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Camp Oeste oferece curso de Aprendizagem Automotiva para formar técnicos e cidadãos


Fornecido para jovens de baixa renda, entidade pode ajudar a sua empresa a formar a mão de obra qualificada que tanto necessita. E você contribue com pouco para ter grande retorno

Por: Da redação - 13 de abril de 2016

Entre muitos problemas que enfrentamos no país, um dos mais profundos é a Educação. Por isso, iniciativas que estimulem a aprendizagem e profissionalização são de fundamental importância, principalmente em momentos de crise: o desemprego entre jovens de 15 a 24 anos alcançou 15,5% no primeiro semestre de 2015, três vezes a taxa entre adultos, segundo OIT (Organização Internacional do Trabalho).

Fundado em 09 de fevereiro de 1983, o Camp Oeste (Centro de Assistência e motivação de pessoas) é uma entidade sem fins lucrativos, administrada por membros do Rotary Club São Paulo Lapa, Oeste e Sumaré. E você, reparador, que precisa de mão de obra, mas não sabe onde encontrar, no Camp Oeste você conseguirá solucionar os seus problemas. A entidade oferece cursos no “Centro de Aprendizagem Automotiva”, um projeto aprovado pelo Fumcad (Fundo Municipal da Criança e do Adolescente), que forma jovens aprendizes nas áreas Comercial, Peças, Qualidade/ Meio Ambiente, Recursos Humanos e Oficina.

Com 33 anos a entidade já formou mais de 18 mil alunos em diversos setores. Francisco Alberto Magalhães, coordenador administrativo do CAMP Oeste, afirma: “nós aceitamos jovens de baixa renda, depois de fazer a análise socioeconômica. Aprovados, eles fazem um curso de três meses para capacitação para o ambiente de trabalho. Depois dessa fase eles começam o curso de jovem aprendiz e iniciam no mercado de trabalho, absorvidos pelas 210 empresas que são nossas parceiras”.

Oficina/sala de aula do Camp Oeste para o curso de Aprendizagem Automotiva

Segundo Francisco Magalhães, o CAMP atua no hiato que existe no sistema S de ensino (Senai, Senac), que não consegue atender toda a demanda. A estrutura foi montada através de incentivo fiscal das empresas e suas doações, “o que possibilitou a montagem da oficina para o curso de capacitação para reparador”, comenta Magalhães. “É um projeto de cinco anos que se tornou realidade agora”.

O CAMP Oeste começou o curso de Aprendiz de Reparador oferecendo a mão de obra jovem para as concessionárias, mas foi no período de crise que eles perceberam que o mercado é muito maior: o de oficinas independentes em todo o país. 

Marcelo Oliveira Santos, supervisor de mobilização de recursos do CAMP Oeste, justifica o investimento no setor: “A oficina precisa de um profissional, mas ela espera que o jovem já saiba efetuar o serviço. Contudo, nós estamos lidando com pessoas que estão iniciando as suas carreiras, o que é ótimo para o reparador dono da oficina, que vai poder moldar o jovem à sua maneira”, comenta. “O nosso trabalho aqui no CAMP é identificar o jovem e seu perfil profissional através de testes psicológicos e de personalidade, – e para o curso de reparador nós temos condições de identificar a área: oficina, estoque, atendimento, etc. - formar esse indivíduo para o mercado de trabalho e fazê-lo entrar numa organização”, resume Marcelo Santos.

O grande problema que algumas empresas enfrentam, principalmente notado nas oficinas independentes pequenas, é formar a mão de obra e depois perde-la para um concorrente ou, até mesmo, acabar formando um concorrente. Como conter a rotatividade? Marcelo explica: “tem que fidelizar o jovem ao seu negócio. Um banco importante fazia isso nos anos 1990: a criança entrava na escola da instituição, fazia todo o percurso educativo até a faculdade e depois o banco contratava esse funcionário. Ou seja, o jovem ficava na instituição financeira não só pelo dinheiro, mas porque ele gostava de trabalhar lá. A empresa mexeu na estrutura e com a cultura organizacional do funcionário. E essa é a ideia do nosso programa, criar a consciência. Mas a empresa tem de ter essa responsabilidade também. O dono da oficina tem de pensar ‘estou formando a minha mão de obra futura’”, argumenta o supervisor.


CONCESSIONÁRIAS EM BAIXA

Primeiramente o programa Centro de Aprendizagem Automotiva foi idealizado para atender as concessionárias, que necessitavam de mão de obra para atender os clientes de revisões básicas. “O aprendiz tem condições de realizar pequenas tarefas do dia a dia e, assim, desafogar o profissional mais experiente que tenha outras incumbências mais desafiadoras”, diz Marcelo. Contudo, o Camp vislumbrou a possibilidade de abrir novas frentes: “Atiramos em uma coisa e acertamos outra. Nós estamos sempre preocupados com a ótica social, pois não tínhamos um time voltado para estudar este nicho de mercado. Porém, se nós não estivéssemos atentos às demandas, não saberíamos que existem milhares de oficinas necessitando de mão de obra”, afirma o supervisor.

