Notícias
Vídeos

Toyota Etios recebe algumas mudanças em seu interior, mas conjunto mecânico continua igual


Com construção baseada na simplicidade, modelo agrada ao reparador e, baseados na experiência de manutenção de veículos da marca, estes comentam que não haverá preocupações para conseguir peças

Por: Da Redação - 09 de janeiro de 2014

Lançado no Brasil no segundo semestre de 2012, o Toyota Etios se tornou um veículo “questionável” devido à sua aparência pouco atrativa. Porém, ao contrário do seu design, seu conjunto mecânico era elogiável. Os consumidores, inclusive, comentam que foram convencidos a comprar o veículo apenas após um test-drive com o modelo, notando o quando dirigi-lo era uma ótima experiência.

Em sua nova versão 2014, essa experiência contínua agradável. Testamos Etios 1.5 16V XLS modelo 2014,  que foi cedido  pela Toyota, para que pudéssemos realizar nossa avaliação.

Em questão de desempenho, este 1.5 16V da Toyota continua impressionando. O motor possui ótimo torque de saída e o câmbio um agradável escalonamento de. Associado a isso, traz conjunto de suspensão que permite o veículo rodar macio. Macio o suficiente para não ser duro demais, mas não tão suave que o torne “molenga”.

Claro que não estamos falando em perfeição, até porque o Etios não pertence ao alto escalão da tecnologia automobilística mas, para o segmento de veículos compactos, com certeza é um dos melhores quando falamos em desempenho e conforto.

A única diferença mais nítida está em seu interior. A Toyota quis deixar o Etios com cara de “carro requintado”, mas gastando pouco. O design do painel do veículo permanece o mesmo, com o tão reclamado conjunto de instrumentos centralizado, mas toda a área central do painel ganhou um aplique de plástico em tom “black piano”, além de enegrecimento do fundo dos marcadores do painel, que na versão anterior era esbranquiçada com um leve tom azulado.

Associado a isso, o volante recebeu um leve “recorte” em sua base, deixando-o mais achatado e com visual mais esportivo, permitindo ainda que as pernas não batam neste ao entrar e sair do veículo.

No mais, o Etios continua sendo o mesmo carro: com poucos atrativos visuais que justifiquem sua compra, mas com qualidades de sobra para quem prima pelo conforto e desempenho.

NAS OFICINAS

Como o Etios possui pouco mais de um ano de mercado, não encontramos oficinas que tivessem efetuado reparos no modelo. Mas, para qualificar nossas avaliações, buscamos reparadores que tivessem experiência de intervenções com veículos Toyota e, ao mesmo tempo, possuíssem histórico de manutenções em veículos populares. Dessa forma, visitamos Aquiles Alves da Cruz (FOTO 1), que trabalhou em concessionárias da Toyota por 14 anos, onde chegou ao posto de chefe de oficina, mas que hoje possui a sua própria, com Gerson de Oliveira (FOTO 2), reparador e proprietário da Gigio’s Bosch Car Service há dez anos e ainda com Marcos Antônio Francelli (FOTO 3) que desde 1985 atua no segmento automotivo, passando por centros automotivos e concessionárias, onde também está com sua oficina própria.

Toda essa “bagagem” no ramo de reparação automotiva nos servirá de gabarito para dizer se o Etios é ou não uma boa opção no ramo de veículos compactos de entrada, pelo menos na ótica destes profissionais que aconselham seus clientes na hora da compra de um carro novo e por sua atitude profissional são os preferidos na hora de realizar as manutenções ao longo da vida útil dos modelos.

“O acesso às peças com as ferramentas são generosos. Verifico que a montadora permanece com a política de manter ‘o simples que funciona bem’. Visualmente, todos os sensores possuem fácil localização e não aparentam ser de construção complexa. Este é um tipo de veículo que eu recomendo!”, disse entusiasmado Francelli.

