final


Dando sequência à matéria iniciada na última edição, vamos ao procedimento de análise e inspeção das condições dos componentes internos da transmissão de seis velocidades da Renault Master CDi

Por: Fernando Naccari e Paulo Handa - 10 de novembro de 2014

Transmissão do Renault Master tem construção simplesNa primeira parte da matéria, o reparador e instrutor do SENAI Ipiranga Melsi Maran nos ensinou como realizar a desmontagem da caixa de marchas da Renault Master 2.4CDi fabricadas a partir do ano de 2013.

Nesta, iniciamos o processo de desmontagem com a retirada do pino elástico de fixação da alavanca seletora de marchas. Em seguida soltamos os cabos de seleção e engate e os parafusos da caixa de transmissão.

Encerramos o processo explicando a desmontagem da árvore primária, conjunto de anéis sincronizadores e reforçamos atenção às molas que pressionam estes anéis.

Nota: Para a desmontagem desta árvore secundária da 3ª e 4ª marcha e conjunto da marcha ré, basta seguir o mesmo procedimento descrito para a remoção do conjunto primário explicado na matéria anterior. 

ANÁLISE DE COMPONENTES
Após ter a transmissão desmontada bem como seus componentes internos, partiremos agora para uma fase importante do processo de reparação, que é a inspeção peça por peça.

Melsi indicou inicialmente a verificação das condições do dente da coroa quanto à sua uniformidade, condições do assentamento dos dentes e análise visual de superaquecimento causado principalmente por deficiência na lubrificação. “Outra inspeção que passa despercebida muitas vezes, mas deve ser sempre verificada é quanto ao alinhamento da engrenagem que aciona o velocímetro (FOTO 1). Se esta não estiver em boas condições e apresentar qualquer deterioração será necessária a sua substituição”, disse o profissional.

Já na caixa de engrenagens satélites, devemos nos atentar também ao aspecto dos dentes, quanto a danos e falha na lubrificação além de conferir se há folgas excessivas entre os dentes (FOTO 2).

Foto 1 e Foto 2Em seguida, Melsi aconselhou analisar a árvore primária. “Oriento à verificação minuciosa dos rolamentos cônicos quanto à existência de danos aos roletes e pista. Se forem notadas ranhuras nas peças, isso indicará que a pré-carga de trabalho anteriormente aplicada era excessiva e será necessária a substituição do componente”.

Já na árvore primária, podemos analisar a condição da engrenagem motora da 1ª velocidade. “Verifique sempre as condições dos dentes, assim como fizemos com os da coroa. Nestes, se houver riscos ou coloração “azulada”, também há evidências de falha de lubrificação e excesso de pré-carga (FOTO 3)”, explicou Melsi.

Foto 3 e Foto 4

IMPORTANTE: Siga as mesmas orientações de verificação para as engrenagens motoras da 2ª marcha, marcha ré, da 4ª e 5ª velocidades, 3ª e, por último, a da 6ª velocidade (FOTOS 4, 4A E 4B).

Foto 4A

Foto 4B e Foto 5

Outra evidência de falha na transmissão que as engrenagens podem demonstrar é se estas apresentarem coloração em tom “amarronzado”. Isso indica que a caixa de marchas apresentou contaminação do lubrificante por infiltração de água. 

No conjunto de engate da marcha a ré, verifique que este possui um anel sincronizador, peça pouco comum nos modelos de transmissão mecânica (FOTOS 5 E 5A). “Este possui uma mola para manter a carga no conjunto no momento do engate, portanto verifique se existe curso e se este está deslizando sem interferências. Se travar, o que é bem comum, será necessária sua troca”, explicou Melsi.

Nas engrenagens, Melsi explicou que podemos observar que estas possuem pistas espaçadoras e rolamentos de agulhas, os quais devem ser conferidos (FOTO 6). “Observe se estes apresentam rugosidade irregular e/ou imperfeições. Caso apresente, substitua o conjunto junto ao seu respectivo espaçador”.

As arruelas de encosto (FOTO 7) também não podem ser esquecidas. “A conferência das ranhuras existentes para lubrificação, bem como sua espessura, são importantes para o bom funcionamento de engate das marchas”, explicou o instrutor Melsi.

