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De ‘pai para filho’, oficina prosperou e reparador conta como chegou ao sucesso


A partir deste mês o Jornal Oficina Brasil trará casos de sucesso no empreendedorismo de reparação. Satisfação, paixão e dedicação ao trabalho tornam estas oficinas um “Bom Negócio”

Por: Fernando Naccari e Paulo Handa - 13 de fevereiro de 2014

Equipe Jet Carb atende em média 80 veículos por mêsConversamos com o reparador Evandro Sanches de Souza, de 41 anos, onde há 13 anos é proprietário da oficina Jet Carb, situada no bairro de São João Clímaco em São Paulo – SP.

Com a oficina herdada do pai, João de Souza Filho, de 68 anos, dos quais mais de 50 anos foram dedicados à profissão, começou o trabalho com o irmão em outro endereço, onde reparavam os Simca, Ford 47, Cadillac,  DKV, dentre outros.

“Lembro que naquela época as coisas eram difíceis. As informações eram coletadas de revistas, pois manuais eram raríssimos! Quando conseguíamos alguma coisa era uma verdadeira festa. Os reparadores falam de dificuldades em adquirir informações, mas em comparação àquela época, hoje existem meios, é só saber onde buscá-las e se disponibilizar em fazê-lo, pois não se pode querer tudo na mão, né?”, comentou João.

Evandro Sanches de Souza, proprietário da Jet Carb

Evandro comenta que a falta de informação em comparação há alguns anos melhorou, e que uma literatura de qualidade não vem de graça: “Às vezes custo é muito alto, mesmo quando vindo da internet. Todo esse tempo gasto para encontrar informações relevantes não é um tempo perdido, mas sim um tempo ganho em conhecimento e crescimento para sua oficina”, relatou Evandro.

“De que forma o reparador deve contabilizar, cabe a cada um fazer o seu custo, mas calcular e colocar isso no custo operacional do serviço e vendê-lo é uma estratégia que cada reparadora deve utilizar de forma inteligente”, acrescentou Evandro.

Segundo Evandro, obter as informações técnicas são a chave para o sucesso de uma oficina: “Antigamente, tudo era na base da tentativa e erro, onde insistíamos até obter um resultado satisfatório. Hoje isso não é necessário, basta nós irmos atrás delas, assimilá-las, aplicá-las em nossas oficinas e, por quê não, disseminá-las a outros reparadores? Isso é o grande segredo de uma oficina de sucesso: reparadores com conteúdo e seguros do que fazem com certeza serão mais felizes!”

João de Souza Filho, mais de 50 anos dedicados à profissãoSATISFAÇÃO DE PAI

Todo pai se orgulha do filho por cada feito que ele conquista. Mas no caso de João, além do orgulho, viu em seu filho a oportunidade em dar continuidade no ramo e na profissão que tanto ama: “Estou muito satisfeito do meu filho Evandro estar na frente do meu negócio. Desde pequeno levava os carburadores que trocávamos para ele brincar e ele se divertia desmontando e montando como se fosse um brinquedo. Naqueles momentos sentia que ele seria o meu sucessor”.

João ainda completou: “Ressalto que isso é muito importante, pois muitos reparadores que têm as suas empresas de sucesso e de pequeno porte não pensam que um dia vai chegar a aposentadoria e, neste momento, muitos empreendimentos de sucesso não têm continuidade, por não ter um sucessor à altura, oferecendo o tempo e dedicação necessárias para tocar o negócio da mesma forma ou até melhor”.

MELHOR MÉTRICA

Cada proprietário deve ‘dimensionar’ qual é a melhor opção para sua oficina, mas isso nem sempre é fácil. Existem cursos especializados no mercado que orientam como gerenciar sua empresa. Porém, alguns profissionais acabam ‘nascendo’ com esse dom e acabam encontrando uma solução viável para seu negócio.

É o que aconteceu com a Jet Carb: “Aqui trabalhamos com uma equipe de 4 pessoas, sendo uma no administrativo, uma na área comercial e 2 na parte técnica”, explicou Evandro.

Ele ainda completou: “Atendemos uma média de 80 veículos por mês com um ticket médio de R$ 875,00. Ao contrário de muitas oficinas que acreditam que o volume é que faz o crescimento da oficina, aqui aprendemos que prestar um serviço de qualidade a um preço justo e com peças de boa procedência, fideliza clientes e essa fidelidade é que faz a oficina se manter e crescer. Outra boa questão é que todos aqui trabalham na empresa a mais de 20 anos e notamos que isso também traz uma boa imagem ao cliente, pois a alta rotatividade de funcionários traz a impressão de que a oficina não possui um bom ambiente e que, por consequência, isso se estenderá ao tipo de serviço prestado”.

Também há a questão de clientes que procuram os serviços baseados no menor preço. Quando isso ocorre, é dor de cabeça certa à oficina e ao cliente, pois ambos acabam perdendo com isso. É o que conta Evandro: “É comum receber veículos de outras oficinas, pois estas não conseguiram resolver os problemas que o cliente reclamou. Estas em questão, geralmente trocam as peças por tentativa e erro, ou então trocam somente aquilo que é de praxe como velas, cabos e alguns sensores. Dessa forma, o cliente que optou por essa oficina foi em busca do melhor preço, mas não pelo melhor serviço. Infelizmente, vejo que essa prática só tem aumentado. Em nossa região essa prática tem se tornado cada vez mais comum e ainda é um fator decisivo na escolha do cliente. Também, boa parte da culpa é das oficinas que não estão preocupadas em solucionar o problema, mas sim atender o maior número de cliente possível, oferecem preço de reparo muito inferior ao que o mercado pede e, devido a esse mal dimensionamento dos custos, não lucram quase nada e acabam falindo”.

“Outro fator que nos favorece na questão dos custos é que trabalhamos em uma sede própria e realizamos um controle muito rigoroso dos custos que envolvem o reparo, os funcionários e a manutenção da oficina”, completou Evandro.

Evandro ainda opinou sobre uma prática adotada pelo segmento que, a seu ver, também é uma das causas do insucesso: “Para muitos reparadores, colocar vários mecânicos sem experiência exigida para a função, para pagar baixos salários, aumentar o volume de veículos atendidos e aplicar baixos preços é a receita do sucesso. Talvez antigamente pudesse ser assim, mas hoje com certeza essa não é a melhor fórmula. Quando isso ocorre, você terá serviços mal executados, funcionários descontentes e um cliente ‘infiel’ que, por procurar o menor preço, quando achar um mais baixo que o que você pratica, acaba indo embora e isso, para a oficina, é muito complicado. Para mim, atender quantidade independente da qualidade é marketing de empresa de fast food que para nosso segmento não serve”.

DICAS

Evandro comentou sobre como ele encontrou a fórmula do sucesso dessa maneira: “O que mais dá certo para fazer uma oficina prosperar é a fidelização de clientes, repito. Mas isso não acontece da noite para o dia, pois requer recursos, estudo, gestão, dedicação, muita paciência, perseverança e, principalmente, ótimos profissionais que efetuem trabalho voltado à qualidade do serviço e, associado a isso, um preço justo cobrado pelo serviço realizado. Minha empresa levou cerca de 8 anos para atingir a estabilidade, onde na época, adquirimos nossa sede própria”.

“Você, colega reparador que quer ter o seu próprio negócio, estude muito! Estar do lado empreendedor é muito diferente do estar como funcionário. Muitas vezes, ser um bom técnico não é suficiente para se ter uma empresa de sucesso, pois como já disse, outras questões devem ser levadas em consideração. Pense nisto”, finalizou Evandro.