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Saveiro Cross cabine dupla oferece muita tecnologia e espaço para até cinco ocupantes


Nova configuração dá fôlego à pequena picape da Volkswagen na disputa pelo primeiro lugar no segmento das picapes compactas, um dos mais importantes no cenário automotivo nacional

Por: André Silva - 19 de janeiro de 2015

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A Volkswagen Saveiro é um dos carros mais tradicionais do mercado nacional, quase tanto quanto o Gol, seu progenitor, prova disso são seus trinta e dois anos de produção, ao longo dos quais construiu uma reputação amparada na robustez, confiabilidade e esportividade. Nascida na década de oitenta, não poderia deixar de ter suas versões especiais, feitas por empresas independentes, que, entre outras alterações, faziam o alongamento da cabine sobre a caçamba e a instalação de um banco traseiro, transformando-a numa charmosa picapinha cabine dupla.

Passados mais de vinte anos, eis que a cabine dupla ressurge, agora em versão oficial de fábrica, criada provavelmente com o objetivo de competir com a Fiat Strada, precursora na adoção do assento traseiro e da terceira porta, inexistente na Saveiro.

À primeira vista, o modelo testado se destaca pela pintura amarela sólida e pelos detalhes ornamentais como o pequeno aerofólio sobre o teto, o “Santo-Antônio” e os borrachões, que conferem alma aventureira à picape. As belas rodas aro 15”, calçadas com pneus 205/60 de uso misto com as inscrições na cor branca completam o visual “fora-de-estrada”. O interior é bastante simples, e o plástico rígido predomina, seja no painel, nas portas ou no console central, até mesmo os bancos são forrados com um revestimento plástico que imita fibra de carbono. Os bancos, aliás, possuem um bom encaixe, e a posição de dirigir é boa, além da direção poder ser ajustada em altura e profundidade, embora seja um pouco pesada. O câmbio, por sua vez, é excepcional: preciso, macio e com curso de alavanca reduzido. A embreagem é leve e os freios, a disco nas quatro rodas (em todas as versões), são muito eficientes. Atenção especial também deve ser dada às tecnologias aplicadas à segurança, como o ABS com ajuste para vias de terra, o auxiliar de partida em ladeira, o controle de estabilidade e o controle de tração, além dos air-bags obrigatórios.

Novo motor 1.6 MSI lançado há meses ainda não chegou às oficinas independentes

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O motor 1.6 16V MSI da família EA-211 utilizado nesta versão é de concepção moderna e incorpora tecnologias antes restritas a segmentos superiores, como, por exemplo, construção inteiramente em alumínio, comando de válvulas variável na admissão, ausência do reservatório de partida a frio e o duplo sistema de arrefecimento, que mantém temperaturas diferentes no bloco e no cabeçote.

De acordo com a Volkswagen, este motor possui 120 cv quando abastecido com etanol e 110 cv quando utiliza gasolina. Na prática ele não surpreende pelo excesso de potência, tampouco decepciona pela falta dela. O que se nota é uma considerável aspereza no funcionamento quando exigido a fundo, acentuada com a utilização do etanol.

NA OFICINA
A primeira coisa que José Carlos, 56 - proprietário da oficina Igarapava, em São Paulo-SP -, faz é certificar-se de que é possível sentar no banco traseiro com algum conforto, e parece aprovar o espaço, mesmo sendo um homem alto, e com os bancos dianteiros nas suas posições mais avançadas. Já fora do veículo, com o capô aberto, o primeiro detalhe que chama a atenção do experiente reparador é o espaço generoso disponível no cofre do motor, que certamente facilitará os reparos. Outra observação é relacionada ao coxim frontal do motor, hidráulico, mais eficiente na absorção das vibrações, porém menos durável e mais caro que um de borracha. Este deverá ser um item substituído com frequência nos próximos anos, acredita José Carlos. Ele também ressalta a ausência do reservatório de combustível da partida a frio, substituído por um sistema que, quando necessário, aquece o combustível antes de injetá-lo no coletor de admissão.

Por se tratar de um lançamento feito há poucos meses, este propulsor ainda é praticamente desconhecido nas oficinas independentes, porém José Carlos acredita que sua manutenção não trará maiores dificuldades, uma característica da montadora alemã, de acordo com o reparador. Um procedimento relativamente mais complexo, segundo José Carlos, deverá ser a troca da correia dentada e sincronização das válvulas, para o qual provavelmente será necessária a utilização de uma ferramenta específica, em função do comando de admissão variável. 