A entidade rotariana tem casos de sucesso: “o projeto todo começou com a concessionária da Volvo, Auto Sueco. Eles necessitavam de pessoas para trabalharem na área da oficina de pesados e nós montamos, em parceria com eles, esse centro de treinamento em 2008. No começo os alunos iam até a concessionária, hoje nós temos a nossa própria oficina. Atualmente o índice de fidelização dos jovens é de 90% no grupo Auto Sueco”, confirma Marcelo Santos. De acordo com o supervisor, cada gerente apadrinhava o jovem que tinha o perfil para a sua área: estoque, vendas, telemarketing, oficina. Contudo, o curso abrangia todas as etapas: “o jovem conhecia tudo e mesmo que estivesse voltado para o telemarketing ele saberia atender com qualidade, pois sabia do que estava falando. É isso que apresentamos agora para as oficinas independentes”, pontua.

 Flávio Henrique de Souza, instrutor do curso Aprendizagem Automotiva e Marcelo Santos, supervisor: “Costumo dizer que esse negócio é um tripé: empresa, entidade e família. Quando esses três trabalham em equilíbrio, a tendência é que o jovem aprendiz desenvolva a sua carreira de maneira muito melhor”, afirma Santos

ESTOQUE, OFICINA E ASSISTÊNCIA

Os cursos do CAMP Oeste são aprovados pelo Ministério do Trabalho e o “Aprendizagem Automotiva” é dividido basicamente em duas partes: reparador e estoquista. Os jovens são contratados pelas oficinas por 11 meses, sendo que quatro dias eles ficam trabalhando e um dia eles passam no CAMP estudando. Metrologia, eletroeletrônica básica, mecânica básica, física, montagem, desmontagem, injeção eletrônica, etc. Tudo isso uma vez por semana, durante seis horas, das quais quatro horas são de prática e duas de teoria, segundo o instrutor Flávio Henrique de Souza. Depois desse período a empresa contrata ou dispensa.

“Aqui nós não focamos apenas no reforço escolar, pois muitos deles têm dificuldade por conta do sistema de ensino que temos no Brasil. Nós focamos na cidadania que esse jovem vai carregar. Por isso, nós avaliamos o jovem psicologicamente, pedagogicamente, e traçamos seu perfil”, afirma Santos.

“Muitas vezes o reparador independente não tem experiência com a área de Recursos Humanos. E isso não acontece somente com as pequenas empresas, nas grandes oficinas é igual. O investimento que se faz não é apenas financeiro, porque você está cuidado de uma pessoa para que ela te dê resultados. Ou seja, é preciso doar tempo para que esse investimento traga retorno no futuro e saber que cada pessoa é estimulada de forma diferente”, complementa Marcelo.

O estudante que chega até o CAMP Oeste é de baixa renda e muitas vezes, quando começa a trabalhar, torna-se arrimo de família. “O jovem entra aqui de forma gratuita, recebe acompanhamento, refeições, uniforme e inserção no mercado de trabalho. Mas existe, segundo minha percepção, uma vulnerabilidade desse jovem nos quesitos ‘local onde mora’ e ‘família’”, comenta o supervisor. Muitos deles, segundo Santos, não possuem referências. Esses jovens vivem em comunidades “onde o espelho deles é a marginalidade”. Quando eles conseguem melhorar um pouco na vida, partem para outro lugar. “Eu falo ‘pessoal, entendam o seu papel como uma pessoa que se tornou referência na comunidade. Agora, você passa a ser alguém que serve como exemplo, se tornando o espelho para a garotada mais nova, pois você é o caso de sucesso. Ou seja, se uma empresa abriu uma porta para você, poderá abrir para os demais’. Isso gera esperança e os afasta das coisas ruins”, analisa o supervisor.

 “O reparador, para quem o Jornal Oficina Brasil é destinado, pode não saber que o Camp existe. E é aí que está o dilema: o mercado precisa de nós, mas não sabe que estamos aqui para ajuda-los. Se houver uma vaga, enviarei três candidatos com perfil adequado para aquela determinada carência. Aí quem decidirá será o dono da oficina. Depois disso o contrato é feito entre a empresa e o Instituto”, comenta Marcelo Santos. Quer saber como funciona? Acesse o site: campoeste.org.br.

“Não adianta ser só um grande técnico, tem de saber lidar com pessoas, entender o que está fazendo. E aí é que as aulas teóricas se mostram importantes. É necessário explicar para o cliente o que será feito no carro dele”, finaliza o instrutor Flavio Henrique de Souza.

Arthur Valentim Zague de Oliveira

Arthur Valentim Zague de Oliveira, de 18 anos, fez o curso em 2015 e já trabalha na concessionária Toyota Inter Japan na Vila Leopoldina, em São Paulo. “Foi maravilhoso cursar Aprendizagem Automotiva. Tudo o que eu queria saber da área eu vi com o professor Flávio. Seria muito difícil conseguir o emprego que tenho hoje sem o Camp Oeste. Antes do curso eu não trabalhava, não tinha conhecimento, mas agora é diferente. Tenho conhecimento automotivo e até administrativo”, fala feliz o estudante.

Ruan Carlos Dourado Vidal

Ruan Carlos Dourado Vidal, de 19 anos, começou o curso em fevereiro deste ano e afirma: “mesmo com pouco tempo, já deu para ver que é muito bom para o meu futuro. Quero continuar nessa área e fazer mecatrônica”, conta ele, que já trabalha na oficina da concessionária Auto Sueco.

 

O Camp Oeste aposta na mão de obra jovem, oferecendo ensino de qualidade que poderá suprir as necessidades das oficinas independentes do país. Pelo visto, basta apenas um pouco de paciência e dedicação para formar o profissional que você precisa para a sua empresa.