Continuando a linha de diagnósticos no sistema de injeção eletrônica, nesta segunda parte vamos abordar um problema bem conhecido que ocorre em motocicletas injetas que possuem o ajuste de marcha lenta automático.
A motocicleta avisa quando algo não vai bem, normalmente um dos primeiros sintomas é a dificuldade de manter a marcha lenta.
A primeira pergunta que vem é: por onde devemos começar o serviço.
Para responder à pergunta acima utilizamos como exemplo o Honda Lead 110, o scooter é equipado com injeção eletrônica, sistema PGM FI e possui ajuste automático da marcha lenta por meio de um IACV (Idle Air Control Valve - válvula de controle do ar da marcha lenta, em tradução livre), um motor de passo.
Descrição do sistema
Presente nas motocicletas Honda, Kasinski e outras marcas o ajuste da rotação de marcha lenta é por meio de um tipo de motor de passo.
O dispositivo controla o volume de ar que alimenta o motor nas baixas rotações. O êmbolo do mecanismo desloca-se em um circuito secundário de passagem de ar no corpo de borboleta de aceleração, em algumas motocicletas o dispositivo está acoplado na caixa do filtro de ar.
Todas as estratégias de ajuste de RPM para motor frio ou aquecido serão determinadas pela central eletrônica (ECM) que determinará os passos de movimentação do êmbolo do motor de passo tanto para abertura quanto para fechamento do circuito de ar por meio dos sinais provenientes dos sensores com as condições instantâneas da motocicleta.
Se o motor está frio a abertura da passagem de ar será maior, e posteriormente será reduzida quando o motor aquecer e atingir a temperatura normal de uso, porém para assegurar uma rotação estável é necessário que haja um controle permanente para que a marcha lenta seja assegurada em qualquer condição, inclusive de conservação da motocicleta, há sempre uma readaptação por parte do módulo do motor, o aprendizado é permanente.
Portanto não há o que fazer, se a rotação estiver oscilando ou fora do padrão é necessário fazer um check-up na moto até solucionar o problema.
Fique atento: a rotação de marcha lenta mal ajustada pode ser motivo de reprovação na inspeção veicular de emissões de gases de escapamento
O IACV está localizado no corpo de borboleta de aceleração instalada em um dos dutos tipo by pass. O mecanismo é responsável em fornecer suprimento de ar necessário para a marcha lenta do motor. O princípio de funcionamento do IACV baseia-se na energização de suas bobinas que obedece a uma sequência pré-determinada, os movimentos para frente e para trás são determinados pelo ECM, o módulo eletrônico fornece o sinal de atuação em forma de tensão.
O volume de ar da marcha lenta interfere diretamente na rotação do motor e também no padrão de mistura, para um maior volume de ar a rotação de marcha lenta será elevada e por consequência para um menor volume de ar admitido a rotação diminuirá. O ajuste é instantâneo e a rotação deverá ser mantida estável independente das solicitações impostas ao motor.
Nota: não proceda ao ajuste de marcha lenta pelo parafuso batente do eixo de borboleta para que o TPS não perca nenhuma referência de posicionamento.
Vantagens do IACV
O ECM (módulo de controle do motor) utiliza como referência para ajustar a rotação de marcha lenta os sinais fornecidos pelos sensores do sistema de injeção eletrônica e o ajuste da rotação será preciso e instantâneo.
Algumas dicas compartilhadas do manual de serviços
Algumas panes podem ser apontadas na luz indicadora de mau funcionamento na injeção eletrônica “MIL” o código será o “29”
O motor de passo está sujeito a uma série de panes mecânicas como um simples engripamento do êmbolo que podem ser previstas nas manutenções preventivas:
• Mantenha o filtro de ar limpo
• Utilize gasolina de boa qualidade
Causas de Marcha lenta incorreta
Folga incorreta do cabo do acelerador
Entrada de ar entre os componentes do corpo de aceleração ou coletor de admissão.
• Falhas na instalação do mecanismo
• Engripamento do êmbolo do atuador
• Sistema de alimentação de combustível com defeito
• Falha no contato da fiação do IACV
• Peça inoperante
• Furo no coletor de admissão
Teste prático pode ser feito para verificar o funcionamento do IACV
De acordo com o manual do fabricante siga os seguintes passos:
Verifique se a tensão da bateria está ao menos com 12,3V, para valores abaixo é necessário completar a carga, utilize carga lenta com a corrente de carga equivalente a 10% da corrente da bateria. Retire o motor de passo do corpo de borboleta de aceleração sem desligar a conexão elétrica, verifique se não há danos mecânicos ou algum tipo de sujeira.
Veja também as passagens de ar no corpo de aceleração se não há entupimento. Ligue a chave de ignição, o IACV deverá movimentar-se para frente e para trás, um ruído típico do funcionamento também é indicador de funcionamento.
Diagnósticos com auxílio de um multímetro
Antes de iniciar o serviço, verifique:
• Possíveis falhas de contato do conector e na fiação da motocicleta.
1. INSPEÇÃO DE CURTO-CIRCUITO NA IACV
Ferramenta utilizada: multímetro
Com a chave de ignição desligada desacople o conector do ECM (33p) e o conector do IACV (4P).
Veja se há continuidade entre os fios do conector do IACV ( lado da fiação da motocicleta) e o terra.
Modo de verificação, cores dos fios.
Testar continuidade entre fios:
Verde claro/vermelho e terra
Marrom/vermelho e terra
Preto/vermelho e terra
Conclusão: não deve haver continuidade, se houver veja possível curto- circuito entre ECM e IACV
2. VERIFICAÇÃO DE CIRCUITO ABERTO NA IACV
Para a realização do diagnóstico utilize uma caixa de pinos instalada em série entre o ECM e seu conector (33P). No conector do IACV ( lado da fiação da motocicleta) faça o teste: (chave de ignição desligada)
Inspecione os seguintes fios:
Verde claro/vermelho (D) com o píno 21
Marrom/vermelho (C) com o pino 20
Cinza/vermelho (A) com o pino 32
Preto/vermelho (B) como pino 31
Conclusão: deve haver continuidade
Condições: se houver continuidade prossiga o teste e vá para a próxima etapa
Se não houver continuidade há circuito aberto na fiação entre o conector do IACV e o ECM
Inspeções: Verifique se os pinos do conector do ECM e IACV estão soltos, veja fios quebrados.
3. INSPEÇÃO DA RESISTÊNCIA NA IACV
Meça a resistência nos terminais do conector da IACV
Posição do multímetro no conector:
A-D B-C
Valor padrão de resistência: 110 a 150 Ω (200C)
Conclusão: Se os valores medidos relacionados à resistência estiverem diferentes do especificado substitua o atuador (IACV) e verifique o funcionamento do soquete. Se os valores medidos forem diferentes vá para próxima etapa de testes.
4. INSPEÇÃO DE CURTO-CIRCUITO NA IACV
Teste: Continuidade nos terminais
Posição do multímetro no conector:
A-B C-D
Conclusão: Não deverá ter continuidade nos terminais
Condições: se houver continuidade substitua o IACV e verifique o funcionamento, se não houver continuidade substitua o ECM e verifique o funcionamento.