Tendo em vista a proposta “off-road” do modelo, resolvemos levá-la também à Suspentécnica, oficina especializada no desenvolvimento, manutenção e reparo de sistemas de suspensão, com mais de quarenta anos de tradição no mercado. Lá, Lindemberg A. da Silva, gerente de serviços, após levantar o veículo no elevador, chama a atenção em primeiro lugar para uma adaptação feita no quadro de suspensão, que é fixado no monobloco do veículo com a utilização de espaçadores de aproximadamente 20 mm de espessura, com isso a geometria da suspensão é mantida, mas, embora a altura livre entre o cárter e o solo não seja alterada em relação ao modelo convencional, o ângulo de ataque, medido entre o ponto em que o pneu dianteiro toca o chão e a parte mais baixa do para-choque, é elevado, proporcionando maior facilidade na transposição de obstáculos. Outro detalhe que chama a atenção de Lindembrg é a utilização do mesmo quadro do Polo desde que a Volkswagen passou a adotar a motorização transversal na linha Gol, porém, embora este quadro possua uma curva por onde passa o escapamento, na Saveiro esta curva não é utilizada, já que o escape passa por cima do quadro. Isso confere um aspecto de improviso à suspensão, contudo, os técnicos da oficina se mostram compreensivos diante da solução adotada pela montadora. “Afinal de contas, quem além dos reparadores vai dar atenção às curvas do agregado dianteiro?”, questiona um dos técnicos.

 Coxim frontal do motor é hidráulico e ajuda no controle das vibrações / Bom espaço e mecânica simplificada também na parte de baixo do veículoNa parte traseira, Lindemberg destaca a utilização de amortecedores bastante longos, provavelmente, segundo ele, os mesmos utilizados no Volkswagen Cross Fox. Lindemberg também salienta a presença de uma barra estabilizadora traseira embutida no eixo, com a função de aumentar a estabilidade do veículo, principalmente em curvas velozes. Apesar de ser incomum sua utilização em suspensões interdependentes, esta solução já havia sido adotada pela montadora no esportivo Gol GTI 16V, descontinuado em 2000. 

Após conferir os detalhes da suspensão, levamos a picape para as ruas a fim de avaliar seu comportamento dinâmico, e logo nos primeiros metros Lindemberg diz que “ela se comporta como um carro de passeio, com ótimo acerto na carga dos amortecedores, principalmente os traseiros, geralmente duros em carros utilitários”. E acrescenta que “há um ótimo equilíbrio entre a carga de compressão e extensão nos amortecedores traseiros, o que evita os pulos tradicionais desse tipo de veículo, principalmente com a caçamba vazia”.

Já a suspensão dianteira, embora seja mais alta, como dito anteriormente, possui comportamento praticamente idêntico ao de um hatchback compacto. Contudo, mesmo com a ajuda da barra estabilizadora traseira, essencial para a baixa rolagem da carroceria, não chega a haver, devido à utilização do sistema interdependente, uma “conversa” entre a dianteira e a traseira em regimes de alta exigência, diz Lindemberg. Segundo ele, isso não é um demérito, posto que se trata de um veículo utilitário, todavia, a utilização de uma suspensão independente traseira com calibragem semelhante tornaria a Saveiro um esportivo de comportamento dinâmico notável, completa Lindemberg.

  Quadro utilizado é o mesmo do Volkswagen Polo, mas escapamento passa por cima / Freio a disco traseiro exige ferramenta específica para troca de pastilhas

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os dois profissionais consultados elogiaram bastante a nova Saveiro Cabine Dupla, seja pelos seus aspectos técnicos e mecânica descomplicada, seja como veículo em si: robusto, confortável, seguro e bastante ágil.

No que se refere a sua manutenção, de acordo com eles, não há grandes novidades além da utilização do novo motor 1.6 MSI, que, como dito anteriormente, ainda não faz parte do dia-a-dia das oficinas independentes, porém não deverá exigir dos profissionais muito mais do que é exigido hoje em dia pelos motores empregados em veículos de categorias imediatamente superiores.

 José Carlos, proprietário da oficina Igarapava, admira a simplicidade da Volkswagen / Lindemberg A. da Silva, da Suspentécnica, ressalta o bom trabalho feito na suspensãoO que é possível notar, ao menos nesta versão topo de linha, é uma forte presença da eletrônica embarcada, que exige equipamentos modernos de diagnóstico e muita atenção por parte do profissional, além de informações técnicas de qualidade. Sem isso, o processo de manutenção torna-se complicado, demorado e susceptível a erros e, consequentemente, prejuízos financeiros, tanto para o proprietário quanto para o reparador.