O reparador Aquiles também comentou sobre essa característica que o Etios oferece: “Há muito espaço para se acessar os componentes, principalmente os da injeção, como bicos injetores, sensor lambda, entre outros” (FOTO 4).

Essa possibilidade permite que o reparador tenha o trabalho facilitado em diversas situações. É o que explica Francelli: “Na maioria dos veículos, a retirada de um alternador, de um eletroventilador ou de um compressor do ar condicionado (FOTO 5), por exemplo, é muito trabalhosa. Em caso de necessidade de manutenção destes, dá para retirá-los sem que se faça necessária a desmontagem de outros componentes”.

Foto 5

 

Já o reparador Gerson destacou o desempenho do motor 1.5 16V do Etios: “Já andei com a versão 1.3 deste modelo, mas este tem muito mais personalidade. Ele responde bem à aceleração e possui um ótimo torque e, associado ao baixo peso de sua carroceria, faz com que ele seja ainda mais ágil”.

Com o avanço da tecnologia nos sistemas de partida a frio, a Toyota preferiu manter o já conhecido: “Este carrp não adota o 5° injetor e nem mesmo o sistema de velas aquecedoras, mantendo apenas o velho reservatório de gasolina (FOTO 6). Apesar disso, tem a vantagem que este fica localizado no vão do motor, o que facilita bastante sua manutenção, já que em outros veículos este fica dentro da parede corta fogo ou até mesmo dentro do para-lamas”, observou Gerson.

No quesito ‘emissões’, o Etios usa a atual tecnologia dos sensores lambda: “Este modelo já atende as normas OBD BR2, pois possui 2 sensores de oxigênio (FOTOS 7 E 7A), um antes do catalisador e o outro depois”, comentou Aquiles. No cabeçote do motor há uma característica construtiva exclusiva do modelo, como observado pelo reparador Aquiles: “O tubo de saída do escapamento fica ligado diretamente ao cabeçote (FOTO 8), não utilizando um coletor de escape como ocorre nos demais veículos. Com esta atitude, a engenharia tenta otimizar a temperatura de saída dos gases para posterior entrada no catalisador. Vejo isso como uma inovação”.

 

Baseado em um defeito característico da marca, o reparador Aquiles instruiu: “Nos modelos Toyota, como o Corolla, por exemplo, é muito comum trocar o coxim do motor (FOTO 9) devido a este apresentar ruído. Há reparadores que trocam o amortecedor pensando que o barulho é dele, mas se engana, pois o ruído é do coxim. Isso realmente confunde, pois o som é idêntico, portanto, devemos ter atenção neste modelo, pois este defeito tende a acompanha-lo”.

Mas ser simples demais nem sempre é bom. É o que disse Aquiles: “Não utilizar atuador hidráulico de embreagem, para mim, é um regresso. O Etios ainda usa cabo de embreagem com regulagem (FOTO 10) que, apesar deste pedal ser bem leve, com o tempo de uso, ficará pesado e trará problemas, como é comum neste sistema”.

Já no sistema de transmissão (FOTO 11), o reparador Aquiles comentou: “Muitos clientes ainda tem ressalvas quanto à veículos com câmbio automático. Muitos ainda preferem o câmbio manual, talvez por isso, não tenha esta possibilidade nem como opcional para o Etios. Apesar de um conjunto automático ser de manutenção trabalhosa, particularmente para um veículo de uso diário, ainda prefiro um automático”.

Francelli também comentou sobre este sistema: “Vejo que é uma transmissão de fácil manutenção. Não teremos problemas para removê-la para a troca de embreagem, por exemplo. Já efetuei a troca de embreagens em outros modelos da marca, mas neste com certeza será bem fácil que nos outros”.

Sobre a suspensão do Etios, Francelli observou: “Não percebo alterações no projeto deste veículo. O dianteiro continua sendo McPherson (FOTO 12) e o traseiro de eixo rígido (FOTO 12A), onde andando com o veículo, percebo este bastante estável e com suspensão macia e pouco ruidosa”.

