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Presidente da Mann+Hummel Brasil fala sobre a empresa e analisa o mercado


Desde 1990 atuando no grupo M+H, o Engenheiro e Economista Markus Wolf já passou por diversos cargos e confessa que a principal motivação que o levou a ter gosto pelo aftermarket foram às oportunidades que o mercado constantemente apresenta. Com uma experiência invejável no setor de reposição, ele divide com os leitores do Jornal Oficina Brasil suas percepções e opiniões

Por: Vivian Martins Rodrigues - 12 de abril de 2012

Markus WolfEm 1994, Markus Wolf foi convidado pelo diretor de Vendas de Reposição para criar um departamento de Gerenciamento de Produtos. Antes, atuou como engenheiro no Departamento de Planejamento Estratégico, conduzindo projetos como aquisições ou investimentos significativos. Trabalhou em quase todas as áreas e, assim, adquiriu um conhecimento profundo da empresa.  O cargo de Gerente de Produtos foi o primeiro contato com o mercado de reposição e, desde então, esta área se tornou a sua grande paixão. “Sempre preservei um carinho especial por este mercado”, conta o executivo.

No final dos anos 90, houve uma restruturação da unidade no Brasil, momento em que Markus foi convidado para criar o departamento de Marketing e assumir o departamento de Vendas. Esta foi a sua primeira estada no País, que durou de 1997 a 2000.  “Eu sempre soube que não seria a última”, brinca Wolf. Completou sua formação dentro do grupo como responsável pelo departamento de compras corporativa e responsável pelo comercial da unidade de negócios denominada Automotive.

CARREIRA
Jornal Oficina Brasil: Fale de suas experiências profissionais no mercado automotivo e como foi sua carreira na MANN+HUMMEL?

Markus Wolf: Em janeiro 2009 assumi a Gerência Geral da unidade brasileira da MANN+HUMMEL. Depois assumi as vendas do mercado de reposição na Europa e era interessante observar as diferenças, mas também os pontos em comum. A Europa é um mercado mais ou menos saturado com uma variedade de produtos bastante alta, bem como o índice de concentração na cadeia de distribuição.

O mercado brasileiro ainda não chegou neste ponto e tem bastante espaço para crescer. Em termos da frota circulante, já é possível enxergar o início de mudanças. A técnica torna-se cada vez mais complexa. Isso é uma tendência que vai aumentar e, em combinação com uma variedade maior dos modelos no mercado, é um desafio enorme para o setor independente.

EMPRESA
JOB: Em quais países a MANN+HUMMEL opera com plantas fabris?
Markus Wolf: A MANN +HUMMEL possui 41 unidades espalhadas pelos cinco continentes. Em outras palavras, estamos presentes onde o nosso cliente está. Na Europa, temos fábricas na Alemanha, Reino Unido, França, Espanha, República Tcheca, Rússia, Bósnia-Herzegovina, Suécia, Turquia, Itália. Na Ásia a MANN+HUMMEL possui produção na China, Coréia do Sul, Cingapura, Índia, Indonésia, Japão, Malásia, Filipinas, Cingapura, Taiwan, Tailândia, Emirados Árabes, Vietnã. Nas Américas, Estados Unidos, México, Argentina e Brasil. Além da Austrália, na Oceania.

JOB: Qual a importância da operação brasileira na estrutura mundial da MANN+HUMMEL?
Markus Wolf: A MANN +HUMMEL Brasil é a maior operação do Grupo fora da Alemanha, embora o crescimento das unidades na China seja muito forte e as unidades nos EUA estejam ganhando mercado, nós conseguimos defender esta posição. O Brasil representa cerca de 10% do faturamento do Grupo MANN+HUMMEL.

JOB: Quais os números referentes à planta brasileira (área disponível e construída, número de funcionários, departamentos, produtos e volumes de produção)?
Markus Wolf: Em Indaiatuba, nossa planta principal, possui 1250 funcionários e uma área de 120 mil m², sendo 50 mil m² de área construída. Além dos produtos conhecidos no Aftermarket como elementos filtrantes de ar e de óleo, filtros blindados e de combustível, fabricamos para o mercado automotivo sistemas de filtragem de ar com carcaças e tubos em plástico, sistemas de filtragem de líquidos, coletores de admissão, tampas de válvulas e válvulas termostáticas, tudo em plástico o que perfaz uma produção diária superior a 100.000 peças/dia entre todos os itens mencionados.

Estamos com duas filiais, uma em Manaus para atender as montadoras de motocicletas e a outra perto de Betim onde produzimos os sistemas de filtragem para Fiat.

JOB: Quais mercados são abastecidos a partir da planta brasileira?
Markus Wolf: Além do mercado nacional, exportamos para a America Latina. Fornecemos também filtros para as unidades do grupo na Alemanha, Cingapura, África do Sul e EUA.

JOB: Dê detalhes sobre ações de preservação ambiental adotadas na planta brasileira da MANN+HUMMEL.
Markus Wolf: Separação dos resíduos e do lixo, auditorias rígidas dos prestadores de serviços. Estamos instalando por estes dias um novo sistema de tratamento do esgoto: trata-se de um MBR, (membrane bio-reactor), produto do grupo MANN+HUMMEL. Este investimento servirá como “vitrine” para nossa nova unidade de negócio “water filtration” (filtragem de água), um mercado onde queremos crescer nos próximos anos.