Foto 5A e Foto 6

Foto 07 e Foto 08

Segundo Melsi, os conjuntos sincronizadores das marchas merecem atenção no momento da inspeção (FOTO 8). “Devemos olhar como estão os seus dentes. Se estiverem desgastados, mesmo que bem pouco, com certeza trarão prejuízo à eficiência dos anéis sincronizados e, consequentemente, ao engate das marchas. Não pense duas vezes: para poupar retrabalhos, troque essa peça sempre que apresentar esses problemas”.

Já nas luvas, Melsi disse que devemos analisar o rebaixo e notar que eles são descentralizados. “É importante saber isso para o momento da montagem. Nele, confira a existência de desgastes laterais, geralmente provocados pelos garfos de acionamento. É fácil notá-los, é só verificar se existe arredondamento nas bordas laterais onde há o encaixe do garfo. Caso isso ocorra, substitua o componente” (FOTO 9).

Nas luvas observaremos um pequeno canal onde se encaixam os “reténs” que trabalham em conjunto com os sincronizadores (FOTO 10). “Estes canais não podem apresentar nenhum desgaste, pois havendo, prejudicam o bom funcionamento da transmissão. Caso haja, troque o conjunto da luva sincronizadora”, explicou Melsi.

Foto 09 e Foto 10É importante também não se esquecer de observar que nesta luva existe um ressalto no qual os sincronizadores se encaixam, portanto é outro ponto a ser avaliado quanto ao desgaste e presença de impurezas (FOTOS 11 E 11A).

Foto 11 e Foto 11APara facilitar nosso entendimento quanto à importância deste componente para o bom funcionamento do engate das marchas, Melsi explicou que os anéis sincronizadores tem a função de “frear” as engrenagens no momento do engate evitando que as marchas arranhem em uma troca, pois quando se pisa na embreagem o carretel ainda continua em inércia devido à rotação do conjunto (FOTO 12). “Por isso, no momento da análise dos componentes, confira se as distâncias entre o anel e os dentes estão dentro do especificado pelo fabricante. De qualquer forma, os sincronizadores são itens que sempre deverão ser substituídos quando o conjunto de transmissão for desmontado para garantir que tudo continue funcionando bem e poupando retrabalhos desnecessários”.

Outros itens que, mesmo não apresentando defeitos têm a substituição aconselhada são os pinos elásticos, reténs, retentores, anéis-trava, e juntas. “Não podemos nos esquecer de incluir nesse pacote o lubrificante, que jamais deve ser reaproveitado (FOTO 13)”, aconselhou Melsi.

Foto 11 e Foto 11AQuando chegarmos à análise dos garfos, é importante verificarmos suas pontas de contato, pois costumam apresentar degradação (FOTO 14). “Devemos comparar com um paquímetro ou micrômetro o seu desgaste nas duas extremidades. Se apresentarem diferenças de valores entre si ou desgaste acentuado em ambos, devemos substituí-los”, ratificou Melsi.

Ainda falando neste elemento de seleção, é necessário verificar também as folgas que este apresenta em relação as suas engrenagens (FOTO 15).

Foto 12 e Foto 13Um dos problemas de dificuldade de engate que esta transmissão pode apresentar, segundo Melsi, está relacionado ao empenamento da haste de sustentação do garfo. “Para detectarmos isso, devemos remover os garfos da haste e verificar visualmente esta questão, ou simplesmente se “rolarmos” esta haste em uma superfície plana, veremos se ela se movimentará facilmente ou em solavancos (FOTO 16)”.

Melsi reforçou que no pinhão é importante verificar desgastes, existência de falta de lubrificação e se há o correto assentamento dos dentes deste com o da coroa (FOTO 17). “Havendo qualquer irregularidade, vamos trocar a peça”.

Foto 16 e Foto 17IMPORTANTE: Repita os mesmos procedimentos de análise realizados no conjunto primário para o conjunto secundário (FOTO 18).

Foto 18 Na próxima e última matéria sobre este assunto, falaremos sobre os detalhes e o passo-a-passo de montagem dos componentes e da transmissão da Renault Master.