 

Ainda no mesmo sistema, Francelli acrescentou: “Vejo que teremos poucas intervenções nesta suspensão. Os braços oscilantes (FOTO 13) são bem fortes e a suspenção é bem dimensionada. Parece ser feita ‘para durar’, mas mesmo assim, duvido que suportará muito tempo rodar em nossas ruas esburacadas, onde nem suspensão de caminhão aguenta”.

Já sobre o sistema de freios utilizado pelo modelo, Francelli notou uma característica de construção que pode levar a um benefício: “A pinça de freio fica muito próxima a roda (FOTO 14). Acredito que a engenharia da marca utiliza desta proximidade para que haja maior transferência de ar para refrigeração dos freios, aumentando assim sua eficiência e durabilidade”.

Aquiles chamou a atenção para a disposição dos sensores do sistema de ABS: “Sempre teremos que ter cuidado em manuseá-los, pois em caso de manutenção na suspensão, corre-se o risco de danificar seus cabos e até rompê-los, pois ficam muito expostos e são bem frágeis” (FOTOS 15 E 15A).

 

Entrando no mérito de sua especialidade, que no caso são componentes elétricos automotivos, Gerson comentou: “A caixa de fusíveis (FOTO 16) desse veículo fica no vão do motor. Isso facilita muito os diagnósticos, pois os dispositivos como eletroventiladores e relés de injeção, por exemplo, ficam nesta caixa. A experiência nos mostra que as ações do calor e umidade devem se levadas em consideração, portanto, quem for reparar este componente deve fechá-lo corretamente. Tendo este cuidado, a durabilidade de seus itens é assegurada”.

Já o painel de instrumentos que torna o habitáculo do veículo mais agradável, pode ser um pesadelo para os reparadores que atuam em seu interior. É o que comentou Gerson: “Este acabamento em preto brilhante (FOTO 17) deixa o interior realmente muito mais bonito, porém, nós que atuamos no interior desmontando painéis e outros componentes para que efetuemos manutenções, isso é terrível. Qualquer descuido pode fazer com que danifiquemos a peça, arranhando-a ou até quebrando-a”

.

Gerson ainda acrescentou: “Para remover esse aplique, não é necessário o uso de nenhuma ferramenta específica. Com um pouco de jeito e utilizando a ponta dos dedos é possível desmontá-la desencaixando-as das presilhas que a prendem”.

Finalizando a avaliação, Gerson opinou: “Uma Coisa é certa, este painel no centro ficou esquisito (FOTO 18). Embora existam outros modelos com esta característica, este painel de instrumentos é confuso. Para mim, considero olhar para este painel muito semelhante a atender um celular enquanto dirigimos, pois nos desconcentra muito. Demora um tempo para entendermos o que é velocímetro e o que é o medidor de rotações do motor. Ainda se fosse digital, facilitaria bastante, mas como não é, corremos o risco até de levar multa por excesso de velocidade por não conseguirmos identificar a velocidade correta do veículo há tempo”.

INFORMAÇÕES TÉCNICAS

Sobre o tema, normalmente negligenciado pelas montadoras, porém de vital importância para uma correta manutenção, os reparadores comentaram: “Para quem tem um pouco de experiência no ramo, acredito que não haverão problemas com a reparação do Etios, pois não necessitaremos de muita coisa para repará-lo, nem mesmo de ferramentas específicas, aparentemente. É lógico que todo modelo novo tem a suas particularidades e quanto mais informação melhor. Como trabalhei muitos anos na marca e ainda tenho bons contatos dentro de concessionárias, acredito que não terei problemas em conseguir informações. Mas para a maioria dos reparadores que não possuem esse canal direto, com certeza fica mais difícil conseguir algo com a montadora. Mas uma coisa é certa, as características simples de construção do veículo facilitarão muito o nosso trabalho”, disse Aquiles.