ESTRUTURA NO BRASIL
JOB: Em quais montadoras a MANN+HUMMEL é fornecedora no OEM?
Markus Wolf: Não tem montadora no país que não tenha produto da MANN+HUMMEL.
Estamos presentes em todas e buscamos presença naquelas que pretendem montar uma fábrica no Brasil.

JOB: Qual a estrutura da MANN+HUMMEL para o mercado de reposição e participação no aftermarket automotivo?
Markus Wolf: Abastecemos o mercado através nossos distribuidores parceiros. Consideramos uma participação de mais de 40% na linha pesada e mais de 20% na linha leve.

JOB: Quais produtos a MANN+HUMMEL comercializa no mercado de reposição?
Markus Wolf: Filtros de ar, de cabine, de óleo, de combustível – tanto para linha leve como para linha pesada. Também há uma linha completa para motocicletas.

JOB: Como foi o desempenho da empresa em 2011 e quais as metas para 2012 no aftermarket?
Markus Wolf: Em 2011 crescemos aproximadamente 10% mais em relação ao ano anterior e para 2012 buscamos superar isso. O ano já começou promissor.

JOB: Como é feita a logística para distribuição de peças?
Markus Wolf: Nós acabamos de dobrar a área do nosso “ware house” e já estamos com planos de expansão. Entendemos que a velocidade de cumprir a demanda é crucial para o sucesso do nosso negócio e para o negócio de nossos clientes e os clientes deles, os aplicadores.

SERVIÇOS
JOB: O que a MANN +HUMMEL oferece como suporte para o mercado de reparação independente?
Markus Wolf: Temos no Brasil uma equipe de consultores distribuídos pelo país, aptos a oferecerem treinamentos técnicos e comerciais, além de já termos participado em duas ocasiões da TV Oficina Brasil que oferece treinamento via TV para diversas regiões do País.

JOB: Fale sobre lançamentos e complementação de linhas (quantidade de novos part numbers e produtos especiais),  serviços para os elos da cadeia de reposição, entre outras ações.
Markus Wolf: Nos últimos anos a MANN+HUMMEL, com a sua marca MANN-FILTER, sempre trouxe novidades para o mercado de reposição – quero só lembrar o filtro de óleo “Multi” ou os filtros de ar da linha pesada com a estrutura metálica em espiral, denominada Tubo Helix. O “Multi” foi criado para facilitar a vida do revendedor. Com menos referências na prateleira ele consegue abastecer uma gama de carros maior e a MANN+HUMMEL garante que nesta unificação atendemos todas as especificações das montadoras.

Este conceito traz muitas vantagens para o revendedor, que ele sente no bolso. Por isso muitos concorrentes tentaram copiar este conceito. Agora no início do ano lançamos uma série de produtos que tem como foco atender os veículos das montadoras de origem asiáticas, que representam uma parcela significativa do mercado de veículos. Continuamos a inovar também para o mercado de reposição e planejamos novidades. Investimos e continuamos investindo nas linhas de produção.

JOB: Quais tendências a MANN+HUMMEL prevê para o aftermarket automotivo brasileiro?
Markus Wolf: Já teve início a diversificação dos modelos das montadoras nacionais e observamos um aumento drástico das importações. Para o mercado de reposição, fabricantes, distribuidores, revendedores e aplicadores, tem sido um grande desafio em termos de conhecimento técnico, financiamento, gerenciamento, espaço e equipamentos. Buscamos ser um parceiro neste processo com a gama de produtos mais completa possível para facilitar o gerenciamento do estoque e a entrega mais ágil para deixar o nível de estoque mais baixo e assim ajudar no financiamento. Hoje temos uma cobertura de mercado superior a 90%, além disso, intensificamos os treinamentos para que o vendedor e o aplicador tenham o conhecimento mais completo em filtragem automotiva.

MERCADO
JOB: Em sua opinião, as atuais mudanças no cenário, tais como diversificação de modelos, maior tecnologia nos veículos e novos combustíveis, expressam ameaças à oficina independente?
Markus Wolf: O mercado tem que se preparar. Na Europa esta preparação aconteceu através de cooperações entre a cadeia como um todo. Só assim será possível gerenciar a mudança deste mercado, obter as informações e criar os bancos de dados necessários para tocar o negócio no futuro próximo.

Os players da Europa e dos EUA já estão chegando ao país e estão buscando espaço.

Acredito sim, que a oficina independente vai precisar de parceiros/aliados para superar os desafios na nossa frente.

JOB: Como a MANN +HUMMEL lida com a concorrência vinda da China?
Markus Wolf: A concorrência não é só da China. É Tailândia, Indonésia e outros países. Mas não adianta chorar, como eu já falei. Temos de investir forte nos meios de produção, continuar inovando e não abrir mão da qualidade, para ficarmos cada vez mais competitivos. É a única forma de enfrentar esta situação.

JOB: A certificação de peças no mercado brasileiro será favorável?
Markus Wolf: A certificação será positiva. A médio e longo prazo acredito que o produto de qualidade sempre irá sobressair. Nenhuma barreira ou certificação vai preservar a indústria brasileira se não houver condições favoráveis para a melhoria da produtividade. Este é o ponto.