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Dafra Cityclass: O scooter que deveria fazer sucesso como o Citycom, mas falhou


Design à moda italiana, tecnologia oriental e jeitinho brasileiro. Faltou pouco para ser um sucesso de vendas

Por: Lucas Paschoalin - 25 de outubro de 2017

Maior empresa nacional do segmento de motos, a Dafra nasceu em 2007 com uma campanha bem agressiva na venda de motocicletas. No começo, a marca criada pelos sócios do Grupo Itavema, o maior grupo de concessionários da América Latina, investiu em produtos muito acessíveis. O retorno foi assustadoramente rápido para a fabricante. O problema, no entanto, foi a falta de durabilidade dos artigos da marca, que com o tempo apresentaram falhas mecânicas graves. Antes que uma crise muito forte afetasse a estrutura construída em Manaus- AM, os homens de frente da Dafra agiram e aproveitaram da sua intimidante estrutura (para um empresa tão recente), de 170  m2, para chamar atenção de marcas grandes que ainda não estavam no país. Assim nasceu o Citycom, pareceria com a coreana SYM, e a febre pelos scooters de média cilindrada, categoria que desde o início da crise do motociclismo, em 2008, é a única classe em contínua evolução do mercado.

Após o lançamento certeiro do Citycom, a Dafra resolveu aproveitar da fama da musculosa motoneta para lançar uma versão menor para os que procuram praticidade. Então, em 2014, chegou o Cityclass, com 200 cilindradas e muitos fatores a favor para quem queria mais conforto gastando menos.

PONTO FRACO

A Dafra foi inteligente na jogada do motor, escolheu um 200 cc (199,1 cm³ para ser mais exato) para enfrentar o 150 cc (149,3 cm³) do Honda PCX. Mas falhou na mão de obra, por não deixar o funcionamento do monocilíndrico 4T mais liso. Além de vibrar bastante, o OHC é muito ruidoso e fraco em relação aos seus concorrentes. São 13,86 cv a 7.500 rpm e 1,41 kgfm de torque a 6.000 rpm, cifras pouco mais significativas que o scooter japonês em quantidade, mas bem diferentes na prática. A transmissão automática CVT desenvolve de maneira linear, com boa arrancada do início até uns 60 km/h, mas decai levemente até chegar ao seu limite, 130 km/h – no painel. Na cidade o desempenho do motor injetado é boa, e atende bem às necessidades de quem busca uma moto para o dia a dia. O problema é para quem pega rodovias.

O scooter da Dafra também precisava ser mais econômico, para conseguir bater de frente com seus concorrentes – 24 km/l foi a média obtida no percurso misto que realizei, quase 150 km de autonomia.

O ITALIANO MODERNO

Na minha humilde opinião, o Cityclass é o scooter mais bonito entre os modelos de entrada até a sua cilindrada. Não parece um Transformers, com linhas tão futuristas, mas também não faz feio. É como um scooter italiano, com linhas moderadamente modernas e finas – a Ferrari dos scooters, mas sem o motorzão. Repare na pedaleira da garupa, embutida e escondida dentre um dos acabamentos. Além de bonito, outra vantagem é a postura confortável, que te mantém em uma posição bem ereta e alta, para visualizar bem o que vem à frente. A única coisa que poderia ser mais agradável é a espuma do banco, um tanto quanto dura para quem fica muito tempo sobre a moto. A posição para a garupa é boa, e o espaço para a acomodação do assento é bem generosa.

O chassi Underbone tem plataforma para os pés, outra vantagem em relação ao PCX. Não é um espaço muito grande, então se você tem um pé de gigante, terá uma certa dificuldade para achar posição. O quadro de aço na cor preta monta suspensão convencional na dianteira com 87 mm de curso e amortecedores bi-shock na traseira com meros 65,6 mm de curso. Todo o conforto que mencionei oferecido pelo assento é prejudicado pelo sistema de amortecimento traseiro, que deixa o scooter bem duro para quem enfrenta buracos – ou seja, todos nós que habitamos o Brasil. Outro culpado do pouco curso dos amortecedores é o espaço sob o banco, que foi reduzido para que as rodas maiores tivessem espaço. O bagageiro interno tem capacidade para carregar até 3,5 kg e o seu volume é compatível com o de um capacete fechado de tamanho médio. Se o seu é um daqueles todos angulados e diferentes, talvez tenha dificuldades para guardá-lo debaixo do banco do Dafra.

O tamanho robusto para um scooter de entrada é nítido pelo volume, já que o peso é bem aceitável, 135 kg a seco. O banco está a 785 mm do solo, e os mais baixos precisam deslizar até a ponta do assento para encostar os pés no chão. Os 711 mm de largura se esquivam bem na maior parte do tempo que estão nos corredores, apenas empacam nos veículos mais altos, pois os retrovisores da motoneta se encontram com o dos carros. Seus 1.440 mm de entre-eixos e os 2.087 mm de comprimento torcem um pouco em curvas de alta, mas cortam com precisão os lugares mais estreitos – mantenha a atenção apenas no sistema de escape, ele costuma passar muito perto do para-choque dos automóveis.

O Cityclass não corresponde tão bem quando precisamos dobrar para o lado esquerdo, já que o cavalete lateral e o central pegam no chão com bastante facilidade. Se por um lado isso é pelo incômodo, por outro prova a facilidade do scooter em deitar. São apenas 128 mm que separam a parte de baixo do chassi do chão.

AS RODAS GRANDES

Todo scooter vira vítima de críticas pelo tamanho de suas rodas. Mas nesse ponto o Cityclass se dá bem, já que ambas são de 16” e calçam pneus de boa qualidade, Pirelli Tubeless Diablo Scooter. Na dianteira o tamanho é 100/80-16” e na traseira 120/80-16”. O perfil alto do Diablo Scooter ameniza muitas vezes os impactos na falta de curso das suspensão, faz não faz milagres.

O acabamento do Cityclass é cheio de altos e baixos. Alguns espaçamentos são meio grosseiros e uns parafusos têm cara de que não aguentam uma vida muito longa. O bagageiro traseiro, o gancho para pendurar sacola na altura da caixa de direção e o bagageiro traseiro facilitam muito para que você consiga carregar os seus pertences e os movê-los com facilidade.

A fábrica está dando R$ 1.000 de bônus no Cityclass, que com a ajuda sai por R$ 9.990. O preço é um forte atrativo para quem quer sair do trânsito e enfrentar os corredores brasileiros sem perder a elegância e a praticidade de um veículo espaçoso.