Já o reparador Gerson encontra relativa dificuldade em conseguir as informações técnicas de que precisa, justamente devido à montadora não possuir política voltada ao reparador independente e a este não possuir ‘contatos’ dentro da marca, ao contrário do que ocorre com Aquiles. Em contrapartida, manutenção simples do modelo facilita em caso de reparos. É o que Gerson comenta: “A Toyota não mantém nenhum contato com o reparador independente e tenho dificuldade em conseguir informações técnicas em concessionárias da marca. Estou acostumado a reparar o Corolla com relativa frequência e geralmente não preciso de muita coisa para as manutenções, pois assim como o Etios, ele também não possui manutenção trabalhosa, pois tem construção bem simples. Porém, quando precisei destas para o Corolla, muitas vezes os técnicos não podiam nos atender, deixando-nos sem aquilo que fomos buscar. Como não conheço reparadores que atuem em concessionárias da Toyota, para mim fica mais difícil conseguir o que busco”.

PEÇAS DE REPOSIÇÃO

Neste quesito, os reparadores foram unânimes demonstrando que a Toyota faz bem o dever de casa na hora de suprir a demanda que o mercado necessita: “Muitas vezes encontramos peças em concessionárias há um custo inferior ao ofertado no mercado independente”, disse Gerson.

Na mesma linha de raciocínio, Francelli comentou: “Muitas peças de concessionárias são mais baratas que as vendidas em autopeças, onde muitas delas têm qualidade discutível”, observou Francelli.

Evidenciando que esta é uma realidade, Aquiles também comentou: “As concessionárias da Toyota geralmente ofertam peças mais baratas que as peças vendidas fora. Outra boa opção que surgiu são peças vindas do mercado importador que, além de possuírem boa qualidade, oferecem preços competitivos”.

Além do preço atrativo, há outra vantagem ao adquirir peças direto com as concessionárias. É o que explica Francelli: “Quando peço um componente que não tenha no estoque na concessionária, geralmente em cinco dias, no máximo, esta chega em minha loja. Apesar da demora, tenho a segurança de que terei a peça que necessito sempre”.

O reparador Gerson também comentou sobre o tema, confirmando o exposto por Francelli: “Neste ponto a Toyota esta bem comprometida com o seu produto todas as peças que necessito se pedirmos com no máximo 5 dias esta em minha loja e as peças de giro não senti falta”.

Já sobre a rotina de compra de peças, os reparadores comentaram:

“Para a linha Toyota, geralmente compro 30% das peças no mercado independente, 30% em importadores e as demais compro todas em concessionárias”, disse Francelli.

Aquiles também comentou: “Compro numa proporção de 15% em autopeças, 15% em distribuidores, 30% em importadores e 40% em concessionárias”.

Gerson também respondeu sobre a questão: “Compro 60% das peças de giro comum, como óleos, filtros, velas e outros no mercado independente. Outros componentes como sensores e itens de motor e transmissão, adquiro em concessionárias da marca”.

VEREDICTO

A verdade sobre o Etios é uma só: do ponto de vista do comprador, enquanto não receber o facelift necessário para deixá-lo com visual mais harmônico, dificilmente o modelo atingirá o volume de vendas compatível com suas qualidades. Já pela ótica da oficina independente a Toyota esta enfrentando está fazendo a ‘lição de casa’. Ponto positivo para o fornecimento de peças, o que evita uma grande dor de cabeça para os profissionais na hora do conserto, pois como vimos, a concessionária é o local de compra preferido pelos reparadores. Segundo ponto positivo vai para a concepção técnica de construção considerada “simples” pelos profissionais e de boa reparabilidade. Mas o ponto negativo vai para a ainda escassez de informações técnicas da marca ao mercado. Apesar da fácil manutenção, quando chegar o ponto em que a informação técnica seja indispensável, como no caso ao acesso à diagramas elétricos e programas de acesso e reparo da UCE, o reparador fica de mãos atadas. Basta as montadoras compreenderem que um cliente que não leva o veículo a concessionária, continua sendo um cliente da marca.